Dia Mundial da Paz: caminho da esperança, diálogo, reconciliação e conversão

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18 de dezembro de 2019

De acordo com a Liturgia, o tempo do Advento se encaminha para o fim, e, com a celebração das Primeiras Vésperas do nascimento de Jesus, ainda no dia 24 de dezembro, tem início o tempo do Natal, que se estende até a celebração do Batismo do Senhor. 
Nesse ínterim, ainda no contexto da Oitava do Natal, celebra-se, no dia 1º de janeiro, a Solenidade da Santa Maria, Mãe de Deus. Além dessa importante comemoração em que se relembra o mistério da Encarnação que fez com que a Virgem Maria se tornasse a “Mãe de Deus”, o que muita gente talvez não se recorde é que, nesse mesmo dia, é celebrado o Dia Mundial da Paz. 

MOTIVAÇÕES
Instituído por São Paulo VI, em 8 de dezembro de 1967, o Dia Mundial da Paz foi uma iniciativa do então Pontífice, a ser celebrado no dia 1º de janeiro de cada ano, a fim de concretizar, de maneira prática, o que foi estabelecido pelos documentos conclusivos do Concílio Vaticano II, cujo encerramento se dera exatamente dois anos antes, em 8 de dezembro de 1965. 
A primeira mensagem de São Paulo VI para esta data trazia consigo palavras de estímulo e engajamento: “Dirigimo-nos a todos os homens de boa vontade, para os exortar a celebrar o Dia da Paz, em todo o mundo, no primeiro dia do ano civil, 1º de janeiro de 1968. Desejaríamos que depois, cada ano, esta celebração se viesse a repetir, como augúrio e promessa, no início do calendário que mede e traça o caminho da vida humana no tempo que seja a paz, com o seu justo e benéfico equilíbrio, a dominar o processar-se da história no futuro”.
O desejo do Papa era que a comemoração não se restringisse aos católicos, uma vez que, segundo ele, a verdadeira celebração da paz só estaria completa se envolvesse todos os homens, não importando a religião. 
“A proposta de dedicar à paz o primeiro dia do novo ano não tem a pretensão de ser qualificada como exclusivamente nossa, religiosa ou católica. Antes, seria para desejar que ela encontrasse a adesão de todos os verdadeiros amigos da paz”, dizia, em sua mensagem. No texto, ele expressava seu desejo de que esta iniciativa ganhasse adesão ao redor do mundo com “caráter sincero e forte de uma humanidade consciente e liberta dos seus tristes e fatais conflitos bélicos, que quer dar à história do mundo um devir mais feliz, ordenado e civil”. 
Portanto, o Dia da Paz Mundial é um dia para ser celebrado por todos, independentemente de credo, etnia, posição social ou econômica.

CONCEITOS
O sentido bíblico de paz (do hebraico, ‘shalom’) traz consigo uma amplitude muito além do que se pode pensar com a ideia que lhe é atribuída no Ocidente. Trata-se, sobretudo, de um significado que denota uma relação de plenitude e maturidade, que tem como consequência a prosperidade material e espiritual, além do pleno estabelecimento da justiça, concedidos por Deus a seu povo, mediante a observância da aliança firmada entre eles. 
Nesse escopo, vale dizer que o conceito de paz é relacional e engloba todos os âmbitos da vida de uma pessoa: a relação consigo própria, com a sua família, com a sociedade, com a natureza e com Deus. A paz é, portanto, uma condição que não se pode viver isoladamente, sem a participação de outrem, além de não poder haver uma separação entre a paz de Deus e a paz do mundo. 
O Catecismo da Igreja Católica ensina que “o respeito e o desenvolvimento da vida humana exigem a paz. A paz não é somente ausência de guerra e não se limita a garantir o equilíbrio das forças adversas. A paz não pode ser obtida na terra sem a salvaguarda dos bens das pessoas, sem a livre comunicação entre os seres humanos, o respeito pela dignidade das pessoas e dos povos, a prática assídua da fraternidade. É a tranquilidade da ordem, obra da justiça (Is 32,17) e efeito da caridade” (parágrafo 2304).

NECESSIDADE ATUAL
Alinhado cada vez mais ao hedonismo, ao relativismo e à infidelidade, o mundo presente tem tentado buscar a felicidade a qualquer preço, afastando-se do dom da paz que somente Deus é capaz de conceder. Assim, se o mundo tem necessidade da paz, não é difícil perceber que ela se faz necessária, antes, no coração de cada homem. Para satisfazer esse anseio do gênero humano, onde, então, buscá-la? Como concretizá-la? O que fazer para obtê-la?   
A resposta a todas essas perguntas está em uma pessoa: Jesus Cristo, Deus feito homem, o Príncipe da Paz (cf. Is 9,5), que assim se tornou quando recebeu em si todos os castigos, dores e enfermidades que são consequências dos pecados da humanidade inteira, a quem redimiu por meio de sua Paixão, Morte e Ressurreição. 
“Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo 14,27). A partir disso, podemos afirmar que Jesus é, de fato, a fonte de nossa paz (cf. Ef 2), e somente Nele podemos alcançá-la.

EM 2020
A cada ano, um tema é utilizado para ilustrar o espírito que norteará os cristãos católicos na vivência da paz. Para 2020, que comemora o 53º aniversário do Dia Mundial da Paz, o tema escolhido por Francisco foi “A paz como caminho da esperança: diálogo, reconciliação e conversão”.
A princípio, o Papa diz que a esperança nos coloca no caminho da paz, ao passo que “a desconfiança e o medo enfraquecem os relacionamentos e aumentam o risco de violência”. Ele nos exorta a ser artesãos da paz, abertos ao diálogo em espírito de reconciliação, em uma jornada de conversão ecológica que leva a uma “nova maneira de ver a vida”.
“Nações inteiras – diz a mensagem – acham difícil se libertar das cadeias de exploração e corrupção que alimentam o ódio e a violência. Ainda hoje, a dignidade, a integridade física, a liberdade, incluindo a liberdade religiosa, a solidariedade comunitária e a esperança no futuro são negadas a um grande número de homens e mulheres, jovens e idosos.”
“Toda guerra – diz o Papa –, é uma forma de fratricídio que destrói a vocação inata da família humana para a irmandade.”
 

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Mensagem para o 105º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado

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30 de mai de 2019

Foi divulgada na segunda-feira, 27, a Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que será comemorado em 29 de setembro. A Igreja celebra a data desde 1914. Com o tema “Não se trata apenas de migrantes”, o Papa inicia sua mensagem recordando que “conflitos violentos, verdadeiras e próprias guerras não cessam de dilacerar a humanidade; sucedem-se injustiças e discriminações; tribula-se para superar os desequilíbrios econômicos e sociais, de ordem local ou global. E quem sofre as consequências de tudo isto são, sobretudo, os mais pobres e desfavorecidos”. 

O Papa lembra ainda que “os migrantes, os refugiados, os desalojados e as vítimas do tráfico de seres humanos aparecem como os sujeitos emblemáticos da exclusão, porque, além dos incômodos inerentes à sua condição, acabam, muitas vezes, alvo de juízos negativos que os consideram como causa dos males sociais”.

Por fim, Francisco considera: “Queridos irmãos e irmãs, a resposta ao desafio colocado pelas migrações contemporâneas pode-se resumir em quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar. Esses verbos, contudo, não valem apenas para os migrantes e os refugiados; exprimem a missão da Igreja em favor de todos os habitantes das periferias existenciais”, informa um dos trechos do texto.

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Papa envia mensagem aos brasileiros por ocasião da CF 2018

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14 de fevereiro de 2018

Todos os anos, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresenta a Campanha da Fraternidade como caminho de conversão quaresmal. Um caminho pessoal, comunitário e social que visibilize a salvação paterna de Deus. “Fraternidade e superação da violência” é o tema da Campanha para a Quaresma, em 2018. O Evangelho de Mateus inspira o lema: “ Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8).

A Campanha será lançada oficialmente nesta Quarta-feira de Cinzas e tem como objetivo geral: “Construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência”.

De acordo com o Secretário-Geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrichs Steiner, sofremos e estamos quase estarrecidos com a violência. Não apenas com as mortes que aumentam, mas também por ela perpassar quase todos os âmbitos da nossa sociedade. A ética que norteava as relações sociais está esquecida. Hoje, temos corrupção, morte e agressividade nos gestos e nas palavras. Assim, quase aumenta a crença em nossa incapacidade de vivermos como irmãos.

Por ocasião do lançamento da Campanha da Fraternidade 2018 o Papa Francisco enviou uma mensagem ao Presidente da CNBB, o arcebispo de Brasília, Cardeal Dom Sérgio da Rocha.

 

Eis na íntegra a mensagem do Papa:

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

Neste tempo quaresmal, de bom grado me uno à Igreja no Brasil para celebrar a Campanha “Fraternidade e a superação da violência”, cujo objetivo é construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência. Desse modo, a Campanha da Fraternidade de 2018 nos convida a reconhecer a violência em tantos âmbitos e manifestações e, com confiança, fé e esperança, superá-la pelo caminho do amor visibilizado em Jesus Crucificado.

Jesus veio para nos dar a vida plena (cf. Jo 10, 10). Na medida em que Ele está no meio de nós, a vida se converte num espaço de fraternidade, de justiça, de paz, de dignidade para todos (cf. Exort. Apost. Evangelii gaudium, 180). Este tempo penitencial, onde somos chamados a viver a prática do jejum, da oração e da esmola nos faz perceber que somos irmãos. Deixemos que o amor de Deus se torne visível entre nós, nas nossas famílias, nas comunidades, na sociedade.

“É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (1 Co 6,2; cf. Is 49,8), que nos traz a graça do perdão recebido e oferecido. O perdão das ofensas é a expressão mais eloquente do amor misericordioso e, para nós cristãos, é um imperativo de que não podemos prescindir. Às vezes, como é difícil perdoar! E, no entanto, o perdão é o instrumento colocado nas nossas frágeis mãos para alcançar a serenidade do coração, a paz. Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança é condição necessária para se viver como irmãos e irmãs e superar a violência. Acolhamos, pois, a exortação do Apóstolo: “Que o sol não se ponha sobre o vosso ressentimento” (Ef 4, 26).

Sejamos protagonistas da superação da violência fazendo-nos arautos e construtores da paz. Uma paz que é fruto do desenvolvimento integral de todos, uma paz que nasce de uma nova relação também com todas as criaturas. A paz é tecida no dia-a-dia com paciência e misericórdia, no seio da família, na dinâmica da comunidade, nas relações de trabalho, na relação com a natureza. São pequenos gestos de respeito, de escuta, de diálogo, de silêncio, de afeto, de acolhida, de integração, que criam espaços onde se respira a fraternidade: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8), como destaca o lema da Campanha da Fraternidade deste ano. Em Cristo somos da mesma família, nascidos do sangue da cruz, nossa salvação. As comunidades da Igreja no Brasil anunciem a conversão, o dia da salvação para conviverem sem violência.

Peço a Deus que a Campanha da Fraternidade deste ano anime a todos para encontrar caminhos de superação da violência, convivendo mais como irmãos e irmãs em Cristo. Invoco a proteção de Nossa Senhora da Conceição Aparecida sobre o povo brasileiro, concedendo a Bênção Apostólica. Peço que todos rezem por mim.

 

Vaticano, 27 de janeiro de 2018.

[Franciscus PP.]

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Mensagem do Papa para a Quaresma 2018

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09 de fevereiro de 2018

A texto tem por base um versiculo do Evangelho de Mateus; chamando os fieis a identificar se deixam-se confundir pelos falsos profetas, não deixar que o amor se esfrie, unirrem-se e jejuar.

Leia a mensagem na integra:

 

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO

PARA A QUARESMA DE 2018

 

«Porque se multiplicará a iniquidade,

vai resfriar o amor de muitos» (Mt 24, 12)

 

Amados irmãos e irmãs!

Mais uma vez vamos encontrar-nos com a Páscoa do Senhor! Todos os anos, com a finalidade de nos preparar para ela, Deus na sua providência oferece-nos a Quaresma, «sinal sacramental da nossa conversão»,[1] que anuncia e torna possível voltar ao Senhor de todo o coração e com toda a nossa vida.

Com a presente mensagem desejo, este ano também, ajudar toda a Igreja a viver, neste tempo de graça, com alegria e verdade; faço-o deixando-me inspirar pela seguinte afirmação de Jesus, que aparece no evangelho de Mateus: «Porque se multiplicará a iniquidade, vai resfriar o amor de muitos» (24, 12).

Esta frase situa-se no discurso que trata do fim dos tempos, pronunciado em Jerusalém, no Monte das Oliveiras, precisamente onde terá início a paixão do Senhor. Dando resposta a uma pergunta dos discípulos, Jesus anuncia uma grande tribulação e descreve a situação em que poderia encontrar-se a comunidade dos crentes: à vista de fenómenos espaventosos, alguns falsos profetas enganarão a muitos, a ponto de ameaçar apagar-se, nos corações, o amor que é o centro de todo o Evangelho.

 

Os falsos profetas

Escutemos este trecho, interrogando-nos sobre as formas que assumem os falsos profetas?

Uns assemelham-se a «encantadores de serpentes», ou seja, aproveitam-se das emoções humanas para escravizar as pessoas e levá-las para onde eles querem. Quantos filhos de Deus acabam encandeados pelas adulações dum prazer de poucos instantes que se confunde com a felicidade! Quantos homens e mulheres vivem fascinados pela ilusão do dinheiro, quando este, na realidade, os torna escravos do lucro ou de interesses mesquinhos! Quantos vivem pensando que se bastam a si mesmos e caem vítimas da solidão!

Outros falsos profetas são aqueles «charlatães» que oferecem soluções simples e imediatas para todas as aflições, mas são remédios que se mostram completamente ineficazes: a quantos jovens se oferece o falso remédio da droga, de relações passageiras, de lucros fáceis mas desonestos! Quantos acabam enredados numa vida completamente virtual, onde as relações parecem mais simples e ágeis, mas depois revelam-se dramaticamente sem sentido! Estes impostores, ao mesmo tempo que oferecem coisas sem valor, tiram aquilo que é mais precioso como a dignidade, a liberdade e a capacidade de amar. É o engano da vaidade, que nos leva a fazer a figura de pavões para, depois, nos precipitar no ridículo; e, do ridículo, não se volta atrás. Não nos admiremos! Desde sempre o demónio, que é «mentiroso e pai da mentira» (Jo 8, 44), apresenta o mal como bem e o falso como verdadeiro, para confundir o coração do homem. Por isso, cada um de nós é chamado a discernir, no seu coração, e verificar se está ameaçado pelas mentiras destes falsos profetas. É preciso aprender a não se deter no nível imediato, superficial, mas reconhecer o que deixa dentro de nós um rasto bom e mais duradouro, porque vem de Deus e visa verdadeiramente o nosso bem.

Um coração frio

Na Divina Comédia, ao descrever o Inferno, Dante Alighieri imagina o diabo sentado num trono de gelo;[2] habita no gelo do amor sufocado. Interroguemo-nos então: Como se resfria o amor em nós? Quais são os sinais indicadores de que o amor corre o risco de se apagar em nós?

O que apaga o amor é, antes de mais nada, a ganância do dinheiro, «raiz de todos os males» (1 Tm 6, 10); depois dela, vem a recusa de Deus e, consequentemente, de encontrar consolação n'Ele, preferindo a nossa desolação ao conforto da sua Palavra e dos Sacramentos.[3] Tudo isto se permuta em violência que se abate sobre quantos são considerados uma ameaça para as nossas «certezas»: o bebé nascituro, o idoso doente, o hóspede de passagem, o estrangeiro, mas também o próximo que não corresponde às nossas expetativas.

A própria criação é testemunha silenciosa deste resfriamento do amor: a terra está envenenada por resíduos lançados por negligência e por interesses; os mares, também eles poluídos, devem infelizmente guardar os despojos de tantos náufragos das migrações forçadas; os céus – que, nos desígnios de Deus, cantam a sua glória – são sulcados por máquinas que fazem chover instrumentos de morte.

E o amor resfria-se também nas nossas comunidades: na Exortação apostólica Evangelii gaudium procurei descrever os sinais mais evidentes desta falta de amor. São eles a acédia egoísta, o pessimismo estéril, a tentação de se isolar empenhando-se em contínuas guerras fratricidas, a mentalidade mundana que induz a ocupar-se apenas do que dá nas vistas, reduzindo assim o ardor missionário.[4]

Que fazer?

Se porventura detetamos, no nosso íntimo e ao nosso redor, os sinais acabados de descrever, saibamos que, a par do remédio por vezes amargo da verdade, a Igreja, nossa mãe e mestra, nos oferece, neste tempo de Quaresma, o remédio doce da oração, da esmola e do jejum.

Dedicando mais tempo à oração, possibilitamos ao nosso coração descobrir as mentiras secretas, com que nos enganamos a nós mesmos,[5] para procurar finalmente a consolação em Deus. Ele é nosso Pai e quer para nós a vida.

A prática da esmola liberta-nos da ganância e ajuda-nos a descobrir que o outro é nosso irmão: aquilo que possuo, nunca é só meu. Como gostaria que a esmola se tornasse um verdadeiro estilo de vida para todos! Como gostaria que, como cristãos, seguíssemos o exemplo dos Apóstolos e víssemos, na possibilidade de partilhar com os outros os nossos bens, um testemunho concreto da comunhão que vivemos na Igreja. A este propósito, faço minhas as palavras exortativas de São Paulo aos Coríntios, quando os convidava a tomar parte na coleta para a comunidade de Jerusalém: «Isto é o que vos convém» (2 Cor 8, 10). Isto vale de modo especial na Quaresma, durante a qual muitos organismos recolhem coletas a favor das Igrejas e populações em dificuldade. Mas como gostaria também que no nosso relacionamento diário, perante cada irmão que nos pede ajuda, pensássemos: aqui está um apelo da Providência divina. Cada esmola é uma ocasião de tomar parte na Providência de Deus para com os seus filhos; e, se hoje Ele Se serve de mim para ajudar um irmão, como deixará amanhã de prover também às minhas necessidades, Ele que nunca Se deixa vencer em generosidade?[6]

Por fim, o jejum tira força à nossa violência, desarma-nos, constituindo uma importante ocasião de crescimento. Por um lado, permite-nos experimentar o que sentem quantos não possuem sequer o mínimo necessário, provando dia a dia as mordeduras da fome. Por outro, expressa a condição do nosso espírito, faminto de bondade e sedento da vida de Deus. O jejum desperta-nos, torna-nos mais atentos a Deus e ao próximo, reanima a vontade de obedecer a Deus, o único que sacia a nossa fome.

Gostaria que a minha voz ultrapassasse as fronteiras da Igreja Católica, alcançando a todos vós, homens e mulheres de boa vontade, abertos à escuta de Deus. Se vos aflige, como a nós, a difusão da iniquidade no mundo, se vos preocupa o gelo que paralisa os corações e a ação, se vedes esmorecer o sentido da humanidade comum, uni-vos a nós para invocar juntos a Deus, jejuar juntos e, juntamente connosco, dar o que puderdes para ajudar os irmãos!

O fogo da Páscoa

Convido, sobretudo os membros da Igreja, a empreender com ardor o caminho da Quaresma, apoiados na esmola, no jejum e na oração. Se por vezes parece apagar-se em muitos corações o amor, este não se apaga no coração de Deus! Ele sempre nos dá novas ocasiões, para podermos recomeçar a amar.

Ocasião propícia será, também este ano, a iniciativa «24 horas para o Senhor», que convida a celebrar o sacramento da Reconciliação num contexto de adoração eucarística. Em 2018, aquela terá lugar nos dias 9 e 10 de março – uma sexta-feira e um sábado –, inspirando -se nestas palavras do Salmo 130: «Em Ti, encontramos o perdão» (v. 4). Em cada diocese, pelo menos uma igreja ficará aberta durante 24 horas consecutivas, oferecendo a possibilidade de adoração e da confissão sacramental.

Na noite de Páscoa, reviveremos o sugestivo rito de acender o círio pascal: a luz, tirada do «lume novo», pouco a pouco expulsará a escuridão e iluminará a assembleia litúrgica. «A luz de Cristo, gloriosamente ressuscitado, nos dissipe as trevas do coração e do espírito»,[7] para que todos possamos reviver a experiência dos discípulos de Emaús: ouvir a palavra do Senhor e alimentar-nos do Pão Eucarístico permitirá que o nosso coração volte a inflamar-se de fé, esperança e amor.

 

Abençoo-vos de coração e rezo por vós. Não vos esqueçais de rezar por mim.

Vaticano, 1 de Novembro de 2017

Solenidade de Todos os Santos

 

(Com informações de Vatican News)

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Papa Francisco envia mensagem aos reunidos no Rio

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14 de julho de 2017

O II Congresso Internacional Laudato Si e Grandes Cidades foi aberto na manhã de quinta-feira, 13, no auditório do Edifício João Paulo II, bairro da Glória. A mesa de abertura foi composta por Cardeal Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Lluís Martínez Sistach, arcebispo emérito de Barcelona e presidente da Fundação Antoni Gaudi para as grandes cidades, e Vicente Andreu Grillo, representante do Ministério do Meio Ambiente e diretor-presidente da Agência Nacional de Águas.

O congresso é organizado pela Fundação Antoni Gaudi para as Grandes Cidades, localizada em Barcelona, na Espanha, cujo objetivo é contribuir para a humanização dos grandes centros urbanos. A instituição nasceu logo após a Conferência Internacional das Grandes Cidades, em Barcelona e Roma, em 2015.

 

 

Importância e questões chaves

Cardeal Lluís Martínez Sistach, arcebispo emérito de Barcelona, falou sobre a importância do Congresso focado na Laudato Si', em entrevista exclusiva ao Portal da Arquidiocese do Rio.

“Considero que tem uma grande importância, que para a Igreja é absolutamente necessário, porque está a serviço das pessoas e porque a humanização das grandes cidades é um tema atualíssimo e de futuro. Não podemos esquecer que 52% da população mundial vive em grandes cidades. E - creio que vocês saibam até melhor - no Brasil, 80% já vive em grandes cidades. Portanto, o mundo está se urbanizando, aumentam as grandes cidades, as grandes urbes, com o perigo de uma grande desumanização nesses conglomerados demográficos. Então, era necessário trabalhar, temos que trabalhar todos, o Papa Francisco, na sua encíclica Laudato si', exorta a todos, chama a todos, convida a todos a trabalhar, porque todos somos responsáveis no serviço da criação e, portanto também, de humanizar as grandes cidades”, declarou o Cardeal.

Disse ainda que considera este um tema muito atual e também futuro. “Tratam-se de dois aspectos importantíssimos: o meio ambiente e a ecologia, com tudo o que estamos falando da mudança climática e etc. E isso afeta tanto as pessoas, toda a humanidade, toda criação, e as cidades, porque aumentaram!”

Segundo Dom Orani Tempesta, as três questões chave são água, ar e resíduos, pois todas as outras situações de cunho ambiental giram em torno desses elementos. “Tivemos de escolher alguns passos para falar de Meio Ambiente, então, resolvemos discorrer sobre a água, o ar e os resíduos, porque são os três principais componentes dessa questão. Os demais problemas que existem, giram em torno desses três eixos que são fundamentais em relação ao meio ambiente”, declarou.

Finalizou completando que, “ao mesmo tempo, vemos que há uma cidade e uma mentalidade doente, que não respeita a vida e sofre com essas consequências. Se não respeitamos a vida no seu nascimento, não respeitamos também depois; são consequências daquilo que vivemos e percebemos os resultados de opções tomadas. Creio que a igreja deve atuar na conscientização, além de abordar soluções políticas, econômicas, sociais. A sociedade tomou um caminho errado e devemos fazer a diferença”

 

 

A Mensagem do Papa

O Pontifice enviou uma mensagem a todos os participantes do Congresso reforçando que a encíclica discutida apresenta diversas necessidades físicas que o homem de hoje tem nas grandes cidades e que precisam ser enfeitadas com respeito, responsabilidade e relação.

De acordo com Francisco, são esses os três "R" que permitem atuar de forma mais conjunta diante dos deveres mais vitais da convivência.

 

O II Congresso acontece de 13 a 15 de julho, no Rio de Janeiro.

 

Leia a mensagem do Papa na integra

(Com informações ArquRio)

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