Um em cada oito cristãos no mundo sofre perseguição

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17 de janeiro de 2020

Cerca de 260 milhões de pessoas, sofrem atos de perseguição por causa da fé, segundo os dados da Lista Mundial da Perseguição (LMP) 2020, publicada nesta quarta-feira, 15, pela Portas Abertas, organização cristã internacional que atua em mais de 60 países apoiando os cristãos perseguidos.

O relatório analisa os eventos ocorridos no mundo entre 1º de novembro de 2018 e 31 de outubro de 2019 em cem países potencialmente afetados pelo fenômeno e mostra como, em comparação com o ano anterior, os cristãos discriminados em um nível definido como “alto”, “muito alto” e “extremo” aumentaram em 15 milhões. Isso significa que um em cada oito cristãos sofre algum tipo de perseguição em todo o mundo.

Segundo a metodologia da pesquisa, 11 países foram enquadrados na classificação de “perseguição extrema”, como resultado da intolerância enfrentada em cinco esferas de pressão – vida privada, família, comunidade, nação e igreja – e de violência.

CORÉIA DO NORTE

A Coreia do Norte ocupa a primeira posição pelo décimo oitavo ano consecutivo, país onde, de acordo com os dados, entre 50 mil e 70 mil cristãos estão detidos em campos de trabalho por causa de sua fé.

Oficialmente, há três igrejas na Coreia do Norte: católica, protestante e ortodoxa russa. Porém, isso não indica que exista a liberdade religiosa, pois as instituições fazem parte da nova imagem que os líderes do país desejam passar ao mundo. Logo, a reunião entre cristãos verdadeiros torna-se um evento secreto, em locais subterrâneos e por isso não devem ser divulgadas. E se uma pessoa engajada em atividade cristã for descoberta, ela pode enfrentar discriminação, prisão, detenção em campos de trabalho forçado, desaparecimento, tortura e execução pública. As consequências da fé atingem também os familiares mais próximos dos acusados.

GUERRAS

Em seguida, vêm os países em guerra por anos e com um componente fundamentalista islâmico muito elevado, como Afeganistão, Somália e Líbia, seguido pelo Paquistão onde, no ano da libertação da Asia Bibi, a lei contra a blasfêmia ainda permanece em vigor.

Pela primeira vez, Burkina Faso e Camarões estão entre os 50 principais países onde há discriminação contra os cristãos, testemunhando assim a difícil situação na área do Sahel, onde pelo menos 27 grupos jihadistas operam. No norte de Burkina Faso, mais de 200 igrejas foram fechadas.

IRAQUE E SÍRIA

Os dados alertam para o risco de os cristãos desapareceram no Iraque e na Síria, onde a perseguição já perdura por anos.

No Iraque, antes da guerra de 2003, havia 1,5 milhão. Hoje existem cerca de 200 mil e até os retornos à Planície de Nínive após a expulsão do Estado Islâmico são difíceis devido à falta de condições de segurança. Na Síria, em guerra há nove anos, os cristãos passaram de mais de 2 milhões para 744 mil.

ASSASSINATOS E DISCRIMINÇÃO

O levantamento indica que o número de cristãos assassinados diminuiu (de 4.305 para 2.983 vítimas), com a Nigéria permanecendo como o país mais perigoso para os cristãos devido a ataques das tribos Fulani e dos islamitas do Boko Haram. A República Centro-Africana em guerra ocupa o segundo lugar, e o Sri Lanka o terceiro, onde mais de 200 pessoas morreram nos ataques na Páscoa de 2019.

Por outro lado, aumentou a pressão que diz respeito à vida pública e privada dos fiéis. De acordo com vários parâmetros analisados – discriminação, violência, exclusão do trabalho, da saúde e da assistência médica, leis que proíbem a existência dos cristãos ou leis contra as conversões que são usadas contra cristãos –, indicam que em pelo menos 73 países, os cristãos experimentam um alto nível de perseguição.

AMÉRICA LATINA

O único país da América Latina que aparece na lista é a Colômbia, indicada na categoria de “perseguição severa” relacionada ao antagonismo étnico.

O país subiu quatro pontos comparado ao ano anterior mantendo a tendência de aumento dos últimos três períodos de pesquisa. Os fatores mais significativos para o aumento foram a presença do Exército de Libertação Nacional (ELN) e o reagrupamento das FARC junto à presença de outros grupos criminosos em um contexto sociopolítico instável que causou pressão e destruição.

Líderes de igrejas estão sendo ameaçados, assediados, extorquidos e até mesmo mortos como resultado da violência cometida por guerrilhas ou outros grupos criminosos. Na maioria dos casos, essa violência é resultado direto de cristãos que trabalham pela defesa dos direitos humanos, com jovens e que estão envolvidos em qualquer atividade que diz respeito a implementação do acordo de paz.

Também há uma oposição significativa contra missionários cristãos e convertidos indígenas, que, como resultado, enfrentam prisão, abuso físico e o confisco de propriedades, entre outras formas de punição.

RELATÓRIO

A Lista Mundial da Perseguição (LMP) existe há mais de 25 anos e é uma das principais ferramenta da Portas Abertas para monitorar a medir a dimensão da perseguição aos cristãos no mundo.

O departamento de pesquisa da Portas Abertas desenvolveu uma metodologia própria para o processo de elaboração da Lista Mundial da Perseguição, que se repete anualmente. Nos últimos anos, foram feitos novos refinamentos para aprimorar a metodologia.

O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever uma situação distinta que está causando hostilidade contra os cristãos. O relatório identifica oito tipos de perseguição: opressão islâmica, nacionalismo religioso, protecionismo denominacional, antagonismo étnico, opressão comunista e pós-comunista, intolerância secular, paranoia ditatorial e corrupção + crime organizado.

O relatório detalha, por meio da lista e de um mapa interativo, a situação e o tipo de perseguição de cada país pesquisado em comparação aos levantamentos anteriores.  

ACESSE:

Lista Mundial da Perseguição (LMP) 2020

(Com informações de Vatican News e Portas Abertas)

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Relatório mostra aumento da perseguição e da intolerância à liberdade religiosa no mundo

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23 de novembro de 2018

A Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) promoveu o lançamento da 14ª edição do Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo, na quinta-feira, 22, às 20h, no Auditório do PIME, na Vila Mariana, zona Sul de São Paulo.

O lançamento contou com um Painel de Discussão com os convidados: Cardeal Odilo Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo; Iyalorixá Carmen de Oxum, representante das religiões de matriz africana no comitê gestor da secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo e Professor Edin Sued Abumanssur, Doutor em Ciências Sociais e integrante do Departamento de Ciências da Religião da PUC-SP.

O Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo é uma compilação de análises da situação legal e constitucional sobre a liberdade religiosa em cada um dos 196 países estudados, e até que ponto a lei é realmente respeitada neles. Descreve-se também os incidentes de perseguição religiosa registrados em cada nação, que são diferenciados em três categorias e classificados como: 1) Intolerância; 2) Discriminação; 3) Perseguição. Por fim, observa-se no período em análise (julho de 2016 a junho de 2018) se a liberdade religiosa melhorou, permaneceu igual ou piorou, além de informar as perspectivas para um futuro próximo.

No início do lançamento, falou-se sobre o panorama geral que, no Brasil, mantém as mesmas características dos relatórios anteriores, sobretudo no que se refere à intolerância com as religiões de matriz africana. Dados atuais indicam que o processo de reconhecimento da intolerância religiosa pode ser prejudicada pela crise que o País atravessa.

Em sua fala, o Cardeal Scherer destacou que o lançamento  faz parte de uma iniciativa mundial  e que os números apresentados são impressionantes. "Estamos num País onde isso não se apresenta como uma situação grave, mas existe sim intolerância religiosa e é bom que se crie uma cultura contra essa intolerância", afirmou. Dom Odilo observou ainda que os cristãos são o grupo religioso mais perseguido na atualidade.

O relatório pode ser lido na íntegra e está disponível para downloud no site a Ajuda à Igreja que Sofre, ou pelo link:  https://www.acn.org.br/relatorio-liberdade-religiosa/

 

LEIA TAMBÉM: 300 milhões de cristãos perseguidos no mundo, diz AIS

 

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