INTERNACIONAL

IGREJA

Nos passos de Santa Teresinha do Menino Jesus e de São Francisco Xavier

Por Nayá Fernandes (Especial para O SÃO PAULO)
17 de outubro de 2019

A IGREJA DE CRISTO EM MISSÃO NO MUNDO

Na comemoração do centenário da Carta Apostólica do Papa Bento XV, Maximum Illud, o Papa Francisco proclamou outubro de 2019 como “Mês Missionário Extraordinário”, com o tema “Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo”. 


Entre os padroeiros das missões e recordados, com ênfase, durante o mês missionário, estão Santa Teresinha do Menino Jesus e São Francisco Xavier, grandes testemunhas de fé e vivência do Batismo. 


A religiosa carmelita francesa e o padre jesuíta espanhol são exemplo para os missionários de todos os tempos. Ambos viveram de acordo com os valores do Evangelho e anunciaram a Boa-Nova de Jesus aos homens e mulheres em todo o mundo.

HISTÓRIA DE UMA ALMA

Sem dúvida, “História de uma alma”, a autobiografia de Santa Teresinha, é um livro que inspira cristãos e até mesmo não cristãos a perceberem a grandeza de Deus que age nas pequenas coisas.


Quando Santa Teresinha foi canonizada, em 17 de maio de 1925, o Papa Pio XI disse que ganhou um presente durante seu pontificado. As palavras do Pontífice merecem ser lembradas e ajudam a conhecer, com profundidade, a trajetória dessa santa carmelita.


“Teresa, a nova Santa, tendo absorvido vivamente a doutrina evangélica, a traduziu na prática da vida cotidiana, seja com a palavra, seja com o exemplo e ensinou às noviças do seu mosteiro a via da infância espiritual, e a todos os outros por meio dos seus escritos: escritos que, difundidos em todo o mundo, ninguém lê sem desejar reler mais e mais vezes, com máxima alegria”, escreveu o Papa à época.


Em outro trecho da homilia, Pio XI exaltou os dons de alegria e humildade de Santa Teresinha. “Na memória da virgem de Lisieux eram bem impressos os convites e as promessas do Divino Esposo: ‘Venham a mim os pequeninos.’ Teresa, consciente da própria fragilidade, confiou na Providência Divina a fim de que, apoiando-se unicamente na sua ajuda, pudesse chegar à santidade perfeita da vida, tendo decidido viver com a total e alegre abdicação da própria vontade.”

CONHECIDA EM TODO O MUNDO

Teresinha morreu de tuberculose aos 24 anos no Mosteiro de Lisieux, na França. A basílica na cidade francesa dedicada a ela é o segundo lugar com maior número de fiéis na França, ficando atrás somente de Lourdes. 


A fama mundial de Santa Teresinha se deve, seguramente, ao fato de que ela deixou manuscritos sobre a sua vida e doutrina espiritual, que foram publicados por sua irmã. 


“História de uma alma”, livro publicado pela primeira vez em 1898, é seu escrito mais conhecido. Além dele, Santa Teresinha escreveu poesias, obras teatrais, cartas e orações que recontam o itinerário espiritual de uma pessoa que teve uma vida curta, mas intensa, e um caminho espiritual que, com certeza, seria trilhado por pessoas de diferentes lugares do mundo.

A PEQUENA VIA

Publicado pela revista Famiglia Cristiana, em 1º de outubro, o texto de Antonio Sanfrancesco aprofunda a “teologia da pequena via” desenvolvida por Santa Teresinha e como ela descobriu este caminho a partir das dificuldades que encontrou ao entrar no mosteiro.


“Quando ingressou no Carmelo de Lisieux, Teresinha descobriu que o ambiente monástico não era tão somente como ela havia imaginado, mas era também hostil, nem sempre tão espiritual como ela imaginava. E ela resolve reformá-lo, começando por si mesma”, explica o texto.


O artigo esclarece, ainda, que a espiritualidade de Teresinha foi acolhida como uma novidade para toda a Igreja: a teologia da “pequena via”, que consiste em buscar a santidade não em grandes gestos, mas nos atos cotidianos e mais insignificantes, fazendo tudo por amor a Deus. Depois de sua morte, a voz dessa carmelita humilde percorreu a França e o mundo, conquistando intelectuais, suscitando grande emoção e ternura nas pessoas.

SÃO FRANCISCO XAVIER

Teresinha é comemorada liturgicamente no dia 1º de outubro e São Francisco Xavier em 3 de dezembro. Ambos foram proclamados padroeiros das missões pelo Papa Pio XI. 


São Francisco Xavier é espanhol de Navarra, nasceu no castelo de Xavier em 1506 e foi canonizado pelo Papa Gregório XV, em 12 de março de 1622, simultaneamente com Santo Inácio de Loyola.


Cofundador da Companhia de Jesus (Jesuítas), ele se juntou ao grupo de Santo Inácio quando foi estudar em Paris, na França. Conhecido por ter sido um missionário incansável que foi à Índia, à Indonésia e ao Japão, onde permaneceu por cerca de dez anos, São Francisco chegou à China, onde foi impedido de entrar.  


As viagens empreendidas por São Francisco Xavier são consideradas verdadeiras peregrinações missionárias. Ele escreveu várias cartas, em que descreve os lugares por onde passou e os desafios encontrados.
“Viemos por povoações de cristãos que se converteram há uns oito anos. Nestes sítios, não vivem portugueses, por a terra ser muitíssimo estéril e extremamente pobre. Os cristãos destes lugares, por não terem quem os instrua na nossa fé, somente sabem dizer que são cristãos”, escreveu em uma das cartas.


O texto com a biografia deste memorável santo espanhol foi publicado no dia 3 de dezembro de 2017 no site das Pontifícias Obras Missionárias (POM) e reconta o processo missionário vivido por ele, bem como trechos de seus escritos que ajudam a compreender o quanto ele trabalhava pela conversão dos povos asiáticos ao Cristianismo.


“Muitos deixam de se fazer cristãos nestas terras, por não haver quem se ocupe de tão santas obras”, escreveu em outra ocasião, expressando uma de suas preocupações mais frequentes, a falta de missionários que pudessem instruir as pessoas na fé cristã.

VIAGENS MISSIONÁRIAS

Assim como aconteceu com São Paulo, São Francisco Xavier teve a vida marcada pelas viagens missionárias. Em 20 de setembro de 1543, na costa oeste do sul da Índia, a norte de Cabo Comorin, aconteceu uma das primeiras ações missionárias de São Francisco Xavier. O local era chamado de Costa de Pescaria pelos portugueses.


Em 1545, foi à portuguesa Malaca (atual região da Malásia). Partiu dali para as ilhas de Amboino, onde permaneceu até meados de junho de 1546. Ainda no mesmo ano e em 1547, Francisco trabalhou nas ilhas Molucas (costa oriental da Indonésia) e, após partir dali, o seu trabalho teve continuidade com a dedicação de outros missionários. Na década de 1590, havia cerca de 60 mil católicos na região.


No ano de 1548, o missionário retorna à Índia, onde passou 15 meses de sua vida. No ano seguinte, visitou Cantão, na China. Foi acompanhado pelo Padre Cosme Torres, Angiró, pelo Irmão João Fernandes e por outros dois homens japoneses que estudaram em Goa.


Em julho de 1549, ele chega ao Japão. Francisco Xavier foi o primeiro jesuíta a ir lá em missão. O Japão foi, conforme ele mesmo relatou posteriormente, um dos países mais difíceis para o missionário conseguir explicar e implantar o Cristianismo. 


A barreira da língua foi, sem dúvida, uma das grandes dificuldades. São Francisco levou consigo pinturas da Virgem Maria e da Virgem com Jesus e, com o tempo, começou a ver os frutos: fundou congregações em Hirado, Yamaguchi e Bungo e escreveu um livro em japonês sobre a criação do mundo e a vida de Cristo. Permaneceu no Japão até 1551. Após sair do País, ele foi novamente à Índia. Morreu em 3 de dezembro de 1552, tentando entrar clandestinamente na China.

Com informações das POM.

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.