Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos emite nota a respeito da COVID-19

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05 de abril de 2020

A Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos (SBCC), da qual o Setor Universidades da Comissão Episcopal Pastoral para Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) faz parte, publicou em 27 de março uma nota a respeito da COVID-19.

De acordo com o documento, considerando que muitas ações ainda precisarão ser desenvolvidas, a SBCC propõe aos pesquisadores católicos que priorizem soluções para os problemas mais relevantes, tendo em conta o valor inegociável da vida humana, e que busquem ações econômicas e de organização social baseadas em um humanismo solidário.

A nota afirma ainda que as medidas políticas, sociais e econômicas adotadas devem estar baseadas em modelos que priorizem vidas, seja evitando a disseminação da doença, seja garantindo a subsistência dos indivíduos num cenário pós-epidemia.

A SBCC foi fundada durante a 57ª Assembleia Geral da CNBB, em maio de 2019, e faz parte do núcleo do Setor Universidades da Comissão Episcopal Pastoral para Cultura e Educação da CNBB que tem como presidente o arcebispo de Montes Claros (MG). O objetivo da fundação da SBCC é reunir cientistas católicos, que podem ser pesquisadores de diversas áreas da Ciência (Exatas, Humanas ou Biológicas), e promover ações específicas no campo de ensino e pesquisa. O grupo liderado por dom João Justino é composto por teólogos e pastoralistas que têm a função de garantir que as ações da Sociedade se mantenham dentro das normativas da Doutrina Católica e também de realizar um trabalho de pastoreio para com seus membros.

O assessor da comissão padre Danilo Pinto, diz que muitos pesquisadores estão sendo convidados a cooperar a partir das suas áreas de conhecimento para o enfrentamento do coronavírus e outros problemas que foram desencadeados a partir da pandemia nos diversos setores da sociedade quanto da saúde, da educação e da economia, entre outros.

“Os membros da SBCC são chamados a colaborar, os mestres e doutores, a partir de uma contribuição bem específica porque balizada pelos critérios que são retirados do evangelho. Critérios que nos ajudam a compor o imenso patrimônio que chamamos de humanismo solidário. que é a capacidade que a gente tem de de refletir, de promover a pessoa humana a luz da fé. Então, é a luz dos critérios do humanismo solidário que os mestres e doutores católicos são convidados a colaborar com as soluções, alternativas e reflexões que precisamos para esse novo tempos que estamos vivendo”, destaca o padre.

LEIA A NOTA DA SBCC NA ÍNTEGRA

Nós, membros da SBCC, diante da pandemia do Covid-19, fazemo-nos próximos e solidários aos brasileiros neste momento de angústia, incertezas e esperanças. Reconhecemos o grande valor dos cientistas, profissionais da saúde e de todos os demais que têm papel indispensável nesta hora. Queremos também contribuir para a promoção e defesa da vida, o bem maior.

A Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde e a comunidade científica têm indicado algumas ações que já estão em andamento para conter o avanço da doença e assim evitar o colapso do sistema de saúde, bem como reduzir o número de mortes causadas pela Covid-19. Considerando-se que muitas outras ações ainda precisarão ser desenvolvidas, a SBCC propõe aos pesquisadores católicos as seguintes reflexões:

1 – É preciso priorizar temporalmente os esforços científicos, técnicos e econômicos, de modo que soluções para os problemas mais relevantes sejam rapidamente levantadas, tendo em conta o valor inegociável da vida humana. Sob este valor, devem estar subordinadas todas as demais preocupações políticas e econômicas.

2 – A aplicação em larga escala de vacinas, medicamentos e outros tratamentos deve ser baseada em conhecimentos científicos comprovados ou, quando em condições extremas, em protocolos clínicos devidamente justificados. Comunidades humanas não podem ser usadas como cobaias, a fim de obter conhecimento. Isso inverte a lógica de uma ciência humanista e fere a ética científica em diferentes níveis. Neste mesmo sentido, as medidas políticas, sociais e econômicas adotadas devem estar baseadas em modelos que priorizem vidas, seja evitando a disseminação da doença, seja garantindo a subsistência dos indivíduos num cenário pós-epidemia.

3 – É mister estabelecer, em espírito solidário, um diálogo efetivo e transdisciplinar para encontrar a dosimetria adequada das ações no complexo enfrentamento da crise. Deve-se buscar ações econômicas e de organização social baseadas em um humanismo solidário, que visem o bem comum e protagonizem a opção preferencial pelos pobres.

4 – Ao fim dessa crise, a sociedade terá a oportunidade de reavaliar os papéis tanto da comunidade científica quanto dos profissionais de saúde, por vezes preteridos de incentivos públicos e privados, no cenário nacional. Reafirmamos sua importância e a necessidade de que suas orientações sejam seguidas por parte das autoridades civis, eclesiásticas, e toda sociedade de modo geral.

Em tempo, conclamamos esses profissionais a que assumam, com profunda solidariedade e colaboração, suas funções tão necessárias nesse momento crítico em que vivemos. Pedimos a todos os irmãos para que rezem por esses profissionais e que nos unamos a Cristo para sermos sinais de esperança.

27 de março de 2020.

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Marcador biológico facilita diagnóstico da dengue hemorrágica

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24 de setembro de 2018

Um estudo desenvolvido a partir da análise de milhares de moléculas levou pesquisadores à identificação de lipídios que podem indicar a evolução da dengue para sua forma mais grave, a hemorrágica. Segundo os cientistas, foi possível observar que o vírus ajuda a promover a adição de fosfato às proteínas do sangue, aumentando a quantidade de fosfotidilcolinas.

Esses lipídios agem contra a coagulação, e a presença excessiva deles acaba por desbalancear os processos que evitam as hemorragias.

O estudo foi desenvolvido pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Escola de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), revelou marcadores que facilitam o diagnóstico da dengue hemorrágica.

A investigação é resultado do doutorado do pesquisador Carlos Fernando Odir Rodrigues, sob orientação do professor Rodrigo Ramos Catharino, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp.

 

Reconhecimento internacional

Transformada em artigo publicado na revista Scientific Reports, a pesquisa descreve a evolução da dengue hemorrágica a partir da análise de 20 pacientes tratados no Hospital de Base da da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp).

De acordo com o estudo, o vírus assume o controle do metabolismo das células infectadas para atender às necessidades de replicação viral. Essa atuação gera aumento da fosfotidilcolina, que dificulta a coagulação do sangue e é um indicativo da febre hemorrágica.

Com essa constatação, os pesquisadores acreditam que, em breve, será possível identificar a ocorrência da forma mais grave da doença a partir de exames de sangue. A expectativa é que a descoberta também ajude no desenvolvimento de vacinas e no aperfeiçoamento dos tratamentos.

A partir do diagnóstico mais rápido e preciso, deve ainda aumentar a sobrevida dos pacientes, uma vez que o atendimento já poderá ser direcionado desde os estágios iniciais. A evolução para a variedade hemorrágica está ligada vários fatores, como a quantidade de vírus no organismo e a reação do sistema imunológico do doente.

 

Contaminação

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a dengue afete 390 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. Em junho, o Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa), do Ministério da Saúde, apontou que 1,1 mil municípios brasileiros, 22% do total, tinham risco de surto de dengue, zika e chikungunya.

Nas capitais, apenas São Paulo, João Pessoa e Aracaju estavam em condições consideradas satisfatórias e tinham poucas chances de enfrentar esse tipo de problema.

Até julho, haviam sido confirmadas 77 mortes causadas pela dengue em todo o país. Ao todo, foram registrados 148 casos da doença considerados graves e 1,7 mil ocorrências com sinais de alarme.

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USP terá curso gratuito e meninas podem se tornar cientistas

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13 de setembro de 2018

Meninas que sonham ser cientistas contam agora com o incentivo de um grupo de pesquisadoras e cientistas de São Paulo. Trata-se do projeto “Meninas com Ciência – 2ª edição SP: de mulheres cientistas para meninas que sonham”, que pretende levar meninas para a área científica.

“O objetivo é incentivar a inserção de mulheres nas ciências, humanizar a figura de uma cientista, destacar a importância das ciências na formação dessas meninas e para o desenvolvimento do País. Esperamos que, desde pequenas, elas tenham essa mensagem”, explicou a coordenadora do evento, Camila Negrão Signori, professora doutora da Universidade de São Paulo (USP) e atuante na área de Oceanografia Microbiana.

“O ‘Meninas com Ciências’ surgiu no Museu Nacional do Rio de Janeiro, voltado para Paleontologia e Geologia. Lá, elas já estão na quarta edição. No ano passado, foi realizada a primeira edição na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e eu fui uma das palestrantes convidadas. Assim, com amigas pesquisadoras, tivemos a ideia de trazer o projeto para a USP, na expectativa de expandir mais os temas científicos e ter uma procura grande dessas meninas”, contou a coordenadora do evento.

O curso é gratuito e começa no dia 27 de outubro. Serão apresentados conteúdos teóricos e práticos, lecionados por diferentes professoras e pesquisadoras, com os temas oceanografia, astronomia, neurociência, engenharia elétrica, farmacologia, educação, paleontologia, astrobiologia, microbiologia e zoologia. Serão cinco sábados de palestras e atividades práticas em laboratórios do Instituto Oceanográfico (IO-USP), das 9h às 17h.

“Participarão professoras e especialistas de diferentes áreas das ciências. O curso terá uma parte teórica numa linguagem mais acessível a essas meninas, e haverá a parte prática. Nós temos [na USP] uma infraestrutura de laboratórios e de espaço onde essa parte prática pode ser desenvolvida e mostrada para as meninas”, detalhou Camila.

As inscrições podem ser feitas até o dia 10 de outubro Meninas Com CIência. O curso é aberto a garotas que estejam matriculadas entre o 5º e o 9º ano do Ensino Fundamental, tanto em escolas da rede pública como da particular do Estado de São Paulo. De acordo com as organizadoras, as 50 vagas oferecidas serão divididas entre as participantes por meio de sorteio.

Fonte: Agência Brasil

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Padre Aníbal Lopes integrará a Academia para a Vida

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14 de junho de 2017

O Padre Aníbal Gil Lopes, professor de Fisiologia no Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi nomeado na terça-feira, 13, como membro da Pontifícia Academia para a Vida.

O Sacerdote concedeu entrevista ao O SÃO PAULO na edição de 29 de março deste ano, em que falou sobre a vivência de seu ministério no mundo da ciência.

“Entendo que todas as minhas atividades sejam ministeriais, pois de alguma forma revelam a Palavra de Jesus, Senhor de minha vida, e celebram o dom da vida. Desde minha ordenação diaconal, nunca deixei de ter atividade paroquial direta, quase sempre na periferia, com pessoas simples e ricas de sabedoria. Todavia, os caminhos que Deus nos oferece vão além do que conseguimos desejar ou entender. Por meio da universidade, entrei no meio de uma outra periferia, não a da cultura e do conhecimento, mas a da periferia do mundo dos que têm fé religiosa. Tanto o sacerdote como o médico, o professor e o cientista, colocam suas vidas a serviço do outro através da busca e da partilha do saber que acolhe, que mostra o caminho, que permite entrar na intimidade do outro para com ele buscar e encontrar a verdade, o bem, o belo, o sentido da vida. Assim, entendo que seja um e único sacerdócio em Cristo, Senhor da vida e da História”.

Biografia

Nascido em 18 de julho de 1948, em Araraquara (SP), ele se graduou como médico na Universidade de São Paulo, onde obteve o grau de Médico (1973), onde também obteve o título de Doutor em Fisiologia de Órgãos e Sistemas (1976) e Livre Docente na mesma área (1988). Entre 1981 e 1984, realizou o Pós-doutorado na Yale University, CT, USA. Foi Professor Visitante na The Johns Hopkins University, MD, USA, e no Instituto Venezolano de Investigaciones Científicas, Caracas, Venezuela.

Ordenado sacerdote em 1973, Padre Aníbal Lopes iniciou sua carreira acadêmica na Universidade de São Paulo em 1978, onde se tornou Professor Associado em 1988. Entre 1993 e 2014 foi Professor Titular do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Na USP foi Coordenador do Programa de Pós-graduação em Fisiologia e Presidente da Comissão de Pós-graduação do Instituto de Ciências Biomédicas. Na UFRJ foi Diretor do Instituto de Ciências Biomédicas e Pró-reitor de Ensino de Graduação. Atualmente é Professor Titular e Coordenador do Curso de Medicina da UNICASTELO (Campus de Fernandópolis, SP).

Sua contribuição à ciência se reflete no grande número de citações de seus trabalhos na literatura especializada internacional. Até o momento, publicou 95 artigos completos em periódicos especializados; 12 capítulos em livros nacionais e estrangeiros; mais de 200 trabalhos apresentados em anais de congressos científicos nacionais e internacionais.

Membro da Academia Nacional de Medicina, Academia de Ciências Latino Americana, Pontifícia Academia Para a Vida (Vaticano), Academia Brasileira de Ciências, Academia Fides et Ratio, Academia Europeia de Ciências Letras e Artes (Paris), Academia Brasileira de Educação, Academia das Ciências de Lisboa, Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação, Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro e da Academia Brasileira de Medicina Militar.

Sobre a Academia para Vida

Instituída por João Paulo II em 1994, a Pontifícia Academia para a Vida estuda problemas relativos à promoção e defesa do valor da vida humana e da dignidade da pessoa; informa responsáveis da Igreja, instituições científicas e organizações e forma para a cultura da vida, em respeito pelo Magistério da Igreja.

A Academia tem um máximo de 70 membros nomeados pelo Papa com base no profissionalismo e competência dos indicados e sem alguma discriminação religiosa ou nacional.

Atua em constante sintonia com o Dicastério para Leigos, Família e Vida e o atual Presidente é o arcebispo italiano Vincenzo Paglia.

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Um pouco mais sobre a Evolução

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28 de mai de 2017

Na coluna da semana passada, escrevemos sobre a Teoria da Evolução e sua compatibilidade com a fé cristã: como desde o Papa Pio XII, na Encíclica Humani Generis, foi deixado em aberto a possibilidade de um cristão aceitar o evolucionismo como uma hipótese científica válida sem ter de abrir mão de sua fé num Deus Criador.

Quase 50 anos depois da publicação desta Encíclica, São João Paulo II, numa mensagem dirigida à Academia Pontifícia de Ciências, em 1993, trata o evolucionismo não como uma mera hipótese, mas como aquilo que é hoje: um consenso científico, bem fundado em descobertas e aprofundamentos de diversas disciplinas, e que constitui a explicação mais provável de como a vida foi se desenvolvendo. E é aqui que encontra-se a pedra de toque para a compreensão da teoria da evolução sob um prisma cristão, pois em ambos pronunciamentos os papas fizeram clara a reserva que recai sobre o evolucionismo: trata-se de uma teoria que explica a origem e desenvolvimento da vida enquanto matéria, mas que é incapaz de explicar o porquê da vida e, mais especificamente, qual o sentido e dignidade da vida humana. Isso seria tarefa e missão da Filosofia e da Teologia.

São João Paulo II concluiu, assim, sua intervenção: “É por virtude da sua alma espiritual que a pessoa na sua totalidade possui tal dignidade, até no seu corpo. Pio XII focava este ponto essencial: se o corpo humano toma a sua existência a partir de matéria viva pré-existente, a alma espiritual é imediatamente criada por Deus”.

E se isso é ponto pacífico para um católico, como expusemos na coluna anterior, diversos outros cristãos têm dificuldade para compreender tal realidade exposta pelos papas. E foi aí que surgiu a teoria do Criacionismo. Ela tem como grande corolário a interpretação literal do livro bíblico do Gênesis, para fundamentar uma teoria científica, o que chega a ser uma deturpação daquilo que o autor sagrado pretendia ao escrever o texto. O antigo astrônomo-chefe do Vaticano, Padre George Coyne, SI, expressa tal atitude com certa apreensão: “na América, o Criacionismo veio a significar uma espécie de interpretação científica, fundamentalista e literal, do livro do Gênesis. A fé judaico-cristã é radicalmente criacionista, mas num sentido totalmente diferente. Ela está enraizada na crença de que tudo depende de Deus, ou melhor, de que tudo é dom Dele!”

Assim, vemos que há dois tipos de Criacionismo: um deles, de fundo, que parte da crença em um Criador, e que dá sentido a toda a existência; e outro, mais superficial, que busca fazer uma espécie de ciência, que parte não da realidade, de fatos observáveis, mas de pressupostos já assumidos. É esse tipo de Criacionismo que é errado, que é contrário à Revelação Cristã.

Nesse sentido, o Criacionismo não passa de uma mera pseudociência, justamente por ignorar o método científico comumente aceito, como apontam diversos relatórios e estudos de prestigiosas instituições, como a National Academy of Science e a Universidade de Illinois, em Chicago, nos Estados Unidos. Em suma, o Criacionismo, como hipótese científica, não passa de uma explicação mitológica revestida de termos acadêmicos.

Para contornar esse problema, os proponentes do Criacionismo elaboraram uma nova teoria, a do Design Inteligente, que busca amalgamar os dois extremos desse cabo de guerra: aceitam algumas partes da teoria da evolução, ao mesmo tempo em que propõe intervenções diretas de Deus na sua criação. O mais famoso livro que explica tal hipótese é “Of Pandas and People” (sobre Pandas e Homens, sem tradução para o português), publicado em 1989, nos Estados Unidos. Ainda que a ideia inicial pareça boa, de juntar o que a ciência descobriu e elaborou sobre a evolução com a concepção cristã de um Criador, o livro (e toda a hipótese do Design Inteligente) revela-se um desastre: ao buscar explicar as lacunas produzidas pelo método científico com uma intervenção divina direta, os proponentes de tal hipótese revelam-se maus cientistas, pois buscam explicações extraordinárias para fatos ordinários, e, ao mesmo tempo, maus conhecedores de Deus, uma vez que pressupõem um Deus incapaz de criar algo com perfeição e, por isso mesmo, deve intervir em sua obra a todo momento para deixá-la mais perfeita.

Sobre isso, a comunidade científica reagiu à criação do Núcleo de Estudos focado no Design Inteligente na Universidade Mackenzie, no início deste mês. Dr. Fábio Raposo do Amaral, professor da Universidade Federal de São Paulo e vice-chefe do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva, explica que “o design inteligente é uma explicação pseudocientífica para a complexidade de estruturas que encontramos na natureza. A evolução – mudança na frequência das características herdáveis ao longo das gerações – por si só explica o que vemos na natureza, independentemente da complexidade, em todos os seus níveis hierárquicos – desde moléculas a ecossistemas”.

Talvez seja desnecessário reafirmar o quanto a Igreja não endossa tais teorias (pseudo)científicas e que não é necessário crer nelas para ser um bom cristão, mas vale lembrar as palavras do Papa Francisco contrárias às hipóteses científicas criacionistas (sejam elas puras, sejam com a roupagem do Design Inteligente), quando, em mensagem à Pontifícia Academia de Ciências, disse: “Ao lermos no Gênesis o relato da Criação, corremos o risco de imaginar que Deus fosse uma espécie de mágico, e que com sua varinha fosse capaz de fazer tudo. Entretanto, não foi assim que se deu... e assim a criação percorreu por séculos e séculos, milênios e milênios até chegar ao que conhecemos hoje, justamente porque Deus não é um demiurgo ou um mágico, mas, sim, o Criador que dá o ser a todas as coisas [...] A evolução na natureza não se opõe à noção de Criação, justamente porque a Evolução pressupõe a Criação de seres que possam evoluir”.

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