No Domingo do Bom Pastor, Papa reza pelos padres ‘que dão a vida pelos fiéis’

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06 de mai de 2020

Em suas missas diárias na Casa Santa Marta, o Papa Francisco reza por uma intenção especial nestes tempos de COVID-19. No Domingo do Bom Pastor, 3, ele dedicou suas orações especialmente “aos tantos pastores que no mundo dão a vida pelos fiéis, também nesta pandemia”.

Somente na Itália, mais de cem padres perderam a vida por causa do contágio com o novo coronavírus. Muitos sacerdotes continuam atendendo os fiéis, dando conforto espiritual de diferentes maneiras, especialmente com apoio às famílias, aos doentes e realizando funerais, onde é permitido. O Papa Francisco comparou esses padres aos médicos, chamando-os de “pastores médicos”, que “ajudam a cuidar do santo povo de Deus”.

JESUS, BOM PASTOR  

Foram lidas, no 4º Domingo do Tempo Pascal, passagens do Evangelho e da Carta de São Pedro que apresentam Jesus como um pastor e seus discípulos como “ovelhas perdidas”. O Papa Francisco reflete sobre essa metáfora, e também o famoso Salmo 22 (23) que diz: “O Senhor é meu pastor: nada me faltará”.

“Jesus se apresenta não só como pastor, mas a porta pela qual se entra no rebanho”, comentou o Papa. “Todos aqueles que vieram e entraram por aquela porta eram ladrões e bandidos, ou queriam se aproveitar do rebanho: falsos pastores”, continuou, referindo-se a líderes que tentaram se aproveitar dos fiéis, fazendo carreira ou enriquecendo. “Mas o rebanho os conhece, sempre os conheceu e andava procurando Deus por suas estradas.”

O bom pastor, em vez disso, “escuta e guia o rebanho, cuida do rebanho”. Em outras reflexões, Francisco lembrou que o pastor verdadeiro caminha no meio do rebanho, deixando que alguns de seus integrantes caminhem à sua frente e que outros o sigam, e “tem cheiro de ovelhas”.

‘BRANDURA’ COMO SINAL

A suavidade e a brandura são sinais do verdadeiro bom pastor. Por isso, o rebanho confia nele, diz o Santo Padre. “Ele é terno, tem aquela ternura da proximidade, conhece as ovelhas pelo nome e cuida de cada uma como se fosse única”, disse.

“O Bom Pastor, isto é, Jesus, é aquele que nos acompanha a todos no caminho da vida.” Essa ideia, acrescentou o Papa, está ao centro do Mistério Pascal. A comunidade, a ternura e a bondade vêm de Jesus e conduzem a Igreja também nestes tempos difíceis, completou.

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‘Que cada um possa descobrir com gratidão o chamado que Deus lhe dirige’

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04 de mai de 2020

A Igreja celebra, em todo o mundo, no 4º Domingo da Páscoa, também chamado de “Domingo do Bom Pastor”, o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Em 2020, é a 57ª vez que os fiéis em todos os continentes são convidados e rezar especificamente nessa intenção, pedindo que o Senhor “envie bons operários para sua messe” (Mt 9,37-38).

O Papa Francisco, em sua mensagem para ocasião, exaltou quatro palavras-chave para agradecer aos sacerdotes e apoiar seu ministério: gratidão, coragem, tribulação e louvor. A experiência da travessia de Pedro e Jesus durante a noite de tempestade no lago de Tiberíades também ajudou a conduzir a mensagem do Papa.

“Os padres são convidados a continuar a despenhar a sua missão como ‘bons pastores’ que não abandonam o rebanho, pois o Bom Pastor não abandona a ovelha quando há algum perigo e, por isso, se colocam junto do rebanho. O Papa Francisco, em sua mensagem, aborda justamente essas atitudes que são próprias dos padres, ou seja, a imitação do Jesus como Bom Pastor”, disse o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, no programa “Construindo Cidadania”, que foi ar na tarde deste sábado na rádio 9 de julho.

RESPOSTA GRATUITA

Mais do que uma escolha pessoal, recordou Francisco, a vocação é uma resposta gratuita ao Senhor, possível de ser descoberta quando o coração se abrir à gratidão. Para abraçar o Matrimônio, o sacerdócio ordenado ou a vida consagrada, isto é, “a opção fundamental de vida”, é preciso coragem. A fé na escolha da vocação também ajuda a vencer as próprias tempestades e a tribulação em jogo, “as fadigas”, as responsabilidades e adversidades que surgirão para, em meio às ondas, se abrir ao louvor.

 “Caríssimos, especialmente neste Dia de Oração pelas Vocações, mas também na ação pastoral ordinária das nossas comunidades, desejo que a Igreja percorra este caminho a serviço das vocações, para que cada um possa descobrir, com gratidão, a chamada que Deus lhe dirige, encontrar a coragem de dizer ‘sim’, vencer a fadiga com a fé em Cristo e, finalmente, como um cântico de louvor, oferecer a própria vida por Deus, pelos irmãos e pelo mundo inteiro”, escreve o Papa Francisco na mensagem.

LARGAR TUDO POR CRISTO

O seminarista Rodolfo Rodrigues de Almeida, 30, criado pelos avós paternos, no bairro de Itaquera, zona Leste da capital paulista, desde criança participa da Igreja. Seu primeiro chamado vocacional aconteceu quando ainda participava das pastorais na Paróquia São Pedro, na Diocese de São Miguel Paulista.

Enquanto discernia sua vocação, o jovem cursou licenciatura em História. Formou-se em 2011 e, durante seis anos, lecionou como professor na rede estadual de ensino. Nesse período, terminou o mestrado em História, na PUC-SP, em 2015.

Em 2016, o chamado vocacional ficou ainda mais forte e ele resolveu procurar a Pastoral Vocacional da Arquidiocese de São Paulo. Realizou, então, um processo de discernimento vocacional entre 2016 e 2017 e, no início de 2018, ingressou no seminário arquidiocesano da Igreja em São Paulo. Em virtude disso, não assumiu a vaga de emprego conquistada com a aprovação em um concurso público e deixou para trás um doutorado na USP.

FELICIDADE EM DEUS

Em entrevista ao O SÃO PAULO, Rodolfo, que atualmente está no Seminário de Filosofia Santo Cura D'Ars, da Arquidiocese de São Paulo, contou como foi esse processo de deixar sua carreira para assumir sua vocação, uma vez que gostava de lecionar, mas não se sentia completo.

“Quando disse à direção da escola que estava fazendo os encontros vocacionais e  deixaria a sala de aula, durante todo o ano foi aquele convencimento, inclusive com os colegas do magistério. Expliquei que a minha felicidade estava em Deus e não fazia mais sentido atuar como professor”.

Rodolfo afirmou que as coisas foram se encaixando e, aos poucos, as pessoas perceberam que a sua vocação era mais importante que tudo.

“Foi um embate com a família e com a escola. No fim das contas, porém, até concluir o ano de 2017, quando fiz os encontros vocacionais, consegui convencer os dois lados, com a força da oração, explicando sobre a Igreja, falando sobre minha felicidade e esse chamado de Deus. Hoje sou feliz e realizado e agradeço a Deus e à Arquidiocese de São Paulo que me acolheu”, concluiu.

NO BRASIL

Neste ano, no Dia Mundial de Oração pelas Vocações, a maioria das famílias vai rezar de casa por causa da quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus. Para orientar a comunidade, consagrados e fiéis poderão usar, além da mensagem do Papa Francisco, um roteiro de Leitura Orante em família, produzido pelo Setor Juventudes da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), que pode ser utilizado tanto pelas famílias quanto por quem desejar rezar pelas vocações, por meio de reflexões, vídeos e músicas vocacionais.

Irmã Clotilde Prates de Azevedo, assessora do Setor Juventudes da CRB, explicou que o roteiro, disponível no site da CNBB, vai nos ajudar a pedir “ao Senhor da messe que continue enviando operários para sua messe”. Afinal, como lembrou Irmã Maria Inês Ribeiro, presidente da CRB Nacional, “a Igreja precisa de valorosos missionários, leigos e consagrados para continuar a missão de Jesus Cristo”.

(Com informações de Vatican News e CNBB)

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