Cardeal Scherer fala sobre encontro do Papa com a presidência do Celam

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18 de setembro de 2019

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, conceceu uma entrevista ao Vatican News sobre o encontro do Papa Francisco com a presidência do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), nesta terça-feira, 12. Desde maio, Dom Odilo é o Primeiro Vice-Presidente da Entidade. 

As novas perspectivas do Celam, sua renovação, o serviço intercontinental às Conferências Episcopais da América Latina e do Caribe, a promoção de iniciativas e subsidiariedade foram alguns dos temas citados por Dom Odilo na entrevista. 

OUÇA A ENTREVISTA COM CARDEAL ODILO PEDRO SCHERER

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‘A miséria é nossa vizinha’

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02 de mai de 2019

Em 1964, Dom Eugênio Sales, na época Administrador Apostólico de Natal (RN), obteve autorização do Papa Paulo VI para que freiras, pela primeira vez na história, assumissem paróquias com a presença de um sacerdote apenas aos domingos. Um ano depois, Dom Eugênio e a ACN iniciaram, em Salvador (BA), o projeto GRIMPO (Grupo de Religiosas Inseridas no Meio Popular), que existe até hoje e conta com 139 religiosas de diferentes congregações, que vivem nos bairros mais carentes da Capital Baiana. Com a ajuda da ACN, essas religiosas são presenças fundamentais na evangelização e no auxílio médico e material. Assim é a missão da Irmã Maria Lúcia Torres, do Instituto Nossa Senhora da Oferenda, que está em Salvador há mais de 40 anos.

 

IRMÃ MARIA LÚCIA, CONTE UM POUCO SOBRE A SUA ORDEM E SOBRE O TRABALHO REALIZADO EM SALVADOR

Eu sou do Instituto Nossa Senhora da Oferenda, que tem como carisma a evangelização das pessoas doentes e com deficiência. A Ordem foi fundada na França e possui duas casas aqui na Bahia: em Salvador e na Diocese de Caetité. Eu nasci em Sergipe, mas há 40 anos moro em Salvador. Nesse período todo, acompanho o GRIMPO. Antes, éramos chamadas de Irmãs de paróquia, mas agora estou no Lar Fonte da Fraternidade, uma residência de adolescentes, jovens e adultos com deficiência que se tornou a primeira residência inclusiva de Salvador, e única no momento. É uma residência inclusiva porque o trabalho está em acolher, dar residência e inclusão aos deficientes que foram abandonados. Eles cresceram aqui, tornaram-se jovens e adultos, e não têm pra onde ir. O Lar recebe também as pessoas com deficiência da comunidade, que passam pelos atendimentos de fisioterapia, psicologia, terapia ocupacional e pedagogia. Acabamos de iniciar uma sala da aula inclusiva domiciliar. Isso é muito importante por causa da violência dos nossos bairros. Não há condições de levá-los à noite para a escola e, desde 2015, buscávamos essa autorização da Secretaria Municipal de Educação, junto com o Ministério Público, para dar a educação em aulas realizadas aqui no Lar.

 

COMO O LAR SE MANTÉM?

O Lar Fonte da Fraternidade se mantém por meio de doações, da ajuda que recebe da ACN e, também, pelo trabalho voluntário de profissionais da área médica e terapeutas, assistentes sociais e do atendimento das Irmãs. As pessoas da comunidade também ajudam muito naquilo que podem. Inclusive, todo mês, há uma pessoa que vem muito cedo, anonimamente. Ela abre o portão e deixa a despesa de alimentos sobre uma cadeira que temos no quintal. Não sabemos quem é, mas ela faz isso mensalmente.

 

COMO A IGREJA FAZ PARTE DO DIA A DIA DOS RESIDENTES?

As Irmãs estão na comunidade e a comunidade está dentro do Lar. Aqui, realizamos Catequese, grupo de jovens, Crisma, sacramentos na comunidade e participamos das celebrações nas igrejas que são próximas do Lar. Mas, também, independentemente da Igreja Católica, somos vizinhos da Igreja Adventista, e tivemos um encontro dos idosos aqui, com a casa aberta a toda a comunidade. Então, vários grupos vêm participar, vêm fazer uma tarde de integração. O que importa para nós é que se faça o bem, e se faça por amor e para alegrar a vida dos residentes. Pra gente tudo bem, é o que Deus quer! Somos muito ecumênicos e nosso Papa Francisco pede muito isso.

 

O PAPA FRANCISCO É UMA FONTE DE INSPIRAÇÃO?

O Papa Francisco sente o cheiro das suas ovelhas. Ele é realmente um pastor e um pai para nós, da Igreja. Ele possui uma abertura, uma sensibilidade e uma humanidade que inspira profundamente nossa missão e o trabalho como evangelizadoras. O Papa Francisco está mudando a história da Igreja, e a Igreja precisava disso, porque não podemos ficar somente na sacristia. Ele diz sempre que a Igreja deve sair às ruas, olhar os bairros, visitar as famílias e ver a situação que o povo vive. É muito confortável ficar no sofá, em casa, ou na sacristia e não ter o conhecimento, a sensibilidade e a experiência da vida que o povo vive. A miséria é nossa vizinha. Por isso, é importante a doação, e enfatizo para aqueles que doam, que o gesto deles atinge na prática toda uma comunidade e consegue acesso nas áreas mais carentes, por meio do trabalho missionário das Irmãs.

 

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‘Que o sistema eleitoral traduza o desejo do eleitor na escolha de políticas públicas’

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26 de fevereiro de 2019

Em vista da Campanha da Fraternidade 2019, que tem como tema “Fraternidade e Políticas Públicas”, o professor José Álvaro Moisés, titular aposentado do Departamento de Ciências Políticas da USP, concedeu uma entrevista à série “Pátio da Cruz”, uma parceria entre O SÃO PAULO, o Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP e a TV PUC, para falar a respeito impacto da situação política brasileira sobre as políticas públicas. O professor chamou a atenção para os problemas da democracia no País e a importância da participação da sociedade para garantir um bom desempenho daqueles que foram eleitos. Leia a entrevista.

 

O SÃO PAULO – COMO O SENHOR AVALIA A QUALIDADE DA DEMOCRACIA NO BRASIL HOJE?

José Álvaro Moisés – O ponto de partida dessa reflexão deve ser o reconhecimento de que, nestes últimos 30 anos, a partir de meados dos anos 1980, quando houve o processo de democratização na sociedade brasileira, a democracia foi progressivamente se consolidando. Mas essa consolidação não quer dizer que o processo está completo, porque há uma série de distorções e de déficits de funcionamento no sistema que fazem com que a promessa fundamental da democracia nem sempre se realize.

Na democracia, os eleitores são considerados os soberanos. Isso significa que duas exigências são as mais importantes: a de que o sistema eleitoral traduza o desejo do eleitor na escolha de políticas públicas; mas, ao mesmo tempo, o direito que o cidadão tem de controlar o desempenho de quem governa.

 

QUAIS SERIAM OS PROBLEMAS DA DEMOCRACIA BRASILEIRA?

Em primeiro lugar, o sistema eleitoral tem uma série de falhas. A mais importante delas é que o sistema de eleição proporcional não permite estabelecer uma conexão sólida entre o representado e o representante. Além disso, existem segmentos sociais importantes do Brasil que estão sub-representados no sistema político. O caso mais gritante é o das mulheres, que formam 52% da população brasileira e, nesta última eleição de 2018, alcançaram menos de 11% de representação no Congresso. Isso para não dizer das populações que têm origem afrodescendente. São 55% da população e têm menos de 25% de representação no Congresso. O sistema não é capaz de incorporar à cidadania contemporânea todos esses segmentos.

Nós temos tido no Brasil uma experiência da existência de um esquema sistêmico de corrupção, envolvendo partidos políticos muito importantes e envolvendo, principalmente, as grandes empreiteiras que são contratadas pelo Estado para políticas públicas. Esse esquema retirou recursos muito volumosos de políticas públicas. O tema da corrupção criou uma indignação e uma rejeição pela política muito consistentes neste último período. Eu penso que o resultado das eleições de 2018 teve muito mais uma conotação negativa, do eleitor negar alguma coisa que não queria, do que propriamente o eleitor escolher um conjunto de políticas públicas que não estavam claras.

 

NUMA SITUAÇÃO DESSAS, COMO A SOCIEDADE PODE REALMENTE PARTICIPAR DO PROCESSO POLÍTICO?

A participação depende de dois elementos importantes. Em primeiro lugar, o que chamamos nas Ciências Sociais de estrutura de oportunidades, para que haja participação, meios, mecanismos, espaços, instâncias, formas pelas quais as pessoas comuns são chamadas para dar sua opinião, são ouvidas nas decisões fundamentais que dizem respeito às políticas públicas e ao exercício do poder. Não é apenas o que se faz, mas também o como se faz que são importantes...

Há, ainda, um segundo elemento que é a cultura política dos brasileiros. A nossa cultura política tem aspectos importantes, pois tem havido, ao longo do tempo, uma permanência na escolha da democracia. Mas, ao mesmo tempo, há uma maioria relativamente silenciosa que pouco participa, a não ser em grandes momentos de manifestações ou nas eleições. Fora das eleições, as pessoas ficam na expectativa e, em certo sentido, numa dependência do que os políticos, o Estado e os partidos vão fazer. Nós precisamos mudar essa cultura, no sentido de criar condições para que as pessoas tenham informação, debate e maior esclarecimento.

 

CONCRETAMENTE, QUAIS SÃO OS EXEMPLOS DESSA PARTICIPAÇÃO QUE CONSTRÓI A DEMOCRACIA NO DIA A DIA?

Em primeiro lugar, as pessoas participarem das suas associações profissionais. Depois, não basta criticar os partidos se nós deixamos que os caciques dos partidos façam o que eles querem. Tem que ter participação, de alguma maneira, “arrombar” as portas dos partidos. Mas, além disso, há mecanismos da sociedade brasileira que exigem que as pessoas participem. Existem conselhos nas áreas da saúde, educação, segurança pública. Na maior parte desses casos, a presença da sociedade é muito pequena

Algo muito importante na fase de urbanização de São Paulo, por exemplo, foram as associações de bairros, que tiveram uma capacidade de democratização muito forte nos anos 1950 e 1960. Isso significa voltar para os problemas que organizam a vida do bairro, da comunidade, na sua relação com a prefeitura, com a subprefeitura, ou com o vereador ou deputado no qual o eleitor votou. É preciso que as pessoas usem as redes sociais para se comunicar com esses eleitos e, de alguma maneira, levar até eles aquilo que deve ser a ação do governo, do Congresso Nacional, da Câmara dos Vereadores, da Assembleia Legislativa. De certa forma, isso começou a acontecer no Brasil.

 

E COMO É A ACOLHIDA DAS LIDERANÇAS POLÍTICAS DE UM EVENTUAL CLAMOR POPULAR?

Eu vejo que começou a haver um sinal de mudança na política brasileira, no sentido de as pessoas deixarem aquele distanciamento enorme, que principalmente as oligarquias dos partidos estabeleceram, e que levou a não ouvir as pessoas e a definir programas de governo sem nenhuma participação. Vários grupos de jovens e de pessoas da sociedade civil criaram organizações com o objetivo de escancarar as portas dos partidos e dizer: “Nós temos propostas a fazer”. Esse é um mecanismo que pode levar à renovação.

Outra coisa que a experiência brasileira dos últimos anos mostra é que há uma camada de políticos portadores de uma cultura política distante da população, que só altera o seu papel quando é pressionado. Há vários exemplos recentes em que houve pressão por meio das redes sociais ou até mesmo de manifestações que fizeram com que alguns políticos mudassem de opinião. É um recurso que toma tempo, dá trabalho, mas ele tem, de alguma maneira, como pressionar os políticos para que se estabeleça uma relação de compromisso com a população para que permanentemente haja um esforço de ouvir.

 

O QUE O SENHOR CONSIDERA PERIGOSO PARA QUE A RENOVAÇÃO NÃO ACONTEÇA DA MANEIRA ESPERADA?

Eu penso que o perigo maior é que pessoas que se apresentam como portadoras da nova política cheguem ao Congresso, ao governo, ou às instâncias onde as decisões são tomadas, e adotem os mesmos costumes antigos que teoricamente ficaram para trás, não levando em conta a opinião da sociedade. Uma das questões para enfrentar a crise da democracia, que é mundial, é nos convencermos que só haverá solução se as sociedades voltarem a dar a sua marca para o funcionamento da democracia. No caso dos políticos que foram eleitos com essa promessa e não a cumprem, temos que ter muita atenção para que nas próximas eleições eles possam voltar para casa, se for o caso.

(Colaborou: Fernando Geronazzo)
 
 

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‘Foram os melhores anos da minha vida’

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14 de fevereiro de 2019

Mônica Guarnieri Machado é médica, formada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Teresópolis (RJ) (1989) e em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora de Assunção pela PUC-SP (2009). Está fazendo o Mestrado em Teologia da Missão (Missiologia), desde 2013.

Na trajetória de Mônica, que atualmente é Diretora de um Centro de Referência para DST/Aids em um hospital de Diadema (SP), há um período que marcou profundamente sua história e que ela faz questão de contar para todas as pessoas que a convidam: o tempo em que trabalhou como médica voluntária em diversos países africanos. “Acredito que todas as pessoas, dentro de suas possibilidades, deveriam fazer uma experiência assim”, afirmou Mônica. em entrevista ao O SÃO PAULO.

 

JORNAL O SÃO PAULO – COMO SURGIU SEU DESEJO DE SER MISSIONÁRIA FORA DO PAÍS?– COMO SURGIU SEU DESEJO DE SER MISSIONÁRIA FORA DO PAÍS?

Mônica Guarnieri Machado – Desde que eu decidi que queria fazer Medicina, já desejava ser voluntária fora do País. Mas o desejo só se concretizou em 2005, quando conheci a Comunidade Católica Emanuel, que mantém um projeto para enviar missionários a diferentes lugares do mundo. Assim, depois de ter feito um ano de missão, pela Comunidade, fui enviada para Guiné, em Conacri, na África. Entre 2005 e 2007, fui voluntária internacional pela ONG Fidesco, na qual era responsável pela Clínica do Centre de Santé Saint Gabriel, em Conacri, na Guiné.

 

COMO FOI A EXPERIÊNCIA MISSIONÁRIA EM GUINÉ?

Eu era a única pediatra do País e foi uma experiência muito bonita e, ao mesmo tempo, desafiadora. Éramos um grupo de missionários e atendíamos na Clínica todas as pessoas que nos procuravam, cerca de 300 crianças, cem adultos e cem gestantes diariamente. Tínhamos uma média de três partos por dia. Com pouquíssimos equipamentos e uma equipe sem a formação necessária, comecei a perceber que poderíamos ajudar, sobretudo, na formação dos profissionais do País.

 

ALÉM DO TRABALHO COM AS FAMÍLIAS E CRIANÇAS, VOCÊ PARTICIPOU DE UM PROJETO COM OS MÉDICOS AFRICANOS...

Sim, criamos um curso para os médicos, focado na pediatria. Todos os dias, entre um expediente e outro, buscávamos os médicos e oferecíamos uma refeição, falando sobre o dia a dia da clínica médica. No dia seguinte, eu ia até os hospitais e acompanhava as consultas. Era uma formação teórico-prática. O objetivo era o de ajudar os médicos a crescerem tanto no conhecimento teórico, quanto no dia a dia clínico. Havia outras instituições que faziam isso, mas, na maioria das vezes, era um tipo de curso muito teórico, que não dialogava com a rotina deles. Então, acabava sendo só mais um diploma para o currículo. Percebemos que havia a necessidade de fazer um trabalho mais minucioso.

 

E SOBRE A QUESTÃO DA MORTALIDADE INFANTIL NA ÁFRICA?

Há uma grande quantidade de crianças que chega a óbito por desnutrição. É um problema sério dos países africanos, os quais passam tanto por questões econômicas quanto por fatores culturais. Em geral, as mulheres dão às crianças com menos de seis meses outros alimentos e não exclusivamente o leite materno. Além disso, há um tipo de medicina alternativa, feita por curandeiros que, em alguns casos, pode desfavorecer muito o quadro clínico das crianças. Mas todos esses são fatores com os quais devemos lidar com muito cuidado e respeito.

 

COMO FOI O PERÍODO NO MÉDICO SEM FRONTEIRAS?

Quando eu estava em Guiné, conheci o Médico sem Fronteiras (MSF) e, depois de voltar da missão por meio da Fidesco, resolvi me candidatar a uma vaga para trabalhar em Moçambique e, para minha surpresa, fui chamada imediatamente. Fiz um processo seletivo no Rio de Janeiro (RJ) e, depois de um ano e meio trabalhando com questões relacionadas ao vírus HIV, que tem altos índices de contaminação na África, fui selecionada para um cargo de coordenação, o qual tinha Genebra, na Suíça, como sede. Nesse período, durante pouco mais de dois anos, girei por vários países da África (Níger, Moçambique, Congo, Guiné, Somália, África do Sul, Gana, Malawi, além de Bangladesh, na Ásia). Foi uma experiência fantástica, mas, ao mesmo tempo, muito cansativa e, por isso, resolvi voltar para descansar e ficar mais perto da minha família.

Entre 2010 e 2011, fui Coordenadora Pediátrica do MSF Bélgica, no Projeto HIV/SIDA em Moçambique – Mavalane (Maputo), Tete e Angónia. Entre 2011 e 2013 fui pediatra do MSF Bélgica (Mobile Implementation Officer = MIO, ligado à coordenação pediátrica) e entre 2013 e 2014 fui pediatra referente do MSF Barcelona (Assessoria Técnica on-line aos diversos projetos).

 

COMO A ESPIRITUALIDADE CATÓLICA A AJUDOU A VIVER ESTES ANOS COMO VOLUNTÁRIA?

Em Guiné, vivíamos em situações muito complicadas, como falta de água e energia elétrica. Além de termos ficado escondidos durante uma revolução e outros momentos complicados. Mas ali, com membros da Comunidade Emanuel, tínhamos momentos de oração e partilha frequentes, o que me ajudou muito e me deu a base, inclusive, para viver o tempo nos MSF.

 

PARA VOCÊ, O QUE SIGNIFICOU TODOS ESSES ANOS DE TRABALHO VOLUNTÁRIO?

Eu considero aqueles anos que passei em missão os melhores da minha vida. Isso porque eu sentia que fazia a diferença na vida das pessoas. Aqui eu sou uma pediatra, como todos os outros. Lá, eu era uma das poucas pediatras e ajudava não somente crianças e suas famílias, mas também outros profissionais da saúde. Hoje, vou aonde me chamam. Gosto muito de partilhar essas experiências e ajudar outras pessoas que desejam ser missionárias ou voluntárias.

 

HAVERIA ALGUMA EXPERIÊNCIA QUE A MARCOU MAIS?

Eu conheci uma mãe africana, bem jovem, que tinha uma filha com síndrome de Down. A criança precisava de uma cirurgia cardíaca, impensável no país em que ela estava. Então, pedi a uma instituição suíça que levava as crianças para serem operadas lá. Mas a instituição negou, pelo fato de a criança ter a síndrome. Então, comecei a perguntar aqui no Brasil se haveria a possibilidade de a criança ser atendida pelo Sistema Único de Saúde, e uma conhecida minha disse que sim. Então, conseguimos as passagens, e a mãe veio com a criança. A cirurgia foi bem-sucedida, e eles voltaram para a África. Essa experiência me marcou muito, não somente pelo fato de termos ajudado essa família, mas porque eu refleti como o nosso SUS é um sistema aberto a todos e como somos privilegiados de ter um sistema assim, ainda que ele precise melhorar muito. Por isso, temos de lutar para que o SUS melhore sempre mais e cuidar para que não percamos esse direito.
 

DICA!

A Mônica se disponibilizou a atender pessoas que queiram conhecer um pouco mais sobre trabalho voluntário ou missionário. O contato é: monicaguarnieri@gmail.com.

 

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‘Os missionários vivem a pobreza com os pobres e no lugar dos pobres’

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07 de fevereiro de 2019

Em entrevista ao O SÃO PAULO, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, falou sobre sua visita ao Haiti, entre os dias 29 de janeiro e 2 de fevereiro. Na sua segunda viagem ao país mais pobre das Américas, Dom Odilo visitou os trabalhos apostólicos que a Missão Belém realiza em uma comunidade localizada junto a um lixão na periferia da capital, Porto Príncipe, desde o terremoto que devastou o país em 2010.

O Cardeal destacou que, embora as feridas mais visíveis do terremoto já foram cicatrizadas, ainda há muitas coisas à espera de reconstrução no País. “O papel da Igreja é muito importante para promover, além da ação caritativa e religiosa, também a possibilidade de mudança social e cultural”, salientou o Arcebispo, destacando o trabalho da Missão Belém como admirável, “de uma abnegação e dedicação enormes”.

“No Haiti, a Missão Belém está com os ‘descartados’ e abandonados à própria sorte”, afirmou, ressaltando que a esperança semeada pela Comunidade é percebida pelo sorriso das crianças acolhidas. Leia a íntegra da entrevista.

 

O SÃO PAULO – COMO FOI A VISITA DO SENHOR AO HAITI?

Dom Odilo Pedro Scherer – Vim ao Haiti depois de participar da Jornada Mundial da Juventude no Panamá, com o principal objetivo de visitar a comunidade missionária da Missão Belém no Haiti e a sua obra, iniciada após o grande terremoto que abalou o país em 2010. Foram quatro dias de programação intensa, com visitas às salas da creche e da escola, que já contam juntas com mais de 1.800 alunos. Além disso, visitei o canteiro de obras da nova escola e do início da construção de um hospital para a Missão Belém no mesmo local da escola. Mas também visitei o Núncio Apostólico no Haiti e o Arcebispo de Porto Príncipe; tive contatos com outros religiosos brasileiros que trabalham na Capital, celebrei com o povo e participei de uma tocante via sacra no meio da favela.

 

O QUE O SENHOR DESTACA DO TRABALHO REALIZADO PELA MISSÃO BELÉM NESSE PAÍS?

É um trabalho voltado para uma população muito pobre, que vive sobre um lixão na periferia de Porto Príncipe. A Missão Belém dedica-se, sobretudo, às crianças e adolescentes, para lhes oferecer condições de saúde, alimentação e educação para um futuro melhor. Os missionários vivem no meio dessa população, partilhando sua pobreza e inteiramente dedicados a ela. O testemunho dos missionários da Missão Belém é muito edificante, e a obra ali iniciada consegue agregar a colaboração de muitas pessoas da própria favela e a solidariedade de muitos benfeitores do Brasil e da Itália, graças aos quais o trabalho vai acontecendo como verdadeira obra da Providência.

 

QUAL É O PAPEL DA IGREJA NA TRANSFORMAÇÃO DA VIDA DAQUELE POVO?

O papel da Igreja é muito importante para promover, além da ação caritativa e religiosa, também a possibilidade de mudança social e cultural. O Haiti ainda precisa muito de ajuda internacional concreta e inserida, que envolva a própria população local, não devendo ser paternalista, pois criaria dependência e não estimularia o povo a superar seus problemas. A Missão Belém está fazendo isso. Os pais dos alunos, especialmente as mães, são envolvidos no trabalho da Missão; muitos dos 250 funcionários pagos e dos voluntários são da comunidade da favela. A obra da educação e da evangelização são extremamente importantes nesse contexto.

 

O QUE MUDOU NO HAITI DESDE A ÚLTIMA VISITA DO SENHOR?

As feridas mais visíveis do terremoto já foram cicatrizadas e o povo voltou à normalidade de sua vida. Ainda há muitas coisas à espera de reconstrução, inclusive a catedral metropolitana. Das muitas ONGs que atuaram no país restaram poucas em ação, porém, muitas iniciativas da Igreja, não apenas do Brasil, consolidaram sua presença e continuam empenhadas ali, na sua ação missionária, educativa e de ação transformadora. A pobreza ainda continua muito grande e, com a ausência das tropas da ONU, lideradas pelo Brasil, para assegurar a ordem e a estabilidade política, o Haiti vai fazendo suas experiências na consolidação do regime democrático.

 

O QUE MAIS O MARCOU NO CONTATO COM A SITUAÇÃO DO PAÍS?

O contato foi muito breve e seria temerário fazer um julgamento sobre a situação do país. O certo é que o Haiti ainda precisa dar muitos passos na consolidação da ordem democrática, na superação da pobreza e de injustiças sociais arraigadas. Em geral, as condições de vida da população ainda carecem de muitos avanços. Nas questões da segurança e da transparência na administração pública, o Haiti não difere dos outros países da região do Caribe, da América Central e do Sul. Mas se nota que o povo luta como pode, é criativo para encontrar modos de resolver as necessidades básicas cotidianas. Além disso, é um povo que tem um senso estético e artístico bem afinado.

 

E COMO AVALIA O TRABALHO DA MISSÃO BELÉM NO HAITI?

É um trabalho admirável, de uma abnegação e dedicação enormes. Os missionários vivem a pobreza com os pobres e no lugar dos pobres. Olhando para o contexto onde atuam, lembrei-me das frequentes referências do Papa Francisco às “periferias existenciais e humanas” e aos “descartados” da sociedade. No Haiti, a Missão Belém está com os “descartados” e abandonados à própria sorte, que vivem em cima de um grande lixão (material descartado). Mas a Missão Belém faz brotar a esperança, que aparece no sorriso das crianças ali acolhidas e atendidas e na sua algazarra alegre nas salas da escola. É um trabalho que precisa e merece o apoio de muitos benfeitores.

 

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Farrell: JMJ no Panamá será o começo de uma mudança na Igreja

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18 de janeiro de 2019

"Os jovens são uma inspiração para a Igreja: os idosos podem ter muita experiência e conhecimento, mas a coragem, o entusiasmo, o desejo de sair e fazer alguma coisa, pertence à natureza dos jovens, que amam os desafios". Foi o que afirmou o cardeal Kevin Farrell, prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, em uma entrevista em vídeo sobre a iminente Jornada Mundial da Juventude no Panamá.

 

A continuação do Sínodo da Juventude

No vídeo - publicado no canal youtube do Dicastério e visível em inglês neste link - o cardeal Farrell sublinhou que o encontro do Papa com os jovens da próxima semana será "a continuação do que aconteceu no Sínodo" em outubro passado.

"Esta JMJ é o início de uma mudança na Igreja", explica ele. A experiência do Sínodo, os intercâmbios e a partilha entre jovens e bispos, desejada e exortada pelo próprio Papa Francisco, é de fato "mudança", é "escutar a realidade, não aquela que eu tenho em mente", afirma o cardeal, "mas aquela com os quais os jovens se deparam em suas vidas".

 

Ouvir os jovens

Para o cardeal Farrell, "escutar, escutar a todos" é o caminho a ser seguido, em particular, é preciso ouvir "os jovens, sem impor nosso jeito de ser. Certamente, devemos indicar algumas diretrizes, para a conduta moral, por exemplo, mas são eles que têm as ideias, sabem o que funciona e o que não funciona, o que atrai e o que não os atrai. Devemos ouvir, aprender ".

 

Dê energia em um mundo cansado

"Vivemos em um mundo cansado, não comunicamos mais, enquanto os jovens comunicam constantemente, produzem novas ideias", reitera o cardeal. Certamente, há necessidade de "discernimento", mas depois são os jovens "quem tem a energia, o desejo e a vontade de mudar".

 

Aprender com os jovens da América Central

O prefeito então se concentrou em como a Jornada Mundial da Juventude no Panamá será uma inspiração não só para os jovens, mas para toda a Igreja, e sobre as lições que podem ser aprendidas dos povos da América Central.

"São pessoas de grande coragem. Pensamos às migrações: os jovens não querem mais viver com fome e violência, e buscam e encontram um lugar melhor. E quando o encontram, aprendem e são capazes de transformar suas vidas e própria sociedade. Esperamos aprender a sua vontade”, juntamente com o seu profundo senso de fé, que os faz viver muito unidos a Deus", algo que não experimentamos em outras partes do mundo".

 

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Juristas católicos dispostos a servir à igreja e à sociedade

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27 de novembro de 2018

Recentemente eleito presidente da União Internacional de Juristas Católicos, associação privada de direito pontifício, o Desembargador Ricardo Henry Marques Dip, do Tribunal de Justiça de São Paulo, concedeu entrevista ao O SÃO PAULO, na qual falou sobre sua nova missão.

Ricardo Dip, 67, é natural da Capital Paulista. Ele é Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC -SP), Bacharel em Jornalismo pela Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero, de São Paulo; Mestre em Função Social do Direito, pela Faculdade Autônoma de Direito (Fadisp). Ele ingressou na magistratura paulista em 1979. 

A União Internacional de Juristas Católicos, criada em Paris, na França, em dezembro de 1986, promove a unidade de ação espiritual e de suas associações. A União foi convertida em uma associação privada internacional de fiéis de direito pontifício e tem sua sede social em Roma. Pouco tempo após sua criação, a União Internacional de Juristas Católicos passou a realizar congressos mundiais. 

O Desembargador destaca o crescimento das entidades que reúnem os juristas católicos em diversos países, inclusive no Brasil, como é o caso da União do Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp). Ele também comentou o tema do VI Congresso Mundial de Juristas Católicos, realizado entre os dias 7 e 9, na Cidade do México, que teve como tema principal “Transumanismo ou Pós-Humanidade?”, refletido por renomados conferencistas de diversos países da América e da Europa.

 

O SÃO PAULO – COMO O SENHOR ACOLHE A NOVA MISSÃO DE PRESIDIR A UNIÃO INTERNACIONAL DE JURISTAS CATÓLICOS?

Desembargador Ricardo Henry Marques Dip – O atual e ainda presidente da União Internacional de Juristas Católicos, Professor Miguel Ayuso Torres, notável constitucionalista de Madri, na Espanha, é um dos maiores filósofos da política de nossos tempos, e seguramente não parece nada fácil dar continuidade à excelência de seu trabalho. Pela primeira vez na história dessa União, de sua presidência se incumbirá alguém que não vive na Europa geográfica, o que é um problema adicional. Mas, enfim, confiemos que a providência supra as dificuldades, dando-me as luzes e o ânimo necessários para o reto exercício das funções presidenciais que, em substância, são, sobretudo, de coordenação técnica de atividades acadêmicas. 

 

QUAL AVALIAÇÃO O SENHOR FAZ DA ATUAÇÃO DA ENTIDADE NA SOCIEDADE CIVIL?

Na última década, criaram-se várias uniões nacionais de juristas, não só na Europa, mas na América hispânica, e este fato, de todo auspicioso, tem permitido melhor êxito da União internacional em promover, por larga parte do mundo, a unidade de ação espiritual e temporal dos juristas católicos, em seu liame indeclinável com nossa Igreja Católica Apostólica Romana. 

 

QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS DESAFIOS A SEREM ENFRENTADOS PELA ENTIDADE ATUALMENTE?

Na última década, criaram-se várias uniões nacionais de juristas, não só na Europa, mas na América hispânica, e este fato, de todo auspicioso, tem permitido melhor êxito da União internacional em promover, por larga parte do mundo, a unidade de ação espiritual e temporal dos juristas católicos, em seu liame indeclinável com nossa Igreja Católica Apostólica Romana.  

Há muitos desafios a enfrentar. Fiquemos num primeiro plano, em que está o problema dos muitos ataques ao bem jurídico-natural da vida. Quase em paralelo, tem-se o assédio à realidade das coisas pela “ideologia de gênero”. Aí estão o “gramcismo”, o “marcusianismo”, o “transumanismo”, o pós-humanismo, o marxismo cultural, o laxismo penal, o relativismo integral, enfim, esses “ismos” todos que se desviam da doutrina que sempre e em toda parte ensinou a Santa Igreja. 

 

QUAIS FORAM OS PRINCIPAIS ASSUNTOS ABORDADOS NO VI CONGRESSO MUNDIAL DE JURISTAS CATÓLICOS? PODE DESTACAR ALGUM?

Nosso VI Congresso teve por claves as ideologias do “transumanismo” e do pós-humanismo, procurando destacar-se, ao revés, a importância da natureza das coisas, incluso em seu aspecto prático, ou seja, da ação humana, em face de distopias que ameaçam o destino dos homens. Pode-se dizer que uma sinopse conclusiva desse Congresso, assim me pareceu, está na necessidade de firme adesão à Fé e à doutrina moral que sempre ensinou a Igreja, de par com a trilha da filosofia verdadeiramente católica, sobremodo a ditada por Santo Tomás de Aquino, ambas, efetivamente, pilares para a reconstrução do que se está a desconstruir ideologicamente nos tempos em que vivemos.  

 

O SENHOR PODE DESTACAR ALGUNS RESULTADOS DE AÇÕES PROTAGONIZADAS PELOS JURISTAS CATÓLICOS NOS ÚLTIMOS TEMPOS?

Parece-me que, no plano da quantidade, o surgimento de muitas novas uniões nacionais (assim, a do Equador, a do Haiti, a do Brasil)  e algumas até de caráter estadual, diocesano ou arquidiocesano, como, neste último caso, a União de Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp) –, fruto muitíssimo da diligência habitual do valioso Dr. Ives Gandra da Silva Martins e da atuação de Sua Eminência o Cardeal Odilo Pedro Scherer. Foram excelentes resultados colhidos durante a gestão de Miguel Ayuso. 

Lembremo-nos que, ainda no dia 8 setembro passado, instituiu-se, no Rio de Janeiro, a União Brasileira de Juristas Católicos (Ubrajuc), sob a presidência da agora recém-eleita deputada federal Christine Nogueira dos Reis Tonietto. Poucos dias depois, a Ubrajuc foi admitida oficialmente no âmbito da União internacional, de sorte que, no Brasil, temos agora várias importantes uniões estaduais (por exemplo, Piauí e Rio Grande do Sul), arquidiocesanas (assim, a do Rio de Janeiro e a Ujucasp), até diocesanas (é o caso da Ujucat, de São José dos Campos), e uma união nacional. 

Isso permite, de um lado, as atuações locais e regionais, cuja importância é preciso e muito destacar, promovendo-se a atividade complementar e subsidiária tanto da Ubrajuc, que atua, entre nós, em âmbito nacional, quanto da União internacional. São importantes manifestações que emanam da vida comunitária. São os juristas católicos, permitam-me a linguagem figurada, em fermentação no Brasil e para o bem da pátria que foi um dia a Terra de Santa Cruz. 

Além disso, e isso me impressionou muito, vi nascer a Ubrajuc graças à conjunção de esforços do Centro Dom Bosco do Rio de Janeiro com a dedicação de um importante grupo de juristas de São Paulo, agremiados no Movimento Magistrados para a Justiça (MMJ). São católicos reunindo-se, são juristas católicos dispostos a servir à Igreja. Vejam-se, ainda em exemplos nossos, os livros editados por iniciativa da Ujucasp e do Centro Dom Bosco ou ainda a contínua excelência de artigos publicados pelo MMJ, que vem assumindo já algum protagonismo no campo doutrinário da Justiça de São Paulo. 

Tudo isso me dá esperança de que, sob as ordens de Deus e a escolta de Nossa Senhora, possamos continuar a marcha até aqui bem-sucedida da União Internacional de Juristas Católicos.

 

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‘Eu estou aqui para servir’

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29 de outubro de 2018

O Padre Reginaldo Manzotti está nas capas de livros, nas plataformas de música na internet, nas telas da tevê e em mais de 1,6 mil rádios em todo o Brasil, de segunda-feira a sábado, das 10h às 11h, com o programa “Experiência de Deus”. Ordenado sacerdote em 1995, ele fundou dez anos depois a associação Evangelizar é Preciso, com o objetivo de difundir a Palavra de Deus pelos meios de comunicação social.

Em visita a São Paulo, em setembro, o Sacerdote, escritor, músico, compositor, cantor e apresentador foi entrevistado pelo Padre Cido Pereira, no programa “Construindo Cidadania”, da rádio 9 de Julho, emissora que, além do “Experiência de Deus”, retransmite o “Terço das Santas Chagas”, das 15h às 15h30, de segunda a sexta-feira. A seguir, reproduzimos os principais trechos da entrevista, cuja íntegra pode ser lida em O SÃO PAULO.

 

COMO O SENHOR PERCEBEU QUE A SUA VOCAÇÃO MISSIONÁRIA SERIA DINAMIZADA PELOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO?

Padre Reginaldo Manzotti – Fui ordenado sacerdote em 1995. O então Papa, São João Paulo II, falava com muito entusiasmo para evangelizar com novo ardor, com novos métodos. Eu, recém-ordenado, me perguntava: “Meu Deus, eu terminei Filosofia, Teologia, mas não me ensinaram novos métodos, não me ensinaram a evangelizar”. Tenho uma vocação sacerdotal muito bem resolvida, compactada no meu coração, há 23 anos. Por essa minha vocação, me ofereceram uma missa de televisão em um canal público, e levar a Palavra de Deus teve uma repercussão grande. Também me ofereceram um programa na antiga rádio B2 , em Curitiba (PR), na parte da tarde, e eu percebi que era muito forte essa aceitação, bem como a necessidade do povo por uma orientação. Desde o princípio, o nome do programa foi o mesmo, “Experiência de Deus”, porque tenho muito essa preocupação catequética e espiritual. Mantenho o formato de leitura orante, escuta e aconselhamento. Com o tempo, falei: “Olha aí, estou encontrando a resposta a São João Paulo II”. Estou há 13 anos com esse programa de rádio, das 10h às 11h, para mais de 1,6 mil emissoras.

E O QUE TEM FACILITADO A EXPANSÃO DESSA REDE?

Primeiro, e mais fundamental, a comunhão com a Igreja. Eu nunca dei um passo sem que meu primeiro arcebispo, Dom Pedro Fedalto (hoje arcebispo emérito de Curitiba), depois Dom Moacyr Vitti, já falecido, e Dom José Antonio Peruzzo (atual Arcebispo de Curitiba) soubessem, tanto que foi Dom Peruzzo que oficializou a obra Evangelizar é Preciso. Então, há uma comunhão com a Igreja. Não é o Padre Reginaldo em si, mas aquilo que represento e busco: a obra da Igreja. Essa comunhão com a Igreja é fundamental para todos aqueles que querem avançar para águas mais profundas. Se nós não lançarmos a rede em nome de Jesus Cristo, a rede voltará vazia. Em segundo lugar, Deus quem foi preparando, por exemplo, a associação Evangelizar é Preciso, que é mantida por doações de todo o Brasil. Em consciência, eu usei a fama que os meios seculares me deram não para estrelismo pessoal, mas para fazer brilhar um projeto maior, que é o projeto da evangelização. Os nossos colaboradores são os associados que doam mensalmente, e não são fortunas doadas, pois eu digo que a Igreja é feita com a ideia dos ricos e o dinheiro dos pobres, ou seja, são doações, às vezes, até de R$ 3,00.

A IGREJA ESTÁ BEM SERVIDA QUANTO À EVANGELIZAÇÃO PELOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO?

Houve um período em que a Igreja, diante das dificuldades, quis abandonar os microfones, pois manter uma rádio não é barato, e uma televisão é ainda mais caro. Certa vez, Dom Orlando Brandes, hoje Arcebispo de Aparecida (SP), disse-me uma frase que me chamou muito a atenção: “A sua Catedral é maior do que a minha”, e depois completou: “O rádio, hoje, é uma catedral maior do que uma sede, uma cátedra”. E é verdade. A Igreja está bem servida. Temos de prezar muito pelo conteúdo. Queremos estar nas redes sociais, no rádio, na tevê, mas temos de zelar muito pelo conteúdo e jamais entrar na lógica do mundo, ou seja, da luta pelo Ibope, em conflitos internos. 

O SEU LIVRO “COMBATE ESPIRITUAL NO DIA A DIA” FOI O MAIS VENDIDO NO BRASIL EM 2017. EM UMA SOCIEDADE EM QUE NEM SEMPRE AS PESSOAS ESTÃO DISPOSTAS A LER, COMO O SENHOR CONSEGUIU CHEGAR A TAMANHO PÚBLICO?

Eu escrevo muito porque trabalho no rádio diariamente. O programa “Experiência de Deus” é muito assim: eu abro o microfone e sabe Deus o que vem. As pessoas têm coragem de partilhar muitas dores, e eu pego isso e vou depois meditar. Eu sou um homem de oração, não como deveria ser, mas eu procuro. Celebro a missa diária, rezo o Terço mariano e sou muito voltado à leitura orante. Então, os livros que escrevo são para dar respostas. Meu livro anterior, “Batalha Espiritual”, é fruto do meu direcionamento espiritual e fala de algo clássico na Igreja. O que surpreendeu foi esse tema tão antigo e tão esquecido da Sagrada Escritura ter uma aceitação tão grande. Penso que as pessoas estão se dando conta de que estamos em uma batalha que vai muito além de poderes econômicos e de interesses. É uma batalha entre o bem e o mal que age no coração e na sociedade. A Igreja está preocupada com o Brasil, que está sendo palco de uma grande batalha, em que se vê presente a violência. Não há só um problema econômico ou ético, existe um problema sobre o ser humano, a salvação e o fim último de todos nós. 

FALANDO AO BRASIL INTEIRO EM MAIS DE 1,6 MIL EMISSORAS DE RÁDIO, COMO O SENHOR MOTIVA QUE CADA BISPO OU PADRE SE APROXIME DA PRÓPRIA COMUNIDADE?

Os problemas mudam de sotaque, mas praticamente são os mesmos. As respostas têm de ser a partir de cada diocese. No final do sábado, eu sempre digo “amanhã, não deixe de ir à sua comunidade”. Na segunda-feira, eu pergunto “você foi à missa ontem?”. Além disso, eu leio muito os documentos da CNBB. Sendo fiel às diretrizes da CNBB, você acaba ajudando a todos. E eu sempre digo nos programas: “Vá falar com o seu vigário”. Certa vez, em Santa Catarina, um bispo me falou: “Obrigado pela sua presença na minha diocese pelo rádio, porque os padres estão dizendo que as pessoas estão procurando mais os sacramentos porque o senhor as tem estimulado”. Eu estou aqui para servir. Cedo ou tarde, o holofote muda, mas eu quero poder dizer como São Paulo: combati o bom combate, fiz a minha parte, dei a minha contribuição para a Igreja e não para mim mesmo. É por isso que não cobro shows ou outros eventos, e tudo que recebo com os livros vai para a obra Evangelizar é Preciso. Nós temos 10 mil crianças por mês, temos um hospital chamado Mater Dei e nós cuidamos também dos idosos. Em consciência, eu fiz questão de direcionar tudo isso para a Igreja.

PARA FINALIZAR, QUAL O SENTIMENTO DO SENHOR AO SABER QUE ESTÁ CONSTRUINDO UMA OBRA QUE PODE SER VISTA, OUVIDA, LIDA, SENTIDA, MULTIPLICADA?

Sinceramente, é muita responsabilidade. Faço tudo dentro das minhas limitações e tenho consciência de muitas coisas que poderiam ter sido melhores. O que me encoraja é algo que o Papa Francisco diz: ter uma Igreja em saída, uma Igreja que corre o risco de errar tentando acertar. Eu sempre digo a meu bispo: “Me corrija se eu errar, mas eu quero estar com a Igreja”. A sensação que eu tenho é que nós temos de ser entusiasmados. O Papa Bento XVI certa vez disse que só ficará um tipo de cristão: o apaixonado por Jesus. E a coisa que eu mais quero é que aqueles que escutam, que leem, que cantam comigo, que vão aos eventos de evangelização, fiquem extremamente apaixonados pela pessoa de Jesus Cristo. Se isso acontecer, acredito que terei feito o meu trabalho. 

 

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‘Os santos são os grandes católicos e o melhor fruto da evangelização’

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19 de outubro de 2018

CARDEAL ODILO PEDRO SCHERER

 

Na primeira quinzena deste mês, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, esteve em três atividades no exterior: em Nova York, nos Estados Unidos, presidiu a missa anual pela celebração de Nossa Senhora Aparecida; em Guadalajara, no México, foi ao 1º Encontro Continental da Pastoral Urbana; e no Vaticano, no domingo, 14, participou da cerimônia de canonização de sete santos, entre os quais o Papa Paulo VI, pontífice de 1963 até sua morte, em 1978; e Dom Oscar Romero, Arcebispo de San Salvador, assassinado em 1980 na capital de El Salvador. 

Nesta entrevista ao O SÃO PAULO, o Cardeal Scherer lembra que há uma numerosa comunidade católica brasileira em algumas cidades dos Estados Unidos e comenta que a Igreja no continente americano tem tomado consciência sobre o “grande desafio pastoral representado pelas grandes concentrações urbanas”. Ao referir-se às canonizações, o Arcebispo de São Paulo disse que os santos “são os verdadeiros discípulos-missionários de Jesus Cristo, que muito contribuíram e continuarão a contribuir com a missão da Igreja”.

A seguir, leia a íntegra da entrevista. 

 

O SÃO PAULO - RECENTEMENTE, O SENHOR ESTEVE EM NOVA YORK, ONDE PRESIDIU A MISSA ANUAL PELA CELEBRAÇÃO DE NOSSA SENHORA APARECIDA. QUAIS FORAM AS IMPRESSÕES DO SENHOR SOBRE ESSA COMUNIDADE BRASILEIRA DE FIÉIS CATÓLICOS?

Cardeal Odilo Pedro Scherer - Há uma numerosa comunidade católica brasileira em Nova York, assim como em outras grandes cidades norte-americanas – Boston, Chicago, Miami, Los Angeles e Newark. São comunidades ativas e bem organizadas, com participação na vida da Igreja local. A celebração de Nossa Senhora Aparecida é tradicional em várias cidades. Celebrei na Catedral de São Patrício de Nova York, com numerosos participantes, inclusive os representantes diplomáticos brasileiros locais junto à cidade e à ONU. O Cardeal Timothy Dolan, de Nova York, incentiva as diversas comunidades católicas nacionais presentes na cidade a se expressarem e a participarem da vida daquela Arquidiocese e mostrou-se satisfeito com os brasileiros.

 

TAMBÉM ESTE MÊS, O SENHOR PARTICIPOU DO 1º ENCONTRO CONTINENTAL DA PASTORAL URBANA, NO MÉXICO. QUAIS FORAM OS PRINCIPAIS ASSUNTOS TRATADOS NESTA ATIVIDADE?

O Congresso foi organizado pelo CELAM e pela Arquidiocese de Guadalajara, com o tema “O Evangelho da alegria na grande cidade”. Houve reflexões teológico-pastorais sobre a cidade grande e sobre a missão evangelizadora nesses ambientes desafiadores e também promissores. Foram feitas diversas análises para compreender a lógica da cidade grande e também o significado da missão da Igreja nela. Houve também a partilha de experiências pastorais novas, relativas à presença e ação da Igreja nas metrópoles.
 

NESSE ENCONTRO EM GUADALAJARA, FOI POSSÍVEL PERCEBER DESAFIOS COMUNS NO TOCANTE À EVANGELIZAÇÃO NAS GRANDES METRÓPOLES DO CONTINENTE?

A Igreja do continente vai tomando consciência, mais e mais, do grande desafio pastoral representado pelas grandes concentrações urbanas, que já são muitas na América. Temos de ter uma atenção especial para esse fato novo na história da humanidade e com o qual a Igreja ainda não havia se confrontado antes. A metrópole pode ser uma ocasião promissora para a evangelização; mas também pode representar um momento de grave risco para a Igreja, se ela não souber se inserir de maneira adequada na lógica da cidade grande para o anúncio e o testemunho do Evangelho. É o momento de sermos criativos e de realizarmos aquilo que o Papa Francisco e o Documento de Aparecida nos pedem: conversão pastoral, Igreja em saída, Igreja em estado de missão...

 

ALGUMAS DAS CONFERÊNCIAS DO REFERIDO ENCONTRO TRATARAM SOBRE COMO ‘VIVER A FÉ NA GRANDE CIDADE’; ‘CONSTRUIR A CIDADE A PARTIR DA RECONSTRUÇÃO DO TECIDO SOCIAL’, ‘A CIDADE QUE REVELA SEUS ROSTOS OCULTOS’; E ‘O DESAFIO DE EVANGELIZAR COM ALEGRIA AS GRANDES CIDADES’. QUAIS ASPECTOS DESSAS TEMÁTICAS TÊM PROXIMIDADE COM AS REFLEXÕES DO SÍNODO ARQUIDIOCESANO?

Nosso sínodo já parte da preocupação de sermos Igreja na metrópole, tanto que o lema do sínodo nos convida a sermos “testemunhas de Deus na metrópole”... O sínodo arquidiocesano traz essa proposta de fazermos um “caminho de comunhão conversão e renovação pastoral e missionária” em nossa Arquidiocese inteira, de cada um de nós, em cada comunidade e em todas as expressões de vida eclesial. Temos uma ocasião propícia para tomarmos consciência da nossa situação eclesial na metrópole, dos acertos e das lacunas, dos métodos mais adequados e também, se preciso for, da organização pastoral, para que corresponda melhor aos desafios postos à nossa missão em São Paulo. Eu espero muito do sínodo arquidiocesano!

 

APÓS O EVENTO NO MÉXICO, O SENHOR PARTICIPOU DA CERIMÔNIA DE CANONIZAÇÃO DOS BEATOS PAULO VI E OSCAR ROMERO NO VATICANO. O QUE REPRESENTAM ESSAS CANONIZAÇÕES DO PAPA E DO ARCEBISPO QUE DIFUNDIRAM INTENSAMENTE A DEFESA DA VIDA?

Na verdade, foram sete os novos santos do domingo, 14 de outubro. Foi um momento memorável e uma celebração participada por muitos cardeais, bispos, padres e uma multidão imensa de povo. Os santos são os grandes católicos e o melhor fruto da evangelização. São os verdadeiros discípulos-missionários de Jesus Cristo, que muito contribuíram e continuarão a contribuir com a missão da Igreja. A canonização de São Paulo VI foi o reconhecimento do trabalho gigantesco desse grande pontífice, que assumiu com muita competência a continuidade do Concílio Vaticano II após o falecimento de São João XXIII. Ele também teve o trabalho da implementação das decisões do Concílio no período imediatamente posterior a este, o que não foi nada fácil. Destacou-se por sua qualidade teológica, pelo diálogo ecumênico, pela abertura aos tempos novos na Igreja e na sociedade, pelo seu ensinamento social. Foi um grande pastor da Igreja! Santo Oscar Romero, mártir da fé, é testemunho de lucidez e firmeza na fé em tempos difíceis e de caridade heroica, exercida e mantida sobretudo na defesa do povo simples e pobre, ameaçado pelos poderes dominantes e pelo regime de força. Ele honra o episcopado latino-americano e, com seu testemunho, continuará a dar coragem e perseverança na fé a tantas pessoas que também hoje expõem a sua vida em testemunho do Evangelho.
 

TAMBÉM FOI CANONIZADO UM JOVEM DE 19 ANOS DE IDADE?

Foi muito significativo que, justamente, durante a realização da assembleia do Sínodo dos Bispos sobre o tema “os jovens, a fé e o discernimento vocacional” tenha sido canonizado também um jovem italiano, Nunzio Sulprizio. O Papa Francisco quis, assim, passar a mensagem para todos os jovens e para a humanidade inteira que o caminho da santidade é para todos e, em particular, para os jovens. Essa canonização já é parte da mensagem do Sínodo “dos jovens”.

 

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‘Vou levar para todo o estado, ideias e iniciativas que já estão em andamento na Capital’

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03 de outubro de 2018

Nesta edição, o jornal O SÃO PAULO encerra a série de entrevistas com os candidatos ao Governo do Estado de São Paulo, apontados como os mais bem colocados na pesquisa Ibope, divulgada em 20 de agosto. 

Na ordem do 5º para o 1º colocado na referida pesquisa, foram entrevistados o Major Costa e Silva (DC), Luiz Marinho (PT), Márcio França (PSB), Paulo Skaf (MDB) e agora João Doria (PSDB). 

Todos os candidatos foram questionados pelo jornal sobre suas propostas para as áreas de saúde, segurança pública, educação e combate à corrupção, e responderam a perguntas dos leitores enviadas pelo Facebook.


Empresário e publicitário, o paulistano João Agripino da Costa Doria Junior concorre pela primeira vez ao Governo de São Paulo, dois anos após ter sido eleito como prefeito da Capital Paulista, em 1º turno, em 2016. Ele comandou a maior cidade do País durante 15 meses, renunciando ao cargo em abril deste ano para concorrer nestas eleições. “Reconheço que as pessoas ficaram chateadas comigo por causa da decisão, e eu respeito esse sentimento”, afirma nesta entrevista. 

Doria tentará manter a hegemonia do PSDB no Estado de São Paulo, já que, desde as eleições de 1994, o partido tem saído vencedor no pleito para governador. Ele garante que as áreas de saúde, educação e segurança pública serão os pilares de sua gestão, e, entre outros compromissos, assegura que irá aumentar o número de creches, a rede de Ensino Técnico, levar o programa Corujão da Saúde para todo o Estado, auxiliar as santas casas com recursos e ampliar as ações e a estruturas das policias para combater a criminalidade. A seguir, leia a íntegra da entrevista. 

 

O SÃO PAULO - QUAIS FORAM AS MOTIVAÇÕES DO SENHOR PARA RENUNCIAR AO CARGO DE PREFEITO DE SÃO PAULO, APÓS 15 MESES DE MANDATO, E SE CANDIDATAR AO GOVERNO DO ESTADO?

João Doria - Reconheço que as pessoas ficaram chateadas comigo por causa da decisão, e eu respeito esse sentimento. O que me levou a sair da Prefeitura foi a possibilidade de ter mais força, condições e recursos para trabalhar mais por mais gente, principalmente pelas que mais precisam. Uma parte dos serviços prestados pelo Governo do Estado fica na Capital. É o caso do Hospital das Clínicas, a rede de trilhos, as escolas. Tenho convicção que, como governador, vou ajudar a Prefeitura de São Paulo a fazer com que os compromissos que eu assumi em 2016 sejam todos concretizados. Como governador, vou levar para todo o Estado ideias e iniciativas que já estão em andamento na Capital. Também aceitei esse desafio para evitar que o mesmo populismo que já quebrou o Estado no passado e o Brasil mais recentemente se instale em São Paulo. Não podemos permitir que a velha política nos leve para o atraso novamente.
 

UMA PESQUISA IBOPE NO MÊS DE AGOSTO APONTOU QUE AS ÁREAS DE SAÚDE, EDUCAÇÃO E SEGURANÇA PÚBLICA SÃO AS PRINCIPAIS PREOCUPAÇÕES DOS PAULISTAS. SE ELEITO, QUAIS SERÃO AS PRIORIDADES DE AÇÃO DO SENHOR PARA CADA UMA DESSAS ÁREAS?

Esses são os principais pilares do nosso plano de Governo. Na educação, pretendemos valorizar o professor com melhores condições de trabalho e salários. Além disso, vamos ampliar o número de creches em parceria com as prefeituras e aumentar a rede de Ensino Técnico com mais Etec’s e Fatec’s.

Na sáude, vamos levar para todo o Estado o programa Corujão da Saúde, que foi um grande sucesso ao realizar parcerias com hospitais municipais e particulares. Nossa gestão vai criar mais 20 AMEs, seis novas unidades da rede Lucy Montoro, e 15 novos hospitais serão credenciados dentro da Rede Hebe Camargo de combate ao câncer. Auxiliaremos muito as santas casas com recursos.

Na área de segurança, o nosso governo terá como lema mais Polícia na rua e bandido na cadeia. Instalaremos 22 novas unidades dos BAEPs, levando para todo o Estado o padrão Rota de policiamento. Outro foco importante é na investigação. Por isso, criaremos os DEICs Regionais, que vão atuar de forma incisiva em crimes como roubos de veículos, de carga, estabelecimentos bancários (incluindo caixas eletrônicos) e extorsão mediante sequestro. 

 

ESSA MESMA PESQUISA E UMA SONDAGEM FEITA COM OS LEITORES DO O SÃO PAULO INDICA GRANDE INSATISFAÇÃO COM A CORRUPÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. COMO PRETENDE COMBATER AS PRÁTICAS DE CORRUPÇÃO NOS ÓRGÃOS SOB O CONTROLE DO GOVERNO DO ESTADO?

Não há limite para a transparência. No nosso governo, vamos incentivar medidas de transparência. Daremos apoio irrestrito aos órgãos de controle, como o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado (TCE). Também daremos autonomia à Corregedoria Geral da Administração.

 

O SENHOR GUSTAVO RAMOS DE OLIVEIRA NOS ENCAMINHOU A SEGUINTE QUESTÃO PELO FACEBOOK: “A POLÍCIA MILITAR DE SÃO PAULO É MUITO CRITICADA PELA TRUCULÊNCIA NAS ABORDAGENS E MOSTRA ALGUMAS DEFICIÊNCIAS NO COMBATE AO CRIME. QUAL O CAMINHO PARA MELHORAR ESSA SITUAÇÃO?”

Antes de mais nada, precisamos lembrar que a Polícia de São Paulo realizou 176 mil prisões em 2017, é a polícia que mais prende no Brasil. Precisamos lembrar, também, que possuímos a menor taxa de homicídios do País, com 7,5 mil homicídios para cada 100 mil habitantes. Há muito que ser feito,  mas vale lembrar que para todo desvio de conduta ou excesso da Polícia Militar ou Civil, há instrumentos para punição. Por isso, daremos total autonomia para as corregedorias.

 

TAMBÉM PELO FACEBOOK, RECEBEMOS A SEGUINTE PERGUNTA DA SENHORA MONICA GIOIELLE DALLA VECCHIA: QUAL O PLANO DE GOVERNO O CANDIDATO IRÁ OFERTAR ÀS MULHERES/ADOLESCENTES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E ABUSO SEXUAL E ÀS GESTANTES, DE FORMA QUE SEJAM ACOLHIDAS E DADA A ELAS A OPORTUNIDADE DE LUTAR PELA VIDA E EVITAR A PRÁTICA DO ABORTO?

A mulher deve ser protegida e receber as mesmas oportunidades que os homens na sociedade e no mercado de trabalho, e o Estado trabalhará para isso no nosso governo. Com relação aos crimes cometidos contra as mulheres, precisamos nos preparar para receber as vítimas de maneira mais humanizada e eficiente, facilitando as denúncias e criando uma porta aberta com os representantes da segurança do Estado, o que vai ajudar a repreender estes tipos de crimes. Para isso, antes de mais nada, vamos manter as delegacias da mulher abertas 24 horas por dia. Vamos criar mais 40 delegacias da mulher, também funcionando 24 horas/dia. Por fim, ampliaremos a rede de atenção e saúde da mulher, para oferecer um atendimento e acolhimento adequado para todas as mulheres em situação de vulnerabilidade, oferecendo o máximo de atendimento e conforto para valorização da dignidade e autonomia.

 

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