Indulgências: participação dos benefícios da redenção de Cristo

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18 de abril de 2020

Neste período de pandemia, o tema das indulgências ganhou destaque entre os católicos e curiosidade entre os que têm uma ideia distante do real significado dessa antiga prática da Igreja de grande valor espiritual para a vida dos fiéis.

No dia 27 de março, o mundo acompanhou a histórica oração do Papa Francisco pelo fim da pandemia na Praça São Pedro, vazia, onde concedeu, no final, a bênção Urbi et Orbi (à cidade de Roma e ao mundo) com o Santíssimo Sacramento, por meio da qual concedeu aos fiéis a possibilidade de obter a indulgência plenária. O mesmo aconteceu no domingo de Páscoa, 12, quando conferiu novamente essa bênção, já tradicional nesta data, assim como no dia de Natal.

Dias antes, a Santa Sé publicou um decreto por meio do qual concede a possibilidade de obter indulgência plenária aos doentes com a COVID-19, assim como aos profissionais da saúde e familiares que colocam sua vida em risco para cuidar dos infectados.

O QUE É?

Ao contrário do que alguns meios de comunicação erroneamente noticiaram, as indulgências concedidas pelo papa não são o “perdão total dos pecados”, algo que só pode ser obtido por meio da absolvição sacramental na Confissão.

A doutrina da Igreja ensina que a indulgência é “a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja”, como explica do Manual das Indulgências, da Penitenciaria Apostólica, tribunal da Santa Sé responsável pelas questões referentes ao foro interno, como o sacramento da Reconciliação e as indulgências.

“Apesar do perdão, carregamos na nossa vida as contradições que são consequência dos nossos pecados. No sacramento da Reconciliação, Deus perdoa os pecados, que são verdadeiramente apagados; mas o cunho negativo que os pecados deixaram nos nossos comportamentos e pensamentos permanece”, explicou o Papa Francisco, na bula Misericordiae vultus, na proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, em 2015.

O Pontífice acrescentou que a misericórdia de Deus por meio da Igreja, “alcança o pecador perdoado e liberta-o de qualquer resíduo das consequências do pecado, habilitando-o a agir com caridade, a crescer no amor em vez de recair no pecado”.

“A indulgência é experimentar a santidade da Igreja que participa em todos os benefícios da redenção de Cristo, para que o perdão se estenda até as últimas consequências aonde chega o amor de Deus”, completou o Santo Padre.

CONSEQUÊNCIAS DO PECADO

O Catecismo da Igreja Católica explica que, para entender essa prática da Igreja, é preciso compreender que o pecado tem uma dupla consequência na vida da pessoa.

“O pecado grave priva-nos da comunhão com Deus e, portanto, torna-nos incapazes da vida eterna, cuja privação se chama ‘pena eterna’ do pecado. Por outro lado, todo o pecado, mesmo venial, traz consigo um apego desordenado às criaturas, o qual precisa ser purificado, quer nesta vida quer depois da morte, no estado que se chama Purgatório”, diz o Catecismo (1472).

No entanto, o Catecismo ressalta que estas duas penas não devem ser consideradas como “uma espécie de vingança, infligida por Deus, do exterior, mas como algo decorrente da própria natureza do pecado”, e indica que “uma conversão procedente de uma caridade fervorosa pode chegar à total purificação do pecador, de modo que nenhuma pena subsista”.

Desse modo, o perdão divino recebido pela absolvição sacramental restabelece no fiel a comunhão com Deus e o livra das penas eternas do pecado. No entanto, as penas temporais subsistem. Essas, por sua vez, podem ser redimidas por meio de práticas espirituais cujos méritos são as indulgências.

PARCIAL OU PLENÁRIA

Essas indulgências podem ser parciais ou plenárias na medida que liberta, em parte ou no todo, da pena temporal devida em consequência dos pecados. Desse modo, o cristão pode cultivar orações e práticas cotidianas que purificam seu coração e sua alma de tais penas e o aproximam cada vez mais da graça de Deus e da santidade.

Devido à fé da Igreja na comunhão dos santos, as indulgências podem ser obtidas não apenas em próprio favor dos fiéis, como em favor da purificação daqueles que já faleceram, ou seja, das almas do purgatório.

Para obter a indulgência plenária é preciso fazer uma das práticas indicadas pela igreja, como orações, obras, práticas de piedade e bênçãos recebidas, sempre observando as seguintes condições: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice. “Requer-se, além disso, rejeitar todo o apego ao pecado, qualquer que seja, mesmo venial”, ressalta o manual.

EXCEÇÕES NA PANDEMIA

Nesse período de pandemia, contudo, em que as pessoas estão impossibilitadas de participar da missa e receber a comunhão sacramental, a Penitenciaria Apostólica publicou um decreto em que concede a indulgência plenária aos fiéis que:

“Oferecerem uma visita ao Santíssimo Sacramento, ou a adoração eucarística, ou a leitura da Sagrada Escritura durante pelo menos meia hora, ou a recitação do santo rosário, ou o exercício piedoso da via-sacra, ou a recitação do rosário da Divina Misericórdia, para implorar de Deus Todo-Poderoso o fim da epidemia, alívio para os aflitos e salvação eterna para aqueles que o Senhor chamou a si”.

O decreto determina, ainda, que para obter a indulgência plenária, os doentes de coronavírus, os que estão em quarentena, os profissionais de saúde e familiares que se expõem ao risco de contágio para ajudar quem foi afetado pela COVID-19, também poderão simplesmente recitar o Credo, o Pai-Nosso e uma oração a Nossa Senhora.

Na impossibilidade de se confessar e de receber a absolvição sacramental, a Penitenciaria Apostólica recordou, por meio de uma nota, que “a contrição perfeita, vinda do amor de Deus amado acima de tudo, expressa por um sincero pedido de perdão (aquilo que o penitente é atualmente capaz de expressar) e acompanhada do votum confessionis, ou seja, da firme resolução de recorrer à confissão sacramental o mais rápido possível, obtém perdão dos pecados, até mortais”.

MEIOS PARA OBTÊ-LAS

São vários os meios e circunstâncias pelas quais uma pessoa pode obter indulgências parciais ou plenárias. Leia, a seguir, os meios mais comuns indicados pela Igreja:

Concede-se indulgência plenária ao fiel que:

  • Visitar com devoção uma das quatro basílicas patriarcais de Roma e lá recitar o Painosso e o Creio:

1) no dia da festa do titular;
2) em qualquer festa de preceito;
3) uma vez no ano, em dia à escolha do fiel.

  • Receber com piedade e devoção a bênção dada pelo Sumo Pontífice a Roma e ao mundo (Urbi et Orbi), ou dada pelo bispo aos fiéis confiados ao seu cuidado;
  • Passar pela porta santa de um santuário durante um Ano Santo Jubilar;
  • Visitar devotamente um cemitério, entre os dias 1 e 8 de novembro, e rezar pelos falecidos, sendo aplicável somente às almas do purgatório;
  • Participar da adoração da cruz na celebração da Paixão do Senhor na Sextafeira Santa;
  • Participar com devoção do solene rito de conclusão de um congresso eucarístico;
  • Realizar exercícios espirituais aos menos por três dias;
  • Visitar a igreja paroquial na festa do titular;
  • Visitar a igreja ou o altar no próprio dia da dedicação e aí piedosamente rezar o Painosso e o Creio;
  • Visitar piedosamente urna, igreja ou oratório de religiosos na festa de seu fundador e aí rezar o Painosso e o Creio.

Concede-se indulgência parcial ao fiel que:

  • No cumprimento de seus deveres e na tolerância das aflições da vida, ergue o espírito a Deus com humilde confiança, acrescentando alguma piedosa invocação, mesmo só em pensamento;
  • Levado pelo espírito de fé, com o coração misericordioso, dispõe de si próprio e de seus bens no serviço dos irmãos que sofrem falta do necessário;
  • Absterse de coisa lícita e agradável, em espírito espontâneo de penitência;
  • Recitar atos de virtudes teologais (fé, esperança e caridade) e de contrição.
  • Visitar o Santíssimo Sacramento para adorálo; se o fizer por mais de meia hora, a indulgência será plenária;
  • Visitar devotamente um cemitério, em qualquer dia do ano, e rezar pelos falecidos. O mesmo se aplica na visita a um cemitério de antigos cristãos ou “catacumba”;
  • Fazer a comunhão espiritual, por meio de qualquer fórmula piedosa;
  • Recitar piedosamente o Creio, seja o símbolo apostólico, seja o nicenoconstantinopolitano;
  • Dedicarse a ensinar ou aprender a doutrina cristã;

Para saber mais detalhes sobre a obtenção de indulgências e os meios para consegui-las, acesse o Manual das Indulgências, da Penitenciaria Apostólica. 

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‘O maior presente’

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13 de setembro de 2019

O perdão sempre foi considerado um tema central para o Cristianismo. Baseado no próprio exemplo de Jesus, que o viveu e ensinou até seus últimos momentos na cruz, trata-se de uma conduta que deve nortear o comportamento dos cristãos em todos os tempos. 
Não raramente, a temática do perdão é retratada de diversas formas em livros, filmes, séries, documentários, entre outros, nos quais se procura mostrar as inúmeras facetas relacionadas a tão sublime maneira de viver cotidianamente. 


O assunto se torna o apelo principal do mais recente longa-metragem do diretor espanhol Juan Manuel Cotelo, intitulado “O maior presente”, já lançado em 18 países – e brevemente em mais dez –, cuja estreia nos cinemas de todo o Brasil será no dia 19 de setembro. 


A obra, ao retratar o poder do perdão e a mudança que ele provoca na vida das pessoas, conta a história do diretor de um filme de Velho Oeste que quer mudar o desfecho do roteiro. Em vez de dirigir uma clássica história de vingança, ele deseja propor uma conclusão diferente, de reconciliação. Entretanto, para convencer o elenco, deverá provar que esse final feliz é possível na vida real.


Nesse sentido, o diretor, que também é jornalista, viajou por diferentes países e entrevistou pessoas que, apesar de terem sofrido experiências muito dolorosas, conseguiram concluir suas histórias em paz e com o perdão.


Assim, a ficção se mistura com diversos depoimentos reais de pessoas que viveram o perdão, entre as quais sobreviventes de atentados, ex-militares, casais separados e reconciliados. Para isso, Cotelo – também diretor do filme “Terra de Maria”, que fez sucesso nos cinemas brasileiros em 2015 – dedicou quatro anos recolhendo testemunhos na França, Espanha, Irlanda, México, Colômbia e até mesmo em Ruanda, onde há pouco mais de 20 anos um genocídio acabou com cerca de 1 milhão de vidas.


Em entrevista à Eternal Word Television Network (EWTN), dos Estados Unidos, Cotelo afirmou que “já estamos saturados de ver como a ética que muitas vezes se propõe no cinema é a da vingança. Isso, levado à vida real, não funciona”. Assim, ele assinala: “Por que fazer um filme sobre perdão? Porque é verdadeiro, porque é positivo, porque cura, porque é uma esperança fundada nos fatos”.


Cotelo, 53, católico, casado e pai de três filhas, contou que teve uma experiência pessoal com Deus há quase 15 anos. Embora sem buscá-lo conscientemente, “Ele apareceu na minha vida, e não como uma teoria bonita, não como alguém que deveria acreditar que existe, mas como alguém que me foi presenteado”. Em sua vivência com Deus, Cotelo afirmou que “há uma grande diferença entre dizer ‘eu creio em Deus’, algo que nem o próprio demônio duvida, ou dizer ‘eu vivo com Deus, eu tenho uma relação com Ele’”.


O filme mereceu inclusive uma carta de recomendação de Dom Andrés Carrascosa Coso, Arcebispo de Elo e Núncio Apostólico no Equador. Dessa vez, a fim de captar todo recurso necessário para sua produção, foi adotado o sistema de financiamento coletivo conhecido como crowdfunding. Em apenas 40 dias, todo o dinheiro havia sido arrecadado. Foram mais de 1,4 mil benfeitores de 35 países e, assim, a obra ficou em quarto lugar como “a produção de maior arrecadação de benfeitores” na história do cinema da Espanha.

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Papa Francisco: é um escândalo ir à igreja e odiar os outros

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02 de janeiro de 2019

Na primeira Audiência Geral do ano de 2019, o Papa deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o Pai Nosso, iniciado em 5 de dezembro, inspirando-se  nesta quarta-feira na passagem de Mateus 6, 5-6.

O Evangelho de Mateus – explicou Francisco aos 7 mil presentes na Sala Paulo VI – coloca o texto do “Pai Nosso” em um ponto estratégico, no centro do Sermão da Montanha (Mt 6, 9-13). Reunidos em volta de Jesus no alto da colina, uma “assembleia heterogênea” formada pelos discípulos mais íntimos e por uma grande multidão de rostos anônimos é a primeira a receber a entrega do Pai Nosso.

 

O Evangelho é revolucionário

Neste “longo ensinamento” chamado “Sermão da Montanha”, de fato, Jesus condensa os aspectos fundamentais de sua mensagem:

Jesus coroa de felicidade uma série de categorias de pessoas que em seu tempo - mas também no nosso! – não eram muito consideradas. Bem-aventurados os pobres, os mansos, os misericordiosos, os humildes de coração ... Esta é a revolução do Evangelho. Onde está o Evangelho há uma revolução. O Evangelho não deixa quieto, nos impulsiona, é revolucionário".

"Todas as pessoas capazes de amar, os pacíficos que até então ficaram à margem da história, são, ao contrário, construtores do Reino de Deus”. É como se Jesus  - explica o Papa - estivesse dizendo: “em frente, vocês que trazem no coração o mistério de um Deus que revelou sua onipotência no amor e no perdão!”

Desta porta de entrada, que inverte os valores da história, brota a novidade do Evangelho:

A lei não deve ser abolida, mas precisa de uma nova interpretação, que a leve de volta ao seu significado original. Se uma pessoa tem um bom coração, predisposto a amar, então compreende que cada palavra de Deus deve ser encarnada até suas últimas consequências. O amor não tem limites: pode-se amar o próprio cônjuge, o próprio amigo e até mesmo o próprio inimigo com uma perspectiva completamente nova”.

Este é “o grande segredo que está na base de todo o Sermão da Montanha: sejam filhos de vosso Pai que está nos céus”, disse o Pontífice, chamando a atenção para o fato de que em um primeiro momento, estes capítulos do Evangelho de Mateus podem parecer um discurso moral, evocar uma ética tão exigente a ponto de parecer impraticável. Mas pelo contrário, “descobrimos que são sobretudo um discurso teológico:

“O cristão não é alguém que se esforça para ser melhor do  que os outros: ele sabe que é pecador como todos. O cristão é simplesmente o homem que para diante da nova Sarça Ardente, da revelação de um Deus que não traz o enigma de um nome impronunciável, mas que pede a seus filhos que o invoquem com o nome de "Pai", para deixar-se  renovar por seu poder e de  refletir um raio de sua bondade por este mundo tão sedento de bem, tão à espera de boas notícias”.

 

Coerência cristã

E Jesus – explica o Papa – introduz o ensinamento da oração do “Pai Nosso” distanciando dois grupos de seu tempo, começando pelos hipócritas”, que rezam nas praças  e sinagogas para serem vistos. “Há pessoas – disse o Francisco - que são capazes de tecer orações ateias, sem Deus: fazem isso para serem admiradas pelos homens”, completando:

“E quantas vezes nós vemos o escândalo daquelas pessoas que vão à igreja, estão lá todo o dia, ou vão todos os dias, e depois vivem odiando os outros e falando mal das pessoas. Isto é um escândalo. Melhor não ir à igreja. Viva assim como ateu. Mas se você vai à igreja, viva como filho, como irmão e dá um verdadeiro testemunho. Não um contratestemunho”.

A oração cristã, pelo contrário, não tem outro testemunho crível  senão a própria consciência, onde se entrelaça intensamente um diálogo contínuo com o Pai.

 

Rezar com o coração

Jesus então, continuou Francisco – “toma distância das orações dos pagãos” - que acreditavam ser ouvidos pela força das palavras. O Papa recorda a cena do Monte Carmelo, onde diferentemente dos sacerdotes de Baal que gritavam, dançavam, pediam tantas coisas, é ao Profeta Elias, que fica calado, que o Senhor se revela:

Os pagãos pensam que falando, falando falando, se reza. Também eu penso aos tantos cristãos que acreditam que rezar – desculpem-me – é falar a Deus como um papagaio. Não! Rezar se faz do coração, de dentro”.

O Pai Nosso – reitera o Santo Padre - “poderia ser também uma oração silenciosa: basta no fundo colocar-se sob o olhar de Deus, recordar-se de seu amor de Pai, e isto é suficiente para serem ouvidos”.

 

Deus não precisa de sacrifícios para conquistar seu favor

“Que bonito pensar que o nosso Deus não precisa de sacrifícios para conquistar o seu favor! Ele não precisa de nada, nosso Deus: na oração pede somente que tenhamos aberto um canal de comunicação com ele, para nos descobrirmos sempre seus amados filhos”, disse o Papa ao concluir.

Após o resumo da catequese nas diversas línguas, houve a apresentação de um grupo cubano de dança e malabarismo.

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Papa: o cristão reza pelo seu inimigo e o ama

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19 de junho de 2018

O perdão, a oração e o amor por que quem nos quer destruir, pelo nosso inimigo. Assim foi a homilia do Papa Francisco na missa celebrada na capela da Casa Santa Marta esta terça-feira, 19.

Comentando o trecho proposto pela Leitura do dia, extraído do Evangelho de Mateus, o Papa admitiu a dificuldade humana em seguir o modelo do nosso Pai celeste e propôs novamente o desafio do cristão, isto é, de pedir ao Senhor a “graça” de saber “abençoar os nossos inimigos” e nos comprometer a amá-los.

 

Perdoar para ser perdoados

“Nós sabemos que devemos perdoar os nossos inimigos”, afirmou o Papa, nós dizemos isso todos os dias no Pai-Nosso. Pedimos perdão assim como nós perdoamos: é uma condição…", embora não seja fácil. Assim como “rezar pelos outros”, por aqueles que nos dão problemas, que nos colocam à prova: também isto é difícil, mas o fazemos. Ou pelo menos muitas vezes conseguimos fazê-lo ":

Mas rezar por aqueles que querem me destruir, os inimigos, para que Deus os abençoe: isso é realmente difícil de entender. Pensemos no século passado, os pobres cristãos russos que somente pelo fato de serem cristãos eram enviados para a Sibéria para morrer de frio: e eles deveriam rezar pelo governante carrasco que os enviava ali? Mas como é possível? E muitos o fizeram: rezaram. Pensemos em Auschwitz e em outros campos de concentração: eles deveriam rezar por este ditador que queria a raça pura e matava sem escrúpulo, e rezar para que Deus os abençoasse! E muitos fizeram isso.

 

Aprender com a lógica de Jesus e dos mártires

É a difícil lógica de Jesus, que no Evangelho está contida na oração e na justificação daqueles que “o mataram” na cruz: “perdoa-os Pai, porque não sabem o que fazem”. Jesus pede perdão para eles, recordou o Papa, assim como fez como Santo Estevão no momento do martírio:

Mas quanta distância, uma infinita distância entre nós que muitas vezes não perdoamos pequenas coisas, e isso que nos pede o Senhor e de qual sempre nos deu exemplo: perdoar aqueles que tentam nos destruir. Nas famílias, às vezes, é muito difícil perdoarem-se os cônjuges depois de alguma briga, ou perdoar a sogra também: não é fácil. O filho pedir perdão ao pai é difícil. Mas perdoar os que o estão matando, que querem eliminá-lo … Não somente perdoar: rezar por eles, para que Deus os proteja! E mais: amá-los. Somente a palavra de Jesus pode explicar isso. Eu não consigo ir além.

 

Pedir a graça de ser perfeito como o Pai

Portanto, destacou Francisco, é a graça de pedir para entender algo deste mistério cristão e ser perfeitos como o Pai, que dá todos os seus bens aos bons e aos maus. O Papa concluiu afirmando que nos fará bem pensar nos nossos inimigos, pois todos nós temos algum:

Hoje, nos fará bem pensar num inimigo – creio que todos nós temos um -, alguém que nos fez mal ou que nos quer fazer mal ou tenta nos prejudicar: pensar nesta pessoa. A oração mafiosa é: “Você me paga”. A oração cristã é: “Senhor, dê-lhe a sua bênção e ensine-me a amá-lo”. Pensemos num inimigo: todos temos um. Pensemos nele. Rezemos por ele. Peçamos ao Senhor a graça de amá-lo.

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Papa: O Senhor nos perdoa se perdoarmos os outros

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06 de março de 2018

O Papa Francisco celebrou na manhã de terça-feira, 06, a missa na capela da sua residência, a Casa Santa Marta.

O Pontífice resumiu a mensagem proposta pela liturgia de hoje em duas expressões: “infelizmente” e “desde que”. O tema comum é o perdão, afirmou o Papa, o que é e de onde vem.

 

EU PEQUEI

A primeira Leitura é extraída do Livro do profeta Daniel. Trata-se do episódio de Azarias que, lançado ao fogo por não ter renegado o Senhor, não se lamenta com Deus pelo tratamento dispensado, não o repreende reivindicando a sua fidelidade. Continua a professar a grandeza de Deus, dizendo: “Tu sempre nos salvastes, mas infelizmente pecamos”. Acusa a si mesmo e o seu povo. E Francisco afirmou: “A acusação de nós mesmos é o primeiro passo rumo ao perdão”.

Acusar a si mesmos é parte da sabedoria cristã; não acusar os outros, não... A si mesmos. Eu pequei. E quando nós nos aproximamos do sacramento da penitência, ter isto em mente: Deus é grande e nos deu tantas coisas e infelizmente eu pequei, eu ofendi o Senhor e peço salvação. Mas se vou ao sacramento da confissão, da penitência e começo a falar dos pecados dos outros, não sei o que estou buscando: não busco o perdão. Tento me justificar. E ninguém pode justificar si mesmo, somente Deus nos justifica.

 

CONFESSAR OS PRÓPRIOS PECADOS

O Papa citou o caso de uma senhora que no confessionário contava os pecados da sogra, tentando se justificar, até que o sacerdote lhe disse: ‘Tudo bem, agora confesse os próprios pecados’.

O Senhor quer isto, porque o Senhor recebe o coração contrito porque é como de Azarias: “Não se sentirá frustrado quem põe em ti sua confiança”, o coração contrito que diz a verdade ao Senhor: “Eu fiz isso, Senhor. Pequei contra Ti”. O Senhor lhe tapa a boca, como o pai ao filho pródigo; não o deixa falar. O seu amor o cobre. Perdoa tudo.

 

O SENHOR NOS PERDOA SE PERDOARMOS OS OUTROS

Francisco convidou a não ter vergonha de dizer os próprios pecados porque é o Senhor que nos justifica, perdoando-nos não uma vez, mas sempre:

O perdão de Deus vem forte em nós desde que nós perdoemos os outros. E isso não é fácil, porque o rancor se aninha em nosso coração e sempre existe aquela amargura. Muitas vezes, carregamos conosco a lista das coisas que me fizeram: “Esta pessoa me fez isto, fez aquilo, fez aquilo outro...”.

O Papa advertiu para não se deixar escravizar pelo ódio a ponto de não conseguir perdoar e concluiu: “Essas são as duas coisas que nos ajudarão a entender o caminho do perdão: ‘O Senhor é grande, mas infelizmente eu pequei’ e ‘Sim, eu o perdoo 77 vezes desde que você perdoe os outros’.

 

Vatican News

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Terminou no domingo, 10 de setembro, a 20 ª Viagem Apostólica Internacional do Papa Francisco à Colômbia

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11 de setembro de 2017

O Papa Francisco foi conquistado pelo sorriso dos colombianos na visita ao país, afirmou na sexta-feira, 8 de setembro,o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Greg Burke. O jornalista estadunidense adiantou à mídia local que o Papa está “muito contente” com o andamento da viagem, que termina domingo, 10 de setembro. Depois de visitar Medellín sábado, 9 de setembro, o Pontífice encerrou a visita em Cartagena.

Para Burke, o importante da viagem até então são a “alegria e a esperança” de Francisco, como demonstrado na primeira noite na Colômbia, quando pediu aos jovens que o aguardavam na Nunciatura que “não se deixassem roubar as esperanças”. Burke afirmou ainda que o encontro em Villavivencio dedicado à reconciliação entre as vítimas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e ex-guerrilheiros, foi uma “lição de como pedir e oferecer perdão”.

Encontros da Nunciatura são destaque
Outro evento destacado, a seu ver, foi a noite de quinta-feira, 7 de setembro, quando um grupo de meninas com síndrome de Down falou sobre a vulnerabilidade. Para ele, a mensagem foi uma “lição de pura teologia de que todos somos vulneráveis”.
O porta-voz ainda garantiu que apesar da longa viagem, Francisco está muito bem e suportou com boa disposição o calor em Villavivencio. Uma prova disso, disse, foi o período dedicado depois do almoço para tirar fotos com seminaristas e outros fiéis sob o sol.
Em declaração exclusiva à Rádio Vaticano, Greg Burke se concentrou nos temas do perdão e da misericórdia, centrais na sexta-feira, em Villavicencio.
“Desde o início de seu Pontificado, o Papa fala do perdão e da misericórdia. Nós o vemos sempre diante de Deus, pedindo perdão. Não existe um dia mais importante do que outro, mas claramente este dia teve algo de especial”.
(CM)

(Texto da Rádio Vaticano)

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