Regional Sul 1 se solidariza com cristãos em Moçambique

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16 de abril de 2020

O Presidente do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Pedro Luiz Stringhini e Bispo de Mogi das Cruzes, manifestou sua solidariedade com as vitimas afetadas pelos ataques na região norte de Moçambique e afirmou sua profunda solidariedade e comunhão com a Diocese de Pemba e seu sofrido povo.

O Bispo de Pemba, Dom Luís Fernando Lisboa, assim descreve o sentimento da população de Cabo Delgado, em Moçambique, face aos ataques terroristas que afetam sobretudo os distritos do norte e centro da província: “Temos sofrido há três anos sem saber porque estamos sendo atacados. Há três anos tudo mudou em nossa vida… Choramos de dor e de tristeza. Vivemos fugindo sem saber para onde”.

O episcopado paulista mantém uma Missão na Diocese de Pemba. Ao todo, 12 brasileiros entre padres, religiosos(as) e leigos(as) participam do projeto batizado “Missão África-Pemba”, nas aldeias de Nangade, Mazeze e Metoro.

Dom Pedro Luiz escreveu a seguinte mensagem em solidariedade ao Bispo de Pemba, em Moçambique, Dom Luís Fernando Lisboa,  e aos missionários e missionárias:

MENSAGEM:

Querido Dom Luiz Fernando Lisboa!
Queridos missionários e missionárias da Diocese de Pemba!

A situação da Região de Cabo Delgado, narrada no documentário da Pastoral Comunicação da Diocese de Pemba (Igreja irmã do Regional Sul 1), muito nos entristece e nos faz sentir cada vez mais impotentes.

Vamos divulgá-lo para que um número sempre maior de irmãos e irmãs se unam em oração e solidariedade.

A vida, dom sagrado de Deus e, por isso mesmo, na ótica da fé pascal dos cristãos, revestida sempre de alegria, beleza e esperança, encontra-se tão ameaçada nos dias atuais, seja pelas doenças, seja por essa violência avassaladora.

Dessa forma, Dom Luiz Fernando e demais irmãos, estejam certos da nossa profunda solidariedade e comunhão com a Diocese de Pemba e seu sofrido povo.

Continuamos acreditando que a esperança não decepciona. Contem com nossa oração e nossa afeição.

Fraternalmente,

 

Dom Pedro Luiz Stringhini

Presidente do Regional Sul 1 da CNBB

 

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População de Moçambique sofre com violência e avanço do COVID-19

 

 

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População de Moçambique sofre com violência e avanço do COVID-19

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09 de abril de 2020

A população do norte de Moçambique vive uma situação fora de controle com o aumento dos ataques armados a povoados e, agora, com o avanço da pandemia de COVID-19 no país africano.

Dom Luís Fernando Lisboa, Bispo da Diocese de Pemba, capital da província de Cabo Delgado, relatou ao O SÃO PAULO que os ataques de insurgentes cresceram significativamente na região.

Segundo ele, desde janeiro os ataques que antes aconteciam em povoados mais distantes gora chegaram às vilas mais populosas.  Já foram tomados pelos insurgentes distritos importantes da província de Cabo Delgado, como Mocímboa da Praia e Quissanga, e, nos últimos dois dias, Moidumbe e Nangololo.

O Bispo informou, ainda, que os missionários brasileiros que atuam na região, enviados pelo Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos bispos do Brasil (CNBB), foram evacuados para a capital da província e a população que refugiou nas matas do entorno.

EXTREMISTAS

Desde outubro de 2017 a região de Cabo Delgado tem sido palco de diversos ataques extremamente violentos. Sobre os possíveis autores, Dom Luís Fernando explicou que, durante muito tempo, era uma verdadeira incógnita. “Porém, a partir de janeiro, eles têm se apresentado como sendo do Estado Islâmico”, relatou.

“Não sabemos exatamente se são mesmo do Estado Islâmico. Mas é assim que eles têm se apresentado. Quando tomam o lugar, mostram a sua bandeira e dizem querem fazer daqui um Estado islâmico”, acrescentou o Bispo.

De acordo com a agência de notícias Deutsche Welle, as famílias desses distritos dominados não param de chagar à Pemba. Alguns chegam à pé, outros de barco. As pessoas relataram que os terroristas atiram bombas que provocam incêndios nas casas. Outros contaram, desolados, que, no meio do caminho da fuga, três crianças morreram no mar.

O governo do país, por sua vez, não tem conseguido conter o avanço dos ataques. Crescem, inclusive, os casos de deserções de militares que alegam falta de condições para enfrentar os insurgentes, que são fortemente armados.

PANDEMIA

A situação dos moçambicano ficou ainda mais difícil com à pandemia de coronavírus que avança no país. Até o momento, há 17 casos de COVID-19 confirmados em Moçambique, sendo seis desses em Cabo Delgado.

Padre Armindo Baltazar, sacerdote passionista que atua na Diocese de Pemba, relatou ao O SÃO PAULO que a situação na região é incontrolável. “Não sabemos o que escolher: se ficamos em casa de quarentena ou fugimos dos ataques para o mato!”, contou o religioso, que expressou preocupação pelas famílias refugiadas no meio da mata e pela falta de medidas eficazes do poder público para enfrentar a onda de violência.

“Estamos cumprindo as medidas de isolamento. O governo decretou estado de emergência. Procuramos fazer o isolamento que é possível aqui”, afirmou Dom Luís Fernando, ressaltando que a maior dificuldade é que a maioria das pessoas vivem dos pequenos comércios e o isolamento impactou bastante a vida da população. Tanto que houve uma flexibilização das restrições do governo, pedindo que todos estejam atentos às medidas preventivas de higiene e evitando aglomerações.

PREOCUPAÇÃO

Na África, o número de infeções de COVID-19 subiu para mais de 11,4 mil, e mortes chegam a quase 600.

O Bispo de Pemba expressou grande preocupação com o avanço da pandemia. “A África, em geral, e Moçambique em particular, tem muito poucos recursos em termos de hospitais e medicamentos. Portanto, se a pandemia entrar com força aqui, haverá muito sofrimento”, enfatizou, pedindo que os brasileiros rezem pelo povo moçambicano e de todo o continente.

 

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Dioceses paulistas apoiam missões na África e na Amazônia

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29 de janeiro de 2020

O Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que compreende o Estado de São Paulo, informou que houve um aumento significativo no número de benfeitores que estão ajudando financeiramente no sustento dos missionários que atuam na Amazônia e na África.

Recentemente, a Arquidiocese de Botucatu enviou R$ 100 mil para o projeto missionário do Regional. A doação, motivada pelo Arcebispo de Botucatu, Dom Maurício Grotto de Camargo, referem-se à contribuição das 47 paróquias ao longo do ano de 2019.

“É uma alegria para nossa Igreja Particular ter a possibilidade de contribuir com esse projeto tão bonito, desenvolvido em Pemba, pelas dioceses do nosso Regional. Através da colaboração de cada uma de nossas paróquias, a Igreja de Botucatu se une não apenas na oração, mas também nesse gesto concreto, mostrando assim a força missionária e sua importância nos dias de hoje”, reiterou o Dom Maurício.

CONTRIBUIÇÕES

Esse montante foi encaminhado o Fundo Missionário, gerenciado pela Cáritas Brasileira Regional São Paulo, que tem por objetivo subsidiar os Projetos do Regional Sul 1 da CNBB na Amazônia e na África.

A Arquidiocese, por meio da Catedral de Botucatu, também mantém o projeto Amigos de Dombe, que auxilia a Missão em Dombe, Moçambique. O grupo é composto por dezenas de voluntários que mensalmente contribuem para a manutenção de uma escola gerida pela Fazenda da Esperança.  O auxílio dos Amigos de Dombe inicialmente era destinado para a alimentação diária para mais de 600 crianças. Desde março de 2019, o projeto auxilia também na reconstrução de moradia de alvenaria para as famílias que perderam suas casas após a destruição causada pelo ciclone Idai.

Há quatro anos, a Arquidiocese de Botucatu conta com a presença missionária do Padre Luiz Aparecido Iauch, na Diocese de São Gabriel da Cachoeira (AM), como parte do Projeto Igrejas-Irmãs entre os regionais Sul 1 e Norte 1 da CNBB. O missionário auxilia, desde fevereiro de 2016, nas diversas comunidades daquela região.

AGRADECIMENTO

Dom Pedro Luiz Stringhini, Bispo de Mogi das Cruzes e presidente do Regional Sul 1, agradeceu a colaboração das dioceses do estado e as muitas pessoas que têm depositado sua contribuição na conta bancária do Regional.

Há um ano, a Diocese de Jundiaí também fez uma doação ao Projeto no valor de R$ 94 mil para a compra de um carro para a missão em Metoro, Moçambique. Ao lado da ajuda financeira, acontece a conscientização missionária e a sensibilização em relação ao sofrimento dos irmãos africanos.

Dom Pedro Luiz também agradeceu a Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial do Regional Sul 1, motivadora de todo esse trabalho, que constitui a Comissão Missionária Regional (Comire).  O Presidente do Sul 1 também manifestou gratidão às demais dioceses do estado que contribuem com um valor anual para a manutenção da missão. “Conclamamos outros irmãos e irmãs a abraçarem de alguma forma esse Projeto de Ação Missionária, com ardor, comunhão e corresponsabilidade. Deus abençoe cada gesto de generosidade!”, concluiu Dom Pedro.

MOÇAMBIQUE

Ao todo, o Regional Sul 1 mantém três missões na Diocese: Missão de Metoro – distante 80km de Pemba; Missão de Mazeze – distante 204Km; Missão de Nangade – distante 400km. Cada uma dessas missões atende dezenas de comunidades e aldeias, com grandes distâncias entre elas.

Em agosto, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, realizou uma visita missionária à Diocese de Pemba, no norte de Moçambique, para acompanhar os trabalhos dos missionários do Regional Sul 1 no país africano.

Na ocasião, Dom Odilo ressaltou que o trabalho dos missionários é imenso, e vai desde o atendimento religioso aos cuidados à saúde e à educação do povo. Em cada paróquia ou sede da missão, há também escolas e várias formas de promoção humana e assistência social. Ele explicou que além de enviar os missionários, as dioceses paulistas colaboram financeiramente para manter a missão.

“De fato, também são necessários os meios para a realização da missão, como veículos para os deslocamentos, a alimentação, a manutenção das casas, a saúde e, é claro, as múltiplas ajudas à população local”, destacou o Cardeal Scherer.

Para o Bispo de Pemba, o brasileiro Dom Luís Fernando Lisboa, o trabalho dos missionários brasileiros é fundamental. “O Regional Sul 1 tem feito uma grande diferença na nossa Diocese com esse apoio, com essa parceria que realizamos”, em entrevista ao O SÃO PAULO, publicada em 16 de outubro de 2019. 

COMO DOAR

Doações podem ser feitas através de depósito, DOC ou TED para a conta do projeto:

Banco: Banco do Brasil

Agência: 2800-2

Conta Corrente Nº 686868-1

Favorecido: CNBB Regional Sul 1 – CNPJ: 33.685.686/0009-08.

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Bispo alerta para onda de violência fora de controle em Moçambique

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08 de novembro de 2019

O Bispo da Diocese de Pemba, em Moçambique, Dom Luís Fernando Lisboa, definiu como fora de controle a situação do norte do país africano, onde têm ocorrido inúmeros ataques violentos de autoria ainda desconhecida.

Em entrevista à Rádio Vaticano, o prelado brasileiro, que pastoreia a Igreja em Pemba desde 2013, afirmou que, ainda que existam iniciativas das forças de segurança de Moçambique no local em resposta a uma série de ataques contra a população, a situação está descontrolada.

Dom Luís Fernando acrescentou que “alguns teimam” em dizer que a situação está sob controle, mas “não é verdade”. Ele destacou, ainda, que o sentimento de medo da população é evidente. Os campos agrícolas estão ficando abandonados e, como consequência disso, já se fala em fome nessa região de Moçambique.

“Tenho visitado as comunidades e sinto que algo muito triste vai acontecer. Haverá fome em Cabo Delgado porque nas regiões onde estão acontecendo os ataques as pessoas não estão mais trabalhando nos campos por medo”, diz Dom Fernando.

ATAQUES

O Bispo relatou que uma sucessão de ataques teve início há cerca de dois anos, sendo que  não se sabe quem são os responsáveis pela onda de violência.

Para Dom Luís Fernando, “a verdade é que o inimigo não tem rosto”. Apesar das iniciativas e da presença na região de pessoas das forças de segurança, “os ataques continuam de uma forma violenta. Queimam casas, as pessoas ficam sem moradia. Matam pessoas inocentes, pessoas que trabalham na agricultura. Ultimamente estão atacando veículos do transporte público, uma tristeza muito grande”, disse ainda.

POSSÍVEIS AUTORES

Há uma crescente convicção de que a região norte de Moçambique está na mira de grupos extremistas “jihadistas”. Em setembro, o grupo Estado Islâmico (EI) tinha reivindicado pela primeira vez um ataque a uma “vila cristã”.

Em uma mensagem publicada na internet no dia 26 de setembro, os extremistas se referem ao ataque ao “posto do exército moçambicano” ocorrido dias antes em Mbau. Um jornal local, a Carta de Moçambique, descreveu um “cenário de terror” e de “desespero total”, com Mbau transformada, depois do ataque, em uma aldeia fantasma.

Antes de Mbau foram registrados ataques também em Quitejaro e Cobre. No comunicado publicado na internet, Quiterajo foi classificada pelo EI como “vila cristã”. Disseram que “os soldados do califado” deixaram muitos mortos nessa ação militar. Anteriormente, em quatro de junho, o EI tinha reivindicado outro ataque no norte do país.

MEDO E INCERTEZA

Desde outubro de 2017 a região de Cabo Delgado tem sido palco de diversos ataques extremamente violentos. Calcula-se que já tenham morrido cerca 300 pessoas nesses ataques. Eles visam especialmente regiões relativamente isoladas, havendo o registro de aldeias praticamente destruídas.

Em agosto, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, fez uma visita missionária a Pemba, para acompanhar o trabalho dos missionários brasileiros mantidos pelo Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Nessa ocasião, Dom Odilo relatou que chegou a passar por povoados que haviam sofrido ataques recentemente. “Vimos os barracos queimados e os rastros de destruição”, chamou a atenção o Cardeal, destacando o clima de incerteza e medo da população, em um país onde sempre houve uma convivência pacífica e harmoniosa entre cristãos e muçulmanos. Por essa razão, existe a suspeita de que se trate de uma ação de extremistas islâmicos possivelmente vindos da Tanzânia. Outra desconfiança é de que os ataques sejam motivados por grupos interessados nas terras da região, onde recentemente foram encontradas riquezas minerais. Contudo, ainda não foram encontrados rastros dos autores. 

HISTÓRICO DE CONFLITOS

O povo moçambicano vive esse novo drama pouco tempo após o processo de reconciliação do país, que viveu uma guerra civil por décadas.

Ex-colônia de Portugal, Moçambique obteve a independência em 1975, após quase dez anos de conflito. Contudo, explodiu uma guerra civil entre as forças governamentais (Frelimo), e o movimento rebelde da oposição (Renamo). Nos 16 anos de combates morreram um milhão de pessoas, algumas de fome e milhares por ferimentos ou mutilações causadas por explosões de minas. Cerca de milhões de cidadãos foram obrigados a fugir de suas casas.

A guerra civil terminou oficialmente em 4 de outubro de 1992, em Roma, com a assinatura do Acordo Geral de Paz, pelo então presidente da república Joaquim Chissano e Afonso Dhlakama, então presidente da Renamo.

Em agosto deste ano, foi assinado um novo acordo no Parque Nacional da Gorongosa para pôr fim à violência que não tinha diminuído apesar do acordo anterior. Tal acordo foi firmado às vésperas visita do Papa Francisco ao país, realizada em setembro, na qual ele fez um forte apelo à esperança, paz e reconciliação.

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Missão África- Pemba

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16 de outubro de 2019

Seis dias, 2.500km percorridos entre idas e vindas de Pemba, sede da diocese pastoreada por Dom Luís Fernando Lisboa, até cada uma das missões, conventos, paróquias, comunidades, centros sociais, hospitais, escolas, comunidades religiosas e aldeias visitadas pela comitiva do Regional Sul 1 da CNBB, em visita pastoral às missões que fazem parte do Projeto Missão África-Pemba. 


A visita pastoral aconteceu entre os dias 13 e 18 e teve como objetivo principal ir ao encontro, acompanhar e animar os missionários brasileiros atuantes nas três missões mantidas pelas dioceses do Estado de São Paulo na Diocese de Pemba, localizada na Província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, próximo da fronteira com a Tanzânia.


A comitiva foi liderada pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e Representante do Regional Sul 1 da CNBB, que reúne todas as dioceses do Estado de São Paulo. Acompanharam o Cardeal, entre outros, Marcos Antônio Domingues, diácono permanente da Arquidiocese de São Paulo e Secretário-Administrativo do Regional Sul 1, e Antônio Evangelista, Secretário-Executivo da Cáritas Regional. 
Uma equipe de jornalistas da TV Canção Nova acompanhou e documentou toda a visita pastoral.

Igreja em saída

Diácono Domingues, como é conhecido, é o gestor do projeto missionário batizado Missão África-Pemba, criado em abril de 2017, quando Dom Luís Fernando se reuniu com a Comissão Episcopal Representativa (Conser) do Regional Sul 1. Desse encontro, surgiu uma parceria do Regional Sul 1 com a Diocese de Pemba, pela qual as dioceses do Estado de São Paulo assumiram o compromisso de apoiar as missões na diocese africana, cuja extensão equivale à metade de todo o Estado de São Paulo. 


O apoio é realizado com o envio de missionários e ajuda financeira: 12 missionários entre padres, religiosos(as) e leigos(as) já foram enviados e estão em ação, entre os quais, o casal Cesar Henrique Campos, 61, e Roseani de Campos, 61, recém-chegados e que atuarão na Missão de Metoro, onde trabalha o Padre Adriano Ferreira Rodrigues, 41, sacerdote da Diocese de Jundiaí (SP) e que há dois anos atua em Moçambique. 


Ao todo, o Regional Sul 1 da CNBB está mantendo três missões na Diocese: Missão de Metoro – distante 80km de Pemba; Missão de Mazeze – distante 204Km; Missão de Nangade – distante 400km. Cada uma dessas missões atende dezenas de comunidades e aldeias, com grandes distâncias entre elas. 


Segundo informou à reportagem o Diácono Domingues, no primeiro ano foram investidos pouco mais de R$ 600 mil na compra de veículos – os missionários precisam percorrer grandes distâncias –, reformas de edificações, manutenção e sustento das estruturas das missões e dos missionários, além da assistência à população local, muito pobre. Os recursos investidos são provenientes de um fundo missionário para o qual contribuem anualmente todas as dioceses do Regional Sul 1, além de arrecadações obtidas por meio de campanhas veiculadas pelas mídias. 

As dores da África 

Pobreza, falta de saneamento básico, desnutrição, maternidade precoce, analfabetismo, sistema de saúde pública extremamente precário, violência, exploração do trabalho em minas de metais e pedras preciosas, prostituição, malária, lepra, Aids. Essas são algumas das realidades encontradas e que desafiam o ânimo e a criatividade dos missionários em solo africano, que não medem esforços para ir em socorro da população.


Em Mazeze, a religiosa boliviana Irmã Teresa, da Congregação das Filhas de Jesus, especializou-se em Medicina Natural e abriu um centro de saúde, onde trata febres, dores, diarreias, problemas digestivos e até mesmo depressão, tudo à base de medicamentos produzidos no próprio local com ervas plantadas em uma horta. “Temos muitos doentes e poucos postos hospitalares e médicos. Esse foi o modo que encontramos para socorrer essa população”, explicou a Religiosa em entrevista ao O SÃO PAULO. 


Em Nangade está instalada a Missão de São Miguel Arcanjo, onde atuam missionários brasileiros da Fraternidade O Caminho. A fim de combater a fome e a desnutrição infantil aguda, os religiosos criaram um centro de nutrição e fizeram um convênio com o posto hospitalar local. 


“Percebemos que os doentes não prosseguiam com os tratamentos, porque o hospital não oferece alimentação para os seus pacientes. Assim, fizemos um acordo que nos permite entrar no hospital para alimentá-los”, contou à reportagem a Irmã Hadassa, uma das responsáveis pela missão. 


Os religiosos inauguraram também uma escola de educação infantil, em início de funcionamento, que já atende 32 crianças. Lá, além de receberem alimentação e serem higienizadas, as crianças são preparadas para conseguir acompanhar o ensino fundamental. Significa que os missionários estão, literalmente, implantando em Moçambique a pré-escola. 


A língua oficial de Moçambique é o Português. Como nas aldeias predomina o uso das línguas nativas, muitas crianças desistem de estudar porque não conseguem acompanhar as aulas nas escolas, administradas sempre no idioma oficial. 


Dom Luís Fernando Lisboa contou à reportagem que a Igreja Católica, além de levar o Evangelho, desempenha um papel fundamental para o desenvolvimento de Moçambique e para a promoção humana dos moçambicanos. “Boa parte das escolas de ensino básico e secundário é uma iniciativa da Igreja Católica mantida com a ajuda do Estado”, afirmou. O Bispo disse ainda que o índice de analfabetos em sua Diocese é altíssimo, “atinge quase metade da população”. 


No Distrito de Metoro, concentra-se a segunda maior população da área de abrangência da Diocese de Pemba (220 mil habitantes). Lá, o forte da missão é educação, catequese e evangelização. A missão católica local mantém uma das poucas escolas a oferecer ensino secundário (corresponde ao ensino médio no Brasil). 


“A paróquia já é bem consolidada e possui uma catequese que se tornou referência na Diocese”, afirmou o Padre Adriano Ferreira Rodrigues, Pároco da Paróquia Cristo Rei – a paróquia é parte da missão – e que todos os dias reserva parte de seu tempo para visitar os moradores das aldeias próximas – são 60 no total. Para tanto, Padre Adriano em pouco tempo aprendeu a falar Macua, um dos muitos idiomas nativos – fala-se de 30 – existentes em Moçambique. 


A igreja paroquial da missão de Metoro também é uma inovação. Idealizada por um sacerdote espanhol que era formado em Arquitetura, foi construída com lonas no lugar de paredes, o que permite a entrada de luz natural.

Fé, esperança e caridade

As missões católicas em Pemba influenciam sem medo e positivamente as culturas locais. Preservam o que nelas é bom, ao mesmo tempo em que as pacificam, elevam, dignificam, humanizam e divinizam. Tudo isso se observa no esforço de elevação moral, na transmissão de padrões de higiene, na melhoria das construções, no aprimoramento das leis (a Igreja influenciou em uma lei recente que proíbe o casamento de menores de 18 anos), nos projetos educacionais, na evangelização. Se as dores da África são uma consequência do pecado, a presença e a ação dos missionários católicos são uma viva expressão do amor de Deus e de redenção humana.


 A liturgia inculturada em Moçambique é piedosa, natural, solene, limpa, sem sincretismos. Ajoelham-se durante o ato de contrição, mantêm silêncio profundo durante a Liturgia da Palavra, prestam atenção e reagem às homilias, ofertam generosamente o que têm, comungam com extremo respeito e devoção.


Os missionários que atuam na África são religiosos simples, homens e mulheres que revelam profunda vida interior. Não se perdem em ideias ou teorias. Têm em mente a profunda verdade de que são chamados a ser presença do amor de Deus na vida dos mais carentes e necessitados. 


São homens e mulheres: padres, religiosos, religiosas, leigos e leigas, casados, viúvos e solteiros que têm os olhos erguidos para o alto, o coração e as esperanças assentadas em Deus. Eles desejam o Céu para si e para os outros. Abraçam a vida pobre na terra como um dom, enquanto que no exercício puro e simples da caridade, se enriquecem do amor de Deus.
 

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Cardeal Odilo Pedro Scherer despede-se de Pemba

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19 de agosto de 2019

O Cardeal Odilo Pedro Scherer concluiu a sua visita pastoral à Diocese de Pemba, em Moçambique, com uma Santa Missa celebrada na Catedral daquela diocese, no domingo, 18, na Solenidade da Assunção da Virgem Maria.

No início da celebração, Dom Luís Fernando Lisboa, missionário em Pemba há 17 anos e bispo da diocese há seis, saudou o Arcebispo de São Paulo, agradecendo a sua presença e pelo apoio que a diocese recebe dos bispos do Estado de São Paulo com o envio de missionários.

A missa foi celebrada em Português, idioma oficial de Moçambique. Já os cantos da liturgia foram executados pelo coro de mulheres da Catedral, em idioma nativo Macua, e embalada por belas melodias e coreografias próprias do povo moçambicano.

‘Celebramos a mesma fé’

Em sua homilia, Dom Odilo explicou o significado da solenidade litúrgica celebrada.

“Que bonito é que nós, aqui na África, bem como os católicos na Europa, América, Ásia e Oceania, celebramos todos a mesma fé e neste dia, a assunção de Maria ao céu. Com essa festa, a Igreja nos anuncia a nossa própria salvação e a esperança certa da ressurreição. Segundo a tradição da Igreja ensina, pelos méritos de Cristo, Maria, ao ser gerada ,foi preservada do pecado. Em sua dormência, teve seu corpo preservado da corrupção da carne e foi elevada por Deus à glória do céu em corpo e alma”.

“A festa de hoje nos dá a firme esperança e certeza na ressurreição. Essa certeza é o que nos consola e anima diante de nosso caminhar na terra, por vezes, marcado por muitas dificuldades, sofrimentos e privações”.

Refletindo sobre o texto do Livro do Apocalipse de São João, Dom Odilo explicou que o dragão que aparece na leitura é uma representação do mal. Um dia ele será vencido. A mulher vestida de sol é Maria, mas é também a Igreja e seus filhos, os quais o dragão persegue e quer devorar. Esses filhos somos nós, membros da Igreja; são todos os cristãos perseguidos, de todos os tempos.

‘O bem supremo para nós é Deus’

“Deus um dia fará a justiça plena. Nós cristãos, em nosso peregrinar, devemos lutar por justiça, para a superação da pobreza, da fome, das doenças. Contudo, não esqueçamos que o bem supremo para nós é Deus, é vida eterna”.

Dom Odilo explicou que a Igreja é missionária e realiza missões, porque tem a convicção que Jesus Cristo e o Evangelho é um bem para todos e para todas as culturas e povos. “Deus quer que todos se salvem”, afirmou. “Por essa causa vivem os missionários. Por essa causa, muitos mártires entregaram as suas vidas na certeza de que Deus é a verdadeira Vida”, concluiu.

Ao final da missa, Dom Luís Fernando Lisboa apresentou à comunidade católica de Pemba os missionários provenientes do Estado de São Paulo e, mais uma vez, agradeceu todas a ajuda que a Diocese tem recebido.

Na tarde do domingo, Dom Odilo dirigiu-se para Maputo, capital de Moçambique, onde realizará visita à Missão desenvolvida pela Aliança de Misericórdia em um dos bairros mais carentes da cidade.

(Com informações do Padre Michelino Roberto)

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'Vocês certamente alegram o coração de Deus'

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17 de agosto de 2019

A comitiva da Regional Sul 1 da CNBB encerrou a visita pastoral na Paróquia do Menino Jesus de Imbhua, com uma missa celebrada na Aldeia de Nanganda, no sábado, 17. 

Na região, vive o povo da etnia Maconde, principal protagonista da revolução que na década de 1970 culminou com a independência de Moçambique, até então colônia de Portugal.

A missa foi presidida pelo Cardeal Scherer, Arcebispo de São Paulo, que foi calorosamente recebido com cantos de boas-vindas. Um coral com cerca de 70 vozes, ao ritmo de uma coreografia solene, piedosa e envolvente, animou a Santa Missa, também essa celebrada à sombra de uma mangueira. Todos os cantos foram em língua nativa Maconde.

Missionários trazem Jesus e a alegria

No inicio da missa, Dom Odilo saudou os líderes da aldeia, os missionários locais e explicou que está fazendo uma visita missionaria a várias missões da Diocese de Pemba. Ele agradeceu à população local a calorosa acolhida que recebeu. Disse que veio para confirmá-los na fé e, também, que a visita é importante para conseguir mais ajudas para as missões.

Foi a primeira vez que a paróquia recebeu a visita de um Cardeal.

Na homilia, Dom Odilo destacou que há muitas gerações, missionários vieram a para a África, de longe, da Europa, e trouxeram para cá Jesus e a semente do Evangelho.

“O Evangelho narra a visita de Maria a sua prima Isabel. Foi uma visita missionária, pois Maria levou consigo Jesus e, com Ele, a alegria. Assim também fizeram os missionários na África, e assim continuam a fazer os nossos missionários brasileiros que hoje estão no vosso meio: trazem Jesus e, com Ele, a alegria”, disse o Cardeal.

“Jesus é a nossa vida. Vida eterna, que nunca acaba. Essa certeza é o que motiva a Igreja a enviar missionários para todo o mundo”, prosseguiu.

“Hoje, a África não apenas recebe missionários, mas também os envia. Se nos tempos passados o continente europeu enviou missionário para todas as partes do mundo, hoje é ela que os recebe, provenientes tanto da África quanto da América. O mundo precisa de missionários africanos”, concluiu.

Expressão de generosidade

No ofertório, os fiéis trouxeram os frutos da terra e do seu trabalho: cocos, mandioca, milho, feijão, aves e legumes. Não foram ofertas simbólicas, mas expressão da generosidade de um povo que, mesmo sendo pobre, expressa, dessa forma, a sua gratidão a Deus e aos missionários. Um povo que não aceita comparecer diante de Deus de mãos vazias.

Ao fim do ofertório, o Cardeal Scherer agradeceu e abençoou os ofertantes: “Obrigado pelas vossas ofertas. Foi um gesto muito bonito! Que Deus abençoe a vossa terra, os vossos campos. Que tenhais boas colheitas para que nunca vos falte o alimento”.

Cerca de 500 pessoas participaram da celebração eucarística, incluindo representantes das comunidades muçulmana e evangélica.

Ao final da missa, Dom Odilo agradeceu à piedade, as belas músicas e danças da missa em honra a Deus. “Vou contar em São Paulo como vocês rezam bem na missa. Vocês certamente alegram o coração de Deus e o coração de Nossa Senhora”.

(Com informações do Padre Michelino Roberto)

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Cardeal Odilo Scherer: ‘Vocês são os templos vivos de Deus’

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16 de agosto de 2019

No quarto dia de visita pastoral à Diocese de Pemba, em Moçambique, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, inaugurou duas obras sociais: os projetos Santa Clara e São Francisco de Assis. Também abençoou a construção da futura igreja paroquial, em Nangade, nas proximidades da fronteira com a Tanzânia.

Os projetos estão sendo instalados pelos missionários brasileiros da Fraternidade O Caminho, na Missão São Miguel Arcanjo.

TEMPLOS VIVOS

Em pouco mais de um ano de presença e com a ajuda das dioceses do Regional Sul 1 da CNBB (Estado de São Paulo), os missionários liderados pela Irmã Hadasse, 43, e o Frei Boaventura dos Pobres de Jesus, 35, já criaram uma escola de educação infantil (projeto Santa Clara), um centro de nutrição (Projeto São Francisco), e já ergueram as paredes de uma igreja que será a futura paróquia.

“Estas são as paredes do templo paroquial que vocês estão construindo. Elas são as paredes, vocês são a Igreja de Cristo. Vocês são os templos vivos de Deus”, disse o Cardeal, no momento da bênção da igreja em construção.

Em entrevista ao O SÃO PAULO, Irmã Hadasse contou que a ideia de criar um centro de nutrição veio do desejo de salvar da morte crianças em grave situação de desnutrição. Assim, fizeram um convênio com um posto hospitalar local.

“Muitas das crianças que atendemos são soropositivas, o que agrava muito a situação. A pobreza é grande, mas a esperança deste povo é maior”, afirmou a religiosa.

TESTEMUNHO DA FÉ NAS ADVERSIDADES

Antes de chegar em Nangade, Dom Odilo visitou a Missão de Macumia, local fortemente afetado pelo ciclone que em março fez grandes estragos em Moçambique.

A Igreja local – São João Bosco – que completa 60 anos em 2019, foi parcialmente destruída e completamente destelhada.

Na Missão de Macuia atua um pequeno grupo de religiosas da Congregação das Carmelitas Teresas de São José e  três religiosos da Congregação dos Padres Cavanis. Além da Igreja, há um centro social e uma escola secundária.

A região é também uma das que recentemente sofreram com ataques realizados por grupo terrorista desconhecido, que na semana passada invadiu e queimou todas as casas e celeiros de uma aldeia próxima da missão. Os moradores conseguiram fugir e não houve mortos.

(Com informações do Padre Michelino Roberto)

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Cardeal Scherer faz visita pastoral a missões apoiadas pelo Regional Sul 1

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18 de agosto de 2019

No prosseguimento da visita pastoral às missões apoiadas pela Regional Sul 1 da CNBB em Moçambique, no continente africano, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, esteve nesta quinta-feira, 15, na Missão de Mazeze, distante 200km da cidade de Pemba.

No caminho, membros das comunidades católicas das Aldeias de Muamula, Moege e Milapande, todas localizadas no município de Chiuri, esperavam à beira da estrada para dar boas-vindas a Dom Odilo e aos brasileiros que o acompanham nessa visita.

A MISSÃO

A Missão de Mazeze leva o nome do posto administrativo onde está localizada. Foi instalada no bairro de Mirepane, no município de Chiuri, tendo sido iniciada em 2017, quando Dom Luís Fernando Lisboa criou no local a Área Pastoral Nossa Senhora da África.

Ainda não foi construído um templo para reunir fiéis, mas possui uma comunidade católica grande, piedosa e bastante atuante, o que compensa de longe a precariedade física.

ATUAÇÃO PASTORAL

A implantação de pastorais é recente e está acontecendo gradualmente, graças ao trabalho e a oração do Padre Salvador Brito, sacerdote da Diocese de Guarulhos. Ele está há dois anos em missão na Diocese de Pemba.

Enquanto a Igreja não é construída, o Padre celebra a Santa Missa na varanda de uma pequena construção feita de barro, madeira e capim, com o povo reunido e sentado a sombra de uma grande mangueira. E foi lá, sob a sombra da mangueira, que o Cardeal Scherer, emocionado, presidiu a missa da Solenidade de Nossa Senhora da Assunção.

Aproximadamente 300 famílias vivem ao entorno da Missão de Mazeze, metade das quais são muçulmanos. Já a Área Pastoral Nossa Senhora da África engloba outras 25 aldeias.

(Com informações do Padre Michelino Roberto)

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Cardeal Scherer realiza visita missionária em Pemba, Moçambique

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18 de agosto de 2019

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, realiza até 21 de agosto uma visita missionária à Diocese de Pemba, em Moçambique, no continente africano, como representante da presidência do Regional Sul 1 da CNBB.

O objetivo da visita é acompanhar de perto as missões mantidas pela CNBB na região, além de motivar os missionários brasileiros.

A Regional Sul 1 da CNBB mantém três projetos missionários na Diocese de Pemba. Ao todo, 12 brasileiros entre padres, religiosos(as) e leigos(as) participam do projeto batizado Missão Africa-Pemba, nas aldeias de Nangade, Mazeze e Metoro.

A Diocese de Pemba tem como bispo Dom Luís Fernando Lisboa, brasileiro radicado em Moçambique há 17 anos, seis como bispo. Possui 2,1 milhão de habitantes, 22 paróquias, cada qual com dezenas de capelas e comunidades espalhadas em aldeias.

Dom Luís Fernando, em entrevista ao O SÃO PAULO, conta que a Igreja Católica em Moçambique desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da população. Segundo o Bispo, milhares de pessoas nunca pisaram em uma escola. O sistema público de ensino é bastante precário, chegando a ter até cem alunos em uma única sala de aula.

“Nas pequenas aldeias, é oferecido somente o primeiro estágio do ensino fundamental. Nas aldeias médias, o ensino vai ate o segundo estágio, e somente nas grandes cidades há o ensino médio. Cerca de 40 % da população é analfabeta. Grande parte da rede de ensino disponível é mantida pela Igreja Católica, com subsídios do Estado”, explicou o Bispo.

Missão de São Jose

Em seu segundo dia de visita, na terça-feira, 13, Dom Odilo conheceu a Missão de São Jose. Fundada em 1934 por missionários Monfortinos e localizada no município-distrito de Montepuez,  a missão comporta o Santuário Nossa Senhora de Fatima, centro de peregrinação e sede da paróquia local; o Seminário Propedêutico São Paulo Apóstolo e a Escola Comunitária Secundaria Dom Bosco, uma das poucas em Moçambique a oferecer o ensino médio. Atualmente, a escola atende cerca de 400 jovens com até 25 anos.

Com 220 mil habitantes, Montepuez é a segunda maior cidade de Pemba.

Na chegada, Dom Odilo e a equipe que o acompanha foram recebidos pelos seminaristas com um canto de boas -vindas. Após conhecer todo o complexo da missão, o Cardeal presidiu a Santa Missa, cantada pelos seminaristas em Makua, um dos mais de 30 idiomas nativos falado em Moçambique.

Em sua homilia, o Cardeal Scherer, falando dos mártires São Ponciano, Papa; e Santo Hipólito, Presbítero, cuja memoria foi celebrada, recordou a todos que a Igreja Católica, ao longo dos séculos, sofreu e tem sofrido diversas perseguições, incluindo o martírio de Papas, mas nem por isso acabou. “A Igreja pertence a Jesus Cristo”, recordou.

Pemba tem sofrido violentos ataques nos últimos meses. Um grupo de homens invadiu quatro aldeias durante a noite, matando seus moradores e incendiando as suas casas. Nenhum grupo reclamou a autoria.

“Estamos diante de um inimigo invisível”, afirmou Dom Luís Fernando à reportagem. O Bispo não acredita que os ataques tenham motivação religiosa, mas sim, econômica. Suspeita que visam afastar a população local da região, rica em gases e derivados de petróleo.  

A missa foi concelebrada por Dom Luís Fernando, pelo Padre Dinis, Reitor do Seminário Propedêutico, pelos sacerdotes brasileiros em missão na região e pelo Diretor do Jornal O SÃO PAULO, Padre Michelino Roberto, que acompanha Dom Odilo nessa visita missionaria. Participaram ainda o Diácono Marco Domingues, Secretario Administrativo da Regional Sul 1; jornalistas da TV Canção Nova, além de um grupo de leigos que fazem parte da missão.

CLIQUE E VEJA AS FOTOS DA VISITA DE DOM ODILO À MISSÃO SÃO JOSÉ

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