A PM também está na luta contra o inimigo invisível

Por
28 de abril de 2020

A Pastoral da Comunicação (Pascom) da Região Episcopal Lapa conversou com o Tenente Coronel Evanilson Corrêa de Souza, paroquiano da Paróquia Santo Antônio de Pádua, no Jardim Bonfiglioli, Setor Pastoral Rio Pequeno.

O tenente é o atual comandante do 11ºBPM/M da Polícia Militar de São Paulo, sendo responsável pela segurança pública da região que compreende desde os Jardins e Bela Vista até a Mooca. Coronel Souza, como é conhecido, falou sobre as muitas missões e ações da instituição.

Vida na comunidade de fé

Ao lado da esposa, Ana Beatriz, Coronel Souza já coordenou o Encontro de Casais com Cristo (ECC) da Região Lapa e atualmente participa do ministério de música da Paróquia Santo Antônio de Pádua. O casal também colaborara na Paróquia Santo Alberto Magno, no Setor Pastoral Butantã.

Ele é filho de Dona Vilma de Souza, 83, e do professor e capitão PM reformado Souza, 89, ambos há mais de 60 anos participando da Pastoral da Catequese e como Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão.

Ampla atuação

Coronel Souza explicou que normalmente os policiais militares que atuam no policiamento ostensivo das comunidades são chamados para coibir ocorrências de perturbação do sossego, denúncias de tráficos de drogas, violência doméstica e repressão ao crime para a manutenção da ordem pública. Porém, nestes mesmos locais, a PM atende diversos chamados de cunho social, sejam para socorros a idosos, acidentes domésticos e até partos, como o ocorrido em 14 de abril, no quintal de uma habitação coletiva no Jardim Santo André, extremo Leste da capital paulista. A mãe Rosenique Moneus Antilus, uma haitiana que mal falava português, deu à luz a uma menina pelas mãos da policial Pâmela, acompanha na ação pelo soldado Novaes.

O Coronel Souza também lembrou que em 12 de abril, no Domingo de Páscoa, na Comunidade Sapé, na zona Oeste de São Paulo, após mobilizarem empresários e instituições parceiras da região, policiais militares da 3ª Companhia do 23º Batalhão, comandada pelo Capitão Vicente, no Butantã, promoveram uma distribuição de ovos de páscoa para crianças e cestas básicas para as famílias vulneráveis. Equipados com luvas e máscaras de proteção contra a COVID-19, sob a liderança do Sargento Fantini, os policiais, numa ação solidária e de proteção à vida, orientavam quanto às formas e à importância de as pessoas se protegerem do novo coronavírus.

Mudanças na rotina dos quartéis

Perguntado sobre quais mudanças ocorreram na rotina no quartel diante da pandemia do novo coronavírus, o Coronel lembrou que os policiais militares atuam em contato direto com a população.

Quanto às mudanças no interior dos quartéis, informou que os policiais de atividades administrativas, que trabalham na maior parte do tempo em horário de expediente, em atividades burocráticas, foram divididos em equipes, cujos turnos acompanham os colegas que trabalham diretamente nas ruas, no serviço operacional do policiamento ostensivo.

Esta postura foi adotada com o objetivo de prover efetivo de reserva na hipótese de substituições de policiais, que por ventura venham a sofrer baixas pela suspeita ou contaminação por COVID-19.

A estratégia adotada pelo comando da instituição não indica que os policiais do serviço administrativo tenham menor chance de contaminação, mas sim uma tomada de atitude preventiva, porque o policiamento ostensivo funciona ininterruptamente.

Mudança na rotina das ruas

Coronel Souza comentou que há a preocupação de assegurar que os mais de 90 mil mulheres e homens que trabalham na Polícia Militar estejam física e mentalmente sãos para bem atender a população. Como os mais velhos e as pessoas com doenças de base são mais suscetíveis à COVID-19, houve o afastamento compulsório dos policiais, “mas já testemunhamos pessoas aparentemente saudáveis sucumbirem diante da contaminação do coronavírus. Isto, infelizmente aconteceu, inclusive com policiais militares”, comentou.

A estratégia de comando tem sido oferecer muita informação aos policiais e buscar da maneira mais rápida, eficiente e legal a aquisição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). “No início, como em todo o país, houve escassez de produtos utilizados na proteção individual e desinfecção. Os preços abusivos e a falta de insumos no mercado mostrou uma fase difícil de ser encarada. Mesmo assim, aqui no nosso batalhão, como em outras unidades da PM, a solidariedade e integração social, frutos do policiamento comunitário, imperaram e conseguimos doações vindas de parceiros diversos, que colaboraram com o fornecimento de álcool em gel, máscaras de proteção e luvas, além de produtos e equipamentos para desinfecção das viaturas. Tudo foi sendo usado até que as aquisições em grande escala fossem feitas pelas Diretorias de Logística e de Finanças da Policia Militar, permitindo que todo policial tivesse o EPI-COVID19, contendo Luvas, máscaras e álcool gel”, afirmou.

O Comando da PM elaborou uma edição emergencial dos Procedimentos Operacionais Padrão (POP) específico para a pandemia. O POP “Atuação Policial-Militar em face do novo coronavírus” contempla, entre outras orientações, atendimento ao público, higiene e proteção pessoal no serviço e nas trocas de turnos de serviço. Assim, as abordagens são feitas com máscaras e luvas, havendo tanto nas viaturas quanto com os próprios policias um kit pessoal do EPI-COVID19, que é utilizado tanto nas abordagens quanto em conduções de presos e socorro às pessoas, além de borrifadores para aplicação de solução desinfetante à base de água e cloro no interior das radiopatrulhas.

“Nossos policiais precisam estar protegidos, proteger os cidadãos que atendem, assim como aos seus entes, ao chegarem às suas casas”, comentou.

Fiscalização de estabelecimentos

O Coronel Souza lembrou que compete à PM fazer com que se cumpra o decreto 64.881, que estabeleceu no estado de São Paulo quais seriam os serviços essenciais de funcionamento. “Apesar de haver algumas divergências, a grande maioria dos proprietários dos estabelecimentos acatou as normas da quarentena e não houve dificuldade em realizar fiscalização naquilo que está na esfera de competência da Polícia Militar. No geral, os comerciantes foram muito atenciosos e compreensivos, apesar de demonstrarem evidente preocupação com a economia, porém entendendo as necessidades sociais e o papel primordial da Polícia neste contexto, uma vez que mais uma vez o policiamento comunitário reinante na região estabelece uma ponte de cooperação social e humanitária. Este fenômeno se repetiu também com quase todas as igrejas e templos da região”, comentou.

Vizinhança Solidária

Quanto aos núcleos dos Programas de Vizinhança Solidária (PVS), o Coronel Souza assegura que os resultados foram além do esperado. “A partir do momento em que os núcleos de vizinhança solidária são criados, forma-se na comunidade uma rede de atenção e solidariedade. Na área de nosso comando, os PVS fomentam a preocupação com o próximo e mostram que os problemas nos lares são comuns, as soluções são semelhantes e muitas vezes coletivas. Dessa forma, basta que o policial que atende àquele núcleo envie uma mensagem (Whatsapp) de alerta e orientação quanto aos procedimentos durante a pandemia, seja de prevenção à saúde ou segurança e toda a rede multiplica a informação de forma solidária. Mas como dissemos, os resultados foram além, pois as redes de solidariedade formaram grupos de apoio aos vulneráveis da COVID-19 e os integrantes dos grupos de risco passaram a ser assistidos pelos vizinhos solidários na compra de alimentos, limpeza, itens de segurança recepção em portarias de condomínios e até cuidar de filhos e netos. Simplesmente fantástico”.

Ainda de acordo com o Coronel Souza, neste tempo também foram elaboradas muitas redes de coleta e distribuição de alimentos, organizados pelas igrejas, quartéis e ONGs. “Vide as paróquias de Santo Antônio de Pádua, Santo Alberto Magno e aqui, na área do 11º Batalhão, a Nossa Senhora Achiropita e outras comunidades. Os donativos e colaborações comunitária vêm de todos os lados.

A missão continua

Coronel Souza lembra que a missão de servir e proteger, da Polícia Militar, sempre foi pela defesa da vida e agora, no meio de toda a tensão gerada no meio do campo de batalha contra o novo coronavírus a missão, mais do que nunca se mostra humanitária.

Por fim, o Tenente Coronel Evanilson Corrêa de Souza deixou a seguinte mensagem: “conte com a Polícia Militar. Às vezes, pode chegar um policial com cara de bravo e carrancudo, mas se você precisar ele não vai lhe abandonar, afinal ele não pode ficar em casa, ele sai para trabalhar com chuva, frio, greve, rebeliões e até mesmo contra esse inimigo invisível, para proteger a todos. A PM é do povo”.

 

Comente

Dom Odilo confere Sacramento da Crisma a cadetes da PM

Por
21 de setembro de 2018

No dia 19, na Academia de Polícia Militar do Barro Branco (APMBB), no bairro da Água Fria, na zona Norte de São Paulo, 11 cadetes, devidamente fardados, começavam a chegar, acompanhados de seus familiares, a uma pequena capela localizada nas dependências da instituição.

Ao contrário do que se poderia imaginar inicialmente, não se tratava da formatura de mais uma turma de uma das mais renomadas instituições de formação de profissionais de segurança pública do Brasil. Com velas nas mãos, esses jovens receberam a unção do sacramento da Confirmação (Crisma) das mãos do Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, após uma preparação realizada pelo Grêmio Católico da Academia. Essa foi a primeira vez que estudantes da APMBB receberam o sacramento da Crisma. Na semana anterior, três deles receberam o Batismo, e cinco, a Primeira Eucaristia.

 

TESTEMUNHAS DE CRISTO

Na homilia, Dom Odilo recordou que o antigo Catecismo da Igreja Católica ensinava que a Crisma é o sacramento que torna as pessoas “soldados e testemunhas de Jesus Cristo” com a graça do Espírito Santo. “Como cristãos, somos chamados a abraçar a missão de Cristo e defender a fé com coragem e testemunhar o Evangelho em todo lugar”, afirmou.

“Nós, cristãos, aprendemos, a partir do Evangelho, os valores do serviço a Deus e aos irmãos. A profissão à qual vocês estão se preparando também é um serviço à sociedade, à segurança, à paz e à ordem para a boa convivência da sociedade. Sem dúvida, isso é muito importante e precisa de coragem, discernimento e prudência, tanto humana quanto espiritual. Os dons do Espírito Santo se inserem na nossa capacidade humana, ajudando-nos a desempenhar bem a missão que nos é confiada”, completou o Cardeal.

 

GRÊMIO CATÓLICO

O Grêmio Católico é um dos grêmios espirituais de diferentes tradições religiosas que existem desde as origens da Academia, fundada em 1913, com o objetivo de possibilitar aos cadetes a vivência da espiritualidade em meio ao programa intenso de formação. Cada grêmio é acompanhado por um oficial da Academia e um dos alunos do último ano, que estabelece a relação entre os estudantes e os superiores.

O Capitão Paulo Henrique Coltre, responsável por acompanhar o Grêmio Católico há 10 anos, explicou para a reportagem que, por parte da PM, não há o interesse de se privilegiar uma religião específica no processo formativo dos cadetes, mas favorecer o desenvolvimento dos valores humanos durante o intenso regime de formação, que tem duração de três anos. “O nosso dia a dia exige muito do nosso conhecimento técnico profissional, mas há necessidade de estar centrado nos valores da ética e da moral, além da valorização do ser humano, independentemente da sua condição”, ressaltou o Capitão. Nesse sentido, mesmo os estudantes que não estão ligados a algum grêmio espiritual participam de momentos de formação sobre valores como amor, respeito e dignidade humana.

Os membros do Grêmio Católico se reúnem todas as terças-feiras para a missa e encontros formativos. Para Fábio Xavier Barbosa, aluno oficial da Academia e responsável pela catequese dos cadetes, o Grêmio Católico é uma oportunidade de os estudantes católicos também cultivarem o seu sentido de pertença à Igreja. “A presença do Grêmio manifesta, de maneira significativa, a presença da Igreja na Academia”, disse.

 

CAPELANIA

No caso do Grêmio Católico, há o acompanhamento de um capelão, designado pelo Ordinariado Militar do Brasil, uma Circunscrição Eclesiástica da Igreja Católica no Brasil, subordinada diretamente à Santa Sé, com sede em Brasília (DF), que tem responsabilidade sobre todas as capelanias militares católicas do País, com clero próprio, sendo acompanhada por um Arcebispo Militar, atualmente Dom Fernando Guimarães. Na Capital Paulista, há convênio entre o Ordinariado Militar e a Arquidiocese de São Paulo, que cedeu o Padre Hélio Vergueiro Filho para atuar como Capelão na PM.

O Sacerdote colabora com o Grêmio Católico há um ano e meio, com o auxílio do Padre Everton Augusto de Souza. Padre Hélio explicou ao O SÃO PAULO que existia a necessidade da realização de catequese para os sacramentos da Iniciação Cristã. “É uma experiência muito gratificante poder acompanhar essas moças e rapazes na sua busca de aprofundar e viver a fé, unindo-a ao serviço para o qual estão se preparando”, disse.

 

FÉ PARA SERVIR

De família não católica, Valter Donizeti Aires Netto, 20, não era batizado e há aproximadamente um ano, por influência de sua namorada, começou a se aproximar da Igreja. Na Academia, sentiu o desejo de receber os sacramentos da Iniciação Cristã. “Essa experiência de preparação para o Batismo foi algo que realmente mudou a minha vida. A nossa profissão lida com extrema dificuldade, e a fé nos ajuda de uma forma indescritível. Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza. Não há nada mais glorioso do que recebê-Lo na Eucaristia toda semana”, disse o jovem, que recebeu o Batismo e a Primeira Comunhão no dia 5.

Também batizada na semana anterior, Clarice Maximiano da Silva, 33, começou a ter contato efetivo com o catolicismo na Academia. “Eu não conhecia nada da doutrina católica e ainda a estou conhecendo em profundidade. A fé que recebemos nos motiva ainda mais a servir o próximo e ver no outro um irmão”.

Daniel Álvares de Siqueira, 29, foi batizado na infância, mas não havia recebido a Primeira Eucaristia e a Crisma. Para o Cadete, a experiência religiosa, especialmente a cristã, o ajuda muito para o bom exercício da carreira policial. “O policial é chamado a servir e, se necessário for, com o sacrifício da própria vida. Para o cristão não é diferente: se precisar, ele derramará o sangue por Cristo”, disse.

 

Comente

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.