NACIONAL

ORQUESTRA OURO PRETO

O erudito e o popular sob a mesma regência

Por Arthur Acosta Baldin e Jenniffer Silva
29 de fevereiro de 2020

Orquestra Ouro Preto em apresentação durante turnê, em 2017

Impulsionar a musicalidade na cidade de Ouro Preto (MG), por meio da combinação entre os gêneros erudito e popular, foi o principal estímulo para que, no ano 2000, os professores Rodrigo Toffolo e Rufo Herrera fundassem a então Orquestra Experimental da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). 
“A democratização do acesso à cultura e a formação de novos públicos são pilares fundamentais que nos desafiam desde a nossa fundação, ainda quando éramos uma orquestra experimental da UFOP. Nesse sentido, trabalhamos, continuamente, para levar a música de concerto gratuitamente ou a preços populares, para lugares onde, muitas vezes, as barreiras geográficas dificultam o acesso”, salientou Toffolo, diretor artístico e regente titular da Orquestra Ouro Preto, que já se apresentou em diferentes cidades do Brasil e em outros países, como Bolívia, Argentina, Inglaterra, Portugal e Espanha.

MUSICALIDADE POPULAR
Umas das particularidades do conjunto é a criação de arranjos que misturam música erudita com gêneros populares. Prova disso é o álbum “Valencianas”, lançado em 2014, para comemorar os 40 anos de carreira do músico pernambucano Alceu Valença.
O responsável pelos arranjos foi Mateus Freire, violinista da orquestra. O resultado apresenta um diálogo harmônico entre instrumentos típicos da cultura nordestina e o erudito. O grupo também regravou, em 2019, a canção “Quem Perguntou por Mim”, de Fernando Brant e Milton Nascimento.
“A mistura cultural brasileira é o que faz do nosso País um lugar tão especial. O compromisso de preservar a identidade regional e o patrimônio musical de diferentes épocas e gêneros musicais é uma de nossas prioridades”, frisou Toffolo. 

AO LADO DE GRANDES NOMES
Em 2015, o álbum “Valencianas” foi um dos premiados do 26º Prêmio da Música Brasileira, na categoria MPB. Neste trabalho, estão contemplados artistas como Milton Nascimento, Alceu Valença e Edu Lobo. 
Toffolo considera que estar ao lado de importantes nomes da música brasileira “é uma grande honra para a Orquestra Ouro Preto. Nossa versatilidade está nessa mescla da música de concerto com a música popular, que é mais um caminho para a formação de novos públicos e para a valorização da música de qualidade que é feita no Brasil. Somos uma orquestra de vanguarda e dedicamos com afinco para fazer diferente”.
O regente titular da orquestra lembra que nos últimos anos foram feitas parcerias que dialogam com o experimentalismo da orquestra, entre as quais as homenagens à música mineira com a poesia de Fernando Brant e Milton Nascimento; a bossa nova de Tom Jobim ao lado da mineira Fernanda Takai; a MPB do compositor Edu Lobo e do cantor Ivan Lins; e a música nordestina de Alceu Valença e Antônio Nóbrega, dentre muitos outros grandes músicos que continuam somando ao lado da Orquestra Ouro Preto.

FOMENTAR A CULTURA
Além dos palcos, a Orquestra Ouro Preto atua no âmbito social como, por exemplo, com o Núcleo de Apoio a Bandas, que oferece oficinas, workshops e atividades músico-pedagógicas para músicos e regentes de bandas e corporações musicais. Somente no ano passado, 320 músicos de cidades do interior de Minas Gerais e do Espírito Santo receberam capacitação.
“Fazer a diferença na vida das pessoas, por meio da Arte, é um desafio prazeroso, mas, ainda assim, é um trabalho intenso, contínuo e bastante necessário para valorização da cultura. Acreditamos que esse investimento é um meio privilegiado para a emancipação dos sujeitos”, afirmou o diretor artístico.
Sobre o papel da música na sociedade, Toffolo disse acreditar que “quando, em um concerto, assistimos do palco as pessoas sorrirem e chorarem, presenciamos um verdadeiro milagre: a razão e o pensar recuam e, por um curto período, a emoção assume o comando de nossos corpos e o afeto toma o lugar privilegiado como regente de nossas vidas, conectando-nos com a Arte em sua diversidade e com o outro, em sua alteridade”. 

OS 4 PILARES DA ORQUESTRA OURO PRETO

Em entrevista ao O SÃO PAULO, Rodrigo Toffolo, diretor artístico e regente titular da Orquestra Ouro Preto, apresentou os quatro pilares que orientam os trabalhos:
Repertório padrão: Diversidade de repertório, de públicos e de projetos sociais e educacionais tem sido o direcionamento da Orquestra Ouro Preto para a promoção da Arte, por meio da difusão da música de concerto. Um trabalho intenso focado em valores primordiais, como o compromisso com a excelência e a versatilidade, a preservação do patrimônio, a formação e a qualificação de músicos e a democratização do acesso à cultura.
Inclusão social: Por meio do Núcleo de Apoio a Bandas, atuamos na qualificação de músicos e regentes das tradicionais bandas e corporações musicais dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Com a Academia Orquestra Ouro Preto, jovens talentos da música de concerto têm a oportunidade de aprimorar a técnica da música orquestral, dando mostras de que a profissionalização em música é uma alternativa de ascensão social e modalidade para emprego.
Cunho experimental: Além de formar músicos, a intenção é formar público para a música, e o conceito de experimental é no sentido de estar aberto a um universo de várias vertentes, desde o renascentista ao contemporâneo, sem comprometer o repertório sagrado das orquestras, mas propiciando espaço para que o público conheça obras importantes dentro de outras propostas.
Música mineira do século XVIII: Sob os signos da excelência e da versatilidade, o fazer musical da Orquestra Ouro Preto compreende repertórios variados em gênero e época. Nosso compromisso com a preservação do patrimônio é reiterado, especialmente no que tange ao resgate e difusão do passado musical histórico do estado, com ênfase no período do esplendor artístico de fins do século XVIII e princípio do século XIX. (ACB e JS)

Orquestra Ouro Preto

Diretor artístico e regente titular: Maestro Rodrigo Toffolo
Composição: Aproximadamente 
20 músicos
Obras: 11 trabalhos registrados em CD e 7 em DVD: “Latinidade” (2007), “Oito Estações – Vivaldi e Piazzolla” (2013), “Valencianas – Alceu Valença e Orquestra Ouro Preto” (2014), “Antonio Vivaldi – Concerto para Cordas” (2015), “Orquestra Ouro Preto – The 
Beatles” (2015), “Latinidade: Música para as Américas” (2016), “Música para Cinema” (2017), “O Pequeno Príncipe” (2018), “Suíte Masai” (2019) e “Quem Perguntou por Mim – Fernando Brant e Milton Nascimento” (2019)
Telefone: (31) 3551-1228
E-mail: orquestra@orquestraouropreto.com.br
Facebook: Orquestra Ouro Preto
Instagram: orqouropreto

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