‘Bem Estar na Vila’ dá sequência a atividades do Dia Mundial dos Pobres

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29 de novembro de 2019

Em continuidade à celebração do Dia Mundial dos Pobres, aconteceu a segunda edição do “Bem Estar na Vila”, no sábado, 23, com atividades sociais e culturais, organizado por agentes de pastoral, profissionais e convidados da Paróquia São João Batista, na Vila Guarani, no Setor Imigrantes.
A programação deste ano foi abrangente: as crianças participaram da oficina de escovação dental, e os jovens e adultos, de palestras sobre aproveitamento de alimentos, crimes cibernéticos, vantagens da fisioterapia, como enfrentar a depressão e esclarecimentos sobre a nova previdência. 
Para os que estão na terceira idade, aconteceu uma oficina sobre o uso do WhatsApp, palestras relacionadas aos cuidados necessários com a saúde nessa fase da vida e uma sessão de ginástica com ritmos.
Durante todo o dia, houve atendimentos gratuitos de advogados especializados em várias áreas, aferição de pressão arterial, orientação médica e tratamentos de beleza. 
A exposição “Liberdade, esperança e educação”, com trabalhos feitos pelos alunos da Escola Estadual Domingos Quirino Ferreira, situada em frente à igreja matriz, despertou grande interesse. Como um grande sinal da comunhão vivida com a dedicação de todos, uma mesa com lanches, café e bolos esteve todo o dia à disposição de quem participava. A doação de alimentos para compor as cestas de Natal das famílias assistidas pela Paróquia sinalizava uma solidariedade crescente. 
A Pastoral Familiar também fez cadastro de famílias para continuar acompanhando as necessidades que apresentam, junto com os Vicentinos e a Pastoral da Criança. 
A programação encerrou-se com um show acústico de MPB.

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O amor se faz doação ao irmão de rua

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10 de novembro de 2019

Ao amanhecer, eles saem das calçadas, barracas e albergues. Normalmente, caminham em grupos e, em determinado momento, se dividem: alguns seguem para os centros de convivência mantidos pela Prefeitura; outros, porém, decidem entrar no número 3 da Rua Djalma Dutra, no bairro da Luz.
Todos os dias, Ana Maria Silva, que há mais de 20 anos é colaboradora da Casa de Oração do Povo da Rua, vê esta imagem no portão do espaço mantido pela Arquidiocese de São Paulo. O local foi fundado em 1997 com recursos do Prêmio Niwano pela Paz, conferido em 1994 a Dom Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo Metropolitano. Atualmente, é coordenado pelo Padre Júlio Lancellotti, Vigário Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua.

RESSIGNIFICAR

Sentado à mesa para o café da manhã com os demais está Walter Mesquita, psicólogo brasileiro naturalizado paraguaio. Sua história na rua começou após um acidente aéreo ocorrido em 2006, que matou sua esposa, Aline Mesquita, e seus filhos gêmeos, Emilly e Enzo, com 3 anos de idade.
Desestabilizado com a perda, ele foi internado em uma clínica e diagnosticado com dupla personalidade. Por não aceitar o diagnóstico, fugiu do local, não conseguiu se manter nos empregos por onde passou e, assim, restou-lhe as ruas. Sua presença frequente na Casa de Oração do Povo da Rua é um exemplo de que este espaço representa, conforme as palavras de Ana Maria, um caminho para que as pessoas não percam a fé em Deus e em si mesmas.
A sala da administração é outro ponto de encontro. Nela está o artista José Reis, mais conhecido como “Zé Pirex”. Ele frequentou a casa por aproximadamente três anos e sempre retorna para agradecer as oportunidades que teve, muitas delas com o apoio da casa de acolhida, de aprender um novo ofício e se recolocar no mercado de trabalho.
Hoje, “Zé Pirex” trabalha como segurança em uma empresa e realiza a pintura de tecidos para lojas no bairro do Brás. Para muitos, ele é um exemplo de que é preciso cultivar a esperança para a reconstrução da dignidade humana de todos os que ainda sobrevivem nas ruas.

PESSOAS, NÃO NÚMEROS

Há um ano, Cecília Garcia realiza atendimento terapêutico no local voluntariamente. Ela falou à reportagem sobre a necessidade de desmistificar que, para se fazer o bem, é preciso grandes iniciativas ou mobilizações. Em seu entender, o simples fato de alguém pensar em levar consigo uma garrafa de água para entregar a uma pessoa em situação de rua em um dia de calor significa tanto quanto outras ações. 
Ela esclareceu que a carência social é um dos primeiros fatores para a vida nas ruas, mas essa situação nunca é a primeira opção desejada por alguém.
Também de acordo com Cecília, é necessário transformar a data instituída pelo Papa Francisco em um gesto cotidiano, para que as pessoas em situação de rua deixem de ser invisíveis aos olhos dos demais: “Por muito tempo, eu não os via. Era como se eles fizessem parte da paisagem. É preciso um trabalho de conscientização para que eles deixem de ser invisíveis e para que possamos enxergá-los como pessoas, não como números. Para mim, esse deveria ser o objetivo do Dia Mundial dos Pobres. É uma atitude de chamar a pessoa pelo nome, olhar nos olhos, deixar de se importar com o cheiro que tenha e passar a olhar para a pessoa que há por trás disso”. 

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Moradias emergenciais pelas mãos de jovens voluntários

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10 de novembro de 2019

Para os moradores de 46 comunidades carentes dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Bahia, Minas Gerais e Pernambuco, a passagem dos jovens voluntários do projeto Teto Brasil traz uma nova perspectiva de vida. 
Em mutirão durante um fim de semana, eles constroem moradias emergenciais às famílias em condições mais vulneráveis e ainda articulam com a comunidade projetos de infraestrutura para melhorias em pavimentação, saneamento básico, energia elétrica e hortas comunitárias. 
“Essa é uma forma de mobilizar muitos jovens, levá-los às comunidades precárias para que visualizem uma realidade que é muito diferente para eles, e, em parceria com os moradores, realizem essas construções”, contou, em entrevista à rádio 9 de Julho, Luã Lessa Souza, gerente nacional de voluntariado e equipes do Teto Brasil. 
A iniciativa surgiu em 1997, no Chile, quando universitários se uniram para reconstruir moradias após a passagem de um terremoto. Atualmente, o Teto acontece em 19 países da América Latina, incluindo o Brasil, onde é organizado por 28 funcionários, 950 voluntários fixos e outras 10 mil pessoas, maiores de 18 anos, que se voluntariam anualmente para as iniciativas pontuais. 
Luã Souza ingressou no Teto como voluntário em 2015 e não saiu mais. Ele recordou uma experiência que viveu já naquele primeiro ano, ao ajudar na construção de uma moradia emergencial para um casal com três filhos, que vivia em um barraco de 8m2.
“Era um espaço muito menor que o meu quarto, e eu estava falando sobre dignidade com uma família que queria o mínimo: um lugar para dormir e que não entrasse água nem animais nocivos. Aquilo me fez refletir muito a respeito dos meus privilégios e de como posso, como cidadão, contribuir com uma forma mais efetiva na sociedade em que eu vivo”, recordou. “A pobreza é um problema multidimensional e, por isso, ela depende de todos para que seja superada”, finalizou.  
No site teto.org.br é possível se cadastrar como voluntário ou ajudar financeiramente o projeto. 


 (Colaborou: Larissa Freitas)

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O que diz a Doutrina Social da Igreja?

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01 de abril de 2020

Para entender a questão da superação da pobreza na perspectiva cristã, é preciso levar em conta alguns princípios do Compêndio da Doutrina Social da Igreja (DSI), que tem como base a dignidade do ser humano, imagem e semelhança de Deus.  

BEM COMUM

164. Entende-se: o conjunto de condições da vida social que permitem aos grupos e a cada um dos seus membros atingir mais plena e facilmente a própria perfeição.  
165. Uma sociedade que, em todos os níveis, quer intencionalmente estar a serviço do ser humano é a que se propõe como meta prioritária o bem comum, como bem de todos os homens e do homem todo. A pessoa não pode encontrar plena realização somente em si mesma, prescindindo do seu ser “com” e “pelos” outros. 
167. Soa ainda atual o ensinamento de Pio XI: “Deve procurar-se que a repartição dos bens criados, a qual não há quem não reconheça ser hoje causa de gravíssimos inconvenientes pelo contraste estridente que há entre os poucos ultrarricos e a multidão inumerável dos indigentes, seja reconduzida à conformidade com as normas do bem comum e da justiça social”.

DESTINAÇÃO UNIVERSAL DOS BENS

171. Este princípio se baseia no fato de que: “a origem primeira de tudo o que é bem é o próprio ato de Deus que criou a terra e o homem, e ao homem deu a terra para que a domine com o seu trabalho e goze dos seus frutos (cf. Gn 1,28-29).
175. A destinação universal dos bens comporta, portanto, um esforço comum que visa a obter para toda pessoa e para todos os povos as condições necessárias ao desenvolvimento integral, de modo que todos possam contribuir para a promoção de um mundo mais humano. 
182. O princípio da destinação universal dos bens requer que se cuide com particular solicitude dos pobres, daqueles que se acham em posição de marginalidade e, em todo caso, das pessoas cujas condições de vida lhes impedem um crescimento adequado. 
184. O amor da Igreja pelos pobres inspira-se no Evangelho das bem-aventuranças, na pobreza de Jesus e na sua atenção aos pobres. Tal amor se refere à pobreza material e também às numerosas formas de pobreza cultural e religiosa.

SUBSIDIARIEDADE

186. Com base neste princípio, todas as sociedades de ordem superior devem se pôr em atitude de ajuda (subsidium) – e, portanto, de apoio, promoção e incremento – em relação às menores. [...]
    À subsidiariedade entendida em sentido positivo, como ajuda econômica, institucional, legislativa oferecida às entidades sociais menores, corresponde uma série de implicações em negativo, que impõem ao Estado se abster de tudo o que, de fato, restringir o espaço vital das células menores e essenciais da sociedade. Não se deve suplantar a sua iniciativa, liberdade e responsabilidade.
187. O princípio de subsidiariedade protege as pessoas dos abusos das instâncias sociais superiores e solicita estas últimas a ajudar os indivíduos e os corpos intermediários a desempenhar as próprias funções. Este princípio impõe-se, porque cada pessoa, família e corpo intermediário tem algo de original para oferecer à comunidade.

SOLIDARIEDADE

192. A solidariedade confere particular relevo à intrínseca sociabilidade da pessoa humana, à igualdade de todos em dignidade e direitos, ao caminho comum dos homens e dos povos para uma unidade cada vez mais convicta.
194. A mensagem da Doutrina Social acerca da solidariedade põe de realce a existência de estreitos vínculos entre solidariedade e bem comum, solidariedade e destinação universal dos bens, solidariedade e igualdade entre os homens e os povos, solidariedade e paz no mundo.

POBREZA E RIQUEZA

328. Os bens, ainda que legitimamente possuídos, mantêm sempre uma destinação universal: é imoral toda a forma de acumulação indébita, porque em aberto contraste com a destinação universal consignada por Deus Criador a todos os bens.
329. As riquezas realizam a sua função de serviço ao homem quando destinadas a produzir benefícios para os outros e a sociedade: “Como poderíamos fazer o bem ao próximo – interroga-se Clemente de Alexandria – se todos não possuíssem nada?”. Na visão de São João Crisóstomo, as riquezas pertencem a alguns, para que estes possam adquirir mérito partilhando com os outros. Elas são um bem que vem de Deus: quem o possuir, deve usá-lo e fazê-lo circular, de sorte que também os necessitados possam fruir; o mal está no apego desmedido às riquezas, no desejo de açambarcá-las [reter tudo ou quase tudo para si].

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