VATICANO

Papa Francisco

‘Purificar a economia’ para que ninguém seja descartado

Por José Mariano
15 de novembro de 2019

Em um fórum sobre ‘capitalismo inclusivo’, o Papa Francisco reafirma a necessidade de se criar um sistema econômico que  promova o bem-estar de todas as pessoas

As relações econômicas precisam de uma verdadeira “purificação” para que possam incluir a todos e promover o desenvolvimento humano integral. Essa foi a ideia central de um discurso do Papa Francisco a um grupo de especialistas e empresários, realizado na segunda-feira, 11, no Vaticano. Eles estavam reunidos em Roma para um congresso sobre “Capitalismo Inclusivo”.
O Pontífice comentou que a economia não pode se concentrar somente em “ter mais”, mas em ajudar as pessoas a “ser mais”. “O aumento dos níveis de pobreza em escala global testemunha que a desigualdade prevalece sobre uma integração harmoniosa de pessoas e nações”, disse o Papa. “É necessário e urgente um sistema econômico justo, confiável e capaz de responder aos desafios mais radicais que a humanidade e o planeta precisam enfrentar”, continuou.

ENSINAMENTO DA IGREJA
A crítica de Francisco ao sistema econômico atual está em sintonia com seus predecessores, desde o Papa Leão XIII, mas também passando por São Paulo VI, São João Paulo II e Bento XVI. Tanto na sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium quanto na Encíclica Laudato Si’, Francisco insiste que a única economia verdadeira é aquela que coloca o ser humano no centro de todos os processos.
O alerta do Papa Francisco, no entanto, se concentra sobre sua preocupação com os “descartados” da sociedade. No encontro de segunda-feira, ele disse que a atividade empresarial é uma nobre vocação, mas que deve ser colocada em prática pensando no seu “imprescindível serviço ao bem comum”, para que ninguém seja deixado de fora.
“Como recordou São Paulo VI, o verdadeiro desenvolvimento não pode se limitar somente ao crescimento econômico, mas deve favorecer a promoção de cada pessoa e de toda a pessoa”, disse.

PURIFICAÇÃO DA ECONOMIA
Francisco acrescentou que isso significa muito mais do que equilibrar os balanços das empresas, focar na maximização do lucro ou simplesmente melhorar as infraestruturas e oferecer uma variedade mais ampla de bens de consumo. “Envolve, em vez disso, uma renovação, uma purificação e um reforço dos modelos econômicos válidos, baseados sobre nossa conversão pessoal e generosidade em relação aos mais necessitados”, declarou.
A economia que vê as pessoas como objetos descartáveis não é aquela defendida pela Doutrina Social da Igreja, observou Francisco. A Igreja propõe modelos que estimulem os indivíduos a agir com “caridade fraterna, desejando, buscando e protegendo o bem dos outros e o seu desenvolvimento”.

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