Papa Francisco manifesta preocupação com tensão no Oriente Médio

Por
06 de janeiro de 2020

O Papa Francisco e toda a Igreja Católica acompanham com preocupação a situação de tensão e conflitos no Iraque, depois do assassinato do general iraniano Qassem Soleimani, em um ataque dos Estados Unidos, em Bagdá, na quinta-feira, 2.  

No sábado, 4, por meio de sua conta oficial no Twitter, o Pontifice manifestou: “Devemos acreditar que o outro tem a nossa mesma necessidade de paz. Não se obtém a paz se não se espera por ela. Peçamos ao Senhor o dom da paz!”.

Durante a oração do Angelus deste domingo, 5, o Santo Padre voltou a expressar sua preocupação com o clima de tensão em várias partes do mundo e voltou a invocar a paz. “Em tantas partes do mundo se sente um terrível ar de tensão. A guerra traz apenas morte e destruição. Convido todas as partes a manterem acesa a chama do diálogo e do autocontrole e a evitarem a sombra da inimizade. Rezemos em silêncio para que o Senhor nos dê esta graça”.

CAMPO DE BATALHA

O Patriarca da Igreja Católica Caldeia, Dom Louis Raphael Sako, afirmou que os iraquianos ainda estão chocados com o que aconteceu na semana passada e temem que o país se torne um “campo de batalha”, em vez de ser “uma nação soberana capaz de proteger seus cidadãos e suas riquezas”.

O Patriarca, pediu, ainda, que seja realizado “um encontro em que todas as partes envolvidas se sentem em torno de uma mesa para um diálogo sensato e civilizado que poupará consequências inesperadas para o Iraque”.

“Nós imploramos a Deus Todo-Poderoso que garanta ao Iraque e à região uma "vida normal, pacífica, estável e segura, à qual aspiramos”, concluiu Sako, em mensagem publicada no site oficial do Patriarcado.

CONFLITO

O funeral do general Soleimani, realizado em Bagdá, no sábado, teve a presença de dezenas de milhares de pessoas, que gritavam slogans contra os Estados Unidos. O Irã ameaça vingança. Mísseis e morteiros foram lançados na área verde de Bagdá, onde se encontra a embaixada norte-americana, e contra uma base militar mais ao norte, onde estão destacados soldados dos Estados Unidos, sem causar vítimas.

O Irã pede a evacuação das bases militares dos Estados Unido na região, prometendo vingança se isso não ocorrer e afirmando que já identificou 35 alvos a serem atingidos. Não seriam descartados ataques no Estreito de Hormuz, por meio do qual passa cerca de 20% do tráfego mundial de petróleo por mar.

O presidente norte-americano, Donald Trump, por sua vez, declarou que no caso de um ataque iraniano, os Estados Unidos estão prontos para a ação contra 52 locais importantes para a cultura iraniana, número igual ao dos reféns norte-americanos sequestrados por Teerã em 1979. No twitter, o ministro iraniano das Relações Exteriores, Zarif, escreveu que “atingir locais culturais seria um crime de guerra”.

PREOCUPAÇÃO INTERNACIONAL

Líderes mundiais manifestaram preocupação com a tenção entre Estados Unidos e Irã. O presidente francês, Emmanuel Macron, se reuniu, no sábado, com o presidente do Iraque, Barham Salih e afirmou ter conversado com outros líderes mundiais.

“A escalada de tensões no Oriente Médio não é inevitável. A França tem duas prioridades que eu compartilho com todos os líderes envolvidos com os quais entro em contato: a soberania e segurança do Iraque, bem como a estabilidade da região; a luta contra o ISIS e o terrorismo. Nada deve nos distrair desses objetivos”, escreveu Macron no Twitter.

MANTER A CALMA

O ministro das Relações Exteriores britânico, Dominic Raab, afirmou que o Reino Unido sempre reconheceu a ameaça agressiva da força iraniana Al-Qods liderada por Qassem Soleimani. “Após sua morte, pedimos a todas as partes que diminuam a escala. Outro conflito não é de forma alguma do nosso interesse”, declarou.

A China, por meio disse um porta-voz da diplomacia, Geng Shuang, expressou sua “preocupação” a todas as partes envolvidas, principalmente aos Estados Unidos, pedindo que “mantenham a calma e exercitem autocontrole para evitar novas tensões”.

Para o presidente russo, Vladimir Putin, o assassinato ameaça “seriamente agravar a situação” no Oriente Médio.

LUTA CONTRA O TERRORISMO

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, chegou a dizer que o governo não se manifestaria sobre o assunto por não ter o “poderio bélico” dos Estados Unidos. Depois, o Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota na qual afirmou que apoia a “luta contra o flagelo do terrorismo”.

“Ao tomar conhecimento das ações conduzidas pelos EUA nos últimos dias no Iraque, o governo brasileiro manifesta seu apoio à luta contra o flagelo do terrorismo e reitera que essa luta requer a cooperação de toda a comunidade internacional sem que se busque qualquer justificativa ou relativização para o terrorismo”, diz nota divulgada pelo Itamaraty, na sexta, 3.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, estimou que “o mundo não pode permitir uma nova guerra no Golfo”, e apelou “aos líderes a fazerem prova de máxima contenção” neste momento de tensões.

UNIÃO EUROPEIA

O alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, expressou “profunda preocupação com o aumento dos confrontos no Iraque” e exortou à moderação para evitar uma nova escalada de violência.

Borrell convidou o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, para ir a Bruxelas.  Entretanto, continuam as acusações recíprocas entre Washington e Teerã.

(Com informações de Vatican News, Asia News e G1)

 

Comente

Padre católico faz apelo por fim de conflitos na Faixa de Gaza

Por
14 de novembro de 2019

O Padre Gabriel Romanelli, Pároco católico latino na Faixa de Gaza, fez um apelo por um imediato cessar-fogo na região que tem sofrido com conflitos e mortes entre milícias palestinas e forças de segurança israelenses.

“Os israelenses disseram que continuarão respondendo ao lançamento de foguetes de Gaza até o fim. Apelamos àqueles que têm a responsabilidade do governo para que parem e dialoguem, tentem conversar e se entender”, afirmou o Padre à agência SIR.

CONFLITOS

Os confrontos começaram na terça-feira, 12, quando uma operação especial do Exército Israelense matou o comandante da Jihad Islâmica em Gaza, Baha Abu al-Ata.

O balanço atualizado fala de 34 palestinos mortos incluindo oito integrantes de uma mesma família, e mais de uma centena de feridos. Há medo também em Israel onde as sirenes de aviso de mísseis soaram em Ashkelon, ao longo da costa e em Sderot. A Jihad Islâmica disparou cerca de 200 foguetes, enquanto a mídia israelense fala em 400.

Na madrugada desta quinta-feira, 14, chegou a ser anunciada uma trégua nos ataques mediada pelo governo egípcio. No entanto, horas depois, testemunhas ouviram projéteis sendo disparados e as sirenes voltaram a tocar nas cidades israelenses da fronteira. Segundo o governo israelense, seu sistema de defesa interceptou os ataques e não houve fatalidades.

MANIFESTAÇÕES

A Embaixada Palestina na Itália, por meio de nota, fala em “agressão” e define os ataques israelenses “como uma das muitas maneiras pelas quais Israel submete o povo palestino de Gaza a um sofrimento contínuo”.

“A liderança palestina apela à comunidade internacional para que reaja fornecendo proteção imediata ao povo palestino e comprometendo o governo israelense a parar todas as formas de agressão contra Gaza”, acrescenta a nota.

A Embaixada de Israel na Santa Sé, por sua vez, por meio de uma mensagem no Twitter, diz que, desde terça-feira, “terroristas de Gaza lançaram mais de 220 mísseis contra civis israelenses, afetando mais de 110 cidades e comunidades no total. Mesmo nessas circunstâncias difíceis, os israelenses continuam fortes. Não vamos ceder ao terror”.

MEDO E INSEGURANÇA

“Não sabemos o que acontecerá amanhã. Talvez as escolas continuem fechadas por razões de segurança. Os escritórios e mercados públicos também podem permanecer fechados. Seria imprudente abrir se essa tensão persistir”, disse o Padre Romanelli. Enquanto o Sacerdote falava com a reportagem, por telefone, era possível ouvir o som dos tiros ao fundo.  

A pequena comunidade cristã está escondida em casa como praticamente toda a população de Gaza. “Nossas famílias estão trancadas em casa. Ninguém sai. As ruas estão praticamente vazias”, acrescentou o Pároco.

Padre Romanelli contou, ainda, que nesta quarta-feira, 13, conseguiu ir até a casa das Irmãs do Rosário, onde celebrou missa. “A escola delas está fechada por razões de segurança, assim como todas as escolas de Gaza. Rezemos pela paz. A oração diante do Santíssimo Sacramento é a única arma que temos para parar esse massacre. Hoje é um dia difícil. Foguetes e bombas são ouvidos em toda parte. Rezemos pela paz. Chega de sangue”, relatou.

(Com informações de Agência SIR e O Globo)

Comente

50 mil velas pela paz na Síria e no Oriente Médio

Por
07 de dezembro de 2018

Após a oração do Ângelus do domingo, 2, o Papa Francisco acendeu uma vela branca que simboliza uma “chama de esperança e de paz” na Síria e em todo o Oriente Médio. A iniciativa é parte de uma campanha da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN). 

“O tempo do Advento é tempo de esperança”, lembrou o Santo Padre. “Gostaria de fazer minha a esperança de paz das crianças da Síria, da amada Síria, martirizada por uma guerra que já dura oito anos”, comentou. Ele aderiu à campanha que planeja envolver mais de 50 mil crianças, de diversas religiões e em muitas cidades atingidas pela guerra. 

De acordo com a ACN, as crianças rezaram e fizeram nas velas alguns desenhos sobre a paz: cruzes, pombas e mensagens de esperança. “Que essa chama de esperança e tantas pequenas chamas se espalhem nas trevas da guerra! Rezemos e ajudemos os cristãos a permanecer na Síria e no Oriente Médio como testemunhos de misericórdia, de perdão e de reconciliação”, afirmou o Papa Francisco. 

Na terça-feira, 3, o Papa recebeu em audiência privada o presidente do Estado da Palestina, Mahmoud Abbas. Conforme nota da Sala de Imprensa da Santa Sé, eles conversaram sobre “o caminho de reconciliação interno do povo palestino, além dos esforços para reativar o processo de paz entre israelenses e palestinos e chegar a uma solução de dois Estados, desejando um renovado empenho da comunidade internacional de ir ao encontro das legítimas aspirações de ambos os povos”.

Eles dedicaram especial atenção à situação da cidade de Jerusalém, “destacando a importância de reconhecer e preservar a sua identidade e o valor universal da cidade santa para as três religiões abraâmicas” - Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Além disso, falaram a respeito da urgência de se promover “percursos de paz e diálogo” com a participação das comunidades religiosas, para se combater o extremismo e o fundamentalismo. 

 

LEIA TAMBÉM: Presidência da CNBB visita o Papa Francisco no Vaticano 

 

 

Comente

Papa aos Cavaleiros de Colombo: caridade e Evangelho da família

Por
10 de agosto de 2018

O Papa Francisco renovou aos cavaleiros de Colombo, por ocasião da convenção anual deles realizada nos dias 7 a 9 de agosto em Baltimor, nos EUA, gratidão pelo compromisso em “proclamar o Evangelho da família” – às vésperas do encontro mundial de Dublin – e pelo apoio aos cristãos do Oriente Médio que “suportam preconceitos e perseguições por causa de sua fé”.

Dois mil herdeiros espirituais do Venerável Pe. Michael McGivney – representando os quase dois milhões hoje presentes no mundo inteiro – se reuniram pela 136ª vez na arquidiocese primacial estadunidense, escolhendo este ano como lema “Cavaleiros de caridade”.

 

União inseparável de fé e caridade

Numa mensagem em inglês ao cavaleiro supremo Carl A. Anderson – assinada pelo cardeal secretário de Estado Pietro Parolin –, o Pontífice evoca o carisma fundacional e a admirável história da ordem, com “a união inseparável de fé e caridade” que levou os primeiros cavaleiros a trabalhar por uma sociedade fraterna através da formação cristã e o apoio recíproco dos membros.

Uma realidade ainda atual, observa a mensagem pontifícia, visto que em nossos dias, o Santo Padre pede a toda a Igreja uma renovada consciência da “nossa responsabilidade de ser custódios uns dos outros e de viver concretamente a fé que se expressa através do amor”.

 

Solicitude pelos mais pequeninos dos irmãos e irmãs

E ao fazê-lo, mediante a recente exortação apostólica sobre o chamado à santidade, “Francisco fala das bem-aventuranças como “carta de identidade” que mostra que somos verdadeiros seguidores de Cristo”. Ademais, “nelas está delineado o rosto do Mestre, que somos chamados a deixar transparecer no dia-a-dia da nossa vida” (Gaudete et Exsultate, 63), de modo especial através da amorosa solicitude pelo menor dos irmãos e das irmãs.

“Os grandes santos, cuja imitação de Cristo continua nos inspirando, uniam diariamente fé, oração e caridade prática” – prossegue a mensagem.

 

Solidariedade para com os pobres e necessitados

Por esse motivo, o Papa “encoraja os esforços perseverantes dos cavaleiros de Colombo, em todos os níveis, para testemunhar o amor de Deus através do amor concreto e a solidariedade para com os pobres e os necessitados”.

Daí, o enaltecimento pelos “inúmeros atos de caridade praticados habitualmente de modo silencioso” pelos membros dos Conselhos – as articulações locais da ordem – que “mostram a verdade das palavras de madre Teresa de Calcutá”: Deus “abaixa-Se e serve-Se de nós, de ti e de mim, para sermos o seu amor e a sua compaixão no mundo... Ele depende de nós para amar o mundo e demonstrar-lhe o muito que o ama” (Gaudete et Exsultate, 107).

 

Iniciativas tragam frutos de uma caridade criativa

Com a esperança expressa pelo Pontífice de que o programa dos cavaleiros “Fé na ação”, acompanhada da outra iniciativa “Ajudar as mãos”, tragam os frutos de uma caridade criativa sempre mais apta às novas formas de pobreza e de necessidade humana que emergem na sociedade atual.

Em particular, a mensagem faz referência às famílias: efetivamente, ao tempo em que se prepara para ir à Irlanda para o encontro mundial, o Papa agradece aos cavaleiros de Colombo do mundo inteiro pelo encorajamento deles “aos homens em sua vocação de maridos e pais católicos e a defesa deles à autêntica natureza do matrimônio e da família no seio da sociedade”.

E faz votos de que eles continuem sendo guia sobretudo para os jovens, “que num mundo repleto de luzes contrárias ao Evangelho, buscam permanecer fiéis discípulos de Cristo e fiéis filhos da Igreja”.

 

Caridade em prol dos cristãos perseguidos no Oriente Médio

Por fim, Francisco louva a caridade da ordem “em favor dos nossos irmãos e irmãs” cristãos perseguidos no Oriente Médio e pede que continuem rezando pela paz na região, a conversão dos corações, o diálogo e a justa resolução dos conflitos.

Comente

Papa Francisco reza com o Oriente Médio

Por
10 de julho de 2018

No último sábado, 07, o Papa Francisco visitou a cidade italiana de Bari. A cidade que abraça uma devoção à São Nicolau reuniu os líderes das Igrejas e das comunidades Cristãs do Oriente para que, pela intercessão do padroeiro, a paz, a conciliação, o perdão e a misericórdia fossem difundidos ao Oriente Médio. O encontro ecumênico de oração não alcança somente aos fiéis católicos, mas todas as pessoas assoladas por situações adversas, situação de sofrimento e condições de escassez e fragilidade.

O gesto do Pontífice reconheceu a generosidade e prontidão dos líderes religiosos, mas sobretudo quando fala de proximidade quer justamente apontar para uma cultura do encontro. São Nicolau, bispo do Oriente, viveu um grande testemunho ao mostrar, com sua vida, o caminho do Sol Nascente, onde brotou a fé e nasceu Jesus Cristo.

A Doutrina Social da Igreja toma forma com as incontáveis obras pastorais ao redor do mundo. Outros Papas dispuseram-se a um ardor missionário indo ao encontro do Médio Oriente: o ecumenismo é a ponte entre o conflituoso mundo oriental e a Paz como vocação da humanidade. O Papa Francisco, portanto, no gesto de reunir os representantes em um claro apelo à Paz, põe-se a serviço desta Paz; O discurso e a ação unidos para atender ao apelo oriundo do berço do Catolicismo Romano.

A Comunidade Internacional espera um posicionamento da Igreja, que não apenas se mobiliza em palavras – essenciais, por sua vez – mas envia seu líder a peregrinar pela Paz. Logo no primeiro ano de Pontificado (2013), evidenciou-se a preocupação do Santo Padre com uma agenda central para o Oriente Médio: o reconhecimento da Palestina como Estado.

 

Para ti haja Paz!

A importância de atos concretos não significa apenas uma proximidade com causas humanitárias, mas o coração da Igreja se volta à “terra de gente que deixa a própria terra” como afirmou o Santo Padre na ocasião em Bari. A crise dos refugiados, as guerras que se multiplicam, recursos vitais e estratégicos ameaçados, são algumas das conjunturas enfrentadas na região. O contexto geopolítico revela, se o ser humano for melhor observado, a urgência de anunciar a Paz seguindo o apelo de Deus e da humanidade.

A peregrinação do Papa Francisco contou com dois momentos extremamente significativos representando essa condição; A vela de chama única foi acessa mostrando que o cristão é chamado a ser sal da terra e luz do mundo,

“ nos momentos escuros da história não se resignam com a escuridão que tudo envolve, e alimentam o pavio da esperança com o azeite da oração e do Amor [...] e quando se estende a mão para o irmão sem buscar o interesse, arde e resplandece o fogo do Espírito[...] Disse o Santo Padre. ”

A segunda ação soube fortalecer a centelha da esperança sob o clamor do mundo de tantos sofrimentos; jovens voluntários uniram-se para acender velas e entregar a cada um dos líderes religiosos presente durante a ocasião, confiando eles a missão de protagonistas no anúncio da Paz.

Em 2017 quando questionado pelo Sociólogo Dominique Wolton sobre qual seria o principal obstáculo à Paz na atualidade, o Papa Francisco foi taxativo em sua resposta : “o dinheiro”. Os interesses econômicos exacerbados alicerçados no interesse próprio formam um triste silêncio agravado pela desigualdade. A Igreja responde a um chamado de Deus, e da mesma maneira o Senhor responde ao chamado dos homens, cada vez mais necessitados no Oriente Médio, mas profundamente marcados pela fé viva e vivencial.

É evidente a centralidade da Paz nas principais buscas da humanidade, e se a Paz é o próprio Jesus Cristo, a visita do Papa Francisco a Bari mostra ainda mais responsabilidades cristãs nas relações internacionais. O Pontífice ainda atentou para o risco que os cristãos correm na região, seja por perseguições, ameaças ou discordâncias, no entanto superando as barreias o Papa afirma que “a indiferença mata, queremos ser voz que contrasta com o homicídio da indiferença, queremos dar voz a quem não tem voz [...] hoje o Oriente médio chora e emudece”, as palavras do Santo Padre estão voltadas ao Ocidente, que muitas vezes suprime o grito do Oriente enquanto o “espezinham à procura de poder e riquezas”.

 

A Comunidade Internacional

O Papa Francisco protagoniza o interesse da Igreja Católica frente aos territórios por onde está todo o povo de Deus. Enfrentar com coragem e perseverança, com atos concretos, os desafios da humanidade mostram uma exortação em seu testemunho, mas uma ação de Política Externa firmada no evangelho.

A ênfase criticando interesses econômicos, intransigências políticas, escândalos humanitários quer – com firmeza – mobilizar uma verdadeira mudança indiferente do país atingido pelas declarações. Não houve uma responsabilização sobre as condições do Oriente Médio, mas o coração da Igreja se volta em oração, em atenção, caridade e misericórdia para atender os principais anseios daqueles que mais sofrem e colaborar com a Paz verdadeiramente.

Comente

Somente diálogo pode levar paz ao Oriente Médio

Por
27 de julho de 2017

O processo de paz palestino-israelense não pode ser excluído das prioridades da comunidade internacional. Foi um dos pontos indicados por Mons. Simon Kassas, encarregado junto à Missão do Observador permanente da Santa Sé na Onu.

Em pronunciamento esta terça-feira, 25, em Nova Iorque no debate promovido pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a situação no Oriente Médio e sobre a questão palestina, o representante vaticano recordou que a Santa Sé reitera seu firme apoio pela solução de dois Estados.

Foram expressos votos de uma nova ordem geopolítica que contemple o Estado de Israel tendo ao lado o Estado palestino numa moldura de paz e dentro de confins internacionalmente reconhecidos.

 

 

Solução seja negociada

Para garantir segurança e prosperidade na perspectiva de uma coexistência pacífica não existe alternativa a um acordo negociado que leve a uma solução reciprocamente concordada.

O caminho a seguir é o de negociações diretas entre israelenses e palestinos, com o apoio da comunidade internacional, acrescentou. Para que este processo possa ser completado com bom êxito, israelenses e palestinos devem dar passos relevantes a fim de reduzir tensões e violências.

Ambas as partes devem abster-se de ações, inclusive a de assentamentos, que podem contradizer o compromisso em favor de uma solução negociada.

 

Não facções, mas uma frente unida palestina

Em seguida, o prelado libanês recordou a visita ao Vaticano, em 2014, do presidente israelense Shimon Peres e de seu homólogo palestino Mahmoud Abbas.

No âmbito de tais encontros o Papa Francisco exortou a rezar e a promover a cultura do diálogo, de modo que se possa deixar em herança às novas gerações “uma cultura que saiba delinear estratégias não de morte, mas de vida, não de exclusão, mas de integração”.

A solução de dois Estados requer também que todas as facções palestinas mostrem uma vontade política unitária trabalhando juntas. Uma frente unida palestina seria fundamental para a prosperidade econômica, a coesão social e a estabilidade política de um Estado da Palestina, observou o representante vaticano.

 

A questão Jerusalém

Também não se deve esquecer Jerusalém, cidade sagrada para os judeus, os cristãos e os muçulmanos. O status quo dos sítios sagrados é uma questão de profunda sensibilidade. A Santa Sé confirma sua posição em linha com a comunidade internacional e renova seu apoio por uma solução completa, justa e duradoura concernente à questão da cidade de Jerusalém, disse Mons. Kassas.

Ademais, o prelado reiterou a importância de um estatuto especial para Jerusalém, que seja internacionalmente garantido a fim de assegurar liberdade de religião e de consciência. Deve-se também garantir aos fiéis de todas as religiões e nacionalidades o acesso seguro e livre aos lugares sagrados.

Domingo passado, 23, ao término do Angelus, o Papa Francisco dirigiu um apelo em favor do Oriente Médio, recordando “as graves tensões e as violências destes dias em Jerusalém”. “Sinto a necessidade de expressar um veemente apelo à moderação e ao diálogo”, afirmou o Santo Padre.

 

Empenho e soluções políticas para o Oriente Médio

Mons. Kassas deteve-se em seguida sobre a situação em várias regiões do Oriente Médio. A Santa Sé expressa sua dor pelos dramas provocados por guerras e por conflitos em vários países, em particular na Síria, no Iêmen e no norte do Iraque.

Nestas áreas, a dramática situação humanitária requer um renovado empenho por parte de todos para se chegar a uma solução política. O Papa Francisco aprecia profundamente os esforços incansáveis daqueles que buscam encontrar uma solução política para o conflito na Síria, acrescentou.

O Pontífice encoraja todos os atores a trabalhar por um processo político sírio que leve a uma transição pacífica e inclusiva, baseada nos princípios do comunicado de Genebra de 30 de junho de 2012.

Um acordo pacífico concordado pelos partidos sírios devolverá estabilidade ao país, permitirá o retorno seguro dos refugiados e dos deslocados, promoverá uma paz duradoura e a reconciliação.

Desse modo, se favorecerá um contexto necessário para esforços eficazes contra o terrorismo preservando a soberania, a independência, a unidade e a integridade do Estado sírio.

 

Comunidades cristãs não sejam esquecidas

Referindo-se ainda ao Oriente Médio, o representante vaticano recordou, por fim, que as comunidades cristãs habitam naquela região há mais de dois mil anos convivendo pacificamente com as outras comunidades.

A Santa Sé convida a comunidade internacional a não esquecê-las e considera que o estado de direito, incluindo o respeito pela liberdade religiosa, é fundamental para o alcance e manutenção da convivência pacífica, concluiu.

(RL/AL)

Comente

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.