A Palavra de Deus é ‘alimento substancioso da fé e da vida cristã’

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22 de janeiro de 2020

O Domingo da Palavra de Deus, que terá sua primeira edição celebrada no próximo dia 26, será oportunidade de que todos recordem que “não há missão e vida cristã autênticas, sem a centralidade da Palavra de Deus”. É o que destacou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, em carta enviada ao toda a Arquidiocese, motivando, o clero, religiosos e leigos a darem ênfase para essa comemoração em suas paróquias e comunidades.

A data foi instituída pelo Papa Francisco em 30 de setembro de 2019, por meio da Carta Apostólica em forma de Motu Proprio Aperuit illis – “Abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras” (Lc 24, 45) – com o objetivo de conscientizar a comunidade cristã sobre o valor das Sagradas Escrituras na vida diária.

“A iniciativa faz parte do esforço de nova evangelização e de ‘conversão missionária’, necessário em toda a Igreja”, ressaltou Dom Odilo.

NAS COMUNIDADES

Nesse sentido, o Arcebispo motivou as comunidades a organizarem atividades voltadas a valorização da Palavra de Deus na vida da Igreja e na vida pessoal de cada um. Ele aconselhou, ainda, que seja dado destaque nas missas à Sagrada Escritura, como, por exemplo, com a entrada solene do Evangeliário na procissão de início da celebração.

“Pode-se perguntar ao povo, quem lê diariamente a Palavra de Deus? Semanalmente? Quem tem bíblia em casa? Pode-se pedir que as famílias iniciem o costume de ler cada dia, reunidas, um trecho dos Evangelhos...”

O Cardeal também exortou os que fazem homilias, catequeses ou alguma forma de pregação, que não se esqueçam que todos são servos da Palavra de Deus e deve oferecer o melhor de si para que ela seja servida aos irmãos como “alimento substancioso da fé e da vida cristã”.

“Essa Palavra traz a força e o poder de Deus e, portanto, deve ser anunciada com fé e humildade, sabendo que ela produz o seu efeito de forma misteriosa e não controlada por nós. A nós, cabe sermos fiéis e dedicados servidores dessa ‘Palavra da salvação’”, acrescentou Dom Odilo.

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21 de janeiro de 2020

No próximo dia 26, será comemorado pela primeira vez o Domingo da Palavra de Deus, instituído pelo Papa Francisco em setembro de 2019, com o objetivo de conscientizar a comunidade cristã sobre o valor das Sagradas Escrituras na vida diária.

Na sexta-feira, 17, Dom Rino Fisichella (foto), Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, apresentou a programação da data na Sala de Imprensa da Santa Sé.

O Arcebispo explicou aos jornalistas que os objetivos do Domingo da Palavra de Deus são vários e ricos de significados: oferecer uma dimensão unitária às várias iniciativas que a Igreja Católica promove no mundo, em nível local, para difundir a Palavra de Deus, dar um novo impulso à leitura bíblica no âmbito da pastoral; estabelecer mais um passo para o diálogo ecumênico; exortar os cristãos a tirar das prateleiras empoeiradas um “instrumento” que desperte a fé.

NOVA EVANGELIZAÇÃO

Dom Rino evidenciou que, ao instituir a data, o Pontífice quis “responder aos muitos pedidos que chegam por parte do povo de Deus para que em toda a Igreja se possa celebrar em unidade de intenções o Domingo da Palavra de Deus”. Portanto, acrescentou o prelado, este domingo se coloca como uma iniciativa pastoral de Nova Evangelização, com o objetivo de reavivar a responsabilidade que os fiéis têm no conhecimento da Sagrada Escritura e em mantê-la viva através de uma obra de permanente transmissão e compreensão”.

Neste contexto, o Arcebispo disse que “não pode passar em silêncio o grande valor ecumênico deste Domingo”. De fato, Francisco estabeleceu que seja celebrado sempre no 3º Domingo do Tempo Comum do Ano Litúrgico que é próximo ao Dia do diálogo entre Judeus e Católicos e da Semana de Oração pela Unidade de Cristãos no hemisfério norte. Obviamente, não é uma simples coincidência temporal – explicou o o Arcebispo -, mas uma escolha que pretende marcar mais um passo no diálogo ecumênico, colocando a Palavra de Deus no coração do compromisso que os cristãos são chamados a realizar diariamente”.

EM ROMA

Em Roma, o Papa Francisco presidirá a Eucaristia na Basílica de São Pedro. No altar papal será colocada a imagem de Nossa Senhora de Knock, Padroeira da Irlanda, que virá do Santuário a ela dedicado acompanhada por uma grande representação de fiéis, guiados pelo Arcebispo de Tuam, Dom Michael Neary e pelo reitor do santuário, Padre Richard Gibbons. O coral do Santuário animará a celebração alternando-se com o Coral da Capela Sistina.

Na conclusão da missa, o Papa Francisco fará um gesto simbólico: entregará a Bíblia a 40 pessoas representantes de várias realidades da sociedade: bispos, migrantes, embaixadores, professores, pobres, jornalistas, catequistas, seminaristas, detentos e algumas famílias, assim como representantes das Igrejas Ortodoxas e das Comunidades Evangélicas.

UNIDADE DE INICIATIVAS

Dom Rino recordou o significado mais profundo desta iniciativa: “A Igreja sabe que a Palavra de Deus é o coração da sua pregação mas a instituição desse data especial nasce também porque há no mundo muitas iniciativas concretas que solicitaram ao Papa uma dimensão unitária a tudo o que se realiza há décadas”, afirmou, recordando, por exemplo, o Mês da Bíblia, celebrado pela Igreja no Brasil em setembro.

Fisichella também lembrou que a Bíblia não pode ser limitada ao estudo dos especialistas ou a alguns momentos da vida da nossa pastoral, mas deve estar sempre presente. “O Concílio Vaticano II na Constituição dogmática Dei Verbum, que fala da Revelação da Palavra de Deus, diz que o povo cristão sempre se alimentou da Palavra de Deus e do Corpo e Sangue de Cristo que estão depositados no altar, portanto a unidade da ação litúrgica já nos diz o quanto precisamos de um e do outro”, completou.

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Papa institui Domingo da Palavra de Deus

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30 de setembro de 2019

O Vaticano divulgou nesta segunda-feira, 30, a Carta Apostólica sob forma de Motu Proprio Aperuit illis do Papa Francisco com a qual se institui o Domingo da Palavra de Deus.

Com esse documento, o Santo Padre estabelece que “o III Domingo do Tempo Comum seja dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus”. O Motu Proprio foi publicado no dia em que a Igreja celebra a memória litúrgica de São Jerônimo, conhecido tradutor da Bíblia em latim que afirmava: “A ignorância das Escrituras é a ignorância de Cristo”.

Francisco explica que com essa decisão quis responder aos muitos pedidos dos fiéis para que na Igreja se celebrasse o Domingo da Palavra de Deus. A carta começa com a seguinte passagem do Evangelho de Lucas (Lc 24,45): “Encontrando-se os discípulos reunidos, Jesus aparece-lhes, parte o pão com eles e abre-lhes o entendimento à compreensão das Sagradas Escrituras. Revela àqueles homens, temerosos e desiludidos, o sentido do mistério pascal, ou seja, que Ele, segundo os desígnios eternos do Pai, devia sofrer a paixão e ressuscitar dos mortos para oferecer a conversão e o perdão dos pecados; e promete o Espírito Santo que lhes dará a força para serem testemunhas deste mistério de salvação.”

PATRIMÔNIO

O Papa recorda o Concílio Vaticano II que “deu um grande impulso à redescoberta da Palavra de Deus com a Constituição Dogmática Dei Verbum”, e Bento XVI que convocou o Sínodo, em 2008, sobre o tema “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja” e escreveu a Exortação Apostólica Verbum Domini, que “constitui um ensinamento imprescindível para as nossas comunidades”. Nesse documento, observa, “aprofunda-se o caráter performativo da Palavra de Deus, sobretudo quando o seu caráter sacramental emerge na ação litúrgica”.

“O Domingo da Palavra de Deus”, sublinha o Pontífice, “situa-se num período do ano que convida a reforçar os laços com os judeus e a rezar pela unidade dos cristãos”: “Não é uma mera coincidência temporal: celebrar o Domingo da Palavra de Deus expressa um valor ecumênico, porque as Sagradas Escrituras indicam para aqueles que se colocam à escuta o caminho a ser percorrido para alcançar uma unidade autêntica e sólida”.

Francisco exorta a viver esse domingo “como um dia solene. Entretanto será importante que, na celebração eucarística, se possa entronizar o texto sagrado, de modo a tornar evidente aos olhos da assembleia o valor normativo que possui a Palavra de Deus (...). Neste Domingo, os Bispos poderão celebrar o rito do Leitorado ou confiar um ministério semelhante, a fim de chamar a atenção para a importância da proclamação da Palavra de Deus na liturgia. De fato, é fundamental que se faça todo o esforço possível no sentido de preparar alguns fiéis para serem verdadeiros anunciadores da Palavra com uma preparação adequada (...). Os párocos poderão encontrar formas de entregar a Bíblia, ou um dos seus livros, a toda a assembleia, de modo a fazer emergir a importância de continuar na vida diária a leitura, o aprofundamento e a oração com a Sagrada Escritura, com particular referência à lectio divina.

“A Bíblia”, escreve o Papa, “não pode ser patrimônio só de alguns e, menos ainda, uma coletânea de livros para poucos privilegiados (...). Muitas vezes, surgem tendências que procuram monopolizar o texto sagrado, desterrando-o para alguns círculos ou grupos escolhidos. Não pode ser assim. A Bíblia é o livro do povo do Senhor que, escutando-a, passa da dispersão e divisão à unidade. A Palavra de Deus une os fiéis e faz deles um só povo”.

Também nessa ocasião, o Papa reitera a importância da preparação da homilia: “Os Pastores têm a grande responsabilidade de explicar e fazer compreender a todos a Sagrada Escritura (...) com uma linguagem simples e adaptada a quem escuta (...). Para muitos dos nossos fiéis, esta é a única ocasião que têm para captar a beleza da Palavra de Deus e a ver referida à sua vida diária (...).

Não se pode improvisar o comentário às leituras sagradas. Sobretudo a nós, pregadores, pede-se o esforço de não nos alongarmos desmesuradamente com homilias enfatuadas ou sobre assuntos não atinentes. Se nos detivermos a meditar e rezar sobre o texto sagrado, então seremos capazes de falar com o coração para chegar ao coração das pessoas que escutam”.

SAGRADA ESCRITURA E EUCARISTIA

Recordando o episódio dos discípulos de Emaús, o Papa recorda também “como seja indivisível a relação entre a Sagrada Escritura e a Eucaristia”. Cita a Constituição Apostólica Dei Verbum que ilustra “a finalidade salvífica, a dimensão espiritual e o princípio da encarnação para a Sagrada Escritura”. “A Bíblia não é uma coletânea de livros de história nem de crônicas, mas está orientada completamente para a salvação integral da pessoa. A inegável radicação histórica dos livros contidos no texto sagrado não deve fazer esquecer esta finalidade primordial: a nossa salvação. Tudo está orientado para esta finalidade inscrita na própria natureza da Bíblia, composta como história de salvação na qual Deus fala e age para ir ao encontro de todos os homens e salvá-los do mal e da morte”.

“Para alcançar esta finalidade salvífica, a Sagrada Escritura, sob a ação do Espírito Santo, transforma em Palavra de Deus a palavra dos homens escrita à maneira humana. O papel do Espírito Santo na Sagrada Escritura é fundamental. Sem a sua ação, estaria sempre iminente o risco de ficarmos fechados apenas no texto escrito, facilitando uma interpretação fundamentalista, da qual é necessário manter-se longe para não trair o caráter inspirado, dinâmico e espiritual que o texto possui. Como recorda o Apóstolo, «a letra mata, enquanto o Espírito dá a vida».”

O Papa recorda a afirmação importante dos Padres conciliares “segundo a qual a Sagrada Escritura deve ser ‘lida e interpretada com o mesmo Espírito com que foi escrita’. Com Jesus Cristo, a revelação de Deus alcança a sua realização e plenitude; e, todavia, o Espírito Santo continua a sua ação. De facto, seria redutivo limitar a ação do Espírito Santo apenas à natureza divinamente inspirada da Sagrada Escritura e aos seus diversos autores. Por isso, é necessário ter confiança na ação do Espírito Santo que continua a realizar uma sua peculiar forma de inspiração, quando a Igreja ensina a Sagrada Escritura, quando o Magistério a interpreta de forma autêntica e quando cada fiel faz dela a sua norma espiritual.”

SAGRADA ESCRITURA E TRADIÇÃO

Falando sobre a encarnação do Verbo de Deus que “dá forma e sentido à relação entre a Palavra de Deus e a linguagem humana, com as suas condições históricas e culturais”, o Papa ressalta que “muitas vezes corre-se o risco de separar Sagrada Escritura e Tradição, sem compreender que elas, juntas, constituem a única fonte da Revelação (...). A fé bíblica funda-se sobre a Palavra viva, não sobre um livro. Quando a Sagrada Escritura é lida com o mesmo Espírito com que foi escrita, permanece sempre nova”. Assim, “quem se alimenta dia a dia da Palavra de Deus torna-se, como Jesus, contemporâneo das pessoas que encontra; não se sente tentado a cair em nostalgias estéreis do passado, nem em utopias desencarnadas relativas ao futuro”.

“Por isso, é necessário que nunca nos abeiremos da Palavra de Deus por mero hábito, mas nos alimentemos dela para descobrir e viver em profundidade a nossa relação com Deus e com os irmãos. A Palavra de Deus apela constantemente para o amor misericordioso do Pai, que pede a seus filhos para viverem na caridade. A Palavra de Deus é capaz de abrir os nossos olhos, permitindo-nos sair do individualismo que leva à asfixia e à esterilidade enquanto abre a estrada da partilha e da solidariedade.

A carta se conclui com uma referência a Maria que nos acompanha “no caminho do acolhimento da Palavra de Deus”. “A bem-aventurança de Maria antecede todas as bem-aventuranças pronunciadas por Jesus para os pobres, os aflitos, os mansos, os pacificadores e os que são perseguidos, porque é condição necessária para qualquer outra bem-aventurança.”

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