Papa institui Domingo da Palavra de Deus

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30 de setembro de 2019

O Vaticano divulgou nesta segunda-feira, 30, a Carta Apostólica sob forma de Motu Proprio Aperuit illis do Papa Francisco com a qual se institui o Domingo da Palavra de Deus.

Com esse documento, o Santo Padre estabelece que “o III Domingo do Tempo Comum seja dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus”. O Motu Proprio foi publicado no dia em que a Igreja celebra a memória litúrgica de São Jerônimo, conhecido tradutor da Bíblia em latim que afirmava: “A ignorância das Escrituras é a ignorância de Cristo”.

Francisco explica que com essa decisão quis responder aos muitos pedidos dos fiéis para que na Igreja se celebrasse o Domingo da Palavra de Deus. A carta começa com a seguinte passagem do Evangelho de Lucas (Lc 24,45): “Encontrando-se os discípulos reunidos, Jesus aparece-lhes, parte o pão com eles e abre-lhes o entendimento à compreensão das Sagradas Escrituras. Revela àqueles homens, temerosos e desiludidos, o sentido do mistério pascal, ou seja, que Ele, segundo os desígnios eternos do Pai, devia sofrer a paixão e ressuscitar dos mortos para oferecer a conversão e o perdão dos pecados; e promete o Espírito Santo que lhes dará a força para serem testemunhas deste mistério de salvação.”

PATRIMÔNIO

O Papa recorda o Concílio Vaticano II que “deu um grande impulso à redescoberta da Palavra de Deus com a Constituição Dogmática Dei Verbum”, e Bento XVI que convocou o Sínodo, em 2008, sobre o tema “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja” e escreveu a Exortação Apostólica Verbum Domini, que “constitui um ensinamento imprescindível para as nossas comunidades”. Nesse documento, observa, “aprofunda-se o caráter performativo da Palavra de Deus, sobretudo quando o seu caráter sacramental emerge na ação litúrgica”.

“O Domingo da Palavra de Deus”, sublinha o Pontífice, “situa-se num período do ano que convida a reforçar os laços com os judeus e a rezar pela unidade dos cristãos”: “Não é uma mera coincidência temporal: celebrar o Domingo da Palavra de Deus expressa um valor ecumênico, porque as Sagradas Escrituras indicam para aqueles que se colocam à escuta o caminho a ser percorrido para alcançar uma unidade autêntica e sólida”.

Francisco exorta a viver esse domingo “como um dia solene. Entretanto será importante que, na celebração eucarística, se possa entronizar o texto sagrado, de modo a tornar evidente aos olhos da assembleia o valor normativo que possui a Palavra de Deus (...). Neste Domingo, os Bispos poderão celebrar o rito do Leitorado ou confiar um ministério semelhante, a fim de chamar a atenção para a importância da proclamação da Palavra de Deus na liturgia. De fato, é fundamental que se faça todo o esforço possível no sentido de preparar alguns fiéis para serem verdadeiros anunciadores da Palavra com uma preparação adequada (...). Os párocos poderão encontrar formas de entregar a Bíblia, ou um dos seus livros, a toda a assembleia, de modo a fazer emergir a importância de continuar na vida diária a leitura, o aprofundamento e a oração com a Sagrada Escritura, com particular referência à lectio divina.

“A Bíblia”, escreve o Papa, “não pode ser patrimônio só de alguns e, menos ainda, uma coletânea de livros para poucos privilegiados (...). Muitas vezes, surgem tendências que procuram monopolizar o texto sagrado, desterrando-o para alguns círculos ou grupos escolhidos. Não pode ser assim. A Bíblia é o livro do povo do Senhor que, escutando-a, passa da dispersão e divisão à unidade. A Palavra de Deus une os fiéis e faz deles um só povo”.

Também nessa ocasião, o Papa reitera a importância da preparação da homilia: “Os Pastores têm a grande responsabilidade de explicar e fazer compreender a todos a Sagrada Escritura (...) com uma linguagem simples e adaptada a quem escuta (...). Para muitos dos nossos fiéis, esta é a única ocasião que têm para captar a beleza da Palavra de Deus e a ver referida à sua vida diária (...).

Não se pode improvisar o comentário às leituras sagradas. Sobretudo a nós, pregadores, pede-se o esforço de não nos alongarmos desmesuradamente com homilias enfatuadas ou sobre assuntos não atinentes. Se nos detivermos a meditar e rezar sobre o texto sagrado, então seremos capazes de falar com o coração para chegar ao coração das pessoas que escutam”.

SAGRADA ESCRITURA E EUCARISTIA

Recordando o episódio dos discípulos de Emaús, o Papa recorda também “como seja indivisível a relação entre a Sagrada Escritura e a Eucaristia”. Cita a Constituição Apostólica Dei Verbum que ilustra “a finalidade salvífica, a dimensão espiritual e o princípio da encarnação para a Sagrada Escritura”. “A Bíblia não é uma coletânea de livros de história nem de crônicas, mas está orientada completamente para a salvação integral da pessoa. A inegável radicação histórica dos livros contidos no texto sagrado não deve fazer esquecer esta finalidade primordial: a nossa salvação. Tudo está orientado para esta finalidade inscrita na própria natureza da Bíblia, composta como história de salvação na qual Deus fala e age para ir ao encontro de todos os homens e salvá-los do mal e da morte”.

“Para alcançar esta finalidade salvífica, a Sagrada Escritura, sob a ação do Espírito Santo, transforma em Palavra de Deus a palavra dos homens escrita à maneira humana. O papel do Espírito Santo na Sagrada Escritura é fundamental. Sem a sua ação, estaria sempre iminente o risco de ficarmos fechados apenas no texto escrito, facilitando uma interpretação fundamentalista, da qual é necessário manter-se longe para não trair o caráter inspirado, dinâmico e espiritual que o texto possui. Como recorda o Apóstolo, «a letra mata, enquanto o Espírito dá a vida».”

O Papa recorda a afirmação importante dos Padres conciliares “segundo a qual a Sagrada Escritura deve ser ‘lida e interpretada com o mesmo Espírito com que foi escrita’. Com Jesus Cristo, a revelação de Deus alcança a sua realização e plenitude; e, todavia, o Espírito Santo continua a sua ação. De facto, seria redutivo limitar a ação do Espírito Santo apenas à natureza divinamente inspirada da Sagrada Escritura e aos seus diversos autores. Por isso, é necessário ter confiança na ação do Espírito Santo que continua a realizar uma sua peculiar forma de inspiração, quando a Igreja ensina a Sagrada Escritura, quando o Magistério a interpreta de forma autêntica e quando cada fiel faz dela a sua norma espiritual.”

SAGRADA ESCRITURA E TRADIÇÃO

Falando sobre a encarnação do Verbo de Deus que “dá forma e sentido à relação entre a Palavra de Deus e a linguagem humana, com as suas condições históricas e culturais”, o Papa ressalta que “muitas vezes corre-se o risco de separar Sagrada Escritura e Tradição, sem compreender que elas, juntas, constituem a única fonte da Revelação (...). A fé bíblica funda-se sobre a Palavra viva, não sobre um livro. Quando a Sagrada Escritura é lida com o mesmo Espírito com que foi escrita, permanece sempre nova”. Assim, “quem se alimenta dia a dia da Palavra de Deus torna-se, como Jesus, contemporâneo das pessoas que encontra; não se sente tentado a cair em nostalgias estéreis do passado, nem em utopias desencarnadas relativas ao futuro”.

“Por isso, é necessário que nunca nos abeiremos da Palavra de Deus por mero hábito, mas nos alimentemos dela para descobrir e viver em profundidade a nossa relação com Deus e com os irmãos. A Palavra de Deus apela constantemente para o amor misericordioso do Pai, que pede a seus filhos para viverem na caridade. A Palavra de Deus é capaz de abrir os nossos olhos, permitindo-nos sair do individualismo que leva à asfixia e à esterilidade enquanto abre a estrada da partilha e da solidariedade.

A carta se conclui com uma referência a Maria que nos acompanha “no caminho do acolhimento da Palavra de Deus”. “A bem-aventurança de Maria antecede todas as bem-aventuranças pronunciadas por Jesus para os pobres, os aflitos, os mansos, os pacificadores e os que são perseguidos, porque é condição necessária para qualquer outra bem-aventurança.”

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40 Anos - Bíblia da Criança

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16 de outubro de 2019

Em 1979, São João Paulo II estava presente na Conferência Episcopal Latino-Americana de Puebla, no México, e se alegrou durante a primeira apresentação da Bíblia da Criança; o Papa Bento XVI, em visita ao Brasil, entregou, nas mãos de uma criança, o exemplar que representa o número de 10 milhões de exemplares da Bíblia da Criança em Português do Brasil; e o Papa Francisco já havia solicitado milhares de exemplares da Bíblia da Criança, quando era Arcebispo de Buenos Aires, na Argentina.


Agora, depois de 40 anos, existem 51.188.209 exemplares em 191 línguas (dados de junho de 2019). E isso não é o fim. Todos os dias, a ACN recebe novas encomendas e pedidos vindos do mundo inteiro: de paróquias, dioceses e ordens religiosas pobres demais para pagar pelo seu próprio material catequético. Por exemplo, a ACN enviou, para as sete dioceses do Paquistão, 80 mil exemplares em língua Urdu; para a Igreja Greco-Católica na Ucrânia foram enviados 50 mil exemplares com ilustrações de ícones; também a Diocese de Tarahumara, no norte do México, recebeu 10 mil exemplares. A Bíblia da Criança não evangeliza somente as crianças, mas também seus pais, que em muitas realidades acompanham seus filhos no estudo bíblico. 


Além dos pedidos, a ACN recebe todos os dias cartas de agradecimento. Para muitas crianças de países pobres, como Moçambique – País que recentemente foi tão flagelado por catástrofes naturais – esse é o único livro que elas têm. Não se pode imaginar, escreve o Padre Ottorino, qual é o efeito que um livrinho desses suscita no coração das pessoas. Dieudonné, do Togo, tem 13 anos e agradece com estas palavras: “Todas as palavras de Jesus nos fazem pensar e nos dão um sentido para a vida”. Muitos se emocionam: para o pequeno Mikel, da Albânia, “isso que fizeram com Jesus é muito triste”. E de presidiários brasileiros, recebemos essas linhas: “Estou preso na cadeia porque assassinei uma pessoa. Tenho Aids. Só Deus sabe de mim. Eu não sei o que vai ser da minha vida, mas uma coisa é certa: esta pequena Bíblia vai me ajudar”.


Não se conhece todos os frutos produzidos nem se pode prever os que ainda serão colhidos no futuro pelas 51 milhões de sementes sob a forma da Bíblia da Criança. Esse livro traz em si uma bênção especial desde que o Padre Werenfried assinalou seu início, no Ano da Criança, em 1979, com estas palavras: “As crianças precisam de algo como uma Bíblia da Criança, para que a imagem de Cristo se torne viva nelas”. A semente brotou nos corações das crianças e não para de florescer, graças à generosidade de milhares de benfeitores. 


Preencha você também o cupom abaixo, envie-o gratuitamente e faça parte desta maravilhosa obra de Deus que é a ACN. Informações sobre como apoiar esses e outros projetos, pelo telefone 0800-770-9527.

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Durante Conselho Permanente, CNBB apresenta nova tradução oficial da Bíblia

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23 de novembro de 2018

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza, de 20 a 22, em sua sede provisória, a 97ª Reunião Ordinária do Conselho Permanente, órgão que, segundo o estatuto e regimento da entidade, é responsável pela orientação e acompanhamento da CNBB e dos organismos a ela vinculados. O Conselho Permanente, constituído pela presidência, presidentes das comissões episcopais e membros eleitos dos conselhos episcopais regionais, também tem caráter eletivo e deliberativo. 

O destaque central da reunião é a organização da 57ª Assembleia Geral da CNBB, que acontecerá em Aparecida (SP), de 1º a 10 de maio de 2019, e terá como objetivo atualizar as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil para o período 2019 a 2023.

Durante a reunião, a CNBB apresentou na quarta-feira, 21, uma nova tradução oficial da Bíblia, que servirá de referência para a Igreja no Brasil. Como recomenda o Concílio Vaticano II, a tradução se baseia nos textos originais Hebraicos, Aramaicos e Gregos, cotejados com a Nova Vulgata – a tradução oficial católica. Essa nova versão será usada nas futuras publicações oficiais da Igreja no Brasil.

Fonte: CNBB
 

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8ª Leitura Contínua da Palavra é concluída no Arsenal da Esperança

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23 de setembro de 2018

A 8a edição da Leitura Continua da Palavra, iniciativa promovida pelo Arsenal da Esperança, foi concluída na tarde do sábado, 22, com a reunião da comunidade na sede da instituição, no bairro da Mooca, para a leitura do Deuteronômio, último livro do Pentateuco.

O evento contou com a presença do Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, que fez a leitura do capítulo 32 do livro do Deuteronômio.

O Cardeal expressou alegria pela iniciativa que levou a escuta da Palavra de Deus a cerca de 1,5 mil pessoas em 71 locais, e exortou que mais comunidades ousem e possam também incentivar a leitura da Bíblia.

A INICIATIVA

No dia 14, foi aberta a 8ª edição da Leitura Contínua da Palavra, no Arsenal da Esperança. O primeiro capítulo do livro de Gênesis foi lido por Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé. O evento, faz parte das comemorações do mês de setembro, que é dedicado à Bíblia.

Este ano, teve como proposta a leitura dos cinco primeiros livros do Antigo Testamento, os chamados Pentateucos. Após a abertura feita por Dom Eduardo, cerca de 20 pessoas, entre religiosos, paroquianos, acolhidos do Arsenal e representantes de entidades parceiras da casa, se intercalaram na leitura.

Organizada pelo SERMIG - Fraternidade da Esperança, a iniciativa nasceu em 2011, quando o Arsenal da Esperança recebeu a cruz e o ícone da Jornada Mundial da Juventude. Desde o dia 14, a Leitura Contínua da Palavra aconteceu em mais de 70 pontos da cidade e do estado de São Paulo.

 

LEIA A REPORTAGEM COMPLETA NA PRÓXIMA EDIÇÃO DO O SÃO PAULO

(Colaborou: Cleide Barbosa/rádio 9 de Julho)

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