Estudo sobre a Campanha da Fraternidade é feito com colégios católicos

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06 de dezembro de 2018

A Igreja Católica no Brasil está empenhada em propagar a Campanha da Fraternidade de 2019, que terá como tema “Fraternidade e políticas públicas” e lema “Serás libertado pelo direito e pela justiça (Is 1,27)”.

No sábado, dia 1o, cerca de 300 educadores das escolas católicas do Estado de São Paulo participaram, no Centro Universitário São Camilo, em São Paulo (SP), de um estudo sobre a CF 2019, organizado pela Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) - Regional SP.

Padre Roberto Duarte Rosalino, CMF, Diretor do Colégio Claretiano e da ANEC - Regional SP, iniciou o encontro, enfatizando sobre a importância dos colégios católicos estarem em comunhão com a Campanha da Fraternidade.

A dinâmica do estudo baseou-se nos três momentos da metodologia pastoral: ver, julgar e agir. No primeiro momento, os educadores assistiram uma peça de teatro, que foi um disparador para a segunda parte: o julgar, no qual foram convidados quatro palestrantes ligados às realidades das políticas públicas. Por fim, os educadores propuseram os planejamentos escolares o que poderiam realizar em 2019.

“Há algum tempo, este encontro sobre a CF já existe, mas era muito baseado no discurso, focado em palestras. A proposta não era aprofundar, mas criar o desejo nos professores de se aprofundar no texto da CF. A gente pensou numa dinâmica do ver, julgar e agir, que, realmente, fosse vivencial, mas baseados até nas pedagogias que a gente está discutindo, que são as metodologias ativas, e não somente em discursos”, explicou Fernando Martins, membro do comitê organizador do encontro.

“A gente se distanciou das nossas lutas. A partir do momento que a gente conquistou algumas políticas públicas, a gente acabou se distanciando da questão da participação popular. A gente ver hoje conselhos esvaziados, fóruns que foram extintos, conferências com pouca participação popular. Eu acho que a Igreja e os movimentos se afastaram da luta. Da luta do conhecimento e da participação popular. É importante que os educadores se aproximem mais do que preconiza a Legislação, que é a participação popular, de verdade.  Se a gente não cobrar, nada sai”, destacou Elisabete Bento, do Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto.

Dora Martins, juíza de segundo grau do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e membro da Coordenadoria da Infância e Juventude do TJ-SP, salientou a quão é importante que as pessoas tenham a consciência, especialmente os educadores, de que  criança e adolescente é um sujeito de direito.

“Nós, como Estado, na qualidade de Judiciário, Legislativo e Executivo, temos o dever de garantir essas políticas públicas que vão beneficiar esses sujeitos de direito. Porque ele é um sujeito de direito, mas é um sujeito que ainda precisa de proteção, tanto que o sistema é de proteção integral para a criança. É muito importante entender, hoje, que essas questões estão ligadas à rede municipal de bem estar da criança. Devemos ter uma rede social que funcione com os três poderes e a comunidade”.

De acordo com o Frei José Hugo, OFM.Conv, é sempre um desafio conciliar fé e política. É sempre um desafio entender que a nossa fé tem que se traduzir em gestos concretos que mudem, de fato, a vida da nossa sociedade. “Não podemos apenas identificar problemas, que foi uma das grandes chaves de leitura deste encontro, mas precisamos ir atrás das soluções desses mesmos problemas. Acredito que hoje nós fizemos uma pequena contribuição para tudo isso, e espero que os próximos passos que nós dermos enquanto escolas católicas, enquanto comunidades cristãs católicas, favoreçam uma vida mais justa, digna e fraterna a todos os cidadãos de boa vontade. Esse foi o grande desejo desse encontro”, concluiu.

(Por Diego Monteiro)

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Drogas, migração e meio ambiente: Papa conversa com latino-americanos

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27 de outubro de 2017

 Papa deixou o Vaticano na tarde de quinta-feira, 26,  para visitar a sede romana de "Scholas Ocurrentes", fundação de direito pontifício que nasceu no empenho do então Arcebispo Bergoglio nas periferias de Buenos Aires.

Francisco foi recebido por estudantes, além de empresários, jornalistas e voluntários da fundação. Na sede romana de Scholas, o Papa fez se conectou ao vivo com estudantes e inaugurou novas seções no Paraguai, México e Argentina.

Drogas, migração e o cuidado com meio ambiente foram alguns dos temas tratados pelo Pontífice. Com um grupo de crianças do México, o Papa ouviu as consequências do terremoto que atingiu o país nos dias 7 e 19 de setembro, que causou a morte de 471 pessoas.

Com um grupo de Porto Rico, os jovens relataram a Francisco o rastro de destruição provocado pelo furacão Maria há cerca de um mês. O Papa aproveitou a ocasião para encorajar os latino-americanos residentes no Texas (EUA), que sofreram recentemente com a passagem da tempestade tropicalHarvey, e explicou a eles a importância de cuidar do meio ambiente para que se verifiquem menos catástrofes.

Em outro momento da conversa, Francisco se dirigiu a um grupo de mulheres presas numa penitenciária mexicana, encorajando-as a olharem sempre avante – uma mensagem repetida mais de uma vez pelo Papa no decorrer do encontro que durou cerca de duas horas.

Falou-se ainda da problemática do suicídio, já os jovens de Buenos Aires condenaram a violência e a guerra provocada pelo narcotráfico. Por sua vez, os do Paraguai relataram sua experiência na promoção da cultura do encontro.

Scholas Ocurrentes está presente atualmente em 190 países, congregando através de sua rede mais de 446.000 escolas.

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Santa Sé revisa constituição sobre educação católica

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30 de março de 2017

O arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, participou entre os dias 7 e 9, em Roma, da assembleia da Congregação para a Educação Católica, da qual é membro desde 2013.

O assunto principal desta assembleia é a revisão e atualização da Constituição Apostólica Sapientia Christiana, que apresenta as Diretrizes da Igreja Católica para as universidades e instituições eclesiásticas de ensino de nível superior. “Por outro lado, estará em discussão e elaboração também um Diretório para a Educação Católica”, informou o Cardeal Scherer ao O SÃO PAULO.

Este organismo da Cúria Romana tem a missão de acompanhar e aprovar todas as instituições de ensino católicas do mundo, sejam elas escolas, colégios, universidades, faculdades ou instituição de ensino superior que ofereçam não somente estudos eclesiásticos, mas também civis. É também de responsabilidade desta Congregação a supervisão dos cursos de Teologia e Filosofia voltados especialmente para a formação de sacerdotes.

A assembleia acontece a cada dois anos em média, e será a primeira sob o comando do novo prefeito, Cardeal Giuseppe Versaldi, no cargo desde março de 2015. A Congregação para a Educação Católica é constituída de 34 membros, dos quais 30 cardeais e quatro arcebispos, além de 27 consultores.

Constituição apostólica

Publicada por São João Paulo II, em 15 de abril de 1979, a Constituição Apostólica Sapientia Christiana define por universidades e faculdades eclesiásticas aquelas que “canonicamente erigidas ou aprovadas pela Sé Apostólica, cultivam e ensinam a doutrina sagrada e as ciências que com ela estão correlacionadas, com o direito de conferir graus acadêmicos por autoridade da Santa Sé”.
 
A proposta de atualização e revisão do texto tem o objetivo de responder adequadamente às novas exigências do tempo presente e garantir que seja respeitada “certa unidade substancial” nas instituições de ensino católicas, uma vez que essas conferem títulos acadêmicos em nome da Igreja.
A Sapientia Christiana determina que as finalidades das faculdades eclesiásticas são: “Cultivar e promover, mediante a investigação científica, as próprias disciplinas, e em primeiro lugar aprofundar o conhecimento da revelação cristã e das matérias que com esta têm conexão, explanar sistematicamente as verdades que nela se contêm, considerar os novos problemas do nosso tempo à luz da mesma, e apresentá-la ao homem contemporâneo de forma adequada às diversas culturas”;
“Formar os alunos, a nível superior de alta qualificação, nas próprias disciplinas segundo a doutrina católica, e prepará-los convenientemente para afrontarem os seus encargos; e ainda, promover a formação continuada, ou permanente, dos ministros da Igreja”;
E, por fim, “colaborar dedicadamente com a Igreja, quer a nível das Igrejas particulares, quer a nível da Igreja universal, em toda a obra da evangelização, segundo a própria natureza e em estreita comunhão com a hierarquia”.

Ensino superior

Segundo a Congregação para a Educação Católica, existem no mundo mais de 1.300 instituições de ensino superior, entre universidades, faculdades e institutos eclesiásticos.
Além dessas instituições, há seminários e centros de estudo agregados a pontifícias universidades. Só nos últimos três anos, foram instituídas 13 faculdades e institutos eclesiásticos, entre os quais, a Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo, da Arquidiocese, fundada em 2014.

Escolas católicas

Os participantes da assembleia também tiveram acesso a um relatório do departamento responsável pelo acompanhamento das escolas católicas. Tais números mostram que, em geral, houve um crescimento do número de estudantes dessas escolas no mundo. Mas, em alguns continentes, diminuiu o número de instituições.  

O Anuário Estatístico da Igreja contabilizava 209.670 escolas católicas no mundo em 2011, enquanto em 2014 já eram 216.670, o que significa um crescimento de mais de 6 mil instituições.

Quando os números são vistos por continentes, percebe-se que na África houve o maior crescimento, de 62.082 para 69.926, seguida da Ásia, de 39.896 para 40.764, e Oceania, de 5.430 para 5.911. Já a América e Europa tiveram um decréscimo. O continente americano perdeu 2.547 escolas católicas, tendo agora 49.839 instituições, enquanto a Europa perdeu 114 instituições, ficando com 49.762.

Em relação ao número de estudantes, houve um crescimento de mais de 2,7 milhões de alunos em todo o mundo, o que significa um total de 60,3 milhões. O maior crescimento também foi na África, de 22 milhões para 24 milhões de estudantes.  Já a Europa foi o único continente que teve uma diminuição de alunos em escolas católicas, 113.106 a menos.

Educar é o exercício da ‘caridade intelectual’

O primeiro dia da assembleia contou com a presença do Papa Francisco. Em seu discurso, o Pontífice afirmou que a educação e a formação constituem hoje um dos desafios mais urgentes que a Igreja e as suas instituições são chamadas a enfrentar.
 
O Santo Padre salientou ainda que o trabalho da Congregação para a Educação Católica na assembleia contribui para responder à atual “emergência educativa”. “A obra educativa parece que se tornou ainda mais árdua porque, em uma cultura que, infelizmente, muitas vezes faz do relativismo o próprio credo, vem a faltar a luz da verdade. De fato, considera-se perigoso falar de verdade, incutindo assim a dúvida sobre valores básicos da existência pessoal e comunitária”, disse.  
 
“Por isso, é importante o serviço que desenvolvem no mundo as numerosas instituições formativas que se inspiram na visão cristã do homem e da realidade: educar é um ato de amor, exercício da ‘caridade intelectual’, que requer responsabilidade, dedicação, coerência de vida”, concluiu o Papa.

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