Dia Mundial da Paz: caminho da esperança, diálogo, reconciliação e conversão

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18 de dezembro de 2019

De acordo com a Liturgia, o tempo do Advento se encaminha para o fim, e, com a celebração das Primeiras Vésperas do nascimento de Jesus, ainda no dia 24 de dezembro, tem início o tempo do Natal, que se estende até a celebração do Batismo do Senhor. 
Nesse ínterim, ainda no contexto da Oitava do Natal, celebra-se, no dia 1º de janeiro, a Solenidade da Santa Maria, Mãe de Deus. Além dessa importante comemoração em que se relembra o mistério da Encarnação que fez com que a Virgem Maria se tornasse a “Mãe de Deus”, o que muita gente talvez não se recorde é que, nesse mesmo dia, é celebrado o Dia Mundial da Paz. 

MOTIVAÇÕES
Instituído por São Paulo VI, em 8 de dezembro de 1967, o Dia Mundial da Paz foi uma iniciativa do então Pontífice, a ser celebrado no dia 1º de janeiro de cada ano, a fim de concretizar, de maneira prática, o que foi estabelecido pelos documentos conclusivos do Concílio Vaticano II, cujo encerramento se dera exatamente dois anos antes, em 8 de dezembro de 1965. 
A primeira mensagem de São Paulo VI para esta data trazia consigo palavras de estímulo e engajamento: “Dirigimo-nos a todos os homens de boa vontade, para os exortar a celebrar o Dia da Paz, em todo o mundo, no primeiro dia do ano civil, 1º de janeiro de 1968. Desejaríamos que depois, cada ano, esta celebração se viesse a repetir, como augúrio e promessa, no início do calendário que mede e traça o caminho da vida humana no tempo que seja a paz, com o seu justo e benéfico equilíbrio, a dominar o processar-se da história no futuro”.
O desejo do Papa era que a comemoração não se restringisse aos católicos, uma vez que, segundo ele, a verdadeira celebração da paz só estaria completa se envolvesse todos os homens, não importando a religião. 
“A proposta de dedicar à paz o primeiro dia do novo ano não tem a pretensão de ser qualificada como exclusivamente nossa, religiosa ou católica. Antes, seria para desejar que ela encontrasse a adesão de todos os verdadeiros amigos da paz”, dizia, em sua mensagem. No texto, ele expressava seu desejo de que esta iniciativa ganhasse adesão ao redor do mundo com “caráter sincero e forte de uma humanidade consciente e liberta dos seus tristes e fatais conflitos bélicos, que quer dar à história do mundo um devir mais feliz, ordenado e civil”. 
Portanto, o Dia da Paz Mundial é um dia para ser celebrado por todos, independentemente de credo, etnia, posição social ou econômica.

CONCEITOS
O sentido bíblico de paz (do hebraico, ‘shalom’) traz consigo uma amplitude muito além do que se pode pensar com a ideia que lhe é atribuída no Ocidente. Trata-se, sobretudo, de um significado que denota uma relação de plenitude e maturidade, que tem como consequência a prosperidade material e espiritual, além do pleno estabelecimento da justiça, concedidos por Deus a seu povo, mediante a observância da aliança firmada entre eles. 
Nesse escopo, vale dizer que o conceito de paz é relacional e engloba todos os âmbitos da vida de uma pessoa: a relação consigo própria, com a sua família, com a sociedade, com a natureza e com Deus. A paz é, portanto, uma condição que não se pode viver isoladamente, sem a participação de outrem, além de não poder haver uma separação entre a paz de Deus e a paz do mundo. 
O Catecismo da Igreja Católica ensina que “o respeito e o desenvolvimento da vida humana exigem a paz. A paz não é somente ausência de guerra e não se limita a garantir o equilíbrio das forças adversas. A paz não pode ser obtida na terra sem a salvaguarda dos bens das pessoas, sem a livre comunicação entre os seres humanos, o respeito pela dignidade das pessoas e dos povos, a prática assídua da fraternidade. É a tranquilidade da ordem, obra da justiça (Is 32,17) e efeito da caridade” (parágrafo 2304).

NECESSIDADE ATUAL
Alinhado cada vez mais ao hedonismo, ao relativismo e à infidelidade, o mundo presente tem tentado buscar a felicidade a qualquer preço, afastando-se do dom da paz que somente Deus é capaz de conceder. Assim, se o mundo tem necessidade da paz, não é difícil perceber que ela se faz necessária, antes, no coração de cada homem. Para satisfazer esse anseio do gênero humano, onde, então, buscá-la? Como concretizá-la? O que fazer para obtê-la?   
A resposta a todas essas perguntas está em uma pessoa: Jesus Cristo, Deus feito homem, o Príncipe da Paz (cf. Is 9,5), que assim se tornou quando recebeu em si todos os castigos, dores e enfermidades que são consequências dos pecados da humanidade inteira, a quem redimiu por meio de sua Paixão, Morte e Ressurreição. 
“Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo 14,27). A partir disso, podemos afirmar que Jesus é, de fato, a fonte de nossa paz (cf. Ef 2), e somente Nele podemos alcançá-la.

EM 2020
A cada ano, um tema é utilizado para ilustrar o espírito que norteará os cristãos católicos na vivência da paz. Para 2020, que comemora o 53º aniversário do Dia Mundial da Paz, o tema escolhido por Francisco foi “A paz como caminho da esperança: diálogo, reconciliação e conversão”.
A princípio, o Papa diz que a esperança nos coloca no caminho da paz, ao passo que “a desconfiança e o medo enfraquecem os relacionamentos e aumentam o risco de violência”. Ele nos exorta a ser artesãos da paz, abertos ao diálogo em espírito de reconciliação, em uma jornada de conversão ecológica que leva a uma “nova maneira de ver a vida”.
“Nações inteiras – diz a mensagem – acham difícil se libertar das cadeias de exploração e corrupção que alimentam o ódio e a violência. Ainda hoje, a dignidade, a integridade física, a liberdade, incluindo a liberdade religiosa, a solidariedade comunitária e a esperança no futuro são negadas a um grande número de homens e mulheres, jovens e idosos.”
“Toda guerra – diz o Papa –, é uma forma de fratricídio que destrói a vocação inata da família humana para a irmandade.”
 

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Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz

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01 de janeiro de 2019

"Paz para esta casa!" Com estes votos o Papa Francisco inicia o novo ano e abre a sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz, divulgada nesta terça-feira, 18, em vista da recorrência do próximo 1º de janeiro. São as palavras com as quais Jesus envia os apóstolos em missão e a casa da qual fala, é "toda família, comunidade, todo país, todo continente" e é também "a nossa casa comum", da qual Deus nos confia os cuidados.

O desafio da boa política

O coração da mensagem, datada de 8 de dezembro de 2018, é a estreita relação entre a paz e a política da qual Francisco descreve potencialidades e vícios na perspectiva presente e futura, colocando ambas em um  "desafio" diário, em um "grande projeto" fundado "na responsabilidade recíproca e na interdependência dos seres humanos".

A paz, como uma "flor frágil que tenta florescer no meio das pedras de violência" - escreve o Papa, citando o poeta Charles Peguy – se choca com "abusos" e "injustiças", "marginalização e destruição" que a política provoca, quando "não é vivida como um serviço à comunidade".

A boa política, por outro lado, é um "veículo fundamental para construir cidadania e obras" e, se "implementada no respeito fundamental da vida, liberdade e dignidade", pode se tornar uma "forma eminente de caridade".

Caridade e virtude por uma política a serviço da paz e dos direitos

E se a ação do homem é sustentada e inspirada pela caridade, recorda Francisco citando Caritas in Veritate de Bento XVI - "contribui para a edificação daquela cidade universal de Deus para a qual avança a história da família humana".

É um programa em que os políticos de todas as afiliações podem encontrar-se, contanto que operem para o bem da família humana, praticando virtudes que “sujeitam-se ao bom agir político”: justiça, equidade, respeito, sinceridade, honestidade, lealdade.

O bom político é - conforme descrito pelas bem-aventuranças do cardeal vietnamita François Xavier Nguyễn Vãn Thuận que o Papa retoma - quem tem a consciência de seu papel, quem é coerente, credível, capaz de ouvir, corajoso e comprometido com a unidade e a mudança radical. Disto a certeza expressa na Mensagem de que "a boa política está a serviço da paz".

Virtudes e vícios da política

Mas a política não é feita apenas de virtudes e de respeito pelos direitos humanos fundamentais. Francisco dedica um parágrafo de sua Mensagem aos "vícios" que "enfraquecem o ideal de uma autêntica democracia". São aquele que ele define "inépcia pessoal", "distorções no meio ambiente e nas instituições", sobretudo a corrupção e, em seguida, o não respeito das regras, a justificação do poder com a força, a xenofobia, o racismo: eles "tiram credibilidade aos sistemas", são “a vergonha da vida pública e colocam em perigo a paz social".

Política, jovens e confiança no outro

Mas há também outro aspecto vicioso da política que o Papa destaca e que tem a ver com o futuro e os jovens. Quando o exercício do poder político - escreve ele - visa apenas "salvaguardar os interesses de certos indivíduos", o futuro "fica comprometido e os jovens podem ser tentados pela desconfiança, por ser verem condenados a permanecer à margem".

Quando, por outro lado, a política é concretamente traduzida em encorajar jovens talentos e vocações que requerem a sua realização, a paz propaga-se nas consciências e “torna-se uma confiança dinâmica". Uma política está, portanto, a serviço da paz - afirma Francisco. - se reconhece os carismas de cada pessoa entendida como "uma promessa que pode liberar novas energias".

Necessidade de artesãos da paz

Mas o clima de confiança, é a consideração do Pontífice, não é "sempre fácil", em particular "nestes tempos". A esse respeito, Francisco recorda o "medo do outro" generalizado, os "fechamentos", "os nacionalismos" que marcam a política de hoje,  colocando em discussão a fraternidade de que nosso mundo globalizado tanto necessita. Disto a referência a "artesãos da paz" e autênticos "mensageiros" de Deus que animam nossas sociedades.

A este desejo se soma também, por parte do Papa, um apelo - cem anos após o fim da Primeira Guerra Mundial - de cessar com a "proliferação descontrolada de armas" e com a "escalada em termos de intimidação".

Recordam-nos a paz – diz o Pontífice-  especialmente as muitas crianças vítimas da guerra . “A paz não pode jamais reduzir-se ao mero equilíbrio das forças e do medo. Manter o outro sob ameaça significa reduzi-lo ao estado de objeto e negar a sua dignidade. 

A política da paz inspirada no Magnificat

O afresco que emerge da Mensagem do Papa conclui-se no último parágrafo com ênfase na relação entre direitos e deveres, para reiterar que - como nos recorda o septuagésimo aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos - o "grande projeto político da paz" baseia-se na "responsabilidade recíproca e na interdependência dos seres humanos".

Isso nos desafia no compromisso diário e nos pede uma "conversão de coração e da alma". Para aqueles que querem se comprometer na "política da paz", o Papa sugere por fim o espírito do Magnificat que Maria canta em nome de todos os homens:  A «misericórdia [do Todo-Poderoso] estende-se de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes (...), lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre» (Lc 1, 50-55).

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‘Maria é remédio para a solidão e a desagregação’

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01 de janeiro de 2019

O Papa Francisco presidiu missa, na terça-feira, dia 1º, Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, na Basílica de São Pedro.

O Pontífice iniciou sua homilia partindo do capítulo 2, versículo 18 do Evangelho de Lucas: “Todos os que ouviam os pastores, ficaram maravilhados com aquilo que contavam”

“Maravilhar-nos: a isto somos chamados hoje, na conclusão da Oitava de Natal, com o olhar ainda fixo no Menino que nasceu para nós, pobre de tudo e rico de amor. Maravilha: é a atitude que devemos ter no começo do ano, porque a vida é um dom que nos possibilita começar sempre de novo.”

Segundo o Papa, “hoje é também o dia para nos maravilharmos diante da Mãe de Deus: Deus é um bebê nos braços duma mulher, que alimenta o seu Criador. A imagem que temos à nossa frente mostra a Mãe e o Menino tão unidos que parecem um só”.

Mãe que gera a maravilha da fé

“Tal é o mistério de hoje, que suscita uma maravilha infinita: Deus ligou-Se à humanidade para sempre. Deus e o homem sempre juntos: eis a boa notícia no início do ano. Deus não é um senhor distante que habita solitário nos céus, mas o Amor encarnado, nascido como nós duma mãe para ser irmão de cada um. Está nos joelhos de sua mãe, que é também nossa mãe, e de lá derrama uma nova ternura sobre a humanidade. Nós compreendemos melhor o amor divino, que é paterno e materno, como o duma mãe que não cessa de crer nos filhos e nunca os abandona. O Deus-conosco nos ama independentemente dos nossos erros, dos nossos pecados, do modo como fazemos caminhar o mundo. Deus crê na humanidade, da qual sobressai, primeira e incomparável, a sua Mãe.”

“No início do ano, pedimos-Lhe a graça de nos maravilharmos perante o Deus das surpresas”, disse ainda Francisco. “Renovamos a maravilha das origens, quando nasceu em nós a fé. A Mãe de Deus nos ajuda: a Theotokos, que gerou o Senhor, gera-nos para o Senhor. É mãe e gera sempre de novo, nos filhos, a maravilha da fé. A vida, sem nos maravilharmos, torna-se cinzenta, rotineira; e de igual modo a fé. Também a Igreja precisa de renovar a sua maravilha por ser casa do Deus vivo, Esposa do Senhor, Mãe que gera filhos; caso contrário, corre o risco de assemelhar-se a um lindo museu do passado. Mas, Nossa Senhora introduz na Igreja a atmosfera de casa, duma casa habitada pelo Deus da novidade. Acolhamos maravilhados o mistério da Mãe de Deus, como os habitantes de Éfeso no tempo do Concílio lá realizado! Como eles, aclamemos a ‘Santa Mãe de Deus’! Deixemo-nos olhar, deixemo-nos abraçar, deixemo-nos tomar pela mão… por Ela.”

Deixemo-nos olhar

“Deixemo-nos olhar”, frisou ainda o Papa, “sobretudo nos momentos de necessidade, quando nos encontramos presos nos nós mais intrincados da vida, justamente olhamos para Nossa Senhora. Mas é lindo, primeiramente, deixar-se olhar por Nossa Senhora. Quando nos olha, Ela não vê pecadores, mas filhos. Diz-se que os olhos são o espelho da alma; os olhos da Cheia de Graça espelham a beleza de Deus, refletem sobre nós o paraíso. Jesus disse que os olhos são ‘a lâmpada do corpo’ (Mt 6, 22): os olhos de Nossa Senhora sabem iluminar toda a escuridão, reacendem por todo o lado a esperança. O seu olhar, voltado para nós, diz: ‘Queridos filhos, coragem! Estou aqui Eu, a sua mãe’.”

Segundo o Pontífice, “este olhar materno, que infunde confiança, ajuda a crescer na fé. A fé é um vínculo com Deus que envolve a pessoa inteira, mas, para ser guardado, precisa da Mãe de Deus. O seu olhar materno ajuda a vermo-nos como filhos amados no povo fiel de Deus e a amarmo-nos entre nós, independentemente dos limites e opções de cada um.”

“Nossa Senhora nos enraíza na Igreja, onde a unidade conta mais que a diversidade, e nos exorta a cuidarmos uns dos outros. O olhar de Maria lembra que, para a fé, é essencial a ternura, que impede a apatia. Quando há lugar na fé para a Mãe de Deus, nunca se perde o centro: o Senhor. Com efeito, Maria nunca aponta para Si mesma, mas para Jesus e os irmãos, porque Maria é mãe.”

“Olhar da Mãe, olhar das mães. Um mundo que olha para o futuro, privado de olhar materno, é míope. Aumentará talvez os lucros, mas jamais será capaz de ver, nos homens, filhos. Haverá ganhos, mas não serão para todos. Habitaremos na mesma casa, mas não como irmãos. A família humana fundamenta-se nas mães. Um mundo, onde a ternura materna acaba desclassificada a mero sentimento, poderá ser rico de coisas, mas não de amanhã. Mãe de Deus, ensina-nos o seu olhar sobre a vida e volte o seu olhar para nós, para as nossas misérias.” E ainda disse o Papa: “Esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei”, citando um trecho da oração da Salve Rainha.

Deixemo-nos abraçar

“Deixemo-nos abraçar”, sublinhou ainda Francisco. “Depois do olhar, entra em cena o coração, no qual Maria, diz o Evangelho de hoje, ‘conservava todas estas coisas, meditando-as’ (Lc 2, 19). Por outras palavras, Nossa Senhora tinha tudo no coração, abraçava tudo, eventos favoráveis e contrários. E tudo meditava, isto é, levava a Deus. Eis o seu segredo. Da mesma forma, tem no coração a vida de cada um de nós: deseja abraçar todas as nossas situações e apresentá-las a Deus.”

“Na vida fragmentada de hoje, onde nos arriscamos a perder o fio à meada, é essencial o abraço da Mãe. Há tanta dispersão e solidão por aí! O mundo está todo conectado, mas parece cada vez mais desunido. Precisamos nos confiar à Mãe. Na Sagrada Escritura, Ela abraça muitas situações concretas e está presente onde há necessidade: vai encontrar a prima Isabel, socorre os esposos de Caná, encoraja os discípulos no Cenáculo... Maria é remédio para a solidão e a desagregação. É a Mãe da consolação, a Mãe que “consola”: está com quem se sente só. Ela sabe que, para consolar, não bastam as palavras; é necessária a presença. E Maria está presente como mãe. Permitamos-lhe que abrace a nossa vida. Na Salve Rainha, chamamos Maria de ‘vida nossa’: parece exagerado, porque a vida é Cristo (cf. Jo 14, 6), mas Maria está tão unida a Ele e tão perto de nós que não há nada melhor do que colocar a vida em suas mãos e reconhecê-la “vida, doçura e esperança nossa”.

Deixemo-nos tomar pela mão

Por fim, “deixemo-nos tomar pela mão”, disse o Papa. “As mães tomam pela mão os filhos e os introduz amorosamente na vida. Mas hoje, quantos filhos, seguindo por conta própria, perdem a direção, creem-se fortes e extraviam-se, livres e tornam-se escravos! Quantos, esquecidos do carinho materno, vivem zangados e indiferentes a tudo! Quantos, infelizmente, reagem a tudo e a todos com veneno e maldade! Mostrar-se maus, às vezes, até parece um sinal de fortaleza; mas é só fraqueza! Precisamos aprender com as mães que o heroísmo está em doar-se, a fortaleza em ter piedade, e a sabedoria na mansidão.”

“Deus não prescindiu da Mãe: por esta razão nós precisamos dela”. Ele nos doou a sua Mãe “e não num momento qualquer, mas quando estava pregado na cruz: ‘Eis a tua mãe’ (Jo 19, 27), disse Ele ao discípulo, a cada discípulo. Nossa Senhora não é opcional: deve ser acolhida na vida. É a Rainha da paz, que vence o mal e guia pelos caminhos do bem, que devolve a unidade entre os filhos, que educa para a compaixão.”

Francisco concluiu, pedindo a Maria para que nos tome pela mão, nos ajude a superar “as curvas mais fechadas da história”, a “descobrir os laços que nos unem”, a nos reunir “sob o seu manto,  na ternura do amor verdadeiro, onde se reconstitui a família humana”.

 

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Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz

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'Ao olharmos para este ano com esperança, devemos fazer a nossa parte'

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01 de janeiro de 2019

Na terça-feira, 1º, Às 11h, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, presidiu na Catedral da Sé, a missa na Solenidade da Santa Mãe de Deus. O primeiro dia do ano é também, na Igreja, o Dia Mundial da  Paz. A missa foi transmitida pela Rádio 9 de Julho.

No início da celebração, o Cardeal saudou a todos e salientou que a missa é momento de ação de graças e de colocar nas mãos de Deus todas as expectativas de cada pessoa.

“A todos desejo um feliz e abençoado Ano Novo, com a graça de Deus e a sua ajuda, caminharemos seguros, serenos e confiantes ao longo deste ano. Queremos rezar por cada pessoa e família, mas também pelo nosso País, para que possamos ter um ano de paz e esperança”, disse o Cardeal.

Maria, Mãe de Deus

No dia 1º de janeiro, a Igreja recorda Nossa Senhora como Mãe de Deus, o título mais importante dado a Maria. Na homilia, Dom Odilo explicou que esse título retrata a verdade sobre Deus, que se fez homem por meio de Maria. “Por Maria, Deus assumiu o que é próprio do ser humano, inclusive a morte”, afirmou.

“Maria gerou para este mundo o Filho de Deus feito homem. Maria passa a ser nossa mãe. Somos também nós, filhos da mãe de Jesus. Ela é nossa intercessora no céu”, recordou o Cardeal, salientando que, por meio de Maria, toda a humanidade passa a participar da obra redentora de Deus.

 

Brasil

“Hoje nós também olhamos para a vida pública, é dia de posse dos eleitos para governarem os Estados e o País. Queremos colocar sob a proteção de Deus nossos governantes. Rezemos hoje por aquele que governa nosso Estado e nosso País e por todo o povo brasileiro, para que possamos ter um tempo de paz e  busca do que é bom, justo e verdadeiro, que haja a superação da violência e o Brasil possa encontrar a paz”, continuou o Cardeal na homilia.

 

Dia Mundial da Paz

Sobre o Dia Mundial da Paz, Dom Odilo lembrou a mensagem do Papa Francisco para a ocasião, sobretudo quando o Papa distingue a boa política de uma má política.

“A boa política se faz com respeito à dignidade da pessoa humana, da liberdade e dos direitos fundamentais de toda a pessoa humana. A boa política é aquela voltada para o bem comum, isto é, o bem para todos. A boa política deve superar a má política, que se faz por incapacidade pessoal. A má política se faz com corrupção e desonestidade, a má política se faz pela negação de direitos e imposição das forças”, disse o Cardeal, citando o Papa Francisco.

 

Responsabilidade pessoal

O Arcebispo lembrou ainda que a construção da paz depende da participação de cada pessoa. “Cada um é responsável por uma boa politica, em primeiro lugar a paz consigo mesmo, respeitando a própria consciência, a própria saúde, os próprios limites. Ao olharmos para este ano com esperança, devemos também fazer a nossa parte. Vamos começar com Deus este novo ano.”

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“Migrantes e refugiados: homens e mulheres em busca de Paz” 27/11/2017 Santa Sé

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28 de novembro de 2017

Os migrantes e refugiados voltam ao centro das reflexões e intenções do papa Francisco. Na sexta-feira, 24, foi divulgada a Mensagem do pontífice para o 51º Dia Mundial da Paz, que será celebrado no dia 1° de janeiro de 2018, com o tema: “Migrantes e refugiados: homens e mulheres em busca de Paz”.

“A paz, que os anjos anunciam aos pastores na noite de Natal, é uma aspiração profunda de todas as pessoas e de todos os povos, sobretudo de quantos padecem mais duramente pela sua falta”, escreveu Francisco, que desejou recordar os mais de 250 milhões de migrantes no mundo, dos quais 22 milhões e meio são refugiados.

Recordando Bento XVI, disse que são homens e mulheres, crianças, jovens e idosos que procuram um lugar onde viver em paz. “Com espírito de misericórdia, abraçamos todos aqueles que fogem da guerra e da fome ou se veem constrangidos a deixar a própria terra por causa de discriminações, perseguições, pobreza e degradação ambiental”, escreveu Francisco.

Francisco voltou a citar os quatro verbos necessários para a ação com migrantes e refugiados: “Oferecer a requerentes de asilo, refugiados, migrantes e vítimas de tráfico humano uma possibilidade de encontrar aquela paz que andam à procura, exige uma estratégia que combine quatro ações: acolher, proteger, promover e integrar”.

CONFIRA A MENSAGEM NA ÍNTEGRA 

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