VATICANO

50 anos da Renovação Carismática

Papa francisco: ‘vocês são uma corrente de graça’

Por Filipe Domingues
07 de junho de 2017

Mais de 50 mil pessoas se reuniram para comemorar o jubileu dos 50 anos da Renovação Carismática Católica

Catholic Charismatic Renewal

Se o Espírito Santo se expressa em diversas línguas, isso ficou evidente na Vigília para a Solenidade de Pentecostes com o Papa Francisco, no sábado, 3, em Roma. Mais de 50 mil pessoas de pelo menos 128 países, entre católicos e cristãos de outras comunidades, se encontraram para comemorar o jubileu dos 50 anos da Renovação Carismática Católica (RCC). Na verdade, foram cinco dias de encontros e orações, para refletir sobre o carisma de uma ver- tente da Igreja que, embora ainda jovem, já alcança a sua maturidade.

“É o mesmo Espírito que está agindo em diferentes denominações cristãs para realizar o sonho de Jesus: que todos sejam uma coisa só”, afirmou ao O SÃO PAULO um dos organizadores do Jubileu, Oreste Pesare, diretor-executivo da associação International Catholic Charismatic Renewal Services (ICCRS). Essa agência foi reconhecida em 1993 para representar a Renovação Carismática junto ao Vaticano. “O Espírito de Jesus está atravessando toda a face da terra e está pronto, hoje, para encontrar cada pessoa.”

A Renovação Carismática Católica é “uma corrente de graça do Espírito!”, afirmou o Papa Francisco, na vigília convocada por ele mesmo em 2014. “Claramente, nessa corrente nasceram muitas expressões que são obras humanas inspiradas pelo Espírito, com vários carismas, e todas a serviço da Igreja”, resumiu o Pontífice.

Para ele, agora que a Renovação é “cinquentona”, é preciso refletir sobre o passa- do e planejar o futuro. “Eu diria a vocês: é o momento para ir em frente com força, deixando para trás a poeira do tempo que deixamos acumular, agradecendo pelo que recebemos e enfrentando o novo com a confiança na ação do Espírito Santo”.

 

Louvor sim, mas também ação

Segundo o Papa, a Solenidade de Pentecostes é “o aniversário da Igreja”, conforme os Atos dos Apóstolos. O Espírito Santo desceu sobre os discípulos e a Mãe de Jesus em línguas de fogo e os inspirou a sair pelo mundo e evangelizar. “Pentecostes faz nascer a Igreja. O Espírito Santo, a promessa do Pai anunciada por Jesus Cristo, é Ele que faz a Igreja”, exclamou o Pontífice.

Francisco agradeceu aos carismáticos por viverem a “alegria que vem do Espírito”, especialmente nas suas orações de louvor. Mas, ponderou que é preciso ir além. “Posso louvar em modo profundo, mas se não ajudo os mais necessitados, não basta.” Desse modo, recordou que, conforme o Evangelho de Mateus, Jesus diz: “O que vocês fizeram para estes meus pequeninos irmãos, a mim o fizeram.”

 

Unidade na diversidade

Para Oreste Pesare, o verdadeiro carisma da RCC “é a unidade do Corpo de Cristo”. De fato, também o Papa Francisco tocou nesse aspecto fundamental na homilia da missa de Pentecostes, no do- mingo, 4. “O Espírito Santo cria a diversidade e a unidade e, desse modo, forma um novo povo, variado e unido: a Igreja universal”, sintetizou. “O mesmo Espírito realiza a unidade, liga, reúne, recompõe a harmonia.”

Por isso, ele alertou para duas tentações de todo cristão. A primeira, buscar a diversidade sem unidade. É “quando alguém quer ser diferente, quando se formam divisões e partidos e se enrijecem sobre posições excludentes”. Nesse caso, pensam ser os donos da verdade. “Tornam-se torcedores, em vez de irmãos e irmãs no mesmo Espírito. Cristãos de esquerda ou de direita, antes que de Jesus. Protetores inflexíveis do passado ou vanguardistas do futuro, antes de filhos humildes e gratos da Igreja.”

A segunda tentação é buscar unida- de sem diversidade. “Assim, a unidade se torna uniformidade, obrigação de fazer tudo juntos e tudo igual, de pensar todos sempre do mesmo modo. A unida- de termina sendo homologação e não há mais liberdade. Mas, diz São Paulo, onde há o Espírito do Senhor, há liberdade”, explicou.

 

Viver a fé dentro da Igreja

O prefeito do novo Dicastério para Leigos, Família e Vida, Dom Kevin Farell, elogiou o movimento carismático na missa da sexta-feira, 2, e destacou a sua capacidade de agregar. Ele os estimulou a não viver uma jornada de fé “privada”, mas “dentro da Igreja”.

Para o Cardeal, essa unidade não é “somente organizacional ou diplomática, mas, acima de tudo, a presença de Cristo entre nós”. Às milhares de pessoas presentes, disse: “Vocês tiveram a imensa graça de receber o Espírito Santo. Sejam, agora, uma nova presença consoladora. O Espírito é o criador da unidade de toda comunidade cristã e de toda a Igreja.”

Portanto, segundo Dom Farrell, “os problemas da diocese são os nossos problemas e os problemas da paróquia são os nossos problemas. A Renovação Carismática Católica é geneticamente eclesial”, exortou. “Vocês nasceram na oração da Igreja. Vivam em comunhão com outros grupos e comunidades. A Igreja é e sempre permanecerá carismática.”

 

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