Igreja é solidária a migrantes e refugiados em São Paulo

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03 de outubro de 2019

Na celebração da 105ª edição do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, no domingo, 29 de setembro, as escadarias da Catedral da Sé foram ganhando um colorido diferente desde as 10h: migrantes e refugiados exibiam bandeiras de seus países de origem e cartazes em que expressavam gratidão pela acolhida que recebem no Brasil. 

ATENÇÃO DA IGREJA
Motivados pelo tema escolhido pelo Papa Francisco – “Não se trata apenas de migrantes” –, os participantes caminharam da Praça da Sé até a matriz da Paróquia Nossa Senhora da Paz, no bairro do Glicério, sede da Missão Paz, um dos muitos trabalhos que a Igreja mantém em São Paulo para acolhê-los. 


Em entrevista ao O SÃO PAULO, o Padre Paolo Parise, Coordenador da Missão Paz, lembrou que, atualmente, são acolhidas no local 103 pessoas, a maioria venezuelanos, além de angolanos e haitianos. São também oferecidas aulas de português, atendimento médico, jurídico e psicológico, para, em média, 250 pessoas diariamente.


O Sacerdote destacou que o tema deste ano alerta para o perigo de que essas pessoas sejam apenas rotuladas como migrantes e refugiados e se esqueça “de todas as outras dimensões que vão além daquela de estar em situação de refugiado ou de migrante”. 


Desde agosto de 2014, o Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) vem recebendo migrantes e refugiados de 54 países, oferecendo-lhes alimentação, banho, atividades socioeducativas, em parceria com a Prefeitura de São Paulo. “Inicialmente, a maior dificuldade é a língua, pois muitos não falam português, mas assim que chegam são encaminhados para cursos de português feitos com entidades parceiras e voluntários”, contou Neucicleide Santana da Cruz, assistente social da Casa de Assis, do Sefras. Ela destacou que muitos chegam ao Brasil repletos de esperança, após deixar uma vida de perseguição, guerras e dificuldades sociais nos países de origem.

EM BUSCA DE UM FUTURO MELHOR
“Saí do meu país para procurar oportunidades. Lá estava difícil conseguir trabalho”, relatou à reportagem a angolana Angela David, 28, que está há sete meses no Brasil e hoje vive no Sefras.


Já a venezuelana Raquel Duarte, 19, chegou ao Brasil há oito meses e há dois está em São Paulo. “Eu saí da Venezuela porque lá não há comida, nem remédio, e está muito ruim”, recordou a jovem que veio ao Brasil com os pais e os irmãos.


O haitiano Keder Lafortune, membro do Conselho Municipal de Imigrantes, manifestou gratidão ao povo brasileiro pela acolhida, mas pediu mais celeridade da Justiça no acompanhamento de denúncias de violência e xenofobia cometidas contra os migrantes.

‘Não percam a força, a esperança e a fé’ 
Após a caminhada, migrantes, refugiados e representantes dos grupos que trabalham com pessoas nessa situação na Arquidiocese participaram da missa, presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé. 


O Bispo destacou que o cristão não deve ser insensível à dor e ao sofrimento do irmão, especialmente daquele que deixou a sua pátria por opção ou por necessidade. 


“Que vocês não percam a força, a esperança e a fé”, exortou Dom Eduardo, desejando, ainda, que “em nenhum lugar haja discriminação, preconceito de quem quer que seja, porque o mundo e todas as riquezas que Deus criou, Ele as fez para todos, e não só para uma nação ou um povo”. 


Também na missa, o Padre Antenor João Dalla Vecchia, Diretor da Casa do Migrante da Missão Paz, falou sobre as dificuldades dos migrantes e refugiados no mundo e ressaltou o papel da Igreja para ajudar a mudar esta realidade.


Após a missa, houve um almoço organizado pela comunidade paraguaia, encerrando o dia de atividades.

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Caridade e atenção às ‘periferias existenciais’

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02 de outubro de 2019

“Não se trata apenas de migrantes”, diz o tema do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado. Para comemorar, o Papa Francisco, que criou essa data, presidiu a Santa Missa na Praça de São Pedro no domingo, 29 de setembro, quando afirmou que Deus “tem uma preocupação amorosa em relação aos menos privilegiados” e que, na Bíblia, essa é uma característica marcante do povo de Israel.


“Por isso, temos que ter uma atenção especial em relação ao estrangeiro, assim como às viúvas, aos órfãos e a todos os descartados dos nossos dias”, declarou Francisco. “O Senhor nos pede para colocar em prática a caridade para com eles. Ele nos pede para restaurar sua humanidade, junto com a nossa, sem excluir ninguém, sem deixar ninguém de fora”, acrescentou.


Conforme explicou o Santo Padre, os cristãos não podem ser indiferentes “aos dramas das velhas e novas pobrezas”, e exortou: “Peçamos ao Senhor a graça de chorar, aquele choro que converte o coração diante desses pecados [da indiferença]”. 

Anjos inconscientes
Após a missa, o Papa inaugurou uma escultura na Praça que representa os migrantes de diferentes tempos históricos (foto). Realizada pelo artista canadense Timothy Schmalz, a obra é intitulada “Anjos Inconscientes”. Isso porque se refere à passagem da Carta de São Paulo aos Hebreus, quando diz: “Não esqueçam a hospitalidade. Alguns, praticando-a, acolheram anjos sem saber”.


Ao inaugurar a escultura, que foi uma sugestão do novo Cardeal Michael Czerny, responsável pela seção Migrantes e Refugiados do Vaticano, o Papa Francisco afirmou: “Essa escultura, em bronze e argila, representa um grupo de migrantes de várias culturas e diversos períodos históricos. Eu quis esta obra aqui na Praça de São Pedro, para que recorde a todos o desafio evangélico da acolhida”.

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Mensagem para o 105º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado

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30 de mai de 2019

Foi divulgada na segunda-feira, 27, a Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que será comemorado em 29 de setembro. A Igreja celebra a data desde 1914. Com o tema “Não se trata apenas de migrantes”, o Papa inicia sua mensagem recordando que “conflitos violentos, verdadeiras e próprias guerras não cessam de dilacerar a humanidade; sucedem-se injustiças e discriminações; tribula-se para superar os desequilíbrios econômicos e sociais, de ordem local ou global. E quem sofre as consequências de tudo isto são, sobretudo, os mais pobres e desfavorecidos”. 

O Papa lembra ainda que “os migrantes, os refugiados, os desalojados e as vítimas do tráfico de seres humanos aparecem como os sujeitos emblemáticos da exclusão, porque, além dos incômodos inerentes à sua condição, acabam, muitas vezes, alvo de juízos negativos que os consideram como causa dos males sociais”.

Por fim, Francisco considera: “Queridos irmãos e irmãs, a resposta ao desafio colocado pelas migrações contemporâneas pode-se resumir em quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar. Esses verbos, contudo, não valem apenas para os migrantes e os refugiados; exprimem a missão da Igreja em favor de todos os habitantes das periferias existenciais”, informa um dos trechos do texto.

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“Migrantes e refugiados: homens e mulheres em busca de Paz” 27/11/2017 Santa Sé

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28 de novembro de 2017

Os migrantes e refugiados voltam ao centro das reflexões e intenções do papa Francisco. Na sexta-feira, 24, foi divulgada a Mensagem do pontífice para o 51º Dia Mundial da Paz, que será celebrado no dia 1° de janeiro de 2018, com o tema: “Migrantes e refugiados: homens e mulheres em busca de Paz”.

“A paz, que os anjos anunciam aos pastores na noite de Natal, é uma aspiração profunda de todas as pessoas e de todos os povos, sobretudo de quantos padecem mais duramente pela sua falta”, escreveu Francisco, que desejou recordar os mais de 250 milhões de migrantes no mundo, dos quais 22 milhões e meio são refugiados.

Recordando Bento XVI, disse que são homens e mulheres, crianças, jovens e idosos que procuram um lugar onde viver em paz. “Com espírito de misericórdia, abraçamos todos aqueles que fogem da guerra e da fome ou se veem constrangidos a deixar a própria terra por causa de discriminações, perseguições, pobreza e degradação ambiental”, escreveu Francisco.

Francisco voltou a citar os quatro verbos necessários para a ação com migrantes e refugiados: “Oferecer a requerentes de asilo, refugiados, migrantes e vítimas de tráfico humano uma possibilidade de encontrar aquela paz que andam à procura, exige uma estratégia que combine quatro ações: acolher, proteger, promover e integrar”.

CONFIRA A MENSAGEM NA ÍNTEGRA 

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