Bento XVI comemora 93 anos e reza pelas vítimas da pandemia

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17 de abril de 2020

Nesta quinta-feira, 16, o Papa emérito Bento XVI completa 93 anos de idade. Ele comemorou seu aniversário natalício no mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano, onde vive desde sua renúncia ao pontificado, em 2013.

Devido à pandemia de COVID-19, as comemorações da data aconteceram sem visitas, conforme explicou ao Vatican News o Prefeito da Casa Pontifícia e secretário pessoal do Papa Emérito, Dom Georg Gänswein.

DIA DE ORAÇÕES

Bento XVI celebrou a missa na capela do mosteiro, mais solene do que habitualmente, e prosseguiu o dia com momentos de oração e a cantos típicos da Baviera, no sul da Alemanhã, sua terra natal.

O secretário informou, ainda, que o Pontífice emérito recebeu numerosos telefonemas de felicitações, em especial do seu irmão Georg Ratzinger. Também foram muitas as mensagens recebidas por e-mail.

Dom Georg também destacou que Bento XVI tem sido constantemente informado sobre os desdobramentos da pandemia e reza diariamente pelos doentes e por aqueles que sofrem por causa do vírus.

“Ficou também particularmente impressionado com os muitos sacerdotes, médicos e enfermeiros mortos, em particular no norte da Itália, na realização do próprio serviço de assistência aos doentes do coronavírus”, disse o secretário, concluindo que Bento XVI “participa desta dor”, acompanha “com preocupação”, mas “não se deixa roubar a esperança”.

PRESENTE

O Papa emérito recebeu de presente um exemplar da sua biografia escrita pelo jornalista alemão Peter Seewald, que será publicada na Alemanha no próximo dia 4 de maio. O autor pretendia entregar a obra pessoalmente o Santo Padre, porém, a pandemia impossibilitou sua visita.

Intitulada “Bento XVI – uma vida”, a biografia será publicada pela casa editora Droemer Knaur. O autor publicou vários livros-entrevista com o Papa emérito, entre os quais os best sellers “Luz do mundo” e “Últimas conversações”.

(Com informações de Vatican News)

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5 anos da renúncia de Bento XVI: "gesto heróico de amor à Igreja"

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09 de fevereiro de 2018

Cinco anos se passaram desde 11 de fevereiro de 2013, quando Bento XVI anunciou a decisão de renunciar ao Pontificado. Aquele gesto, que pegou o mundo de surpresa, é cada vez mais compreendido como um grande ato de amor pela Igreja.

Alessandro Gisotti, do Vatican News, entrevistou Mons. Alfred Xuereb, hoje Secretário-geral da Secretaria para a Economia, que foi o vice-secretário de Bento XVI de 2007 até o fim do Pontificado.

“Tenho muitas recordações do Papa Bento XVI e não quero esquecê-los, para manter aqueles anos vivos em minha memória. Obviamente, os momentos mais fortes foram ligados à sua renúncia. Lembro-me muito bem quando em 5 de fevereiro de 2013, ele me chamou em sua sala e me anunciou a decisão de renunciar. Naquela hora, pensei em lhe pedir para pensar um pouco mais... mas não o fiz, porque sabia que ele havia rezado muito. E justamente ali me recordei que durante um longo tempo, ele se detinha na sacristia antes de celebrar a missa; ficava rezando inclusive quando o relógio tocava assinalando o início da celebração. Ele o ignorava e permanecia ali, diante do crucifixo, na sacristia. Eu pensava que ele estava rezando por alguma coisa muito importante.

“ Naquele dia 5, enquanto ouvia sua decisão, pensei: 'Então era por isso que ele rezava tanto! ”

 

Quando o mundo inteiro foi informado

“Naturalmente outro momento forte foi o anúncio público, no Consistório de 11 de fevereiro. Eu chorei o tempo todo e inclusive no almoço. Ele entendeu que eu estava emocionado; eu lhe disse: ‘Santo Padre, mas o sr. está tranquilo?’. E ele respondeu com firmeza: ‘Sim’, porque seu trabalho já estava feito. Estava sereno porque sabia que tinha avaliado tudo e que estava em paz, na vontade de Deus”.

 

A despedida e a nova incumbência

“Outro  momento importante para mim foi a despedida, porque ele me disse: ‘Você fica com o novo Papa’. E assim, quando foi eleito o Papa Francisco, ele lhe escreveu uma carta reiterando que me deixaria livre, caso precisasse de mim. E quando chegou o dia de deixar Castel Gandolfo, a Secretaria de Estado me avisou: ‘Corre, faz a mala porque o Papa Francisco está abrindo as cartas sozinho!’. Entrei no escritório de Bento e lhe pedi, chorando, a sua bênção. Ele levantou, eu fiquei de joelhos e com tranquilidade, me deu a bênção e me deixou ir”.

 

A atual condição de Bento XVI 

“Fui convidado por ele no dia de meu aniversário, 14 de outubro passado, para celebrar a missa e tomar café da manhã. Eu o vi bastante lúcido, me perguntou várias coisas. E os olhares que me dirigiu significavam que ele estava contente em me rever. Recordava bem alguns detalhes sobre minha família, minha mãe e até seus gatos!. Obviamente está muito frágil fisicamente. Tem quase 91 anos...”.

 

Nos últimos cinco anos as pessoas entenderam melhor aquele gesto?  

“Algumas pessoas sim, mas penso que outras ainda devem compreendê-lo. Foi um gesto grandioso. Bento XVI entendeu especialmente durante o voo ao México que não poderia mais fazer viagens longas. Em breve chegaria a Jornada Mundial da Juventude no Brasil e ele percebeu que não conseguiria mais viajar e fazer esforços como aquele... Sua atitude foi heroica, a meu ver, porque pensou sobretudo na Igreja, no amor pela Igreja que era muito maior do que o amor por si mesmo, por seu ego. Não se incomodou com o que pessoas ou realidades poderiam pensar sobre ele... que não tinha coragem para prosseguir... Uma vez que entendeu que Deus lhe havia pedido aquele gesto, amando a Igreja, ele se tranquilizou”.

“ Temos, portanto, uma memória histórica viva à qual podemos recorrer. ”

“O Papa Francisco deu-lhe imediatamente a definição certa: ‘Temos o privilégio de ter um ‘vovô’ em casa’. E estou certo de que o Papa Francisco faz isso. Naturalmente, os gestos também falam. Ainda antes de se apresentar ao mundo, na sacada da Basílica de São Pedro, ele tentou ligar para o Papa Bento para cumprimentá-lo. Nós estávamos na sala da TV, onde o telefone estava sempre o volume baixo e por isso não o ouvimos tocar. Este é o motivo porque o Papa Francisco chegou atrasado na sacada. Mais tarde, nos ligaram novamente, durante o jantar, e disseram que Francisco chamaria depois. Quando chegou o telefonema, passei para o Papa Bento e o ouvi dizer: ‘Santidade, prometo desde já minha obediência e orações’. Não posso me esquecer daqueles momentos”.

Enfim, Mons. Xuereb afirma que Bento XVI quis optar por uma vida retirada para justamente se preparar para o encontro final com o Senhor.

“Mas, enquanto o faz, vive esta fase com espiritualidade profunda, oferecendo orações e também a fragilidade de sua condição de saúde, dedicando-a em favor da Igreja... do Papa e da Igreja”. 

 

Vatican News

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