Uma receita de empatia

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01 de mai de 2020

O fluxo acrescido de moradores de rua em busca de refeição no restaurante “Duas Terezas”, localizado no número 514, da Alameda Lorena, no Jardim Paulista, zona Oeste da capital, com o início da quarentena na cidade de São Paulo, há pouco mais de um mês, chamou a atenção da proprietária e chef de cozinha Mariana Pelozio.

A primeira atitude tomada por ela foi estabelecer que todos os que fossem ao seu restaurante pedir por comida recebessem alimentação. Contudo, ela sentia o desejo de contribuir de outras maneiras.

Paroquiana do Santuário São Judas Tadeu, na Região Episcopal Ipiranga, juntamente com o marido, Diego Ciarrocchi, Mariana tem tido contato com a população de rua desde que conheceu o Arsenal da Esperança.

Em 2014, ao participar do curso de expressão viva, da Oficina Viva Produção, da cantora Ziza Fernandes, ela fez parte do elenco do musical “Caminhos da Esperança”, que contou a história da entidade.

A chef de cozinha soube, por seu esposo, que a sede do Arsenal da Esperança, no bairro da Mooca, desde o dia 23 de março se tornou o local onde mil moradores de rua permanecem em quarentena ininterruptamente, como forma de protegê-los dos riscos de contágio pelo novo coronavírus.

“O Arsenal da Esperança está fazendo algo inimaginável, um milagre. Se nós pensarmos em um café da manhã, falamos de mil pães e mil copos de café com leite, mas isso cresce e, em uma conta rápida, por refeição, são gastos 280kg de arroz, fora o jantar”, comentou em entrevista ao O SÃO PAULO.

INGREDIENTES

Mariana sabia que não conseguiria fazer uma doação suficientemente capaz de atender as necessidades atuais: “Eu tinha que fazer com que outras pessoas também ajudassem  [o Arsenal da Esperança]. Precisava de um mutirão, mas como fazer um na quarentena? Foi quando eu pensei em juntar as pessoas na internet”, contou.

Inspirada nas lives de outros profissionais da Gastronomia e áreas diversas, ela decidiu utilizar sua influência nas redes sociais e ministrar uma aula de culinária on-line, em que os futuros alunos pagam o quanto podem pelo ingresso e todo valor angariado será destinado ao centro de acolhida.

A oficina gastronômica “Cozinha e Solidariedade” acontecerá no sábado, 2, às 20h, e não ficará disponível posteriormente: “A ideia é cozinhar com o que as pessoas têm em casa, para que possam fazer comigo”, explicou a chef, completando que o propósito da aula, além, das doações, é ensinar como utilizar os alimentos em sua totalidade.

Ela adiantou, ainda, que o prato principal da live terá panqueca de berinjela e arroz temperado com o talo do legume para que nada seja desperdiçado.

Os interessados devem acessar o site do restaurante “Duas Terezas” e preencher um formulário. Os organizadores farão o contato com a confirmação da inscrição e informando os ingredientes que serão usados no preparo das receitas. O pagamento deve ser feito pelo aplicativo Ame Digital (disponível para Androide e IOS). Com o aplicativo instalado, basta escanear o QR code e pagar no débito ou crédito o valor desejado.

QUEM DIVIDE MUTIPLICA

“Eu sei que nenhum valor será suficiente para bancar o Arsenal, são mil pessoas, precisa de muito dinheiro. O que eu espero conseguir é que mais pessoas se sensibilizem, saibam que o Arsenal existe, que tem mil pessoas que estariam nas ruas, sendo contaminadas e contaminando, mil pessoas que não teriam o que comer e que estão sendo alimentados e têm um teto para dormir”, manifestou Mariana.

Com a aula, ela deseja que mais pessoas se perguntem: ‘eu estou em casa de quarentena e quem não tem casa, onde dorme essa noite?’ E que com este questionamento transformem o pensamento de suas prioridades: “Se cada um faz um pouco, nós conseguiríamos mudar tudo. Esse é o pouco que eu posso fazer”.

A cantora Ziza Fernandes, diretora-geral da Oficina Viva Produções, apoiadora do projeto e que apresentou o Arsenal da Esperança a chef de cozinha, afirmou: “como um corpo docente, nunca teremos noção sobre o impacto do que nós fazemos se amplifica dentro das pessoas. É um privilégio ver como a Mariana multiplica em amor, em atos concretos, em compromisso com a humanidade em um momento tão delicado, em que precisamos cada vez mais entender que nossa missão é sermos pontes uns para os outros”.

O ARSENAL DA ESPERANÇA

Transformar a casa de acolhida em um espaço de quarentena, significou um grande desafio institucional, de acordo com Padre Simone Bernardi, atual administrador do Arsenal. Atualmente, são oferecidas 3 mil refeições diárias. Acrescenta-se a isso o crescimento com os gastos de água, luz e outros insumos.

“O Arsenal tentou responder desta forma a população de rua que é muito grande. A nossa parte foi tentar preservar uma parcela de mil pessoas e até agora parece que esse esforço serviu, pois não tivemos casos graves de adoecidos. Eu considero isso um pequeno milagre, pois são pessoas com a saúde muitas vezes precária e uma história de vida difícil, com dependências. O fato de termos oferecido essa quarentena protegeu essas pessoas até agora e espero que continue assim”, celebrou Padre Simone.

O responsável define que a inciativa da chef de cozinha beneficiará a entidade de duas formas: a primeira, concretamente, por meio dos valores que irão custear parte das despesas. A segunda, com a inspiração de novos gestos de fraternidade: “Isso mostra que a solidariedade é possível em qualquer circunstância, isto é um grande sinal!”

Segundo o sacerdote, a população de rua sempre esteve, de certa forma, isolada socialmente e, por isso é louvável a atitude da chef de cozinha, “que poderia estar pensando apenas nos problemas que vem enfrentando, pois é evidente de que quem tem uma atividade está sofrendo também, mas está pensando nos outros mais desfavorecidos. Por meio da comida que ela ensina, está fazendo com que pessoas que não teriam comida também possam se alimentar. Em tempos tão difíceis, isso um sinal de bondade muito grande”, concluiu.

Acompanhe o trabalho do Arsenal da Esperança

 

 

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Doações são indispensáveis para as ações da Igreja em favor das pessoas em situação de rua

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28 de março de 2020

Os comércios fecharam, boa parte das empresas mantém os funcionários em regime de trabalho home-office, mas, para os que não têm teto, a rua continua sendo a única morada. E neste tempo de quarentena, com menos pessoas circulando pelas ruas, conseguir um prato de comida ou uma esmola para comprar algum alimento ficou quase impossível.

Em mensagens e homilias, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, tem insistido que neste período, em que também as igrejas católicas estão fechadas para evitar a proliferação do novo coronavírus, os cristãos não abandonem os mais pobres e doentes. É isso que têm feito, por exemplo, a Casa de Oração do Povo da Rua, mantida pela Arquidiocese; a Missão Belém e o Arsenal da Esperança.

Na sexta-feira, 27, a reportagem do O SÃO PAULO visitou esses três locais e constatou que, sem a continuidade do envio de doações para estas instituições, será cada vez mais difícil garantir o socorro às pessoas em situação de rua.

NA CASA DE ORAÇÃO: REFEIÇÃO E KITS DE HIGIENE

Devidamente espaçadas para a evitar a proliferação do novo coronavírus, as mesas montadas para o café da manhã na Casa de Oração do Povo da Rua, no bairro da Luz, estavam todas ocupadas naquela manhã.

Para Luiz Carlos Pereira, uma das mais de 90 pessoas em situação de rua que tomavam café da manhã no local, aquela era a única refeição assegurada do dia. “Cortaram a alimentação que a gente recebia de doações na rua, e a gente precisa se alimentar de algum jeito. Talvez até dê para conseguir alguma refeição agora de dia, mais de noite não. O pessoal que fazia doação à noite não está vindo mais para as ruas do Centro. É uma situação torturante. A gente já não tem emprego nem moradia e agora vem o coronavírus”, disse à reportagem.

Pereira contou que não tem encontrado sabão para lavar as mãos, exceto nos terminais de ônibus. Essa também foi a realidade descrita por José da Silva: “Só vejo álcool em gel aqui na Casa de Oração. Na rua está complicado, com tudo fechado agora, fica difícil para a gente; arrumar dinheiro também está complicado. Se não fosse a Casa de Oração estaria ainda mais difícil para a gente”.

Para evitar aglomerações, as pessoas permanecem no local apenas durante o horário do café, porém ao saírem recebem um kit de higiene pessoal, com sabonete, creme e escova dental e aparelho de barbear, além de uma flanela de TNT e um pedaço de sabão de coco.

Nas paredes da Casa de Oração, há muitos cartazes que informam sobre a importância da lavagem das mãos e do uso do álcool em gel neste período. Também alguns agentes do consultório na rua do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar), instituição vinculada à Igreja Católica, orienta as pessoas sobre a forma correta de higienização das mãos.

Urgência de doações

“Tem aumentado todos os dias o número de pessoas que têm procurado ajuda aqui. Não temos dado conta de entregar os kits de higiene, precisamos quase fazer um ‘milagre’ com o pouco que há de álcool em gel, mas estamos distribuindo muito sabão e detergente que também matam o vírus”, afirmou Ana Maria Alexandre, uma das responsáveis pelos trabalhos na Casa de Oração.

De acordo com Ana Maria, antes da pandemia de COVID-19 também era servido almoço para cerca de 70 pessoas no local, mas para evitar as aglomerações, agora estão sendo feitas entre 150 e 250 marmitex diárias, que são distribuídas para pessoas em situação de rua na Cracolândia, no Brás e outros locais onde mais seja preciso.

Diante do aumento da demanda de atendimentos, a Casa de Oração do Povo da Rua precisa de doações, especialmente de alimentos para fazer as marmitas – “de preferência, daqueles que deem sustância para eles, como carne e frango, porque essas pessoas precisam aumentar a imunidade”, diz Ana Maria – e de itens para higienização, como álcool em gel, álcool líquido 70%, cloro e detergente, além de luvas e máscaras. “Se não houver higienização do chão e das mesas e alguém estiver com o vírus, acaba passando para outra pessoa”, lembra Ana Maria.

A Arquidiocese de São Paulo já colocou a Casa de Oração do Povo da Rua à disposição das autoridades para que abrigue, em quarentena, pessoas com a COVID-19, mas por enquanto o espaço não foi usado para tal.

Doações à Casa de Oração do Povo da Rua podem ser entregues diretamente no local – Rua Djalma Dutra, 03, Luz – ou feitas por meio de depósito bancário: Banco Bradesco – Ag: 0124 - CC: 0053148-0. Outras informações podem ser obtidas pelos telefones (11) 3228-6223 e (11) 99427-9070, com Ana Maria.  (DG)

 

MISSÃO BELÉM: PARA QUE A RESTAURAÇÃO DE VIDAS CONTINUE

Fundada há 15 anos, a Missão Belém tem em São Paulo a missão de resgatar a vida daqueles que se perderam nos vícios do álcool e das drogas e vivem pelas ruas da maior metrópole do país.

Muitos dos que aceitam iniciar este caminho de mudança de vida passam cerca de sete dias em um retiro de espiritualidade no Edifício Nazaré, na Praça da Sé, antes de serem encaminhados para um dos sítios da Missão Belém no interior do estado de São Paulo.

No entanto, o avanço do novo coronavírus pelo Brasil mudou um pouco a rotina de atividades no edifício de 11 andares.

“Diante dessa situação de pandemia, os sítios estão em quarentena com aqueles que já vivem neles. Foi uma medida para não haver riscos de infecção. Se continuássemos acolhendo todo mundo, uma hora ia superlotar; então, preferimos acolher agora só os mais debilitados da rua, os mais doentes. Estamos indo todos os dias para a rua para procurar aqueles que estão doentes – diabéticos, hipertensos, pessoas com HIV, sífilis, tuberculose – além de cadeirantes”, explicou Caio Ferreira, responsável pela comunicação da Missão Belém.

Atualmente, há aproximadamente 70 acolhidos no Edifício Nazaré e ainda restam 30 camas vazias. “Por isso, ainda estamos indo à rua procurar esses doentes para trazer para casa”, complementou Caio.

Plena atenção aos acolhidos

Todo acolhido que chega ao edifício é recebido por um grupo de outros irmãos que tira dúvidas e lhes dá suporte. Há também atenção médica para os doentes. No momento da visita da reportagem, equipes de saúde, formadas por voluntários e membros da Missão Belém, conversavam com os acolhidos individualmente para saber sobre suas condições clínicas.  

Claudionor Bento da Silva, 49, chegou à Missão Belém em 16 de março em estado de drogadição (dependência física e psíquica de drogas). Seguindo um itinerário de orações e cumprimento de propósitos diários, além de ter alimentação, uma rotina de sono e cuidados de higiene, ele já se diz revigorado. “Na rua não tem como se cuidar. O negócio é tomar cachaça e, para quem gosta de usar crack, usar. Com álcool e droga na cabeça, você acha que a doença nunca vai pegar você”, conta o homem que hoje auxilia na lavanderia da Missão Belém.

Sebastião Mendes Martins, 59, está na Missão há dois anos e meio. “Graças à Missão, consegui sair da rua. Dou esperança para minha família, estou mudando de vida e larguei as drogas. Falo para os irmãos que assim como eu consegui mudar, eles também podem mudar. Eu aconselho que mudem de vida”, afirmou.

Todas as atividades da Missão Belém são mantidas com doações de pessoas e de algumas instituições. “Temos recebido doações, mas há itens que acabam rápido: luvas, álcool em gel, produtos de limpeza e de higiene pessoal. Por exemplo, escova de dente está em uma urgência muito grande. Alimentos também, principalmente carne e frango. Também precisaremos de ajuda financeira, porque as contas de água, luz, gás vão dobrar”, explicou Caio Ferreira.  

Um dos exemplos desse aumento de gastos é com a higienização do local: banheiros e corrimãos têm sido limpos com maior frequência do que antes para evitar que alguém seja infectado com o novo coronavírus. As maiores urgências desses itens são de papel higiênico, hipoclorito, desinfetante e sabão em pó.  

Os interessados em colaborar com a Missão Belém podem entrar em contato pelo telefone (11) 93459-8191 (com Caio Ferreira), pelo e-mail contato@missaobelem.org ou entregar os itens diretamente no Edifício Nazaré (Praça da Sé, 47). Há ainda a possibilidade de doações on-line em www.missaobelem.org/doacao ou por conta bancária: Banco Itaú (Ag: 2866 – CC: 02440-5), Banco Bradesco (Ag: 1749-3 – CC: 12868-6), para a Associação Menino Jesus – Missão Belém - CNPJ 11.413.244/0001-12 (DG)

 

EM QUARENTENA, ARSENAL DA ESPERANÇA DOBRA SUA DEMANDA DE ALIMENTOS

Instituição que acolhe diariamente cerca de 1.200 homens em situação de rua, o Arsenal da Esperança, na Mooca, também teve sua rotina alterada por causa da pandemia da COVID-19.

Na porta da instituição foi afixado um cartaz informando que não há mais vagas para pernoite. Na verdade, desde segunda-feira, 23, o Arsenal entrou em quarentena. “Não autorizamos mais a entrada de novos acolhidos e aqueles que ingressaram não podem sair durante esse período e caso saiam, não podem mais retornar”, explicou o Padre Simone Bernardi, um dos missionários da Fraternidade Esperança, mantenedora da instituição.

Essa medida visa à proteção dos cerca de mil acolhidos, impedindo que eles tenham contato com o novo coronavírus. “Nós intensificamos os cuidados com a higiene do ambiente e também orientamos os atendidos a seguirem as medidas preventivas recomendadas pelas autoridades de saúde, acrescentou o Missionário. Constantemente, os acolhidos recebem orientações preventivas sobre o cuidado com a higiene pessoal.

Os missionários também estão providenciando uma área reservada da hospedaria para ser feito o isolamento daqueles que eventualmente forem infectados pelo vírus. No entanto, Padre Simone não esconde a preocupação, pois sabe que o espaço é insuficiente para o número de doentes que pode haver. “Nesse espaço reservado, nós temos dez quartos onde, normalmente, dormem de sete a oito pessoas em cada quarto. No entanto, para o isolamento recomendado, esse número de pessoas não seria possível”, disse.

Abastecimento

Outra grande preocupação dos responsáveis pelo Arsenal é com o abastecimento de alimentos e produtos de higiene pessoal. Antes, a maioria dos acolhidos apenas pernoitava na instituição e, durante o dia, saíam a procura de algum trabalho. Agora que estão permanentemente na casa, o impacto é maior. “Todos esses acolhidos tomavam café e jantavam aqui. Agora, todos eles também almoçam”, explicou o Padre.

Se antes eram consumidos 220 kg de arroz por dia, hoje essa quantidade dobrou, assim como o uso da água e da energia elétrica. “Nós estamos apenas no quarto dia de quarentena e precisamos rezar muito, pois estamos navegando no escuro, não sabemos até quando vai durar isso e até quando teremos condições de realizar esse trabalho”.

Por isso, o Arsenal da Esperança lançou um apelo nas redes sociais para que as pessoas ajudem a instituição a continuar o seu trabalho, seja por meio do envio de alimentos não perecíveis, produtos de limpeza e de higiene pessoal.

Refúgio e proteção

Márcio José da Silva, 55, frequenta o Arsenal há 11 meses. Para ele, ter um lugar para se abrigar nesse período de risco é fundamental. “Na rua, é impossível se proteger da doença. Não há como se prevenir, manter a higiene e nem como se alimentar”, afirmou.

Júlio José Muniz, 35, encontrou no Arsenal não apenas um lugar para se proteger do coronavírus, mas também para alimentar a fé e enfrentar esses tempos difíceis. “Não há mais trabalhos nas ruas, nem perspectivas de quando a situação vai se normalizar. Aqui eu tenho um abrigo, alimentação e segurança, inclusive para a minha saúde”, relatou.

No entanto, Júlio afirma que ainda há muitos amigos seus que não têm um abrigo e estão expostos aos riscos. “Há um clima de insegurança muito grande na rua, pois ninguém sabe para onde ir para evitar o contágio ou onde buscar ajuda caso fique doente. É uma situação muito difícil”, concluiu.

Caridade fraterna

Padre Simone enfatizou que essa é uma ocasião para os muitos grupos e instituições que já realizam trabalhos voltados ao povo da rua possam se articular. “Há muitos grupos de paróquias e comunidades que costumam ir às ruas para levar refeições à população de rua. Porém, como são orientados a ficar em casa, eles não podem mais realizar esse trabalho, até para também não correrem riscos de contágio. Esses grupos, contudo, podem auxiliar não somente a nós, no Arsenal, mas a tantas outras instituições que continuam realizando seu trabalho”, ressaltou.

O missionário também recordou que não apenas a população de rua merece atenção, mas também as famílias carentes que vivem nos cortiços ou em moradias populares, que dependem de trabalhos informais para sobreviver e no cenário atual sofrem sem ter como se sustentar.

“Vemos o quanto as paróquias estão se mobilizando para se manter vivas ao transmitir suas celebrações e atividades. Isso é muito bonito. No entanto, também precisamos continuar mantendo o serviço da caridade. Por isso, peço que, nas missas, não deixem de incentivar as pessoas a ajudar, a não se esquecer dos pobres de sua comunidade”, pediu o Missionário.

As doações ao Arsenal da Esperança podem ser entregues diretamente no local – Rua Almeida Lima, 900, Mooca – ou por meio de depósito bancário – Banco Santander, Ag: 0144 – Conta: 13-003147-6 – CNPJ: 62.459.409/0001-28 (FG)

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Arsenal da Esperança pede doações para manter acolhidos

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01 de abril de 2020

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Arsenal da Esperança promove 9ª edição da Leitura Contínua da Palavra

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25 de setembro de 2019

Na noite da sexta-feira, 20, o Arsenal da Esperança promoveu a vigília de abertura de mais uma edição do projeto Leitura Contínua da Palavra. Pelo nono ano, os organizadores buscam por meio do encontro, oferecer a leitura e escuta da Palavra de Deus.

Neste ano, será feito a leitura dos Livros Históricos. Ao longo de três horas de vigília, cerca de 200 pessoas acompanharam a proclamação de trechos do livro de Josué feito por 26 leitores, dentre eles, Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar de São Paulo na Região Episcopal Sé.

Houve, ainda, a impressão de textos em braile, disponibilizados pelo Instituto de Cegos Padre Chico.

A Leitura Contínua da Palavra segue até o próximo sábado, 28, com encontros em diversos pontos da cidade de São Paulo.

LEIA TAMBÉM

Como ler a Bíblia?

Acompanhe a programação e locais e faça parte desse momento:

Quarta-feira, 25:

Colégio Nossa Senhora Aparecida, às 14h (Rua das Valerianas, 230, Bela Vista)

Colégio São Luís, às 14h30 (Rua Haddock Lobo, 400, Cerqueira César)

Rede Rua Chapelaria Social, às 15h. (Rua Campos Sales, 88, Brás)

Arsenal da Esperança, às 19h. (Rua Doutor Almeida Lima, 900, Mooca)

Quinta-feira, 26:

Colégio Notre Dame Rainha dos Apóstolos, às 12h40. (Rua Ouvidor Portugal, 607, Vila Monumento)

Livraria Paulinas, às 14h30. (Rua Domingos de Moraes, 2387, Vila Mariana)

Paróquia de São Januário (San Gennaro), às 18h. (Rua da Mooca, 950, Mooca)

Colégio Maria Imaculada, às 19h30. (Avenida Bernardino de Campos, 79, Paraíso)

Paróquia Nossa Senhora da Saúde, às 19h30. (Rua Domingos de Moraes, 2387, Vila Mariana)

Anjos da Vida, às 20h. (Rua Aburá, 585, Sítio do Mandaqui)

Casa de Formação Aliança de Misericórdia, às 22h. (Taipas)

Sexta-feira, 27:

Aliança de Misericórdia, às 6h. (Taipas).

Colégio Notre e Dame, às 13h30. (Rua Alegrete, 168, Sumaré)

Colégio May Wrd, às 14h. (Rua Gonçalo Nunes, 366, Tatuapé)

Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto, às 19. (Rua Serra do Japi, 1146, Vila Gomes Cardim)

Aliança de Misericórdia, às 20h. (Taipas)

Paróquia Santa Paulina, às 20h15. (Rua 28 de outubro, 7, Heliópolis)

Sábado, 28:

Colégio Agostiniano Mendel, às 11h05. (Rua Padre Estevão Pernet, 620, Tatuapé)

Arsenal da Esperança, às 16h. Missa de encerramento, às 17h. (Rua Doutor Almeida Lima, 900, Mooca)

 

 

 

 

 

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‘Arsenal – As Armas da Paz’

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20 de setembro de 2019

Em uma estação de trem, uma criança é abandonada pela mãe. Sozinha, a Praça da Sé, no centro de São Paulo, torna-se o seu lar, e, em um gesto desesperado, ela faz reféns Ernesto Olivero e Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida. 

A infância roubada de “Coturno” (nome da criança deixada nas ruas) pode ser retomada, na medida em que seus prisioneiros lhe contam a história do centro de acolhida a pessoas em situação de rua, o Arsenal da Esperança, e lhe ensinam, pelo diálogo, o lema que os edifica: “A bondade desarma”.

É com esse enredo que, desde 2016, o Curso de Expressão Viva, da Oficina Viva Produções, faz ecoar com melodia os 23 anos dessa história no musical “Arsenal – As Armas da Paz”. 

TRANSFORMAÇÃO HUMANA

Tudo começou durante o Ano da Misericórdia instituído pelo Papa Francisco para acontecer em 2016. Dom Devair Araújo da Fonseca, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação, propôs à cantora Ziza Fernandes a produção de um teatro musical que tivesse engajamento com as obras de misericórdia.

“Nós começamos um trabalho de pesquisa. Fomos ao Arsenal da Esperança para conhecer. Estive na Itália para fazer as entrevistas necessárias a fim de construir o roteiro. Nós começamos um vínculo que hoje já não é só sobre o musical. O Arsenal se tornou a nossa casa, é lá que todos os ensaios acontecem e, desde 2016, nós continuamos nessa unidade, o trabalho é ininterrupto”, contou, ao O SÃO PAULO, Ziza, que também é a idealizadora da Oficina Viva. 

Para a artista, o que mais aproxima esses dois importantes projetos é a busca por Deus e a maneira como eles educam e integram o ser humano na sociedade. A vivência artística, segundo ela, não é uma particularidade apenas da Oficina Viva, mas um bom exemplo da comunhão fraterna entre eles. “A arte é uma forma de vivência e integração, de elucidação de si próprio, e no Arsenal acontece a mesma coisa – muitos internos são reintegrados por meio de uma intervenção artística, pois o Ernesto (fundador da obra) diz que onde não há beleza, não há esperança”, completou.

NARRATIVA

A roteirista do espetáculo, Maria Helena Alvim, recordou que, quando foram apresentadas as sete opções de atividades misericordiosas que ocorriam na cidade de São Paulo, foi por unanimidade a decisão de narrar e cantar sobre o Arsenal da Esperança. 

O enredo que hoje dá vida à história é resultado de três experiências. A roteirista contou à reportagem que era necessário inserir uma terceira personagem, sem se esquecer dos que, em sua percepção, são as figuras centrais de todo o enredo: Ernesto Olivero e Dom Luciano Mendes.

Ao ouvir daqueles que vivem e conhecem o lar de acolhida, ela decidiu preservar seu lema: “A bondade desarma” e fazer dele um fio condutor.

Dessa forma, o diálogo entre os dois prisioneiros e “Coturno” vai, pouco a pouco, desarmando a criança, a ponto de que ela se deixe cuidar e ser acolhida pelo próprio Arsenal da Esperança, exemplificando concretamente o trabalho desenvolvido por eles.

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Arsenal da Esperança promove encontro sobre a Campanha da Fraternidade 2019

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26 de março de 2019

O Arsenal da Esperança da Arquidiocese de São Paulo promoveu no último dia 19, uma noite de reflexão sobre a Campanha da Fraternidade de 2019, cujo tema é: “Fraternidade e políticas públicas” e lema: “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1, 27).

O segundo dia de encontro teve a assessoria de Dom Hildebrando, Monge do Mosteiro de São Bento, que refletiu sobre a necessidade de deixar de lado os orgulhos pessoais para favorecer o próximo.

O terceiro encontro da série acontece hoje, às 20h, e terá como tema: As“palavras” da política, com o professor Vicente de Arruda Sampaio, da Faculdade de São Bento.

O Arsenal da Esperança fica rua Dr. Almeida Lima, nº 900 - Mooca.

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Muitas experiências vividas na Jornada Mundial da Juventude

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22 de março de 2019

O Retiro Arquidiocesano da Juventude aconteceu no sábado, 16, no Arsenal da Esperança. Promovido anualmente pelo Setor Juventude da Arquidiocese, sob a orientação de Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade, o retiro teve como palestrante o Padre Roger Luis da Silva, da Comunidade Canção Nova.

O tema central da JMJ 2019, que aconteceu no Panamá, em janeiro, e as homilias do Papa Francisco durante a Jornada foram o foco do retiro que contou com o testemunho de muitos jovens que participaram do evento internacional.

 

IGREJA DOMÉSTICA

Sarah Akemi Victório Tanoue, 18, cursa Publicidade e Propaganda e participa da Comunidade Católica Famílias Novas do Imaculado Coração de Maria. Ela esteve na Pré-Jornada, na Costa Rica, e na JMJ, no Panamá.

“Minha conversão aconteceu devido à Comunidade Famílias Novas, aos 15 anos. Meu irmão foi uma das pessoas que me ajudaram a seguir o caminho de Deus e, por isso, sou muito grata a ele. A experiência da JMJ foi muito difícil, porque não é fácil renunciar a si para viver em comunidade”, disse a jovem.

Na Costa Rica, Sarah ficou hospedada na casa de uma família: “No início, eu fiquei com muito medo, mas tive a graça de conviver com uma família que sabia o que era ser Igreja doméstica. Na JMJ, eu descobri o que é ser Igreja, o que é estar em comunidade, com os jovens que fazem parte da Igreja."

 

OFERTA DA VIDA

Gabriel Maria Couto é seminarista do Seminário Propedêutico. “Quando cheguei à JMJ, senti que o Senhor me chamava para a experiência do ‘faça-se em mim’ e comecei a viver algumas crises no sentido da oferta da minha vida a Deus. Compreendi que nós, jovens, só estamos aqui porque outros ofertaram a vida a Deus antes de nós”, disse.

“Na JMJ, compreendi que vale a pena dar tudo, assim como a Virgem Maria. O meu chamado vocacional foi muito difícil, porque deixei o emprego e o namoro. Muitas vezes, eu conversava com Deus, dizendo que Ele estava pedindo tudo de mim. Mas, ao longo do processo e após o ingresso no seminário, tudo passou a fazer sentido, e hoje vivo uma felicidade plena”, contou Gabriel.

 

RENOVAR O 'SIM'

Mariana Carvalho, 18, é da Comunidade Canto de Maria, da Paróquia Sant’Ana, e foi para a JMJ, junto com nove jovens da Comunidade: “A JMJ é uma experiência renovadora e combustível para a fé. Lá, pude encontrar o amor de Cristo e perceber o quanto Ele nos une por meio das famílias que nos acolheram durante a Pré-Jornada que vivi na Costa Rica, deixando de lado barreiras de linguagem e comunicação.”

Segundo Mariana, as palavras de Francisco foram essenciais para a sua caminhada. “Viver e compreender o ‘sim’ de Maria permitiu que o meu ‘sim’ fosse renovado. Por meio das palavras do Papa Francisco, nós, jovens, temos a certeza de que a nossa hora é agora! E que agora, em nossas realidades, devemos ser testemunhas do amor de Cristo. A Jornada não terminou, na verdade ela acaba de começar para todos nós!”, testemunhou a jovem.

 

ATENDER AO CHAMADO DE DEUS

Na homilia da missa, presidida por Dom Carlos Lema Garcia, o Bispo recordou a história de santos como Santo Agostinho e Santo Inácio de Loyola. “Nosso coração está inquieto enquanto não descansar em ti”, afirmou Dom Carlos, citando as palavras de Santo Agostinho. “A vocação é a percepção de que este Deus que nos chama nos quer felizes”, continuou o Bispo.

Dom Carlos explicou que, quando Jesus chamou o jovem rico e disse para deixar tudo e segui-Lo, “chamou para ir com Ele, e garantiu que andaria com o jovem, que seria seu amigo. Por isso, é importante que cada um dê esse passo e confie na promessa de Jesus”, disse.

“Para encontrar a vocação e segui-la, é preciso cuidar da própria vida de oração. É preciso estar próximo de Deus, ser amigo de Jesus e também receber aconselhamento por meio da direção espiritual”, afirmou o Bispo.

(Colaboraram: Raissa Biazi e Diego Brigatto)
 

No sábado, 23, o Setor Juventude da Arquidiocese realizará uma formação para líderes de pastorais, grupos, movimentos e comunidades (de vida e aliança) que trabalham com jovens. O evento acontecerá na Fapcom – Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (rua Major Maragliano, 191 – Vila Mariana) e terá limitação de cem vagas, que serão destinadas a jovens escolhidos pelas regiões episcopais e, portanto, não será aberto ao público. Caso algum jovem queira participar, deve enviar um e-mail para setorjuventudearqui@gmail.com e verificar a disponibilidade. O palestrante será o Monsenhor Antônio Luiz Catelan Ferreira, professor na PUC-RJ

 

LEIA TAMBÉM: De Perus rumo à Jornada Mundial da Juventude

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Natal no Arsenal da Esperança: Deus armou sua tenda entre nós

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05 de janeiro de 2019

Como acontece em todos os anos desde que tomou posse como Arcebispo de São Paulo, há 11 anos, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu, na terça-feira, 25, a missa do Natal de Nosso Senhor no Arsenal da Esperança, instituição localizada no Mooca, que atende diariamente 1.200 homens em situação de rua. Participaram da missa os acolhidos pela casa, voluntários e membros da Fraternidade da Esperança, que mantém a instituição. 

DEUS CONOSCO

Na homilia, Dom Odilo destacou que, no Natal todos se sentem a proximidade de Deus. “Nesta data, recordamos exatamente isso, que ele vem a nós, armou a sua tenda, veio estar no meio de nós. O Filho de Deus veio ao mundo para ficar no meio de nós. É isso que proclamamos na celebração do Natal”, afirmou.   

Dirigindo-se aos acolhidos, o Cardeal ressaltou que, às vezes, alguém pode achar que Deus se esqueceu dele. “Deus se lembra de cada um nós, porque pensou em todos quando enviou seu Filho ao mundo para ser o nosso Salvador”. 

O Arcebispo explicou, ainda, que ao contemplar Jesus contempla-se a glória de Deus e, recordando as palavras de São João Paulo II, afirmou que Jesus é o “rosto humano de Deus e rosto divino do homem”. Lembrando, ainda, o Papa Francisco, Dom Odilo acrescentou que “Cristo assumiu a carne do pobre, do doente, da pessoa que sofre”. 

VIDA NOVA

Após a missa, os acolhidos receberam presentes de Natal oferecidos por voluntários e benfeitores do Arsenal da Esperança.  

Kleber Fernando de Santi, 41, está há nove meses na Instituição. Natural do Bariri (SP), ele se afastou da família depois de inúmeros problemas, dentre os quais o uso de drogas. Chegando a São Paulo no fim de março, sem documentos e perspectivas, Kleber encontrou no Arsenal a oportunidade de reconstruir a sua vida. Hoje ele trabalha na casa e aguarda oportunidade de conseguir um emprego fora. “Aqui eu fiz cursos profissionalizantes, descobri novos dons”, relatou. 

“Este é o meu primeiro Natal aqui no Arsenal e tem sido uma experiência fascinante. Neste momento, esses 1.200 irmãos são a minha família e com quem pude celebrar o nascimento de Jesus, que me devolveu a esperança. Para mim, é um novo nascimento, depois de nove meses, hoje é como se fosse um parto. Acredito no perdão de Deus por tudo aquilo que ruim que eu fiz. Agora tenho a oportunidade de um recomeço sob a bênção de Deus”, afirmou Kleber. 
 

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Gestos de amor ao próximo testemunham o mistério do natal

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24 de dezembro de 2018

Ao se encarnar, Jesus se identificou com a humanidade, participando de suas dores e sofrimentos e compartilhando suas alegrias e esperanças. O cristão é, portanto, chamado a imitar o Mestre, por meio da compaixão e da caridade. No Natal do Senhor, inúmeras iniciativas dão ao mundo testemunho desse amor de Deus que se fez homem. O SÃO PAULO apresenta dois desses gestos de solidariedade. 

 

DESDE A INFÂNCIA

Na Paróquia São João Maria Vianney, na Lapa, zona Oeste de São Paulo, as crianças e adolescentes da Catequese e do grupo de Perseverança aprendem desde cedo a importância da solidariedade por meio de um projeto, desenvolvido há quatro anos, que adquire cadeiras de rodas para crianças com deficiência. 

A atividade complementar da Catequese tem o objetivo de promover a integração das crianças e adolescentes com as pessoas com deficiência. “Na Catequese, elas aprendem sobre a fé e a doutrina da Igreja. Nesse projeto, elas podem conhecer concretamente valores como o amor ao próximo”, explicou a catequista Maria Ida Comino, 65, idealizadora da iniciativa. 

Os catequizandos visitam entidades que acolhem crianças com deficiência e conhecem suas realidades. Também são promovidas palestras de conscientização a respeito de acessibilidade e deficiência física, além de dinâmicas que simulam as limitações das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.

A partir daí, o grupo se mobiliza para arrecadar fundos para a aquisição das cadeiras. Para tanto, as crianças e adolescentes se organizam para vender doces na porta da igreja, receber arrecadações e pedir doações ao fim das missas. “Eles que fazem tudo, nós só ficamos na retaguarda dando apoio”, destacou Maria Ida. 

Este ano, foram entregues seis cadeiras de rodas, adaptadas exclusivamente para a necessidade de cada criança. Com o apoio da loja Cavenaghi, de acessórios para pessoas com deficiência, as crianças são avaliadas por uma fisioterapeuta que indica o modelo específico de cadeira para cada uma, de acordo com a idade, postura e grau de deficiência. Por isso, as cadeiras não são baratas. “Cada uma custa, em média, R$ 2 mil. Já chegamos a pagar quase R$ 3 mil em uma”, informou a Catequista. 

As crianças beneficiadas são escolhidas a partir da lista de pacientes da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) que aguardam a doação de cadeiras de rodas. “Nós pegamos sempre as últimas crianças da lista, ou seja, aquelas que menos têm condições de ter uma cadeira dessas”, ressaltou Maria Ida.

 

GRATIDÃO

Mário Oliveira, 10, está se preparando para a primeira Eucaristia. Para ele, foi uma experiência marcante conhecer a realidade de crianças com deficiência. “Nós conseguimos interagir com elas, principalmente com aquelas que pareciam mais tristes. Nós conseguimos ajudá-las a ficar felizes. Isso nos deixou felizes”, relatou o pequeno à reportagem. 

Além de partilhar a alegria em poder ajudar o próximo, Mário fez questão de ressaltar a importância das pessoas que ajudaram a concretizar o sonho das crianças com deficiência. “Quero agradecer a essas pessoas, porque sem elas não conseguiríamos ajudar as crianças”, disse. “Vale a pena ter fé e ajudar a quem precisa. Quando ajudamos o próximo, nós acabamos ajudando a nós mesmos a nos aproximar de Deus”, concluiu o garoto.

 

ESCREVER O AMOR E A ESPERANÇA

Caneta, papel e ouvidos abertos para escutar. Esses são os instrumentos necessários para a realização do mutirão para escrever cartas e cartões de Natal para os acolhidos no Arsenal da Esperança Dom Luciano Mendes de Almeida, na Mooca. A iniciativa reúne voluntários que se dispõem a auxiliar as pessoas em situação de rua a escrever cartas ou cartões a seus familiares e amigos. O grupo também escreve cartões de Natal a serem entregues aos cerca de 1,2 mil acolhidos pela entidade.  

Em duas noites, durante o jantar oferecido aos atendidos, os voluntários se colocam à disposição para redigir as cartas, que são escritas não apenas para aqueles que não são alfabetizados, mas também para os que apenas necessitam de ajuda sobre o que escrever. “Nós tentamos criar uma reconexão com as famílias a partir dos cartões de Natal”, relatou a voluntária Ana Luísa Turri, 16. 

“Como muitos acolhidos chegam com receio e vergonha, cabe ao voluntário incentivar e motivar que cada um escreva ou nos ajude a escrever uma carta ou um cartão a seus familiares, amigos e, também, a algum funcionário do Arsenal”, destacou a voluntária Jessica Novais, 30. 

 

EM FAMÍLIA

O analista de sistemas Gilberto Antonangeli, 49, participou do mutirão com sua esposa, Gabriela Manzano Geraldini Antonangeli, 46, e três dos seus quatro filhos. Eles se dividiram entre o atendimento aos acolhidos e a escrita das cartas. 

 “Eu me interessei por essa iniciativa porque, além de ser um belo gesto, é muito emocionante poder ouvir as histórias que eles têm para contar. Eles sentam do nosso lado e acabam contando toda sua vida. Poder ajudar alguém que não sabe escrever a se comunicar é muito significativo”, explicou Gabriela. 

Filha do casal, Giulia Maria Geraldini Antonangeli, 18, atendeu três acolhidos: “Um sabia o que queria escrever. Só fechei o envelope e coloquei o endereço para enviar. Outro me pediu ajuda sobre o que escrever, mas, no fim, saiu algo bem sincero da parte dele. O terceiro mais conversou comigo do que mandou a carta, foi o que mais valeu a pena. Ele me contou a história da vida dele e me fez pensar sobre muita coisa”.

“Fico feliz, por exemplo, em ver uma pessoa que escreve uma carta pedindo perdão ou desejando o bem a alguém”, relatou Giaccomo Gabriel Geraldini Antonangeli, 14.  “Algumas pessoas não veem seus familiares há muito tempo. Então, a época do Natal é uma ocasião de elas retomarem o contato”, completou o irmão, Giuseppe Enrico Geraldini Antonangeli, 16. 

 

NÂO TEM PREÇO

Entre os voluntários é consenso que a experiência os enriquece profundamente. “É realmente uma situação em que recebemos mais do que damos”, afirmou Gilberto, garantindo que, embora seja um serviço voluntário, o bem que sua família recebe em troca vale mais do que qualquer pagamento.

“São pessoas a quem geralmente julgamos, a quem não damos afeto, não olhamos nos olhos. Mas quando estamos lá, ouvindo suas histórias, sentimo-nos mais humanos. Somos iguais, somos seres humanos. Isso é divino. Quando ouvimos, também mudamos. É um milagre poder participar disso!”. 

“Às vezes, o tempo que disponibilizamos é tão pouco para nós e para eles é tanto. Na maioria dos casos, eles só querem ser ouvidos, uma vez que são ignorados no dia a dia”, complementou Jéssica.

 

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8ª Leitura Contínua da Palavra é concluída no Arsenal da Esperança

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23 de setembro de 2018

A 8a edição da Leitura Continua da Palavra, iniciativa promovida pelo Arsenal da Esperança, foi concluída na tarde do sábado, 22, com a reunião da comunidade na sede da instituição, no bairro da Mooca, para a leitura do Deuteronômio, último livro do Pentateuco.

O evento contou com a presença do Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, que fez a leitura do capítulo 32 do livro do Deuteronômio.

O Cardeal expressou alegria pela iniciativa que levou a escuta da Palavra de Deus a cerca de 1,5 mil pessoas em 71 locais, e exortou que mais comunidades ousem e possam também incentivar a leitura da Bíblia.

A INICIATIVA

No dia 14, foi aberta a 8ª edição da Leitura Contínua da Palavra, no Arsenal da Esperança. O primeiro capítulo do livro de Gênesis foi lido por Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé. O evento, faz parte das comemorações do mês de setembro, que é dedicado à Bíblia.

Este ano, teve como proposta a leitura dos cinco primeiros livros do Antigo Testamento, os chamados Pentateucos. Após a abertura feita por Dom Eduardo, cerca de 20 pessoas, entre religiosos, paroquianos, acolhidos do Arsenal e representantes de entidades parceiras da casa, se intercalaram na leitura.

Organizada pelo SERMIG - Fraternidade da Esperança, a iniciativa nasceu em 2011, quando o Arsenal da Esperança recebeu a cruz e o ícone da Jornada Mundial da Juventude. Desde o dia 14, a Leitura Contínua da Palavra aconteceu em mais de 70 pontos da cidade e do estado de São Paulo.

 

LEIA A REPORTAGEM COMPLETA NA PRÓXIMA EDIÇÃO DO O SÃO PAULO

(Colaborou: Cleide Barbosa/rádio 9 de Julho)

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