Católicos invocam Espírito Santo sobre a cidade de São Paulo

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26 de junho de 2019

Quem passou pelo Vale do Anhangabaú entre a noite do sábado, 8, e o domingo, 9, deparou-se com uma cena incomum para o Centro da Capital Paulista. Com orações, cantos e testemunhos de fé, milhares de católicos celebravam a vinda do Espírito Santo, na Vigília de Pentecostes da Arquidiocese de São Paulo. 
No grande palco montado no local, cantores católicos, sacerdotes e pregadores conduziram o evento, organizado pelos movimentos e novas comunidades atuantes na Arquidiocese. Nem mesmo o frio espantou as cerca de 10 mil pessoas que passaram pelo evento ao longo das 18 horas de programação. 
A atividade foi aberta às 18h, no sábado, com uma missa presidida pelo Padre Marcos Roberto Pires. Às 21h, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, presidiu o rito da Vigília de Pentecostes, no qual foi invocado o Espírito Santo sobre a cidade. Dom Odilo também presidiu a missa da Solenidade de Pentecostes na manhã do domingo. 
A estrutura do evento contou, ainda, com uma tenda em que o Santíssimo Sacramento ficou exposto, durante toda a noite para a adoração, e uma tenda de confissões, com inúmeros padres se revezando para atender a grande fila de pessoas que buscaram o sacramento da Reconciliação. As atrações musicais que animaram a Vigília foram o grupo Missionário Shalom, Adriana Arydes, Diego Fernandes, Dunga, Banda Dominus, Eros Biondini, Ministério Aliança e Comunidade Eucaristós.
Também aconteceu uma feira vocacional, na qual os diferentes movimentos, novas comunidades e organizações eclesiais apresentaram seus carismas e missões. 

ORAÇÃO PELA CIDADE
 “Divino Espírito Santo, olhai por toda a nossa cidade de São Paulo. Olhai para todos os que sofrem, consolai-os, confortai-os. Enviai-nos para junto dessas pessoas, doentes, pobres, prisioneiros, abandonados, excluídos, os que vivem nas periferias. Ajudai-nos, como Igreja nesta cidade, a sermos testemunhas do Pai, do Filho e da vossa ação”, pediu Dom Odilo, em uma oração espontânea feita durante o rito de invocação do Espírito Santo sobre a Capital. 

ACOLHIDO COMO FILHO
Durante o rito da Vigília, houve um momento de testemunhos sobre a ação do Espírito Santo na vida das pessoas. 
O jovem Lucas Borri Ferreira, 28, compartilhou que frequentou a Igreja com sua mãe durante a infância. Na adolescência, optou por um caminho distante da fé. Aos 14 anos de idade, conheceu a cocaína. “No início, era só uma brincadeira, usava de vez em quando. Quando eu menos esperava, porém lancei-me de cabeça no mundo das drogas. Eu vi minha família se destruir por minha causa.”
A família de Lucas buscou vários tratamentos para tentar libertá-lo das drogas. “Depois da minha sétima internação, quando já não aguentava mais viver, minha mãe me levou à Igreja. Lá, eu fui acolhido como filho. A Igreja Católica me ajudou a fazer esse caminho de recuperação.”

CHAMADO DE DEUS
Padre Rodrigo Moraes Pereira, da Comunidade Aliança de Misericórdia, compartilhou o caminho de conversão que o levou de volta para a Igreja, após um longo período distante. Cantor de pagode na noite, ele afirmou que, na busca de uma realização pessoal, fez inúmeras coisas das quais hoje se arrepende. “Era uma busca insaciável por prazer e um grande vazio existencial. Eu já trazia dentro de mim uma inquietação, uma angústia muito grande”, acrescentou. 
A vida do jovem Rodrigo mudou quando, um dia, passando em frente a uma igreja, viu um momento de oração no qual invocavam o Espírito Santo. Nessa ocasião, ele sentiu um profundo chamado para uma vida nova com Deus. “Então eu disse: ‘A partir de hoje, a minha vida será conduzida pelo Espírito Santo de Deus’”, afirmou. 
Depois desse episódio, Rodrigo ingressou na Comunidade Aliança de Misericórdia e lá discerniu sua vocação para o sacerdócio, tendo sido ordenado em 2017. 

SALVO PELO MATRIMÔNIO
Casados há 23 anos, Alessandro Rodrigues Passos Silva, 42, e Bárbara Juliana Santana Rodrigues Passos, 43, deram testemunho da transformação que viveram em sua família, graças à ação do Espírito Santo. 
“Éramos um casal que tinha tudo para não dar certo. Ela de família católica atuante na paróquia, eu, um homem perdido nos vícios. Quando nos casamos, muitas pessoas não acreditavam que teríamos um futuro juntos, nem mesmo eu acreditava”, disse Alessandro.
A vida do casal começou a mudar quando Alessandro foi apresentado à Igreja Católica. “Há 19 anos, tive um encontro pessoal com Deus por meio da Igreja e dos sacramentos. Eu pude experimentar a ação do Espírito Santo, que transformou a nossa história”, relatou. 
Hoje, com três filhos, Alessandro foi enfático ao afirmar: “O Senhor salvou a minha vida pelo meu Matrimônio... Hoje, eu posso olhar para a minha vida e dizer que o Senhor, por meio de sua Igreja, salvou a mim e a minha casa”.
 
CONVERSÃO
Ao longo da Vigília, os sacerdotes e missionários foram testemunhas de várias histórias de conversão de pessoas que passavam por acaso pelo Vale do Anhangabaú ou que foram ao evento com más intenções. 
Uma das histórias que marcou os organizadores foi a do rapaz que se identificou como Marco Augusto. Alcoólatra e ex-usuário de drogas, como maconha, cocaína e crack, ele relatou a um dos missionários que foi ao evento com a intenção de praticar roubos no local. No entanto, ao ouvir as orações e pregações, sentiu-se tocado por Deus. 
“Eu me emocionei muito, comecei a chorar e pedia a Deus que me libertasse. Sofro muito por causa do alcoolismo. Perdi minha mulher e minhas duas filhas, de 19 e 13 anos, por causa do meu vício”, contou Marco.
Apesar de todo o sofrimento, Marco destacou que seus pais nunca o abandonaram, o ajudaram e impediram que o pior acontecesse em sua vida. “Portanto, pais, nunca desistam de seus filhos, deem valor à família e a Deus. Sem Deus, eu não sou nada”, testemunhou o rapaz. 

INÍCIO DE UMA TRADIÇÃO
O Cardeal Scherer manifestou sua alegria pela realização da Vigília e desejou que se torne uma tradição na Arquidiocese de São Paulo. Também agradeceu a todos os que acolheram, com coragem e entusiasmo, o convite feito por ele. “A Vigília de Pentecostes é uma tradição muito antiga da Igreja. Nós sonhávamos fazer uma grande Vigília na cidade e conseguimos concretizar esse sonho”, acrescentou.
O prefeito Bruno Covas e o vereador Caio Miranda estiveram entre as autoridades presentes no evento.
Para Julio Neto, um dos organizadores, os testemunhos das pessoas que tiveram uma profunda experiência com Deus durante a Vigília mostram que, como diz o tema do evento, “Deus habita esta cidade: somos suas testemunhas”. 

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Sínodo dos Bispos: "sentimos a força do Espírito Santo"

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26 de outubro de 2018

A esperança é de que o que foi afirmado pelos jovens e bispos sobre as situações de sofrimento e de injustiça presentes em seus países, encontre também um  eco público. "Faço cotos que também exista uma voz forte para dizer ao mundo político-econômico quantas injustiças existem no mundo". Assim expressou-se nesta sexta-feira o cardeal Christoph Schönborn, arcebispo de Viena e presidente da Conferência Episcopal Austríaca, ao falar se pronunciar no encontro com os jornalistas na sala de Imprensa da santa Sé.

 

Da escuta ao discernimento

"O caminho sinodal - disse o cardeal - é a do discernimento". "No final falará o Papa, como já falou. Mas primeiro vem a escuta". "O Sínodo - sublinhou o arcebispo de Viena - é um grande sinal, por isso faço votos de que seja visto, ouvido e transmitido". Ele recordou, em particular, o que lhe disse um jovem africano proveniente de um país abalado pela guerra civil: "a Igreja é a nossa única esperança, lugar de acolhida e de compreensão,  onde podemos nos sentir em casa."

 

Embaixadores do Sínodo

Para Dom Eamon Martin, arcebispo de Armagh e presidente da Conferência dos Bispos irlandeses, o Sínodo foi “um momento de graça” em que se sentiu “a presença e o poder do Espírito Santo.” Agora – observou - essa força e essa alegria devem ser transferidas para as várias dioceses.

"Quando eu retornar ao meu país - afirmou o prelado - terei que ser um embaixador do Sínodo". "A Igreja - sublinhou o Arcebispo de Armagh - quer dirigir-se a todos os jovens do mundo". "Quer trabalhar com jovens, não somente para os jovens". "Eu volto para casa - concluiu Dom Martin - com a ideia de que serão os jovens os agentes de evangelização ".

 

Uma grande sinfonia

No briefing a voz da África elevou-se graças às reflexões de Dom Anthony Muheria, arcebispo de Nyeri (Quênia): "Esperamos - disse ele - que deste Sínodo possa surgir uma nova chama que entusiasme os jovens". "Nós, bispos - acrescentou - esperamos poder “incendiar" os jovens com o amor de Deus".

Para o prelado, participar do Sínodo foi "como ouvir uma maravilhosa orquestra". "No início, talvez parecia estar um pouco desafinada." "Mas depois -  sublinhou - o Espírito Santo nos guiou em direção a uma grande sinfonia".

 

Será o Espírito Santo a guiar a Igreja

Na mesma linha, o padre Enrique Figaredo Alvargonzalez, prefeito apostólico de Battambang (Camboja): do Sínodo vem "uma nova energia" "Certamente o Sínodo tem no próprio coração os jovens, a vocação, o discernimento e, portanto,  teremos uma nova energia para os jovens entre os jovens "." Esperamos - concluiu - que a Igreja seja rejuvenescida, mas  será o Espírito Santo a nos guiar".

 

Jovens não são espectadores

Erduin Alberto Ortega Leal, jovem auditor e membro da Comunidade de Sant'Egidio (Cuba), sublinhou que na Igreja  "os jovens  não devem ser considerados como espectadores, mas verdadeiros protagonistas". "O mundo – acrescentou ele - é atormentado por tantos  problemas". "Mas este mundo está focado apenas no presente". "Os jovens, pelo contrário,  - observou o jovem cubano - precisam olhar para o futuro": "O Sínodo nos deu a oportunidade de ouvir e ser ouvidos".

 

No sábado, a votação no Documento Final

Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para Comunicação, recordou que no sábado, 27 de outubro, será lido o Documento final. Será votado parágrafo por parágrafo. O texto  - especificou Ruffini  - "necessita de uma maioria qualificada para aprovação".

Para a parte da tarde, um encontro com poemas, espetáculos, danças e músicas. Neste encontro, conforme especificado pelo prefeito, participam padres sinodais e jovens.

No briefing também foram apresentadas as estatísticas gerais sobre o Sínodo e dados sobre as redes sociais, além de dados sobre o L’Osservatore Romano durante o Sínodo.

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Papa Francisco: o Espírito Santo é o fermento dos cristãos para a redenção

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19 de outubro de 2018

Seguir em frente com o “fermento do Espírito Santo”, que conduz à herança que nos foi deixada pelo Senhor. Esta foi a exortação do Papa Francisco na homilia da missa celebrada, esta sexta-feira (19/10), na Casa Santa Marta.

Refletindo sobre o Evangelho de Lucas, da liturgia de hoje, o Pontífice enfatizou dois tipos de pessoas encontradas nesta passagem bíblica que “crescem de formas diferentes”, “opostas” uma da outra.

Cristo não tolera hipocrisia

Jesus fala sobre o fermento “que faz levedar”, mas existe também o fermento “ruim” que “estraga”, que faz crescer “para dentro”, disse Francisco. É o fermento dos fariseus, dos doutores da Lei daquele tempo, dos saduceus, ou seja, a hipocrisia. Trata-se de pessoas fechadas em si mesmas, que pensam em aparecer, em fazer de conta, em dar esmola e depois sair “proclamado sobre os telhados” a fim de que todos saibam. Essas pessoas se preocupam em “proteger o que têm dentro, o seu egoísmo e sua segurança”, frisou ainda o Papa.

“Quando existe alguma coisa que as coloca em dificuldade, como o homem agredido e deixado quase morto pelos ladrões ou quando encontram um leproso, elas olham para o outro lado, seguindo suas leis interiores”, disse ainda Francisco.

Este fermento, disse Jesus, é perigoso. Tomai cuidado. É a hipocrisia. Jesus não tolera a hipocrisia: o querer se aparecer bem, com formas bonitas de educação puras, mas com maus hábitos por dentro. Jesus diz também: “Por fora vocês são bonitos, como os sepulcros, mas por dentro há putrefação e destruição, existem escombros”. Este fermento faz levedar para dentro: é um fermento que faz crescer sem futuro, porque no egoísmo, no voltar-se para si mesmo, não há futuro. Outro tipo de pessoa é aquela que vemos com outro fermento que é o contrário: que faz levedar para fora, nos faz crescer como herdeiros, para termos uma herança.

A promessa de uma felicidade muito grande

Francisco recordou que na Carta aos Efésios, São Paulo explica que “em Cristo fomos feitos também herdeiros, predestinados”. A referência é a pessoas projetadas “para fora”.

Às vezes erramos, mas é possível corrigir; às vezes caem, mas se levantam. Ás vezes pecam, mas se arrependem. Mas sempre para fora, para aquela herança, porque foi prometida. E essas pessoas são pessoas alegres, porque lhes foi prometida uma felicidade muito grande: que serão glória, louvor de Deus. E “o fermento – afirma Paulo – dessas pessoas é o Espirito Santo”, que nos impulsiona a ser louvor da sua glória, da glória de Deus.

Com a alegria no coração

O “selo do Espírito Santo”, que foi “prometido”, é – evidenciou o Papa citando ainda o apóstolo - “penhor da nossa herança”, à espera da “completa redenção”.

Precisamente Jesus, destacou Francisco, nos quer “sempre em caminho com o fermento do Espírito Santo que jamais faz crescer para dentro, como os doutores da Lei, como os hipócritas”: o Espírito Santo, de fato, “impulsiona para fora”, “para o horizonte”. Assim Jesus quer que “sejam os cristãos”: mesmo “com dificuldades, com sofrimentos, com problemas, com quedas”, sempre avante na esperança “de encontrar a herança, porque tem o fermento que é penhor, que é o Espírito Santo”. Eis então as duas pessoas citadas:

Uma pessoa que, guiada pelo próprio egoísmo, cresce para dentro. Tem um fermento – o egoísmo – que a faz crescer para dentro, e somente se preocupa em aparecer bem, aparecer equilibrado, bem: que não se vejam os maus hábitos que têm. São os hipócritas, e Jesus diz: “Tomai cuidado”. Os outros são os cristãos: deveríamos ser os cristãos, porque existem também os cristãos hipócritas, que não aceitam o fermento do Espírito Santo. Por isso Jesus nos adverte: “Tomai cuidado com o fermento dos fariseus”. O fermento dos cristãos é o Espírito Santo, que nos leva para fora, nos faz crescer, com todas as dificuldades do caminho, inclusive com todos os pecados, mas sempre com a esperança. O Espírito Santo é precisamente o penhor daquela esperança, daquele louvor, daquela alegria. No coração, essas pessoas que têm o Espírito Santo como fermento, são alegres, mesmo nos problemas e nas dificuldades. Os hipócritas esqueceram o que significa ser alegre.

 

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