Dulce dos Pobres, santa brasileira é modelo de caridade

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17 de outubro de 2019

Santa Dulce dos Pobres: assim passa a ser invocada a brasileira Irmã Dulce Lopes Pontes, canonizada pelo Papa Francisco no domingo, 13, na Praça São Pedro, no Vaticano. 
Em Salvador (BA), milhares de fiéis acompanharam por um telão montado no Santuário de Irmã Dulce o momento em que o Pontífice leu a fórmula de canonização do “Anjo bom da Bahia”. Em todo o País, os brasileiros também assistiram à liturgia, que foi transmitida por 11 emissoras de televisão, além da internet. 
Na mesma celebração, também foram canonizados o Cardeal John Henry Newman (Inglaterra), as religiosas Giuseppina Vannini (Itália) e Mariam Thresia Chiramel Mankidiyan (Índia) e a catequista Marguerite Bays (Suíça).
Diversos bispos e arcebispos concelebraram a missa, dentre os quais Dom Murilo Krieger, Arcebispo de São Salvador (BA) e Primaz do Brasil, e o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo. Como representante do governo brasileiro, estava presente o vice-presidente da República, Hamilton Mourão.

INVOCAR, CAMINHAR E AGRADECER 
Na homilia, o Santo Padre refletiu sobre o Evangelho do dia, que narra a cura dos dez leprosos. Francisco destacou que a afirmação de Cristo “A tua fé te salvou” (Lc 17,19) é o ponto de chegada do Evangelho, que mostra a todos o caminho da fé. “Neste percurso de fé, vemos três etapas cumpridas pelos leprosos curados, que invocam, caminham e agradecem”. 
O Papa acrescentou que os novos santos também caminharam na fé e agora são invocados como intercessores. Ele destacou, ainda, que três deles são freiras, como Irmã Dulce, o que mostra que “a vida religiosa é um caminho de amor nas periferias existenciais do mundo”.

AÇÃO DE GRAÇAS 
No domingo, 20, haverá uma missa em ação de graças pela canonização de Santa Dulce dos Pobres, presidida por Dom Murilo Krieger, na Arena Fonte Nova, em Salvador.  

UM PEQUENO INSTRUMENTO PARA A GRANDE OBRA DE DEUS

De saúde frágil, com 1,47m de altura e apenas 45kg, vestindo um hábito branco com um escapulário azul, Irmã Dulce era uma figura conhecida pelas ruas de Salvador, por onde andava, seja para pedir donativos para manter as obras de caridade, seja para acudir alguma pessoa necessitada. 
Ela própria se considerava apenas um instrumento nas mãos de Deus, que era quem, segundo ela, realizava a obra. 
O que a tornou conhecida mundialmente foi, certamente, o legado dessas obras, que já atenderam mais de 60 milhões de pessoas. Contudo, o que fez com que ela fosse reconhecida pela Igreja como modelo de santidade foi sua vida entregue a Deus e identificada com Jesus Cristo, fonte de onde brotava a força e o vigor para sua missão. 
Em entrevista ao O SÃO PAULO, o jornalista Graciliano Rocha, biógrafo de Irmã Dulce, destacou alguns aspectos da vida pessoal da religiosa baiana.  “A sua visão de mundo era moldada pela espiritualidade que ela vivia. Ela mesma dizia que via nos pobres a pessoa do próprio Jesus a ser acolhido”, disse.  

VIDA INTERIOR
Santa Dulce tinha uma intensa rotina de orações ao longo de todo o dia. O Rosário era seu companheiro inseparável e as visitas ao Senhor no sacrário eram o seu refúgio cotidiano. 
“Ela tinha uma relação com Deus como um amigo que a acompanhava durante todo o dia”, destacou o biógrafo, a partir de relatos de pessoas que conviveram com a Santa. Em uma das cartas, Irmã Dulce dizia que seu coração era como uma capela em constante oração. 
“Percebe-se nela uma espiritualidade madura. Era, ao mesmo tempo, muito mística no que dizia respeito à fé, e muito pragmática em relação às coisas práticas do dia a dia”, completou Rocha.

CONFIANÇA 
Sua confiança na providência divina também era um sinal de seu abandono total nas mãos de Deus. Foi isso que a motivou a, em 1960, transformar o galinheiro do convento no que depois se tornaria o Hospital Santo Antônio, assim como para inaugurar um asilo, um orfanato e um centro educacional. 
“A obra de Deus não se interrompe, porque Ele não permite. Se foi Deus quem construiu o hospital, por que haveria de sofrer interrupção? Eu nada fiz, porque nada sou. Quem faz tudo é Deus, nunca se esqueça disso”, dizia Santa Dulce, diante das inúmeras dificuldades que enfrentava para manter um hospital daquele porte.

BRINCALHONA E TEIMOSA
As pessoas que conviveram com ela chamam a atenção para seu bom humor, pouco conhecido nas ocasiões públicas, mas bastante comum nos ambientes privados, especialmente o hábito de conferir apelidos às pessoas, como chamar de “garotinha” uma religiosa da congregação que tinha 90 anos. 
Um de seus “defeitos” era sua extrema teimosia, tanto para seguir adiante com o trabalho quanto em relação aos cuidados de si mesma. “Frequentemente, os médicos chamavam sua atenção para que cuidasse melhor de sua saúde. Porém, para ela, isso era menos importante diante daqueles a quem servia”, contou o biógrafo.  

DOM DE SI
“Santa Dulce não tinha um olhar para si mesma, estava sempre preocupada com os outros”, completou Rocha, ressaltando que ela entregou sua vida aos cuidados de Deus para que se dedicasse à obra dele, fazendo de sua vida um verdadeiro dom de si. “O amor supera todos os obstáculos, todos os sacrifícios. Por mais que fizermos, tudo é pouco diante do que Deus faz por nós”, afirmava a Santa. 
Sua abnegação e liberdade interior é ilustrada por inúmeros episódios. Um dos mais emblemáticos foi quando ela levou uma cusparada na mão enquanto pedia donativos a um comerciante. “Sem se abater, a freira limpou a saliva no hábito e voltou a estender a mão: ‘Isso foi para mim, agora o que o senhor vai dar aos meus pobres?’”, relata a biografia. 
O jeito de Irmã Dulce e a credibilidade que conquistou com suas obras permitiram criar uma rede de benfeitores e colaboradores de diversos âmbitos da sociedade, inclusive do mundo político. No entanto, ela sempre se recusou a associar sua missão a qualquer tipo de conotação política, enfatizando que seu ideal era o amor ao próximo. “Não entro na área política, não tenho tempo para me inteirar das implicações partidárias. Meu partido é a pobreza”, dizia.  

ALMA PENITENTE 
A vida espiritual de Irmã Dulce era bastante marcada por penitências, sacrifícios e jejuns. Uma dessas penitências era o fato de, durante 30 anos, ela dormir em uma cadeira de madeira ao lado da cama. 
A fragilidade de saúde também se tornou uma cruz que Dulce carregou por quase toda a sua vida. Sua morte, em 13 de março de 1992, foi precedida por um ano de muita dor. “A lenta agonia foi o destino de sua busca incessante pelo martírio tão valorizado na tradição dos santos católicos”, destacou Rocha. 
Ao vê-la convalescente durante sua visita a Salvador em 1991, quando Irmã Dulce já não conseguia falar e respirava por aparelhos, São João Paulo II afirmou: “Este é o sofrimento do inocente. Igual ao de Jesus” (FG).

LEIA TAMBEM: Irmã Dulce dos Pobres é proclamada santa

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Irmã Dulce dos Pobres é proclamada santa

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16 de outubro de 2019

O Papa Francisco canonizou Irmã Dulce Lopes Pontes em uma missa solene na Praça São Pedro, no Vaticano, na manhã deste domingo, 13, diante de cerca de 50 mil pessoas, dessas,  aproximadamente 15 mil brasileiros.

Além do “Anjo bom da Bahia”, também foram canonizados João Henrique Newman, Josefina Vannini, Maria Teresa Chiramel Mankidiyan, e Margarida Bays.

A celebração teve início com o rito da canonização, no qual o Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Cardeal Angelo Becciu, acompanhado dos postuladores, dirigiu-se ao Santo Padre para pedir que se proceda à canonização dos beatos. Em seguida, o Cardeal apresentou uma breve biografia de cada um deles. Depois, o Pontífice leu a fórmula de canonização.

INVOCAR

Na homilia, o Papa Francisco comentou o Evangelho deste 28º Domingo do Tempo Comum, que narra a cura de dez leprosos.

O Santo Padre destacou que a afirmação de Cristo “A tua fé te salvou” (Lc 17, 19), é o ponto de chegada do Evangelho de hoje, que mostra a todos o caminho da fé. “Neste percurso de fé, vemos três etapas cumpridas pelos leprosos curados, que invocam, caminham e agradecem”, disse o Papa.

Francisco acrescentou que, assim como hoje, os leprosos sofrem, além pela doença em si, mas pela exclusão social. No tempo de Jesus, eram considerados impuros e, como tais, deviam estar isolados, separados. Eles invocam Jesus “gritando” e o Senhor ouve o grito de quem está abandonado.

“Também nós – todos nós – necessitamos de cura, como aqueles leprosos. Precisamos de ser curados da pouca confiança em nós mesmos, na vida, no futuro; curados de muitos medos; dos vícios de que somos escravos; de tantos fechamentos, dependências e apegos: ao jogo, ao dinheiro, à televisão, ao celular, à opinião dos outros. O Senhor liberta e cura o coração, se O invocarmos”, exortou o Pontífice.

A fé cresce assim, prosseguiu o Papa, com a invocação confiante. “Invoquemos diariamente, com confiança, o nome de Jesus: Deus salva. Repitamo-lo: é oração. A oração é a porta da fé, a oração é o remédio do coração.”

CAMINHAR

A segunda etapa é caminhar. Os leprosos são curados não quando estão diante de Jesus, mas depois, enquanto caminham.

“É no caminho da vida que a pessoa é purificada, um caminho frequentemente a subir, porque leva para o alto. A fé requer um caminho, uma saída; faz milagres, se sairmos das nossas cómodas certezas, se deixarmos os nossos portos serenos, os nossos ninhos confortáveis”, afirmou o Papa.

Outro aspecto ressaltado pelo Santo Padre é o plural dos verbos: “a fé é caminhar juntos, jamais sozinhos”. Mas, uma vez curados, nove continuam pela sua estrada e apenas um regressa para agradecer. E Jesus então pergunta: “Onde estão os outros nove?”.

“Constitui nossa tarefa ocuparmo-nos de quem deixou de caminhar, de quem se extraviou: somos guardiões dos irmãos distantes. Quer crescer na fé? Ocupa-se dum irmão distante”, acrescentou o pontífice.

AGRADECER

A última etapa é agradecer. Ao leproso curado, Jesus diz: "A tua fé te salvou".

“Isto diz-nos que o ponto de chegada não é a saúde, não é o estar bem, mas o encontro com Jesus”, explicou Francisco.

O ponto culminante do caminho de fé é viver dando graças. O Papa então questiona: “Nós, que temos fé, vivemos os dias como um peso a suportar ou como um louvor a oferecer? Ficamos centrados em nós mesmos à espera de pedir a próxima graça, ou encontramos a nossa alegria em dar graças? Agradecer não é questão de cortesia, de etiqueta, mas questão de fé”.

O Papa completou que motivo para agradecer hoje são os novos santos, que caminharam na fé e agora são invocados como intercessores. Três deles, disse o Papa, são freiras, como Irmã Dulce, e mostram que a vida religiosa é um caminho de amor nas periferias existenciais do mundo.

QUEM FOI O IRMÃ DULCE

Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes nasceu em 26 de maio de 1914 em Salvador (BA). Aos 13 anos, manifestou o desejo de se consagrar a Deus. Já naquela época, inconformada com a pobreza, amparava miseráveis e carentes.

Aos 18 anos, recebeu o diploma de professora e entrou para a Congregação da Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus. Em 13 de agosto de 1933, recebeu o hábito religioso e adotou, em homenagem a sua mãe, o nome de Irmã Dulce.

OS POBRES

A primeira missão de Irmã Dulce como religiosa foi ensinar em um colégio mantido pela Congregação, em Salvador. No encontro, o seu pensamento estava voltado para o trabalho com os pobres. Já em 1935, dava assistência à comunidade pobre de Alagados, conjunto de palafitas localizado na parte interna do bairro de Itapagipe. Nessa mesma época, começou a atender também os operários que viviam no bairro, criando um posto médico e fundando, em 1936, a União Operária São Francisco.

Em 1937, fundou, com Frei Hildebrando Kruthaup, o Círculo Operário da Bahia. Em maio de 1939, Irmã Dulce inaugurou o Colégio Santo Antônio, escola pública voltada para operários e filhos de operários, no bairro da Massaranduba.

A OBRA

No mesmo ano, ocupando um barracão, passou a abrigar pessoas em situação de rua e doentes, levados depois ao Mercado do Peixe, nos Arcos do Bonfim. Desalojados pela Prefeitura da cidade, acolheu-os, com a permissão da madre superiora, no galinheiro do Convento, transformado, em 1960, em Albergue Santo Antônio, com 150 leitos (hoje o Hospital Santo Antônio).

Irmã Dulce inaugurou ainda um asilo, o Centro Geriátrico Júlia Magalhães, e um orfanato, o Centro Educacional Santo Antônio e, em 1983, inaugurou o novo Hospital Santo Antônio.

Em 1988, foi indicada, pelo então presidente da República José Sarney, ao Prêmio Nobel da Paz.

Em 7 de julho de 1980, teve seu primeiro encontro com São João Paulo II por ocasião da visita dele ao País. O segundo encontro foi em 20 de outubro de 1991, quando ela já estava bastante debilitada por problemas respiratórios. O Anjo bom da Bahia morreu em 13 de março de 1992, com 77 anos.

PROCESSO DE CANONIZAÇÃO

A causa da canonização de Irmã Dulce começou em janeiro de 2000. Suas virtudes heroicas foram reconhecidas em abril de 2009, sendo, então, considerada Venerável.

Em 10 de dezembro de 2010, o Pontífice reconheceu o primeiro milagre e autorizou a beatificação da Religiosa. Trata-se da recuperação de uma paciente que teve uma grave hemorragia pós-parto e cujo sangramento subitamente parou, sem intervenção médica.

Para a Santa Sé, são necessárias quatro exigências para o reconhecimento de um milagre: ser preternatural (a ciência não consegue explicar), instantâneo (acontecer imediatamente após a oração e o pedido de intercessão), duradouro e perfeito.

BEATIFICAÇÃO

A beatificação de Irmã Dulce aconteceu em 22 de maio de 2011, em Salvador, em missa presidida pelo Cardeal Geraldo Majella Agnelo, Arcebispo Emérito de Salvador e delegado papal do rito de beatificação, então Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, com a participação de 70 mil pessoas. A Religiosa recebeu o título de Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, tendo como data de sua memória litúrgica o dia 13 de agosto.

No mesmo dia da beatificação, após a oração do Angelus, no Vaticano, Bento XVI dirigiu uma saudação aos fiéis de Língua Portuguesa, destacando que a Bem-Aventurada “deixou atrás de si um prodigioso rastro de caridade ao serviço dos últimos, levando o Brasil inteiro a ver nela ‘a mãe dos desamparados’”.

LEGADO 

Fundadas em 1959, as Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) atualmente são um dos maiores complexos de saúde com atendimento 100% gratuito do Brasil. São 3,5 milhões de atendimentos ambulatoriais por ano a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), entre idosos, pessoas com deficiência, crianças e adolescentes em situação de risco social, dependentes químicos e pessoas em situação de rua.

De acordo com as OSID, nos últimos 25 anos, foram contabilizados 60 milhões de atendimentos ambulatoriais e mais de 280 mil cirurgias realizadas.

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Irmã Dulce será canonizada no domingo

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11 de outubro de 2019

A brasileira Irmã Dulce Lopes Pontes, o “Anjo bom da Bahia”, será proclamada santa no domingo, 13. Na mesma celebração, que será presidida pelo Papa Francisco na Praça São Pedro, também serão canoniza dos outros quatro beatos: João Henrique Newman, Margarida Bays, Josefina Vannini, Maria Teresa Chiramel Mankidiyan.

No Brasil, a celebração será transmitida por diversas emissoras de televisão e pela internet, a partir das 5h (horário de Brasília).  

QUEM FOI O IRMÃ DULCE

Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes nasceu em 26 de maio de 1914 em Salvador (BA). Aos 13 anos, manifestou o desejo de se consagrar a Deus. Já naquela época, inconformada com a pobreza, amparava miseráveis e carentes.

Aos 18 anos, recebeu o diploma de professora e entrou para a Congregação da Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus. Em 13 de agosto de 1933, recebeu o hábito religioso e adotou, em homenagem a sua mãe, o nome de Irmã Dulce.

OS POBRES

A primeira missão de Irmã Dulce como religiosa foi ensinar em um colégio mantido pela Congregação, em Salvador. No encontro, o seu pensamento estava voltado para o trabalho com os pobres. Já em 1935, dava assistência à comunidade pobre de Alagados, conjunto de palafitas localizado na parte interna do bairro de Itapagipe. Nessa mesma época, começou a atender também os operários que viviam no bairro, criando um posto médico e fundando, em 1936, a União Operária São Francisco.

Em 1937, fundou, com Frei Hildebrando Kruthaup, o Círculo Operário da Bahia. Em maio de 1939, Irmã Dulce inaugurou o Colégio Santo Antônio, escola pública voltada para operários e filhos de operários, no bairro da Massaranduba.

A OBRA

No mesmo ano, ocupando um barracão, passou a abrigar pessoas em situação de rua e doentes, levados depois ao Mercado do Peixe, nos Arcos do Bonfim. Desalojados pela Prefeitura da cidade, acolheu-os, com a permissão da madre superiora, no galinheiro do Convento, transformado, em 1960, em Albergue Santo Antônio, com 150 leitos (hoje o Hospital Santo Antônio).

Irmã Dulce inaugurou ainda um asilo, o Centro Geriátrico Júlia Magalhães, e um orfanato, o Centro Educacional Santo Antônio e, em 1983, inaugurou o novo Hospital Santo Antônio.

Em 1988, foi indicada, pelo então presidente da República José Sarney, ao Prêmio Nobel da Paz.

Em 7 de julho de 1980, teve seu primeiro encontro com São João Paulo II por ocasião da visita dele ao País. O segundo encontro foi em 20 de outubro de 1991, quando ela já estava bastante debilitada por problemas respiratórios. O Anjo bom da Bahia morreu em 13 de março de 1992, com 77 anos.

PROCESSO DE CANONIZAÇÃO

A causa da canonização de Irmã Dulce começou em janeiro de 2000. Suas virtudes heroicas foram reconhecidas em abril de 2009, sendo, então, considerada Venerável.

Em 10 de dezembro de 2010, o Pontífice reconheceu o primeiro milagre e autorizou a beatificação da Religiosa. Trata-se da recuperação de uma paciente que teve uma grave hemorragia pós-parto e cujo sangramento subitamente parou, sem intervenção médica.

Para a Santa Sé, são necessárias quatro exigências para o reconhecimento de um milagre: ser preternatural (a ciência não consegue explicar), instantâneo (acontecer imediatamente após a oração e o pedido de intercessão), duradouro e perfeito.

BEATIFICAÇÃO

A beatificação de Irmã Dulce aconteceu em 22 de maio de 2011, em Salvador, em missa presidida pelo Cardeal Geraldo Majella Agnelo, Arcebispo Emérito de Salvador e delegado papal do rito de beatificação, então Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, com a participação de 70 mil pessoas. A Religiosa recebeu o título de Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, tendo como data de sua memória litúrgica o dia 13 de agosto.

No mesmo dia da beatificação, após a oração do Angelus, no Vaticano, Bento XVI dirigiu uma saudação aos fiéis de Língua Portuguesa, destacando que a Bem-Aventurada “deixou atrás de si um prodigioso rastro de caridade ao serviço dos últimos, levando o Brasil inteiro a ver nela ‘a mãe dos desamparados’”.

LEGADO 

Fundadas em 1959, as Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) atualmente são um dos maiores complexos de saúde com atendimento 100% gratuito do Brasil. São 3,5 milhões de atendimentos ambulatoriais por ano a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), entre idosos, pessoas com deficiência, crianças e adolescentes em situação de risco social, dependentes químicos e pessoas em situação de rua.

De acordo com as OSID, nos últimos 25 anos, foram contabilizados 60 milhões de atendimentos ambulatoriais e mais de 280 mil cirurgias realizadas.

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Irmã Dulce: canonização terá ingressos disponíveis em outubro

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28 de agosto de 2019

Estarão disponíveis, a partir de 1º de outubro, os ingressos para a cerimônia de comemoração da canonização da Beata Dulce dos Pobres, em Salvador (BA), que ocorrerá em 20 de outubro deste ano, uma semana após a canonização no Vaticano. Os ingressos gratuitos serão distribuídos pelas paróquias da Arquidiocese de Salvador. O evento será na Arena Fonte Nova. 


Aqueles de fora de Salvador que desejam assistir às comemorações devem entrar em contato com a Secretaria da Canonização das Obras Sociais Irmã Dulce pelo e-mail canonizacao@irmadulce.org.br para pedir os ingressos. Nesse caso, a retirada ocorrerá no Santuário da Irmã Dulce em 19 de outubro, e na Arena Fonte Nova no dia 20 do mesmo mês. 


O evento contará com diversas atrações culturais, dentre elas um teatro sobre a história de Irmã Dulce, com aproximadamente 650 atores, sendo 500 crianças e adolescentes assistidos pelo Centro Educacional Santo Antônio.
 

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Canonização de Irmã Dulce e mais quatro beatos será no dia 13 de outubro

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01 de julho de 2019

O Papa Francisco presidiu, nesta segunda-feira (1º/07), na Sala Clementina, no Vaticano, o Consistório Ordinário Público para a Canonização de cinco Beatos, dentre os quais Irmã Dulce Lopes Pontes.

Durante o Consistório, o Santo Padre anunciou a data de canonização dos cinco beatos. Será no domingo, 13 de outubro próximo.

Além de Irmã Dulce, serão canonizados os seguintes beatos: John Henry Newman, cardeal, fundador do Oratório de São Filipe Néri na Inglaterra; Giuseppina Vannini (no século Giuditta Adelaide Agata), fundadora das Filhas de São Camilo;  Maria Teresa Chiramel Mankidiyan, fundadora da Congregação das Irmãs da Sagrada Família e Margherita Bays, Virgem, da Ordem Terceira de São Francisco de Assis.

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Irmã Dulce será proclamada santa

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15 de mai de 2019

Os católicos brasileiros receberam a notícia de que uma das grandes testemunhas do amor a Deus e serviço ao próximo no Brasil, Irmã Dulce dos Pobres, será canonizada.

Na terça-feira, 14, o Papa Francisco reconheceu o segundo milagre atribuído à intercessão da Bem-Aventurada baiana, o que possibilita, assim, ser proclamada santa da Igreja.

A notícia foi recebida com alegria na Arquidiocese de Salvador (BA), onde Irmã Dulce nasceu e dedicou a sua vida ao cuidado dos pobres, tornando-se conhecida como “O Anjo bom da Bahia”.

Segundo informações divulgadas pela Arquidiocese de Salvador, o milagre reconhecido tem relação com uma pessoa cega que recuperou a visão enquanto dormia. Ainda não foi divulgada, no entanto, a identidade da pessoa miraculada nem quando e onde o milagre aconteceu.

 

GRAÇA E RESPONSABILIDADE

O Arcebispo de Salvador, Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, afirmou para a rádio 9 de Julho que a canonização de Irmã Dulce é para a Igreja no Brasil, ao mesmo tempo, uma graça e uma responsabilidade. “Uma graça porque será a primeira santa nascida no Brasil, em Salvador, onde viveu a maior parte de sua vida”, disse.

Dom Murilo destacou, ainda, que Irmã Dulce demonstra que não é necessário ter dons extraordinários, cultura excepcional ou muitos recursos para ser santo. “Muito pelo contrário, ela nos ensina que o importante é fazermos a nossa parte, deixarmos que o Espírito Santo nos conduza.”

O Arcebispo acrescentou que os conterrâneos e devotos de Irmã Dulce têm a responsabilidade de imitar o seu exemplo. “Não nos tornamos santos automaticamente porque ela será canonizada. Temos nela um modelo, uma maneira de seguir Jesus Cristo e o estímulo da Igreja que nos lembra que precisamos de santos.”

 

MODELO DE SANTIDADE

“Irmã Dulce fez a parte dela e agora nos motiva a fazer a nossa parte para construirmos um mundo mais solidário e fraterno”, continuou o Arcebispo, lembrando que, na medida em que se dedicou aos pobres, a Bem-Aventurada soube multiplicar as pessoas que se dedicavam aos mais necessitados.

“Ela pedia a todos, ao presidente da República, governador, prefeito, ao quitandeiro, a uma pessoa simples que a encontrava. Pedia sempre em função dos seus pobres. Seu coração estava voltado para Jesus e, consequentemente, para os pobres.”

 

Quem foi o Anjo bom da Bahia

 

Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes nasceu em 26 de maio de 1914 em Salvador (BA). Aos 13 anos, manifestou o desejo de se consagrar a Deus. Já naquela época, inconformada com a pobreza, amparava miseráveis e carentes.

Aos 18 anos, recebeu o diploma de professora e entrou para a Congregação da Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus. Em 13 de agosto de 1933, recebeu o hábito religioso e adotou, em homenagem a sua mãe, o nome de Irmã Dulce.

 

OS POBRES

A primeira missão de Irmã Dulce como religiosa foi ensinar em um colégio mantido pela Congregação, em Salvador. No encontro, o seu pensamento estava voltado para o trabalho com os pobres. Já em 1935, dava assistência à comunidade pobre de Alagados, conjunto de palafitas localizado na parte interna do bairro de Itapagipe. Nessa mesma época, começou a atender também os operários que viviam no bairro, criando um posto médico e fundando, em 1936, a União Operária São Francisco.

Em 1937, fundou, com Frei Hildebrando Kruthaup, o Círculo Operário da Bahia. Em maio de 1939, Irmã Dulce inaugurou o Colégio Santo Antônio, escola pública voltada para operários e filhos de operários, no bairro da Massaranduba.

 

A OBRA

No mesmo ano, ocupando um barracão, passou a abrigar pessoas em situação de rua e doentes, levados depois ao Mercado do Peixe, nos Arcos do Bonfim. Desalojados pela Prefeitura da cidade, acolheu-os, com a permissão da madre superiora, no galinheiro do Convento, transformado, em 1960, em Albergue Santo Antônio, com 150 leitos (hoje o Hospital Santo Antônio).

Irmã Dulce inaugurou ainda um asilo, o Centro Geriátrico Júlia Magalhães, e um orfanato, o Centro Educacional Santo Antônio e, em 1983, inaugurou o novo Hospital Santo Antônio.

Em 1988, foi indicada, pelo então presidente da República José Sarney, ao Prêmio Nobel da Paz.

Em 7 de julho de 1980, teve seu primeiro encontro com São João Paulo II por ocasião da visita dele ao País. O segundo encontro foi em 20 de outubro de 1991, quando ela já estava bastante debilitada por problemas respiratórios. O Anjo bom da Bahia morreu em 13 de março de 1992, com 77 anos.

 

PROCESSO DE CANONIZAÇÃO

A causa da canonização de Irmã Dulce começou em janeiro de 2000. Suas virtudes heroicas foram reconhecidas em abril de 2009, sendo, então, considerada Venerável.

Em 10 de dezembro de 2010, o Pontífice reconheceu o primeiro milagre e autorizou a beatificação da Religiosa. Trata-se da recuperação de uma paciente que teve uma grave hemorragia pós-parto e cujo sangramento subitamente parou, sem intervenção médica.

Para a Santa Sé, são necessárias quatro exigências para o reconhecimento de um milagre: ser preternatural (a ciência não consegue explicar), instantâneo (acontecer imediatamente após a oração e o pedido de intercessão), duradouro e perfeito.

 

BEATIFICAÇÃO

A beatificação de Irmã Dulce aconteceu em 22 de maio de 2011, em Salvador, em missa presidida pelo Cardeal Geraldo Majella Agnelo, Arcebispo Emérito de Salvador e delegado papal do rito de beatificação, então Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, com a participação de 70 mil pessoas. A Religiosa recebeu o título de Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, tendo como data de sua memória litúrgica o dia 13 de agosto.

No mesmo dia da beatificação, após a oração do Ângelus, no Vaticano, Bento XVI dirigiu uma saudação aos fiéis de Língua Portuguesa, destacando que a Bem-Aventurada “deixou atrás de si um prodigioso rastro de caridade ao serviço dos últimos, levando o Brasil inteiro a ver nela ‘a mãe dos desamparados’”.

(Colaborou Flávio Rogério Lopes)
 

O LEGADO DE IRMÃ DULCE

Fundadas em 1959, as Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) atualmente são um dos maiores complexos de saúde com atendimento 100% gratuito do Brasil. São 3,5 milhões de atendimentos ambulatoriais por ano a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), entre idosos, pessoas com deficiência, crianças e adolescentes em situação de risco social, dependentes químicos e pessoas em situação de rua.

De acordo com as OSID, nos últimos 25 anos, foram contabilizados 60 milhões de atendimentos ambulatoriais e mais de 280 mil cirurgias realizadas.

 

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