VATICANO

Fátima: 100 anos

O Papa em Fátima: peregrino com os peregrinos

Por Bruno Muta Vivas
17 de mai de 2017

No primeiro centenário das aparições de Nossa Senhora do Rosário, em Fátima, aos três pastorinhos, a viagem do Papa ao Santuário, para canonizar Francisco e Jacinta Marto, foi descrita como uma “peregrinação apostólica”. Tal descrição justificou-se pelo tom de oração e recolhimento que tal viagem apresentou.

No primeiro centenário das aparições de Nossa Senhora do Rosário, em Fátima, aos três pastorinhos, a viagem do Papa ao Santuário, para canonizar Francisco e Jacinta Marto, foi descrita como uma “peregrinação apostólica”. Tal descrição justificou-se pelo tom de oração e recolhimento que tal viagem apresentou.

Segundo relatos dos que estavam presentes, “chegando aqui uma coisa que me tocou imensamente foi o silêncio. Ao início a gente em modo espontâneo procurava saudar o Papa, mas como viram que começou a rezar, todos se acalmaram. Havia um grande silêncio; um silêncio de oração, de reflexão”.

De fato, ao chegar em Fátima, ao final da tarde, o primeiro compromisso do Pontífice foi se recolher em oração na Capelinha das Aparições, onde depositou uma Rosa de Ouro, a terceira do Santuário, frente à imagem da Virgem. Nesta oração, o Papa se identificou com o “bispo vestido de branco” referido nos segredos de Nossa Senhora confiados aos pastorinhos. Já na viagem de volta para Roma, o Papa explicou tal alusão, na entrevista com os jornalistas no avião: “Há uma relação entre o bispo de branco, a Virgem vestida de branco, o branco das crianças inocentes pelo batismo. Creio que, literalmente, tratarão de expressar com o branco esse desejo de paz, de inocência, de não fazer guerra ao outro”.

Ao regressar ao Santuário pela noite, para a recitação do terço luminoso, prática tradicional que retoma o pedido que Nossa Senhora fez as pastorinhos de rezar cotidianamente o terço, juntamente com mais de 300 mil fiéis, o Papa focou sua prédica na figura de Maria, primeira seguidora de Cristo: “Se queremos ser cristãos, temos de ser marianos - citando Paulo VI -, temos de reconhecer a essencial, vital e providencial relação que une Nossa Senhora a Jesus, uma relação que nos abre o caminho para O seguir”. E acrescentou: “Quando olhamos para Maria, nós voltamos a crer na natureza revolucionaria do amor e da ternura. Nela, vemos que a humildade e a ternura não são virtudes de fracos, mas sim dos fortes, […] um sinal e sacramento da misericórdia de Deus que perdoa sempre e perdoa tudo”.

Santa Missa em comemoração ao Centenário das Aparições

Já no dia 13, cerca de 500 mil fiéis lotaram o átrio do Santuário de Nossa Senhora do Rosário, para comemorar o ano centenário da aparição da Virgem Maria aos pastorinhos em Portugal, e para assistir a cerimônia de canonização dos irmãos Francisco e Jacinta Marto, dois dos videntes. Eles são, até hoje, os santos não-mártires mais jovens da história da Igreja.

Na sua homilia, o Romano Pontífice, retomou as leitura da Missa para aludir ao fato de que, juntamente aos pastorinhos, Nossa Senhora se faz mãe de todos os cristãos: "Apareceu no Céu uma mulher revestida de sol: atesta o vidente de Patmos no Apocalipse, anotando ainda que ela estava para ser mãe. Depois ouvimos, no Evangelho, Jesus dizer ao discípulo: Eis a tua Mãe. Temos Mãe! Uma Senhora tão bonita: comentavam entre si os videntes de Fátima a caminho de casa, naquele abençoado dia treze de maio de há cem anos atrás. E, à noite, Jacinta não se conteve e desvendou o segredo à mãe: 'Hoje vi Nossa Senhora'. Tinham visto a Mãe do Céu”. Queridos peregrinos, temos Mãe. Agarrados a Ela como filhos, vivamos da esperança que assenta em Jesus, pois, como ouvíamos na Segunda Leitura, aqueles que recebem com abundância a graça e o dom da justiça reinarão na vida por meio de um só, Jesus Cristo."

O Papa relembrou ainda as memórias da Irmã Lúcia, prima dos pastorinhos canonizados, já em processo de beatificação, quando escreveu acerca do fundamento da esperança cristã: “Pois Ele criou-nos como uma esperança para os outros, uma esperança real e realizável segundo o estado de vida de cada um. Ao pedir e exigir o cumprimento dos nossos deveres de estado, como consta na carta da Irmã Lúcia de 1943, o Céu desencadeia aqui uma verdadeira mobilização geral contra esta indiferença que nos gela o coração e agrava a miopia do olhar. Não queiramos ser uma esperança abortada!”

Por fim, o Pontífice recomendou todos os presentes à intercessão de Nossa Senhora: “Sob a proteção de Maria, sejamos, no mundo, sentinelas da madrugada que sabem contemplar o verdadeiro rosto de Jesus Salvador, aquele que brilha na Páscoa, e descobrir novamente o rosto jovem e belo da Igreja, que brilha quando é missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no amor”.

Canonização dos Videntes

Antes, porém, da cerimônia de Canonização e da celebração da Santa Missa, o Papa Francisco visitou, de forma privada, o túmulo dos Pastorinhos, dentro do Santuário, perante os quais rezou e depositou uma rosa branca. Momento significativo e tocante, dado o quanto Jacinta se propôs a sofrer pelos Pontífices, para sustentar-lhes na sua missão apostólica.

O Vaticano divulgou, ainda, mais detalhes sobre o milagre que levou os Pastorinhos às honras dos altares: a criança miraculada, um brasileiro de 5 anos, residente no Paraná, foi curado milagrosamente, sem explicações médicas, de um grave traumatismo craniano que sofrera ao cair de uma altura de mais de 6 metros. Seus pais relataram a imensa alegria por ser este o milagre que levou Francisco e Jacinta à Canonização.

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