‘O lugar do cristão é nas mãos de Deus’

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07 de novembro de 2019

Pela primeira vez em uma catacumba, o Papa Francisco presidiu a missa do Dia de Finados e destacou três palavras-chave para a vida de todo cristão: identidade, lugar e esperança. “O lugar do cristão é nas mãos de Deus, onde Ele quer”, disse o Santo Padre, na celebração do sábado, 2.
A cerimônia foi nas Catacumbas de Priscila, em Roma, com irmãs beneditinas e alguns convidados. Após a missa, Francisco visitou as catacumbas e parou por alguns minutos diante de uma imagem de Nossa Senhora, do terceiro século. Em seguida, voltou ao Vaticano e rezou junto aos túmulos dos pontífices que já morreram.

Identidade
Nas palavras do Papa, o que define todo cristão, independentemente a que grupo pertença, são as beatitudes, ou bem-aventuranças. O ensinamento está no Evangelho segundo São Mateus (5,1-12), bem como no Evangelho segundo São Lucas (6,20-49). As narrações traçam qual é o perfil do seguidor de Jesus Cristo: pobre em espírito, manso, aflito, tem fome e sede de justiça, misericordioso, puro de coração, promotor da paz e perseguido por causa da justiça.
Essa mesma identidade buscavam os primeiros cristãos, diz o Papa, e, também, os de hoje. “Se você segue isso [as bem-aventuranças], você é cristão”, afirmou. Mesmo que pertença a um ou outro movimento ou associação, “a sua carteira de identidade é essa [o Evangelho], e se você não tem isso, não serve para nada os movimentos ou os pertencimentos. Ou você vive assim, ou não é cristão.”
As “bem-aventuranças” são, nas palavras do Papa Francisco, “o grande protocolo” do cristão. “Sem isso, não há identidade, mas só a ficção de ser cristãos”, acrescentou.

Lugar
As catacumbas são antigos cemitérios subterrâneos onde os primeiros cristãos de Roma sepultavam seus mortos e se reuniam para rezar, às vezes de forma escondida, em períodos de perseguição. O Papa Francisco associou essa situação dos primeiros cristãos à de tantos outros que, ainda hoje, precisam esconder sua identidade e rezar de forma escondida por causa da perseguição.
“O lugar do cristão é um pouco em todos os lugares, nós não temos um lugar privilegiado na vida”, lembrou, ainda que alguns queiram se autoproclamar “cristãos qualificados”. Na verdade, continuou o Papa na homilia, “o lugar do cristão é nas mãos de Deus”.
Essas mãos são aquelas com chagas, “as mãos de seu Filho que quis levar consigo as chagas para mostrar o Pai e interceder por nós”. Por isso, o lugar do cristão é junto de Jesus, diante do Pai. “Nas mãos de Deus, estamos seguros, aconteça o que acontecer, até mesmo a cruz.”

Esperança
Homens e mulheres de esperança os cristãos se tornam ao se colocar nas mãos de Deus, afirmou Francisco. A vida eterna é “aquela Pátria aonde todos iremos” e, para chegar ali, não são necessários comportamentos sofisticados, mas somente mostrar a “carteira de identidade”.
“Nossa esperança está no Céu, a nossa esperança está ancorada ali, com a corda na mão, sustentamo-nos olhando aquela margem de rio que devemos atravessar”, comentou. A esperança, o futuro está lá, do outro lado do rio, mas estamos “bem presos à corda”. 
“Isso é importante: sempre agarrados à corda. Tantas vezes, veremos somente a corda, ou nem sequer a corda, ou tampouco a outra margem. Mas você, agarrado à corda, chegará seguro”, disse o Papa Francisco.

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‘Não é coisa ruim sentir saudades de quem a gente ama’

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07 de novembro de 2019

Na tarde do sábado, 2, aproximadamente cem pessoas participaram da missa das 15h no Cemitério Municipal da Lapa, mais conhecido como “Cemitério das Goiabeiras”, na Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos.
A missa foi presidida por Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa. No início da celebração, ele lembrou que a morte sempre é um mistério, por maior que seja a nossa fé. Depois, pediu um minuto de silêncio para que todos rezassem em memória das pessoas já falecidas, em especial “dos fiéis defuntos sepultados neste cemitério e de todas as pessoas que trazemos no coração. Vamos confiá-las a Deus e vamos entregá-las na mão do Pai”.
O Bispo, na homilia, ressaltou ser aquele um dia em que “nos lembramos daqueles que viveram conosco, participando em nossas vidas, que já faleceram. Sentimos muita saudade. Não é uma coisa ruim sentir saudades de quem a gente ama e de quem nos amou”. 
Além desta missa, outras foram celebradas no cemitério: às 8h, 10h, 12h e 17h, organizadas pelas paróquias do Setor Pastoral Leopoldina.  
 

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Intensa programação na Paróquia Sagrado Coração de Jesus em Sufrágio das Almas

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07 de novembro de 2019

A Paróquia Sagrado Coração de Jesus em Sufrágio das Almas, popularmente conhecida como “Santuário das Almas”, teve uma programação por ocasião da Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos. 
Com o tema “Levando Deus ao coração da cidade e levando a cidade ao coração de Deus”, a programação teve início com uma novena preparatória para o Dia de Finados, realizando uma “Via-Sacra pelas Almas”, entre 24 de outubro e 1º de novembro. No sábado, 2,  as missas aconteceram de hora em hora, das 6h às 18h, e houve ainda uma missa às 19h30. Durante todo o dia, os sacerdotes conferiram bênçãos individuais, além do sacramento da Penitência.
A missa das 8h foi presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé; e a das 10h por Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa. Já as celebrações das 16h e 18h tiveram a presidência de Dom Manoel Ferreira dos Santos Júnior, MSC, Bispo de Registro (SP).

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‘Todos aqueles que Nele crerem, com Ele ressurgirão para a vida eterna’

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06 de novembro de 2019

O Dia de Finados, no sábado, 2, foi de intensa movimentação no Cemitério da Vila Formosa, na zona Leste da cidade, o maior da América Latina.
Inaugurado há 70 anos, em maio de 1949, o espaço de aproximadamente 780 mil m² – quarta maior área verde da cidade de São Paulo – possui sinais da fé em diferentes lugares, como na capela instalada próxima ao portão da entrada II, onde imagens da Virgem Maria e de santos são encontradas adornadas com flores. Regularmente, grupos da Pastoral das Exéquias de paróquias da Região Episcopal Belém se revezam para prestar assistência religiosa no cemitério e, sempre na terceira quarta-feira de cada mês, às 15h, é celebrada uma missa.
Todos os anos, na Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, também acontecem missas. Este ano, foram seis, uma a cada duas horas, no palco montado próximo à quadra em que estão sepultadas pessoas desconhecidas. A última delas, às 16h, foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, que no início da missa disse que recordar os falecidos diante de Deus “significa apresentar nossa intercessão por eles, pedindo que Deus os acolha e lhes dê a vida eterna”. 

FÉ NO DEUS DA VIDA
O Arcebispo, na homilia, disse que o Dia de Finados recorda a todos a finitude da vida, mas que, para aqueles que testemunham a fé, como Jó, que se manteve fiel a Deus mesmo diante das maiores dificuldades, há a certeza no Cristo Redentor, que vive e que é capaz de retirar alguém do pó da morte para que participe com Ele do banquete da vida eterna. “Deus vive e nos fará viver. Quem se agarra em Deus não será desiludido. Mesmo passando por sofrimentos, provações nesta vida, não deve se desesperar”, afirmou. 
Dom Odilo lembrou, ainda, que em Jesus Cristo, que ressuscitou dos mortos, os cristãos encontram a resposta para a morte e para o sentido da vida, e que Deus tem o poder para dar aos que já faleceram “um corpo que não é mais feito para este mundo, um corpo glorioso, e assim entendemos o que está no livro de Jó – ‘Eu verei Deus nesta minha pele, com estes meus olhos’. Deus nos transfigurará no corpo e na alma para termos parte na vida eterna, na ressurreição de Jesus. Portanto, não será a ressurreição para este mundo, para esta vida, mas a ressurreição para a vida eterna”, detalhou. 

ESCOLHER O BOM CAMINHO
Dom Odilo afirmou, ainda, que Jesus veio ao mundo para que todos possam alcançar a vida eterna, tanto aqueles que já estão nos caminhos de Deus quanto os que vivem no pecado, mas que ainda podem encontrar a Salvação. 
“Hoje, no Dia de Finados, pensamos nos falecidos, e ainda mais pensamos em nós, porque amanhã estaremos também entre eles. O tempo de viver é hoje: tempo de aderir a Deus, tempo de fazer as escolhas. Olhando para o túmulo dos falecidos, somos levados a pensar: ‘E eu? O que estou fazendo? Para onde estou indo? Para onde levo a minha vida? Isso também deveria nos dar um grande desejo de ajudar as pessoas que eventualmente não têm qualquer preocupação com isso, que estão em caminhos errados que levam à perdição. Deveríamos ter a preocupação em ajudar nossos irmãos a encontrar o caminho, a fazer a escolha certa, enquanto é tempo, enquanto vivemos”, disse o Arcebispo Metropolitano. 
Dom Odilo lembrou, ainda, que pelos já falecidos é possível fazer orações de intercessão, para que sejam acolhidos por Deus e para que em Sua misericórdia lhes perdoe o pecado e lhes conceda a vida eterna. E para todos os viventes, a recomendação é a de viver a cada dia segundo a Palavra de Deus e na firme confiança da resposta cristã diante da morte: “O próprio Jesus é o príncipe dos mortos, e todos aqueles que Nele crerem neste mundo, com Ele também ressurgirão para a vida eterna”. 

PREPARAÇÃO
Ao final da missa, Dom Odilo convidou os fiéis rezar a oração em favor dos falecidos que foi distribuída em todas as paróquias da Arquidiocese naquele dia, e recomendou que a oração também seja feita às pessoas enfermas que se aproximam do fim da vida, bem como em velórios.
 “Se vocês sabem de alguém que está morrendo ou que acabou de falecer, se for ao velório, faça a oração. Nossos velórios, às vezes, parecem velórios de pagãos. Eles devem ser de reza, da Palavra de Deus, de esperança. Precisamos dar sinal daquilo que nós cremos”, exortou.
Por fim, ressaltou que todos os católicos são chamados a um gesto de misericórdia cristã com quem está próximo da morte. “Levem uma palavra boa, a palavra da fé. Rezem com ele, façam com que se prepare para o grande momento da partida desta vida, que é o momento mais importante deste mundo, pois vamos partir daqui para nos encontrar com Deus e cair nos braços Dele.” Com isso, afirmou Dom Odilo, é possível preparar a pessoa para uma morte feliz e serena, “com fé no coração, com esperança em Deus, e sabendo que não cairá no vazio”. Ele também recomendou que se peça a intercessão da Virgem Maria nesta hora.

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A vida para quem crê não é tirada, mas transformada’

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01 de novembro de 2019

O luto, diante da morte de uma pessoa querida, é, indiscutivelmente, uma fase difícil, para a maioria quase absoluta das pessoas. Dor que angustia e que, muitas vezes, parece não ter fim. E, embora o luto seja um sentimento universal, cada pessoa reage de uma forma e precisa de um tempo específico para sair dele. Em todos os casos, porém, o luto é indispensável e pode ser uma oportunidade para refletir sobre a vida e valorizá-la sempre mais.

AMOR DE MÃE
É a primeira vez que Claudia Lucena Grandini, 42, conta sua história para além do círculo de amigos e família. Ela perdeu a filha, Vanessa Grandini Ferreira, quase dois anos atrás, quando a jovem havia completado 20 anos. 
Era a manhã do dia 20 de novembro de 2017, quando os pais de Vanessa a encontraram no banheiro, já sem vida. Ela faleceu por consequência de uma embolia pulmonar, decorrente de uma trombose. 
“Mudamos para aquele apartamento havia cerca de três meses e estávamos ali para realizar um sonho da Vanessa, de morar perto de uma estação de metrô. Quando ela faleceu, não sabíamos o que fazer, para onde ir. Demoramos seis meses, e a mudança não foi fácil, pois tivemos que retirar todos os objetos dela e decidir o que fazer com eles. Foi uma segunda perda”, disse a mãe.
Diagnosticada com endometriose desde a adolescência, Vanessa tomava remédios que, possivelmente, causaram a trombose. Como ela tinha problemas respiratórios, não resistiu e, em questão de segundos, tudo aconteceu.
Vanessa estava namorando, cursava Relações Internacionais e tinha conseguido uma vaga de emprego em uma grande empresa. “Era um momento de realização. Ela estava muito feliz”, recordou Claudia.
Para a mãe, o mais difícil foi e, continua sendo, retomar a rotina. “Tenho comemorado cada pequena conquista. Às vezes, o fato de comer um doce que ela gostava ou ir a algum lugar que frequentávamos sempre, já me deixa feliz. À noite, quase não consigo dormir, pois lembro que a esperava chegar da faculdade. Além disso, ela me ligava perguntando o que eu ia fazer para o jantar e, no fim de semana, combinávamos um programa juntas. Era uma filha muito querida e sempre presente.”
Com o tempo e depois de buscar ajuda, Claudia começou a controlar o choro repentino e os momentos em que se sentia sufocada por uma dor angustiante. “Além dos amigos e da família, faço terapia e tomo remédios. Posso afirmar que a ajuda da comunidade católica também foi muito importante.”

APOIO E COMPREENSÃO
“Quando a Vanessa faleceu, num primeiro momento, eu culpei Deus, pois aquilo não era justo. Mas, com o tempo, percebi que, se não tivesse fé, eu não teria suportado. Um dia, fui ao Santuário São Judas Tadeu, no Jabaquara, para rezar. Ajoelhei-me aos pés da imagem de Nossa Senhora e pedi que ela – Mãe de Jesus – cuidasse da minha filha. De repente, todas as luzes ao redor da imagem se acenderam. Tive um sentimento muito forte de gratidão e acreditei que, verdadeiramente, minha filha estava com Deus, já que ela era uma pessoa tão iluminada e, por isso, só poderia estar junto Dele. Após este dia, eu me senti muito melhor.”
A fé, a oração e a participação na comunidade foram essenciais para Claudia. Além disso, ela foi apoiada por todos, inclusive na empresa em que trabalha. 
“Tive uma redução de carga horária para cuidar melhor de mim. Isso foi maravilhoso, pois eu não tinha mais forças para trabalhar o dia inteiro e, se eles não tivessem percebido isso, eu poderia estar fora do trabalho, o que seria mais uma perda”, explicou.
Claudia sonha em escrever um livro sobre sua história. “Eu li muita coisa sobre o luto, e o que mais me ajudou foram os testemunhos de outras mães. Por isso, eu quero escrever, para ajudar as pessoas, compartilhar a dor e o amor”, disse.

NOS BRAÇOS DO FILHO
Era o dia 10 de setembro, quando Carmen Bonizol Bernardes, sorrindo, faleceu nos braços do filho, Jorge Bernardes, 62. Ela completava, naquele dia, 94 anos de idade e morreu após permanecer três meses acamada, pois caiu em casa e quebrou o fêmur, não conseguindo se restabelecer. 
O filho mais novo entre quatro irmãos é padre na Arquidiocese de São Paulo e pároco na Paróquia Santa Rita de Cássia, na Região Episcopal Ipiranga. Quando falou sobre a mãe, em entrevista ao O SÃO PAULO, ele recordou que ela não aparentava a idade que tinha e, mesmo após os 90 anos, zelava da casa e das flores e ainda cuidava dele e das irmãs, quando, por algum motivo, ficavam doentes.
“Minha mãe praticava tai chi chuan junto ao grupo de idosos do Sesc, ia sempre à missa e rezava o Terço todos os dias, às seis horas da tarde.” As lembranças, tão afetuosas, foram acompanhadas de muita emoção quando Padre Jorge falou sobre a morte da mãe e como tem vivido o luto.
Ele contou sobre como sua mãe era sociável e tinha se integrado bem à comunidade desde quando começou a frequentar a casa paroquial, na região da Água Rasa. “Ela me ajudou muito na casa, fazia compras com seu próprio dinheiro e era feliz por isso. Sabia os limites da sua maternidade, não invadia minha liberdade. Quando eu chegava à minha casa, cansado, encontrava a mesa posta e um sorriso aberto e compreensivo. Era como se ela visse meu coração, mais do que minha aparência.”
Três meses antes do falecimento da mãe, Padre Jorge resolveu que precisava cuidar dela e começou a passar parte da semana no hospital.  “Foram meses difíceis, pois ela quase não conseguia dormir. Rezávamos o Terço sempre e, quando percebemos que os remédios contra dor estavam causando perda em sua memória ou capacidade mental, por decisão dela, diminuímos os analgésicos, o que lhe causava ainda mais dor”, explicou.

FÉ E GRATIDÃO
“Eu pedi a Deus a graça de cuidar dela e Ele me permitiu fazer isso durante três meses. Pedi que a passagem dela não fosse marcada por sofrimento ou violência, e Ele me concedeu, pois a mãe morreu em casa. Pedi ainda que eu estivesse junto dela, quando ela morresse e assim aconteceu, pois ela morreu nos meus braços. Assim, enquanto eu viver, não me cansarei de render graças a Deus por tudo isso”, afirmou Padre Jorge.
O Sacerdote salientou que a morte de um ente querido, não importa a idade ou as circunstâncias, sempre será uma grande dor. “Precisamos aprender sobre a perda. Precisamos explicar ao corpo o que significa não ter mais a pessoa querida. Todos sofrem com a morte e, por isso, a dor nos iguala”, disse. 
Ele explicou ainda que o sentimento de perda vem da ordem das emoções e, por isso, não é possível ter controle sobre ele. “Por isso, mesmo pessoas de fé sofrem muito com a perda de um ente querido, porque a emoção vem a partir do desconhecido mundo psíquico. Já a fé é da ordem da razão e, por isso, é possível decidir que, mesmo diante de um grande sofrimento, é preciso estar de pé e acreditar que as pessoas queridas estão protegidas na presença de Deus”, disse. 
“É pela fé que decidimos continuar, pois acreditamos em Deus, que nos regenera e nos devolve o gosto pela vida. Pelo luto, tomamos conhecimento da morte, nos colocamos numa atitude de humildade e confiança e acreditamos que, um dia, estaremos também nós na presença de Deus”, continuou Padre Jorge.

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Dia de reafirmar a esperança na ressurreição e na vida eterna

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29 de outubro de 2019

Fazer memória daqueles que os precederam na fé é uma tradição dos cristãos desde as primeiras comunidades. No entanto, a reserva de uma data aos finados ocorreu oficialmente apenas no século XIV, em Roma. Em 1915, diante da grande quantidade de mortos nos conflitos da 1ª Guerra Mundial (1914-1918), o Papa Bento XV recomendou que, a cada 2 de novembro, a Igreja realize a Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos.
“A Igreja, desde os primeiros tempos, cultiva com grande piedade a memória dos defuntos e oferece por eles seu sufrágio, ou seja, oferece orações e missas para manter a comunhão com aqueles batizados que se foram”, recordou, ao O SÃO PAULO, o Padre José Arnaldo Juliano dos Santos, teólogo-perito em Eclesiologia. 

UNIDOS NA FÉ
Na Constituição Dogmática Lumen Gentium (LG), na referência à união da Igreja celeste com a Igreja peregrina, indica-se que “todos os que são de Cristo e têm o Seu Espírito estão unidos numa só Igreja e ligados uns aos outros Nele (cf. Ef 4,16). E, assim, de modo nenhum se interrompe a união dos que ainda caminham sobre a terra com os irmãos que adormeceram na paz de Cristo”. 
Nesse sentido, a Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, em 2 de novembro, relembra aos viventes sua união com os que os precederam na fé, de modo que, “reconhecendo claramente esta comunicação de todo o Corpo místico de Cristo, a Igreja dos que ainda peregrinam venerou, com muita piedade, desde os primeiros tempos do Cristianismo, a memória dos defuntos; e, ‘porque é um pensamento santo e salutar rezar pelos mortos, para que sejam livres de seus pecados’ (2Mc 12,46), por eles ofereceu também sufrágios’ (LG,50)”, consta no Catecismo da Igreja Católica (CIC,958), “particularmente o sacrifício eucarístico para que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus” (CIC,1032). 

INDULGÊNCIAS

Esse estrito sinal de fraternidade cristã entre os viventes e os já falecidos também pode ser demonstrado com a obtenção da indulgência plenária para a alma de quem já morreu. “Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do purgatório a remissão das penas temporais, sequelas dos pecados” (CIC, 1498)
Para tal, em 2 de novembro, o fiel deve seguir o que prescreve a Constituição Apostólica Indulgentiarum Doctrina, de São Paulo VI: confessar-se bem, rejeitando todo pecado; participar da Santa Missa e comungar com esta intenção; rezar pelo Papa ao menos um Pai-Nosso, Ave-Maria e o Glória; e visitar o cemitério e rezar pelo falecido, sendo que esta última condição pode ser cumprida entre 1º e 8 de novembro. 

‘NÓS CREMOS NA RESSURREIÇÃO DA CARNE’
O Dia de Finados também coloca o vivente diante de um dos pilares da fé cristã: a esperança na ressurreição da carne, o corpo, que, mediante o Batismo, tornou-se templo do Espírito Santo. 
“Na morte, separação da alma e do corpo, o corpo do homem cai na corrupção, enquanto a sua alma vai ao encontro de Deus, embora ficando à espera de se reunir ao seu corpo glorificado. Deus, na sua onipotência, restituirá definitivamente a vida incorruptível aos nossos corpos, unindo-os às nossas almas pela virtude da Ressurreição de Jesus” (CIC,997). Assim como Cristo ressuscitou com o seu próprio corpo, mas não regressou a uma vida terrena, todos ressuscitarão com seu próprio corpo, transformado em corpo gloriosos, em corpo espiritual (cf. CIC,999). Como isso se dará “ultrapassa a nossa imaginação e o nosso entendimento; só na fé se torna acessível” (CIC,1000).
“A ressurreição da carne é a nova configuração de tudo aquilo que somos na Ressurreição do Cristo. Não há explicação, basta crer que ressuscitaremos com Cristo”, explicou Padre Arnaldo.
Segundo o Sacerdote, é importante que se tenha clareza que ressurreição da carne não significa reencarnação. “Os que creem na reencarnação pensam que nós retornamos para este mundo para purificar nossos pecados em uma outra vida. Isso é, indiscutivelmente, errado segundo a fé cristã. Nós morremos uma vez, vamos para a casa do Pai uma única vez, e lá, com os santos, esperamos a ressurreição da carne. Portanto, a reencarnação não é algo que está na doutrina católica e cristã em geral”, enfatizou.  

E QUANDO SÓ HÁ AS CINZAS?
A Igreja recomenda que os corpos dos falecidos sejam sepultados em cemitérios ou em outro lugar sagrado com tal finalidade, mas não proíbe a prática da cremação, conforme reafirmou a Congregação para a Doutrina da Fé, em 2016, com a instrução Ad Resurgendum cum Christo: “Quaisquer que sejam as motivações legítimas que levaram à escolha da cremação do cadáver, as cinzas do defunto devem ser conservadas, por norma, num lugar sagrado, isto é, no cemitério ou, se for o caso, numa igreja ou num lugar especialmente dedicado a esse fim determinado pela autoridade eclesiástica”.
Um dos locais onde as cinzas podem ser conservadas são os cinerários, como o que existe na Paróquia Nossa Senhora da Luz, no Tucuruvi, Região Episcopal Santana. De acordo com o Diácono Márcio José Ribeiro, estão no local cinzas de pessoas que foram cremadas assim que faleceram e de outras cuja cremação se deu após a exumação do corpo anteriormente sepultado. 
“Do corpo que é enterrado, com o tempo só restam os ossos. Na cremação, em vez dos ossos, restam as cinzas. Na eternidade, teremos um corpo glorioso que Deus reservou na sua obra salvífica”, explicou o Diácono. 
O depósito das cinzas no cinerário acontece em uma cerimônia específica e, regularmente, são celebradas missas na memória dos falecidos. Para a manutenção das cinzas por um período de 20 anos, prorrogável, é cobrada dos familiares do falecido uma taxa, destinada à conservação desse espaço. 
O Diácono alertou para procedimentos que têm se tornado comuns na sociedade, mas que estão em desacordo com as recomendações da Igreja, como a dispersão das cinzas na natureza ou sua distribuição entre os familiares do falecido. “Todas estas são práticas contrárias à fé cristã e à tradição da Igreja. As cinzas devem ser colocadas em lugar santo: cemitério, igreja ou local que o bispo local autorize”, enfatizou.

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Cremos na ressurreição dos mortos

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09 de novembro de 2018

Às 8h, a missa em Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos foi presidida pelo Cardeal Odilo Scherer num espaço preparado para acolher as cerca de 1,5 mil pessoas que passaram pelo Cemitério Gethsêmani Anhanguera, da Arquidiocese de São Paulo, na sexta-feira, 2. A missa foi concelebrada pelos Padres Pedro Augusto Ciola de Almeida e Adriano Robson Rodrigues. 

Na homilia, o Arcebispo explicou que comemorar os fiéis defuntos significa fazer memória. “Quem morre para este mundo não fica aniquilado, mas continua a existir, sobretudo no coração de Deus. Recordamos as pessoas muito queridas que já se foram, com sentimentos humanos, mas aqui estamos para trazer à memória essas pessoas diante de Deus. Trazer à memória significa trazê-los vivos diante de Deus”, afirmou.

O Arcebispo salientou que os cristãos precisam ensinar a seus filhos o que significa crer na vida eterna, pois, para quem crê, a vida não tem fim. “Vamos recomendar os falecidos diante de Deus. Este é nosso ato de fé. Cremos na ressurreição de Cristo e na vida eterna. Jesus Cristo diz: ‘Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá’. Nossa fé cristã professa ainda que cremos na ressurreição da carne, ou seja, da pessoa humana”, explicou.

“A gente quase não escuta falar sobre finados. As pessoas parecem querer negar a morte, negar o fim. Nós, que acreditamos, precisamos falar sim e rezar pelos mortos, lembrar deles, dar testemunho da nossa fé. Deus nos criou para viver por toda a eternidade. A Palavra de Deus nos garante essa eternidade, a realização plena da nossa existência”, continuou Dom Odilo. 

 

SÍNODO

A partir do levantamento feito para o sínodo arquidiocesano, descobriu-se que mais de 20% dos católicos não creem na ressurreição de Jesus nem na ressurreição da carne. O Cardeal demonstrou preocupação diante dessa realidade e recordou que é preciso falar às crianças sobre a morte e a ressurreição. “Esse é um dos aspectos centrais da nossa fé católica”, salientou o Arcebispo, ao recordar as palavras de São Paulo: “Se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa fé” (1Cor 15,13).

 

DIA DE ORAÇÃO

Outras duas missas aconteceram na Comemoração dos Fiéis Defuntos no Cemitério Gethsêmani Anhanguera: às 10h, presidida pelo Padre Marcos Roberto Pires, e às 15h, por Dom Devair Araújo da Fonseca, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Brasilândia. Às 16h, Dom Odilo presidiu missa no Cemitério da Vila Formosa.

 

CEMITÉRIO GETHSÊMANI ANHANGUERA

O cemitério, mantido pela Arquidiocese de São Paulo, oferece jazigos de uso perpétuo e conta com um exclusivo sistema de sepultamento. Os velórios têm infraestrutura completa e acomodações para acolher amigos e familiares. O cemitério está localizado na Rodovia Anhanguera, Km 23.4, na Vila Sulina, em São Paulo (SP).

INFORMAÇÕES

E-mail: gethsemani@terra.com.br

Telefone:  (11) 7834-1493 ou  (11) 98809-2002  (WhatsApp 24 horas por dia).

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A Igreja ensina a rezar por aqueles que já morreram

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02 de novembro de 2018

Por que rezamos pelos mortos? A Igreja Católica ensina que os católicos devem lembrar e citar os mortos durante as celebrações eucarísticas e em suas preces individuais e que este é um compromisso de todos os que esperam na terra a vinda definitiva de Cristo no momento da morte. Os ritos das exéquias, realizados enquanto os familiares se reúnem para velar e rezar pelos seus entes queridos ou mesmo durante o sepultamento ensinam que, acima de tudo, deve prevalecer a esperança na Ressurreição.

Ao longo dos anos, muitas tradições foram sendo incorporadas ao velório e ao sepultamento, de acordo com a realidade cultural de cada país ou região. Nos primeiros tempos do Cristianismo, por exemplo, os cristãos construíam igrejas sobre os túmulos dos santos e mártires e, assim, mantinham viva não só a memória daqueles santos, mas também a esperança na vida eterna. 

Frei Gustavo Wayand Medella, OFM, ao falar sobre vida e morte, recorda o autor Monteiro Lobato, quando dá voz à personagem Emília: “A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem para de piscar chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso. É um dorme e acorda, dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais […] A vida das gentes neste mundo, senhor Sabugo, é isso. Um rosário de piscados. Cada pisco é um dia. Pisca e mama, pisca e brinca, pisca e estuda, pisca e ama, pisca e cria filhos, pisca e geme os reumatismos, e por fim pisca pela última vez e morre. – E depois que morre? – perguntou o Visconde. – Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?”

Para a Igreja Católica, porém, muito mais do que uma hipótese, há um caminho de encontro após a morte. Encontro com o próprio Deus e encontro com a Igreja triunfante, composta por aqueles que, tendo passado por esta vida, alcançaram, junto do Pai, a salvação eterna.

Em seu texto, publicado no site franciscanos.org, Frei Medella, que é autor do livro “Há vida após o luto”, recorda o livro da Sabedoria, quando afirma que “a vida dos justos está nas mãos de Deus” (Sb 3,1). “A justiça é um bem divino e o ser humano que pauta sua vida na busca e no cultivo dela se aproxima cada vez mais de Deus. Não é à toa que, no livro de Jeremias, Deus aparece designado como “Senhor, nossa justiça” (Jr 23,6)”, afirma o Franciscano. 

Ele continua sua reflexão salientando que “quem vive justamente parte como justo e é acolhido com amor pelo Senhor. Importante é lembrar que viver retamente não significa passar pela existência sem cometer erros. Mais importante do que evitá-los a qualquer preço, às vezes à custa de um escrúpulo paralisante, é cultivar, cada um em si, um autorreconhecimento das próprias limitações e, apesar delas, seguir em frente, com confiança na misericórdia de Deus”. 

 

O DIA DOS FIÉIS DEFUNTOS

“Para os cristãos, a visita ao cemitério e a recordação dos falecidos possuem um significado a mais. Nós recordamos os nossos falecidos diante de Deus, expressando nossa fé em Deus salvador e Senhor da vida e da morte. Ele nos chamou à existência, não apenas para experimentar um pouco de vida, mas para nos dar vida em plenitude. Deus quer que nós vivamos”, explicou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, em artigo publicado no jornal O SÃO PAULO, na edição de 1º de novembro de 2017.

Ele continua sua reflexão afirmando que os túmulos dos falecidos são, ao mesmo tempo, guardiães da morte e anunciadores da esperança de vida. “Por isso, a visita ao cemitério deve ser acompanhada de oração com fé e de serena esperança. Somos chamados à vida e não estamos acorrentados à morte. Levar flores aos túmulos é sinal de homenagem, mas também é anúncio de esperança.” 

A fé na ressurreição dos mortos é parte central do anúncio do Evangelho e dos ensinamentos mais sólidos da fé cristã. E é importante lembrar que não se trata de uma homenagem aos falecidos ou culto aos mortos. A missa, no dia dos fiéis defuntos ou em outra ocasião, como no sétimo dia após a morte, no trigésimo dia ou mesmo 12 meses após a morte ou em qualquer outro momento, pode ser oferecida a Deus “em sufrágio”, ou seja, em favor da salvação dos falecidos. 

 

A MEMÓRIA

O Catecismo da Igreja Católica, dos artigos 1680 a 1690, fala sobre os funerais cristãos e indica que “todos os sacramentos, principalmente os da iniciação cristã, têm por finalidade a última Páscoa do Filho de Deus, aquela que, pela morte, o fez entrar na vida do Reino”. 

O Catecismo recorda que, “desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em especial o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, eles possam chegar à visão beatífica de Deus”. 

“Ao apresentarmos a Deus nossas súplicas pelos que adormeceram, ainda que fossem pecadores, nós apresentamos o Cristo imolado por nossos pecados, tomando propício, para eles e para nós, o Deus amigo dos homens”, continua o Catecismo. 

 

E A MISSA DE 7º DIA?

Dois são os objetivos principais da Igreja ao realizar o rito das exéquias: “exprimir a comunhão com o defunto e fazer a comunidade reunida participar das exéquias e lhe anunciar a vida eterna”. As missas – de corpo presente ou as de aniversário de sétimo ou trigésimo dia – também são, de acordo com o Catecismo, “um acontecimento que deve fazer ultrapassar as perspectivas deste mundo e levar os fiéis às verdadeiras perspectivas da fé em Cristo Ressuscitado”.

 

SOBRE A CREMAÇÃO DOS CORPOS

No dia 25 de outubro de 2016, a Congregação para a Doutrina da Fé emitiu a Instrução Ad resurgendum cum Christo (para ressuscitar com Cristo), sobre o sepultamento dos falecidos e a conservação das cinzas da cremação. 

O então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Gerhard Müller, explicou que a norma vigente em matéria de cremação de cadáveres é regulada pelo Código de Direito Canônico e diz que “a Igreja recomenda vivamente que se conserve o piedoso costume de sepultar os corpos dos defuntos, mas não proíbe a cremação, a não ser que tenha sido preferida por razões contrárias à doutrina cristã”. A Igreja recomenda, contudo, que os corpos dos falecidos sejam sepultados no cemitério ou num lugar sagrado.

 

CONSERVAÇÃO DAS CINZAS

A Igreja orienta que, independentemente da escolha feita, enterro do corpo ou cremação, não se pode ofender os ritos próprios, ou seja, comportamentos e ritos que envolvam concepções errôneas sobre a morte: seja o aniquilamento definitivo da pessoa; seja o momento da sua fusão com a mãe natureza ou com o universo; seja como uma etapa no processo da reencarnação; seja ainda, como a libertação definitiva da “prisão” do corpo;

As cinzas devem ser conservadas, por norma, em um lugar sagrado, isto é, no cemitério ou, se for o caso, em uma igreja ou em um lugar especialmente dedicado a esse fim, determinado pela autoridade eclesiástica. A conservação das cinzas em casa não é consentida. Somente a Conferência Episcopal ou o Sínodo dos Bispos das Igrejas Orientais poderão autorizar a conservação das cinzas em casa em casos especiais; 

As cinzas, por sua vez, também não podem ser divididas entre núcleos ou membros familiares, e deve ser sempre assegurado o respeito e as adequadas condições de sua conservação; 

Por fim, não é permitida a dispersão das cinzas no ar, na terra, na água ou em qualquer outro lugar. Exclui-se, ainda, a conservação das cinzas cremadas sob a forma de recordação comemorativa em peças de joalheria ou em outros objetos.

Fontes: A12, Franciscanos.org, O SÃO PAULO
 

Algumas considerações sobre a morte na perspectiva cristã

 Elemento constituinte da existência humana, a morte com frequência se apresenta como desafio, principalmente quando diz respeito a alguém de convívio próximo. 

 Na perspectiva cristã, não obstante o sofrimento, os questionamentos e a saudade, a Ressurreição de Cristo é o grande alento de força e esperança que enche de luz e dá sentido à partida deste mundo. 

 A presença ministerial nestas ocasiões não se refere somente à figura do ministro ordenado – embora este deva ser o primeiro a nutrir em si e na comunidade essa postura de companheirismo –, mas de toda a comunidade, que, sob iluminação do Espírito Santo, organiza-se inteligentemente para dar uma resposta viva, ativa e eficaz a todos que atravessam esses difíceis momentos.

 Como momento crucial da história individual da pessoa e do grupo humano à qual ela pertence, a morte demanda, por parte da Igreja, um olhar pastoral repleto de carinho e atenção, que leve em conta as diferentes circunstâncias e situações em que tal fenômeno ocorre. 

 A atuação pastoral nesses casos requer sensibilidade, disposição e testemunho. 

 Jesus Cristo conferiu sentido à morte por sua Ressurreição. Seguindo seus passos, a comunidade cristã busca e sonha contemplar a partida deste mundo como um novo nascimento para a existência plena e definitiva junto ao Senhor.

(Com informações do Frei Gustavo Wayand Medella, OFM, autor do livro “Há vida após o luto” )
 

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Cardeal Hummes reza pelos bispos falecidos de São Paulo

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08 de novembro de 2017

Na sexta-feira, 3, o Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo Emérito de São Paulo, presidiu uma missa na intenção dos bispos e arcebispos falecidos sepultados na cripta da Catedral da Sé. A celebração aconteceu um dia após a Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, na quinta-feira, 2. 

Localizada no subsolo do presbitério da Catedral, a cripta abriga os túmulos de 13 prelados da Diocese e Arquidiocese de São Paulo, dentre os quais os arcebispos Dom Duarte Leopoldo e Silva (19071938), Dom José Gaspar de d’Affonseca e Silva (1939-1943) e o Cardeal Paulo Evaristo Arns (1970-1998), falecido em 14 de dezembro de 2016. Também estão sepultados o Padre Diogo Feijó, Regente do Império; Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão, patrono da aeroestação; Monsenhor Aguinaldo José Gonçalves, primeiro Cura da Catedral da Sé; Dom José Thurler, Bispo Auxiliar de São Paulo de 1966 a 1992; além do Cacique Tibiriçá, primeiro indígena batizado pelos missionários jesuítas na Vila de São Paulo de Piratininga. 

“Nós queremos celebrar a memória dos bispos e mais uma vez os encomendar a Deus para que o Senhor os tenha no seu abraço e possam ser felizes junto a Ele no seu Reino que eles aqui pregaram pelo qual aqui deram sua vida no dia a dia, que aqui viveram como pastores deste povo”, afirmou Dom Cláudio, na homilia. 

O Cardeal Hummes destacou, ainda, que a Igreja sempre incentivou as comunidades a se recordarem de seus pastores que deram a vida pelo povo. Recordando Jesus, “supremo e único pastor, que deu a vida por suas ovelhas ao se entregar na cruz”, Dom Cláudio ressaltou que os bispos são pastores por participação. “Nós participamos deste ministério que é dele e, portanto, dele aprendemos e somos encorajados a dar a vida”. 

Sobre o mistério da morte, Dom Cláudio chamou a atenção para a misericórdia infinita de Deus. “A morte é aquela porta que se abre e o Pai que nos recebe e nos abraça no seu amor e na sua misericórdia, nos transforma em eternos filhos seus junto dele”, disse. “A morte traz sofrimentos, mas Deus a transforma em bem, assim como a morte de Jesus resultou na sua ressurreição gloriosa e definitiva, em que a vida venceu definitivamente”, acrescentou.

Após a missa, o Arcebispo Emérito se dirigiu com os fiéis à cripta, onde fez uma oração junto ao túmulo dos bispos falecidos.
 

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