A comunhão espiritual alimenta a fé eucarística da Igreja

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14 de abril de 2020

“Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte, enquanto esperamos vossa vinda”.  Por meio desta aclamação, feita logo após a consagração da missa, os católicos manifestam a fé da Igreja na Eucaristia como memorial da paixão, morte e ressurreição de Jesus e a certeza de que Cristo permanece vivo em suas vidas até sua vinda gloriosa.

Porém, neste ano, devido à pandemia do COVID-19, a maioria dos fiéis celebraram a Páscoa sem poderem se aproximar do altar e comungar sacramentalmente do corpo e sangue de Cristo. Eles se uniram em oração aos bispos e padres através dos meios de comunicação e comungaram espiritualmente, alimentando a esperança de um dia poderem receber o corpo e sangue de Cristo novamente.  

“Nesta situação de pandemia, na qual nos encontramos vivendo mais ou menos isolados, somos convidados a redescobrir e aprofundar o valor da comunhão que une todos os membros da Igreja. Unidos a Cristo, nunca estamos sozinhos, mas formamos um único Corpo, do qual Ele é a Cabeça. É uma união que se alimenta com a oração e também com a comunhão espiritual à Eucaristia, uma prática muito recomendada quando não é possível receber o Sacramento”, afirmou o Papa Francisco, após a oração do Angelus de 15 de março.

ALIMENTO ETERNO

É certo que Jesus ressuscitado está presente na Igreja de diversas maneiras, na sua Palavra, na oração da Igreja – “onde dois ou três estão reunidos em Meu nome...” (Mt 18,20) –, nos pobres, nos doentes, nos prisioneiros, nos seus sacramentos, dos quais é o autor, e na pessoa do ministro ordenado que preside a missa. No entanto a doutrina católica ressalta que é sobretudo sob as espécies eucarísticas que o Senhor manifesta sua presença por excelência.

O ápice da participação na Eucaristia é a comunhão. É o próprio Jesus que convida: “Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós” (Jo 6,53).

O principal fruto da comunhão eucarística é a união íntima com Cristo Jesus. “De fato, o Senhor diz: ‘Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele’ (Jo 6,56). A vida em Cristo tem o seu fundamento no banquete eucarístico: ‘Assim como o Pai, que vive, me enviou, e Eu vivo pelo Pai, também o que me come viverá por Mim’ (Jo 6,57) ”, recorda o Catecismo da Igreja Católica (1396), que enfatiza, ainda, que a comunhão da “carne de Cristo Ressuscitado” conserva, aumenta e renova a vida da graça recebida no Batismo.

UNIÃO COM CRISTO

Santo Tomás de Aquino afirmou que “o efeito típico da Eucaristia é a transformação do homem em Cristo”. Já São Leão Magno destacou: “A participação do corpo e sangue de Cristo não faz outra coisa senão transformar-nos no alimento que tomamos”.

Santo Agostinho pôs na boca de Jesus estas palavras: “Não és tu que me transformarás em ti, como se dá com o alimento da tua carne, mas tu será transformado em mim”. E Cirilo de Jerusalém enfatizou que, por meio da Eucaristia, “nos tornamos concorpóreos e consanguíneos com Cristo”.

NA PRISÃO

Para muitas pessoas, esse período distante da Eucaristia é a oportunidade de tomar consciência do valor da comunhão sacramental para a vida espiritual e se unir a muitos cristãos que, por diversas razões, há muito tempo são impedidos de celebrar a Eucaristia.

Na história recente da Igreja, o Cardeal vietnamita Francisco Xavier Nguyen Van Thuan (1928-2002) é, sem dúvida, um dos maiores exemplos de amor à Eucaristia. Arcebispo coadjutor de Saigon, ele foi mantido prisioneiro pelo regime comunista durante 13 anos, dos quais nove foram em total isolamento. Mesmo assim, ele consegui celebrar a Eucaristia clandestinamente em sua cela com um pedaço de pão, três gotas de vinho e uma gota d’água na palma da mão.

O próprio cardeal vietnamita contou, em uma das meditações do retiro que pregou no Vaticano no jubileu do ano 2000, que, quando foi preso, em 1975, um angustiante pensamento apoderou-se dele:  “Poderei ainda celebrar a Eucaristia? No momento em que tudo veio a faltar, a Eucaristia passou a ocupar o primeiro lugar em meus pensamentos: o Pão da Vida”.

PÃO DA ESPERANÇA

Van Thuan recordou, ainda, que, em todas as épocas, especialmente em tempos de perseguição, a Eucaristia  foi sempre o segredo da vida dos cristãos, “o alimento das testemunhas, o pão da esperança”.

Papa Francisco sempre nutriu muita estima pelo exemplo dos chamados “cristãos escondidos” do Japão nos séculos XVI e XVII. Evangelizados por São Francisco Xavier, os católicos japoneses eram em torno de 300 mil em 1614, quando o cristianismo foi banido no país, os missionários foram expulsos e os fiéis foram forçados a escolher entre o martírio ou viver a fé clandestinamente.

Em 1873, o cristianismo deixou de ser proibido no Japão e, quando os sacerdotes retornaram ao país, encontraram grupos de cristãos que conservaram secretamente a fé por gerações e desejavam voltar a celebrar a Eucaristia. “Eram isolados e escondidos, mas eram sempre membros do povo de Deus, membros da Igreja”, afirmou o Papa Francisco, na Audiência Geral de 15 de janeiro de 2014.

CULTIVAR O AMOR

Na Encíclica Ecclesia de Eucharistia, São João Paulo II enfatizou que é conveniente cultivar continuamente na alma o desejo do sacramento da Eucaristia. “Daqui nasceu a prática da ‘comunhão espiritual’ em uso na Igreja há séculos, recomendada por santos mestres de vida espiritual”, afirmou o Santo Padre, recordando que Santa Teresa de Jesus escreveu: “Quando não comungais e não participais na missa, comungai espiritualmente, porque é muito vantajoso. [...] Deste modo, imprime-se em vós muito do amor de nosso Senhor”.

Santa Catarina de Sena temia que a comunhão espiritual não tivesse nenhum valor. “Jesus lhe apareceu em visão, com dois cálices na mão, e lhe disse: ‘Neste cálice de ouro ponho as tuas comunhões sacramentais e neste cálice de prata ponho as tuas Comunhões Espirituais. Estes dois cálices me são muito agradáveis’”, conta a Santa em seus escritos biográficos. 

São várias as orações de comunhão espiritual existentes na tradição católica. Nas suas missas diárias na Casa Santa Marta, o Papa Francisco tem convidado os fiéis que acompanham pelos meios de comunicação a fazerem a seguinte oração:

“Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no vosso e na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece. À espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Eu vos amo. Assim seja.”

LEIA TAMBÉM: 

Dom Carlos Lema: O que é a comunhão espiritual?

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‘O fruto da Eucaristia é a vida eterna’

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08 de abril de 2020

A preparação da última ceia, na qual Jesus instituiu a Eucaristia, foi o destaque da liturgia da missa desta quarta-feira, 8, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, e transmitida pelas mídias digitais.

Além de revelar novamente a traição de Judas Iscariotes, o texto do Evangelho (Mt 26,14-25), chama a atenção para o fato de Jesus pedir aos discípulos que prepararem um lugar para a celebração da ceia.

NOVA ALIANÇA

Na homilia, Dom Odilo ressaltou que esse detalhe do Evangelho mostra que Jesus e os apóstolos não tinham um lugar fixo para morar e também seu desejo de celebrar a Páscoa entre os seus, como era costume entre os judeus.

O Arcebispo ressaltou, ainda, que ao celebrar a Páscoa, Jesus dá um sentido novo àquela celebração, mudando o significado do pão e do cordeiro pascal da ceia: o cordeio é o próprio Cristo e o pão é o seu corpo. “Esta é a ceia da nova aliança selada no seu sangue que haveria de derramar na cruz”.

“Acolhamos também nós, sempre com muita fé esse dom e esse mistério que celebramos na Eucaristia, lembrando daquilo que Deus fez e continua a fazer por nós”, exortou o Cardeal, lembrando que cada vez que se celebra novamente a Eucaristia se atualiza o único sacrifício de Cristo na Cruz.

COMUNGAR COM A IGREJA

“O fruto da Eucaristia é a vida eterna. Portanto, agradeçamos sempre a Deus por nos dar esta graça tão grande de podermos receber o corpo de Cristo”, destacou o Dom Odilo, que, ao mesmo tempo, reconheceu que, neste ano, a maioria dos católicos não poderão comungar sacramentalmente devido às medidas de isolamento social que impedem a celebração de missas com a presença do povo.

“Procure comungar espiritualmente com a Igreja que comunga”, afirmou o Cardeal, motivando os fiéis a estarem unidos espiritualmente às suas comunidades paroquiais, acompanhando as transmissões das celebrações. “Depois que passar esta pandemia, nós poderemos voltar às nossas igrejas e celebrar a Eucaristia e comungar normalmente”, completou.

SEMANA SANTA 

O Arcebispo reforçou o convite para que todos acompanhem de suas casas, em família, as celebrações do Tríduo Pascal que serão transmitidas pelas mídias sociais e meios de comunicação.

As celebrações presididas por Dom Odilo serão transmitidas pela rádio 9 de Julho e pelo Facebook. Veja os horários na imagem ao lado. 

No Domingo de Páscoa, 12, haverá um ato de Consagração da América Latina e do Caribe a Nossa Senhora de Guadalupe, transmitido diretamente do México, por iniciativa do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam).

(Colaboraram: Edilma Oliveira e Fred Oliveira)

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CNBB convoca à oração do terço, nesta quarta-feira

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16 de março de 2020

Diante do complexo quadro gerado pela pandemia do Covid-19, o coronavírus, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em comunhão com o Papa Francisco no compromisso de intensificar às orações neste período, se une ao Brasil convocando a todos para um momento de oração, a ser realizado na próxima quarta-feira, 18, às 15h30, hora da misericórdia. Na ocasião, a presidência da CNBB juntamente com religiosos e leigos convidados rezarão o terceiro terço - Mistérios Gloriosos, que será transmitido em todas as televisões de inspiração católica do país e pela página da Conferência no Facebook.

A iniciativa, principalmente em momentos delicados e difíceis como este, busca elevar os corações ao Deus da Vida, no acolhimento de sua Palavra, fortalecendo a fé, a esperança e a união. “Conscientes de que as restrições ao convívio não durarão para sempre, aprendamos, a valorizar a fraternidade, tornando-nos ainda mais desejosos de, passada a pandemia, podermos estar juntos, celebrando a vida, a saúde, a concórdia e a paz” (trecho da nota “Tempos de Esperança e Solidariedade” da CNBB).

Conscientes ainda, à luz da Palavra de Deus, para o sentido da vida como Dom e Compromisso, tema da Campanha da Fraternidade deste ano, a intenção de oração do terço é dedicada também, para além das vítimas, aos profissionais que incansavelmente trabalham por uma solução. “Sejamos disciplinados, obedeçamos às orientações e decisões para nosso bem, e não nos falte o discernimento sábio para cancelamentos e orientações que preservem a vida como compromisso com nosso dom mais precioso” (trecho da nota “Tempos de Esperança e Solidariedade” da CNBB).

No vídeo, que será transmitido em todas as emissoras de inspiração católica, cada membro da presidência da CNBB reza um mistério do terço.

SERVIÇO:
Intenção de Oração do terço às vítimas e aos envolvidos no combate ao Covid-19, coronavírus.
Data: 18 de março de 2020
Horário: Às 15h30
Contato: 61 - 2103-8300 ramais da Assessoria de Comunicação da CNBB – Assessora de Comunicação: Manuela Castro – 8313 – jornalistas: 8230, 8390 e 8368.

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A verdadeira fraternidade nasce no encontro com Cristo

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21 de fevereiro de 2020

No Brasil, a Quaresma é marcada pela realização da Campanha da Fraternidade, que convida os católicos a prestar uma maior atenção à solidariedade, ao próximo e à transformação da sociedade, no âmbito do espírito de conversão e mudança de vida próprio desse tempo litúrgico da Igreja. 
Para uma vivência autenticamente cristã da fraternidade, é necessário compreender esse termo a partir do mandamento divino do amor ao próximo. Nesse sentido, também deve ser entendido o espírito cristão da caridade e da solidariedade.
Outro aspecto a ser considerado é o da filiação divina, uma vez que a fraternidade é um termo derivado da palavra latina frater, que significa “irmão”. É Jesus que ensina todos a chamarem Deus de Pai e afirma: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). 

‘ONDE ESTÁ O TEU IRMÃO?’
O compromisso para com o irmão aparece já no início da Sagrada Escritura, no episódio do assassinato de Abel por Caim. A pergunta feita por Deus a Caim –  “Onde está o teu irmão?” (Gn 4,9) – confirma essa corresponsabilidade pelo bem do próximo. 
O amor ao próximo tem como fundamento o amor ao próprio Deus. “Pela caridade, amamos a Deus sobre todas as coisas e a nosso próximo como a nós mesmos por amor a Deus. Ela é o ‘vínculo da perfeição’ (Cl 3,14) e a forma de todas as virtudes”, ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC 1844). A doutrina cristã também ensina que o Decálogo deve ser interpretado à luz desse duplo e único mandamento da caridade, plenitude da lei.
“Jesus fez da caridade o novo mandamento. Amando os seus ‘até o fim’ (Jo 13,1), manifesta o amor do Pai que Ele recebe. Amando-se uns aos outros, os discípulos imitam o amor de Jesus que eles também recebem”, ressalta o Catecismo (CIC 1823).

UNIDADE DO AMOR
Outro aspecto que ilumina a vivência da fraternidade cristã é a compreensão de que todas as pessoas são chamadas ao mesmo fim: o próprio Deus. “Existe certa semelhança entre a unidade das pessoas divinas e a fraternidade que os homens devem estabelecer entre si, na verdade e no amor. O amor ao próximo é inseparável do amor a Deus” (CIC 1878).
O Papa Francisco confirmou isso quando salientou que as duas dimensões do amor, para com Deus e para com o próximo, em sua unidade, caracterizam o discípulo de Cristo. “Amar a Deus quer dizer investir nossas energias todos os dias para ser seus colaboradores no serviço ao próximo sem reservas, no buscar perdoar sem limites e no cultivar relações de comunhão e de fraternidade”, exortou o Pontífice, durante a oração do Angelus em 4 de novembro de 2018.   

CARIDADE 
O Catecismo reforça, ainda, que o princípio da solidariedade, enunciado sob o nome de “caridade social”, é uma exigência direta da fraternidade humana e cristã. “Um erro, ‘hoje amplamente difundido, é o esquecimento desta lei da solidariedade humana e da caridade, ditada e imposta tanto pela comunidade de origem e pela igualdade da natureza racional em todos os homens, seja qual for o povo à qual pertençam, como também pelo sacrifício redentor oferecido por Jesus Cristo no altar da cruz a seu Pai celeste, em prol da humanidade pecadora’” (CIC 1939). 
Desse modo, a fraternidade cristã não se resume à “simpatia” que se tem pelas pessoas do mesmo grupo, mas extrapola esse parâmetro e abrange especialmente os mais necessitados. 
“O amor do próximo, radicado no amor de Deus, é um dever antes de mais nada para cada um dos fiéis, mas o é também para a comunidade eclesial inteira”, afirma o Papa Emérito Bento XVI na Encíclica Deus Caritas Est (2005). 
“A Igreja é a família de Deus no mundo. Nesta família, não deve haver ninguém que sofra por falta do necessário. Ao mesmo tempo, porém, a caritas-ágape estende-se para além das fronteiras da Igreja; a parábola do bom samaritano permanece como critério de medida, impondo a universalidade do amor que se inclina para o necessitado encontrado ‘por acaso’ (cf. Lc 10,31), seja ele quem for”, acrescenta Bento XVI. 

COMUNHÃO 
Outro princípio que ilumina a compressão da fraternidade é a comunhão, destacada na experiência dos primeiros cristãos. “Todos os que abraçavam a fé viviam unidos e possuíam tudo em comum; vendiam suas propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um” (At 2, 44-45).
Contudo, nesse mesmo capítulo, o livro dos Atos dos Apóstolos explica onde estava alicerçada essa vida fraterna: “Perseverantes e bem unidos, frequentavam diariamente o templo, partiam o pão pelas casas e tomavam a refeição com alegria e simplicidade de coração” (At 2,46). 

ENCONTRO COM CRISTO
Ao longo da História, foram muitos os homens e mulheres que compreenderam o princípio cristão da fraternidade e serviram aos irmãos a partir de um verdadeiro encontro pessoal com Cristo. 
Um dos célebres exemplos é o de São Francisco de Assis, cuja biografia conta que, em 1026, quando estava passeando a cavalo pelas campinas de Assis, viu um leproso, que, pelo aspecto físico, sempre lhe causava repugnância. De repente, Francisco decidiu parar e colocar algumas moedas nas mãos do leproso e lhe deu um beijo, movido pelas palavras de Jesus: “Tudo o que fizerdes ao menor de meus irmãos, é a mim que o fazeis” (Mt 10,42).
O amor e a doação de São Francisco aos mais pobres partia de uma experiência profunda com Deus, que lhe permitia enxergar o próprio Cristo em cada pessoa, sobretudo os mais pobres. 

VER O SENHOR
Experiência semelhante de encontro com Deus por meio do próximo foi vivida por Santa Teresa de Calcutá, quando, em 1946, durante uma viagem de trem, se deparou com um irmão pobre de rua que lhe disse: “Tenho sede!”. 
A Santa contou que ouviu do fundo de seu coração o próprio Cristo que a chamava. 
“Eu vejo Jesus em cada ser humano. Eu digo para mim mesma: este é Jesus com fome, eu tenho que alimentá-lo. Este é Jesus doente. Este tem lepra ou gangrena; eu tenho que lavá-lo e cuidar dele. Eu sirvo porque eu amo Jesus”, afirmou a Santa.

DOAÇÃO 
Outro exemplo contemporâneo de amor ao próximo é o do Bem-Aventurado Pier Giorgio Frassati, jovem estudante italiano que nasceu em 1901. Aos 17 anos, ingressou na Sociedade São Vicente de Paulo (Vicentinos) e dedicou a maior parte do seu tempo livre ao serviço dos doentes e necessitados e à difusão da Doutrina Social da Igreja entre estudantes e trabalhadores. 
Em sua biografia, relata-se que sua caridade consistia em uma entrega de si mesmo, sustentada diariamente pela Eucaristia, com frequentes adorações noturnas, a meditação do hino à caridade, de São Paulo, e as palavras de Santa Catarina de Sena. “Jesus me visita a cada manhã na Comunhão e eu lhe respondo da pobre maneira que posso fazê-lo: visitando os pobres”, dizia Frassati.  
Em 1923, ele afirmou a um grupo de estudantes: “Sintamos em nós a íntegra força do nosso amor cristão que nos torna irmãos para além dos confins de todas as nações”.

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Acordo Provisório Santa Sé-China sobre nomeação de Bispos

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22 de setembro de 2018

No âmbito dos contatos entre a Santa Sé e a República Popular da China, que estão em andamento há algum tempo para tratar questões eclesiais de comum interesse e para promover ulteriores relações de entendimento, hoje, 22 de setembro de 2018, realizou-se uma reunião em Pequim entre Dom Antoine Camilleri, Subsecretário das Relações da Santa Sé com os Estados e o Sr. Wang Chao, Vice-Ministro das Relações Exteriores da República Popular da China, respectivamente chefes das Delegações vaticana e chinesa.

No contexto de tal encontro, os dois representantes assinaram um Acordo Provisório sobre a nomeação dos bispos.

O referido Acordo Provisório, que é o resultado de uma gradual e recíproca aproximação, é estipulado após um longo processo de ponderadas negociações e prevê avaliações periódicas sobre a sua implementação. Ele trata da nomeação dos Bispos, um assunto de grande importância para a vida da Igreja, e cria as condições para uma colaboração mais ampla em nível bilateral.

É uma esperança compartilhada que tal acordo favoreça um fecundo e perspicaz processo de diálogo institucional e contribua positivamente para a vida da Igreja Católica na China, para o bem do povo chinês e para a paz no mundo.

 

Papa Francisco readmite à plena comunhão eclesial 8 bispos chineses

A fim de apoiar o anúncio do Evangelho na China, o Santo Padre Francisco decidiu readmitir à plena comunhão eclesial os restantes bispos "oficiais" ordenados sem Mandato Pontifício: S.E. Dom Giuseppe Guo Jincai, S.E. Dom Giuseppe Huang Bingzhang, S.E. Dom Paolo Lei Shiyin, S.E. Dom Giuseppe Liu Xinhong, S.E. Dom Giuseppe Ma Yinglin, S.E. Dom Giuseppe Yue Fusheng, S.E. Dom Vincenzo Zhan Silu e S.E. Dom Antonio Tu Shihua, O.F.M. (falecido em 4 de janeiro de 2017, que antes de morrer havia expressado o desejo de se reconciliar com a Sé Apostólica).

O Papa Francisco faz votos de que, com as decisões tomadas, se possa iniciar um novo caminho, que permita superar as feridas do passado, realizando a plena comunhão de todos os católicos chineses.

A comunidade católica na China é chamada a viver em colaboração mais fraterna, para levar com renovado compromisso o anúncio do Evangelho. De fato, a Igreja existe para testemunhar Jesus Cristo e o Amor misericordioso e salvífico do Pai.

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Ministros extraordinários da Comunhão participam de retiro

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22 de agosto de 2018

Os Ministros extraordinários da Sagrada Comunhão participaram, no sábado, 18, do Retiro espiritual anual, realizado no Centro Mariápolis Ginetta, em Vargem Grande Paulista (SP). A programação foi conduzida pelo Diácono Anivaldo Blasques, coordenador regional, e pelo Padre Ricardo Pinto, Assistente Eclesiástico, contando com a colaboração dos coordenadores setoriais e paroquiais dos Ministros da Eucaristia.

Os 430 participantes ouviram sobre “A santidade do leigo”, com reflexões conduzidas por Dom José Fortes Palau, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga. O conteúdo foi fundamentado na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate , sobre o chamado à santidade no mundo atual, escrita pelo Papa Francisco. Na homilia, Dom José Roberto comentou o Ano Nacional do Laicato, afirmando que a santificação do mundo depende dos leigos maduros na fé e movidos pelo Espírito Santo. 

O Retiro foi concluído com a Caminhada na Santidade com Maria, com reflexões e recordação de uma específica invocação mariana escolhida em cada Setor Pastoral.

 

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Publicadas orientações sobre pão e vinho para Eucaristia

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13 de julho de 2017

A pedido do Papa Francisco, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos dirigiu aos Bispos diocesanos uma carta-circular a respeito do pão e do vinho da Eucaristia.

O documento, divulgado no sábado, 8, recorda aos prelados que cabe a eles providenciar “dignamente” tudo aquilo que é necessário para a celebração da Ceia do Senhor. “Compete-lhe vigiar a qualidade do pão e do vinho destinado à Eucaristia e, por isso, também, aqueles que o fabricam”, lê-se no texto.

O Dicastério manifesta preocupação com a venda da matéria eucarística em supermercados, lojas ou até mesmo pela internet. “O Ordinário deve recordar aos sacerdotes, em particular aos párocos e aos reitores das igrejas, a sua responsabilidade em verificar quem é que fabrica o pão e o vinho para a celebração e a conformidade da matéria”, mediante inclusive a apresentação de certificados.

A Congregação recorda que o pão deve ser ázimo, unicamente feito de trigo. “É um abuso grave introduzir, na fabricação do pão para a Eucaristia, outras substâncias como frutas, açúcar ou mel. Já as hóstias completamente sem glúten são inválidas, sendo tolerado hóstias parcialmente providas desta substância. Já o Mosto, isto é, o sumo de uva, é matéria válida para a eucaristia”.

Leia a íntegra do documento:

Carta-circular aos Bispos sobre o pão e o vinho para a Eucaristia

A Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, por determinação do Santo Padre Francisco, dirige-se aos Bispos diocesanos (ou aqueles que pelo direito lhe são equiparados) recordar-lhes que lhes compete providenciar dignamente tudo aquilo que é necessário para a celebração da Ceia do Senhor (cf. Lc 22,8.13). Ao Bispo, primeiro dispensador dos mistérios de Deus, moderador, promotor e garante da vida litúrgica na Igreja que lhe está confiada (cf. CIC can. 835 §1) compete-lhe vigiar a qualidade do pão e do vinho destinado à Eucaristia e, por isso, também, aqueles que o fabricam. A fim de ser uma ajuda, lembramos as normas existentes e sugerem-se algumas indicações práticas.

Enquanto até agora, de um modo geral, algumas comunidades religiosas dedicavam-se a preparar com cuidado o pão e o vinho para a celebração da Eucaristia, hoje estes vendem-se, também, em supermercados, lojas ou mesmo pela internet. Para que não fiquem dúvidas acerca da validade desta matéria eucarística, este Dicastério sugere aos Ordinários que dêem indicações a este respeito; por exemplo, garantindo a matéria eucarística mediante a concessão de certificados.

O Ordinário deve recordar aos sacerdotes, em particular aos párocos e aos reitores das igrejas, a sua responsabilidade em verificar quem é que fabrica o pão e o vinho para a celebração e a conformidade da matéria.

Compete ao Ordinário informar e advertir para o respeito absoluto das normas os produtores de vinho e do pão para a Eucaristia.

As normas acerca da matéria eucarística indicadas no can. 924 do CIC e nos números 319 a 323 da Institutio generalis Missalis Romani, foram já explicadas na Instrução Redemptionis Sacramentum desta Congregação (25 de Março de 2004):

a) “O pão que se utiliza no santo Sacrifício da Eucaristia deve ser ázimo, unicamente feito de trigo, confeccionado recentemente, para que não haja nenhum perigo de que se estrague por ultrapassar o prazo de validade. Por conseguinte, não pode constituir matéria válida, para a realização do Sacrifício e do Sacramento eucarístico, o pão elaborado com outras substâncias, embora sejam cereais, nem mesmo levando a mistura de uma substância diversa do trigo, em tal quantidade que, de acordo com a classificação comum, não se pode chamar pão de trigo. É um abuso grave introduzir, na fabricação do pão para a Eucaristia, outras substâncias como frutas, açúcar ou mel. Pressupõe-se que as hóstias são confeccionadas por pessoas que, não só se distinguem pela sua honestidade, mas que, além disso, sejam peritas na sua confecção e disponham dos instrumentos adequados” (n. 48).

b) “O vinho que se utiliza na celebração do santo Sacrifício eucarístico deve ser natural, do fruto da videira, puro e dentro da validade, sem mistura de substâncias estranhas… Tenha-se diligente cuidado para que o vinho destinado à Eucaristia se conserve em perfeito estado de validade e não se avinagre. Está totalmente proibido utilizar um vinho de quem se tem dúvida quanto ao seu caráter genuíno ou à sua procedência, pois a Igreja exige certeza sobre as condições necessárias para a validade dos sacramentos. Não se deve admitir sob nenhum pretexto outras bebidas de qualquer género, pois não constituem matéria válida” (n. 50).

A Congregação para a Doutrina da Fé, na sua Carta-circular aos Presidentes das Conferências Episcopais acerca do uso do pão com pouca quantidade de glúten e do mosto como matéria eucarística (24 de Julho de 2003, Prot. n. 89/78-17498), indicou as normas para as pessoas que, por diversos e graves motivos, não podem consumir pão normalmente confeccionado ou vinho normalmente fermentado:

“As hóstias completamente sem glúten são matéria inválida para a eucaristia. São matéria válida as hóstias parcialmente desprovidas de glúten, de modo que nelas esteja presente uma quantidade de glúten suficiente para obter a panificação, sem acréscimo de substâncias estranhas e sem recorrer a procedimentos tais que desnaturem o pão” (A. 1-2).
“Mosto, isto é, o sumo de uva, quer fresco quer conservado, de modo a interromper a fermentação mediante métodos que não lhe alterem a natureza (p. ex., o congelamento), é matéria válida para a eucaristia” (A. 3). “Os Ordinários têm competência para conceder a licença de usar pão com baixo teor de glúten ou mosto como matéria da Eucaristia em favor de um fiel ou de um sacerdote. A licença pode ser outorgada habitualmente, até que dure a situação que motivou a concessão” C. 1).

Por outro lado, a mesma Congregação decidiu que a matéria eucarística confeccionada com organismos geneticamente modificados pode ser considerada válida (cf. Carta ao Perfeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, 9 de Dezembro de 2013, Prot. n. 89/78 – 44897).

Aqueles que confeccionam o pão e produzem o vinho para a celebração, devem ter a consciência de que o seu trabalho destina-se ao Sacrifício Eucarístico, e por isso, é-lhes requerido honestidade, responsabilidade e competência.

Para que sejam observadas as normas gerais, os Ordinários podem utilmente meter-se de acordo ao nível da Conferência Episcopal, dando indicações concretas. Considerando a complexidade de situações e circunstâncias, como é o facto da negligência pelo sagrado, adverte-se para a necessidade prática de que, por incumbência da Autoridade competente, haja quem efetivamente garanta a autenticidade da matéria eucarística da parte dos produtores como da sua conveniente distribuição e venda.

Sugere-se, por exemplo, que a Conferência Episcopal encarregue uma ou duas Congregações religiosas, ou um outro Ente com capacidade para verificar a produção, conservação e venda do pão e do vinho para a Eucaristia num determinado país ou para outros países para os quais se exporta. Recomenda-se, ainda, que o pão e o vinho destinados à Eucaristia tenham um tratamento conveniente nos lugares de venda.

Da sede da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, 15 de Junho de 2017.

Cardeal Robert Sarah

Prefeito

Arthur Roche

Arcebispo Secretário

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‘Eis o mistério da fé’

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14 de junho de 2017

Na Solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo, popularmente conhecida como Corpus Christi, a ser celebrada na quinta-feira, 15, a Igreja Católica manifesta publicamente o “mistério da fé” que, como ensina o Catecismo, é a “fonte e ápice da vida cristã”.

“Na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa”, reforça o Catecismo.

Instituída por Jesus Cristo na Última Ceia, a Eucaristia perpetua o sacrifício da cruz na Igreja ao longo dos séculos. Essa verdade é expressa com clareza nas palavras com que o povo, durante a missa, após a consagração do pão e do vinho, responde à proclamação “Eis o mistério da fé”, dizendo, “Anunciamos, Senhor, a vossa morte, e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus”.

Quando a Igreja celebra a Eucaristia, o acontecimento central de salvação se faz realmente presente e “realiza-se também a obra da nossa redenção”, como expressou São João Paulo II, na encíclica Ecclesia de Eucharistia (2003). “Esta é a fé que as gerações cristãs viveram ao longo dos séculos, e que o magistério da Igreja tem continuamente reafirmado com jubilosa gratidão por dom tão inestimável”, acrescentou.

O santo sacrifício eucarístico torna presente não só o mistério da paixão e morte de Jesus, mas também o mistério da sua ressurreição. Por estar vivo e ressuscitado é que Cristo pode tornar-se “pão da vida” (Jo 6, 35.48). Tal verdade de fé era proclamada pelos padres e doutores dos primórdios da Igreja. Santo Ambrósio lembrava aos cristãos recém-batizados: “Se hoje Cristo é teu, Ele ressuscita para ti cada dia”. Já São Cirilo de Alexandria sublinhava que a participação na Eucaristia “é uma verdadeira confissão e recordação de que o Senhor morreu e voltou à vida por nós e em nosso favor”.

Presença real

É certo que Jesus ressuscitado está presente na Igreja de diversas maneiras, na sua Palavra, na oração da Igreja – “onde dois ou três estão reunidos em Meu nome...” (Mt 18,20) –, nos pobres, nos doentes, nos prisioneiros, nos seus sacramentos, dos quais é o autor, e na pessoa do ministro ordenado que preside a Santa Missa. Mas, a doutrina católica ressalta que é sobretudo sob as espécies eucarísticas que o Senhor manifesta sua presença por excelência.

Pelas palavras de Jesus na Última Ceia e pela invocação do Espírito Santo na celebração da missa, o pão e o vinho se tornam verdadeiramente o corpo e o sangue de Cristo. O Concílio de Trento afirma que na Eucaristia estão “contidos, verdadeira, real e substancialmente, o corpo, o sangue, a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo”, ou seja, “Cristo completo”.

A doutrina católica ensina, ainda, que pela consagração do pão e do vinho “opera-se a conversão de toda a substância do pão na substância do corpo de Cristo Nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância do seu sangue”; a esta mudança, a Igreja Católica chama de “transubstanciação”.

Na oração do Ângelus de 16 de agosto de 2015, o Papa Francisco ressaltou que a Eucaristia não é uma oração privada ou uma bonita experiência espiritual, nem uma simples comemoração daquilo que Jesus fez na Última Ceia. “Nós dizemos, para entender bem, que a Eucaristia é ‘memorial’, ou seja, um gesto que atualiza e torna presente o evento da morte e ressurreição de Jesus: o pão é realmente o seu Corpo oferecido por nós, o vinho é realmente o seu Sangue derramado por nós”.

Comunhão

O ápice da participação na Eucaristia é a comunhão. É o próprio Jesus que convida: “Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós” (Jo 6,53).

O principal fruto da comunhão eucarística é a união íntima com Cristo Jesus. “De fato, o Senhor diz: ‘Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele’ (Jo 6,56). A vida em Cristo tem o seu fundamento no banquete eucarístico: ‘Assim como o Pai, que vive, me enviou, e Eu vivo pelo Pai, também o que me come viverá por Mim’ (Jo 6,57) ”, recorda o Catecismo, que enfatiza, ainda, que a comunhão da carne de Cristo Ressuscitado conserva, aumenta e renova a vida da graça recebida no Batismo.

A comunhão também afasta o fiel do pecado. “O corpo de Cristo que recebemos na comunhão é ‘entregue por nós’ e o sangue que nós bebemos é ‘derramado pela multidão, para remissão dos pecados’. É por isso que a Eucaristia não pode unir-nos a Cristo sem nos purificar, ao mesmo tempo, dos pecados cometidos, e nos preservar dos pecados futuros”, reforça o Catecismo.

Os que recebem a Eucaristia ficam mais estreitamente unidos a Cristo, que une todos os fiéis num só corpo: a Igreja. Como afirma o Apóstolo São Paulo: “O cálice da bênção que abençoamos, não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo? Uma vez que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, porque participamos desse único pão” (1Cor 10, 16-17).

Como também ensina São Paulo, para receber o corpo e o sangue de Cristo, é necessária a devida preparação. “Quem comer o pão ou beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, cada qual a si mesmo e, então, coma desse pão e beba deste cálice; pois quem come e bebe, sem discernir o corpo do Senhor, come e bebe a própria condenação” (1Cor 11, 27-29). Nesse sentido, a Igreja exorta os que tiverem consciência de um pecado grave a receber o sacramento da Reconciliação antes de se aproximarem da Sagrada Comunhão, com o fim de evitarem um sacrilégio e usufruírem das graças infinitas de tão admirável dom.

Reverência

Justamente pelo fato da real e substancial presença de Jesus Cristo na Eucaristia, a Igreja ensina os fiéis a expressarem essa fé com reverência e devoção, dentre outras maneiras, ajoelhando-se ou inclinando-se profundamente em sinal de adoração ao Senhor diante do Santíssimo Sacramento. “A Igreja Católica sempre prestou e continua a prestar este culto de adoração que é devido ao sacramento da Eucaristia, não só durante a missa, mas também fora da sua celebração: conservando com o maior cuidado as hóstias consagradas, apresentando-as aos fiéis para que solenemente as venerem, e levando-as em procissão”, destaca o Catecismo.

Quanto ao gesto ou posição para a comunhão, a instrução Redemptionis Sacramentum (2004) recorda a orientação de que os fiéis comunguem de joelhos ou de pé, mas quando comungarem de pé, “recomenda-se fazer, antes de receber o Sacramento, a devida reverência”.

O documento também ressaltou que todo fiel tem sempre direito a escolher se deseja receber a Sagrada Comunhão na boca ou na mão, onde as conferências episcopais locais tenham permitido, como é o caso do Brasil. No entanto, quando a comunhão é recebida na mão, recomenda-se que haja especial cuidado e que a hóstia seja consumida imediatamente diante do ministro – o fiel não deve retornar para seu assento com as espécies eucarísticas na mão. Tal cuidado não só expressa a devida reverência para com o Santíssimo Sacramento como também evita o perigo de profanações e sacrilégios por parte de pessoas mal intencionadas que podem tomar a Eucaristia para fins escusos.

Adoração

A presença de Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento não se restringe à celebração da missa, mas permanece na reserva eucarística. No princípio, o sacrário ou tabernáculo era destinado a guardar a Eucaristia de maneira digna para ser levada aos enfermos e aos fiéis ausentes à missa por razões graves. Com o aprofundamento da fé na presença real de Cristo na sua Eucaristia, a Igreja tomou consciência do sentido da adoração silenciosa do Senhor, presente sob as espécies sagradas. “O ato de adoração fora da Santa Missa prolonga e intensifica aquilo que se fez na própria celebração litúrgica”, explicou o Papa Bento XVI, na exortação apostólica Sacramentum Caritatis (2007).

A visita ao Santíssimo Sacramento presente nos sacrários das igrejas permite o encontro pessoal de cada fiel com Jesus e o coloca em comunhão com toda a Igreja, que se reúne em torno da Eucaristia. Por isso, além de convidar cada um dos fiéis a encontrar pessoalmente tempo para se demorar em oração diante do sacramento do altar, a Igreja motiva as paróquias, comunidades e grupos eclesiais a promoverem momentos de adoração comunitária.

Em muitas cidades, há igrejas e santuários eucarísticos, onde o Santíssimo Sacramento fica exposto permanentemente para a adoração dos fiéis. No centro de São Paulo, por exemplo, a Paróquia Santa Ifigênia e a Igreja Nossa Senhora da Boa Morte realizam adorações perpétuas. Muitas outras igrejas promovem semanalmente adorações, geralmente às quintas-feiras, em recordação da Instituição da Eucaristia.

Na carta Dominicae Cenae (1980), São João Paulo II enfatizou: “A Igreja e o mundo têm grande necessidade do culto eucarístico. Jesus espera-nos neste sacramento do amor. Não regulemos o tempo para estar com Ele na adoração, na contemplação cheia de fé e disposta a reparar as faltas graves e os pecados do mundo. Que a nossa adoração não cesse jamais”.

Na Solenidade de Corpus Christi, na quinta-feira, 15, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, presidirá missa campal na Praça da Sé, às 9h, seguida de procissão pelas ruas do centro da cidade.

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