Na luta pelo pão de cada dia

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10 de mai de 2020

Pessoas que trabalham por conta própria tendo um CNPJ ou que realizam atividades informais representam 16% do total da população brasileira, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

São ao menos 38 milhões de brasileiros – cerca de 41% das pessoas com alguma ocupação profissional no País – que dependem apenas dos próprios esforços para obter renda e que tendem a ser os mais prejudicados financeiramente diante da atual pandemia do novo coronavírus e as restrições de mobilidade e de atividades comerciais e de prestação de serviço.

A lista de ocupações é extensa e entre estas estão as diaristas, que representam 45% do total de empregadas domésticas no País, segundo informações da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad).

Rosa, 57, é uma delas. Antes do começo da pandemia, ela conta que tinha serviços por fazer todos os dias, às vezes até aos domingos. “Caiu em 80% a quantidade de diárias. Estou tentando 'me virar', já entrei com o pedido pra receber o auxílio emergencial do governo, mas ainda está em análise. Andei conversando com algumas colegas, e elas falaram que está difícil mesmo conseguir algo”, contou a diarista ao O SÃO PAULO.

Rosa, que prefere não ter seu sobrenome identificado, é diabética e usa medicamentos para combater um desgaste ósseo. “Não sei o que vou fazer para comprar meu remédio este mês. Custa R$ 200,00. Estou até diminuindo a dose para controlar e conseguir tomar pelo menos um pouquinho por dia”, confidenciou.

Dispensa por patroas de longa data

Há quatro anos, Rosa está cadastrada em um aplicativo que oferece os serviços de diaristas e tem percebido a diminuição na quantidade de chamadas.

“Essa semana, eu fiz duas diárias. Na semana passada, foram três. No aplicativo, o maior valor que pagam é R$ 120,00. Recentemente, fiz uma no valor de R$ 60,00 e outra de R$ 80,00. Em casa, somos em quatro pessoas. Minha renda caiu muito. Antes dessa pandemia, eu chegava a tirar entre R$ 500,00 e R$ 600,00 por semana”, detalhou.

A perda de renda tem sido uma realidade vivida por outras pessoas em São Paulo. No dia 5, foi divulgada uma pesquisa feita pelo Ibope Inteligência, a pedido da Rede Nossa São Paulo, indicando que 64% dos moradores da cidade já perderam renda desde o início da pandemia.

Esse cenário trouxe outro impacto para Rosa: a perda de clientes fixas. “Trabalhava para uma senhora de 75 anos, ela já cancelou meus serviços. Uma outra idosa fez a mesma coisa e também uma mulher para quem eu trabalhava como diarista há 20 anos. Essas particulares foram as primeiras a cancelar”, lamentou.

Uma pesquisa do Instituto Locomotiva, divulgada em abril, indicou que desde o início da pandemia, 39% dos que contratavam diaristas dispensaram seus serviços e deixaram de fazer o pagamento das diárias.

À procura de alternativas

Com a redução na entrada de receitas, muitos trabalhadores informais tentam complementar renda oferecendo outros serviços na informalidade, como a venda de bolos, salgados e máscaras ou a revenda de roupas e perfumes, por exemplo. Partir para esses novos negócios, porém, requer cautela e o mínimo planejamento, conforme observa Fábio Gerlach, gerente regional em São Paulo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

“É preciso fazer o simples primeiro, aquilo que se domina, para depois pensar em coisas mais elaboradas, que podem render mais, porém, demandarão um investimento maior. Ao fazer algo mais elaborado, assume-se um risco maior e talvez a pessoa não tenha fôlego financeiro para manter isso”, alertou. “É preciso pensar, também, nos canais de escoamento: o primeiro é a entrega, mas ao pensar na entrega pontual há as limitações dos riscos que a própria pandemia coloca; e existe a oportunidade de fazer parceria com algum estabelecimento que continua aberto”, complementou Gerlach.

O gerente do Sebrae-SP lembra que desde o começo da pandemia, aproximadamente 5% dos estabelecimentos de Micro Empreeendedores Individuais (MEIs), micro empresas e empresas de pequeno porte encerram atividades, quase 60% interromperam o funcionamento temporariamente, 30% mudaram a forma de fazer negócio e 5% permaneceram como antes.

“Todo mundo foi impactado de alguma forma. Quem está no mercado tem buscado alcançar novos clientes, o que não é fácil agora. Nem sempre eles estão nas ruas, disponíveis, e nisso tem crescido as operações on-line. Muitos também estão tentando sobreviver equacionando seus custos operacionais”, afirmou Gerlach, alertando para as dificuldades de se obter crédito neste momento: “Muitos não estão conseguindo, seja por restrições, seja pelas filas. As instituições financeiras não têm conseguido dar vazão a tudo que está acontecendo e o crédito não chega a quem têm buscado”.

Quando as vendas e os serviços param

Após anos trabalhando no ramo de confeitaria, Angela Ferreira, 51, moradora da cidade de Santo André (SP), passou a revender roupas. O negócio evoluiu bem até dezembro do ano passado, com a conquista de novos clientes e investimentos para aquisição de estoques. Em janeiro deste ano, porém, a retração nas vendas começou e só tem se intensificado.

“As pessoas tem medo de vim ver as roupas, eu não consigo comprar novas, o preço das confecções para a entrega em casa aumentou muito e eu não posso sair para comprar e renovar o estoque. As pessoas não estão pensando em roupas. Elas estão preocupadas em conseguir comida”, afirmou.

Angela (foto) diz que tem tentado se adaptar à realidade de vendas pela internet – algo que ela não fazia antes – e que está usando as reservas financeiras do negócio para manter os gastos domésticos. “O que eu tinha de reservas para comprar roupas, eu acabei usando para comprar coisas para colocar dentro de casa. Era uma reserva que hoje não tenho mais. Mudamos até de plano de saúde. Fomos para um em que pagamos metade do valor de antes”, detalhou.

“Estou tentando vender, colocando imagens no Facebook, no Instagram, ligo para as amigas, mando fotos dos produtos, insisto, mas está difícil. Não acho que a situação se normalize antes de dezembro”, opinou.

Quem também está pouco otimista é José Edvaldo dos Santos, 70, que trabalha como instalador de gesso residencial. “Depois dessa crise, acho que todo mundo vai ficar receoso com quem entra em casa, a situação tende a complicar. As pessoas estão se reservando. Eu parei alguns serviços pela metade. Há 20 dias, deixei de trabalhar para não me expor tanto aos riscos da doença”, afirmou à reportagem o aposentado morador da Brasilândia, um dos distritos que lidera o número de mortos por COVID-19 na cidade de São Paulo.

Segundo Fábio Gerlach, os negócios relacionados a alimentação e os profissionais que já realizavam comércio on-line estão conseguindo resistir melhor a este momento de instabilidade da economia, assim como aqueles que têm oferecido produtos como máscaras e demais itens de proteção individual.

Por outro lado, quem atua com serviços a pessoas ou depende de público está sentido os maiores impactos. “Os bares noturnos, por exemplo, foram muito impactados, porque geralmente não têm uma operação para fazer entrega delivery. Também aqueles que fazem serviços pessoais, de atendimento direto foram afetados, como os dentistas e cabelereiros, devido ao fechamento de seus estabelecimentos”, detalhou.

Versatilidade e retoques

Desde o começo da pandemia, a manicure e cabeleira Thalita Cruzeiro, 30, percebeu uma redução de 30% em sua renda. Em razão da obrigatoriedade do fechamento dos comércios em São Paulo, seu salão de beleza está de portas fechadas, mas ela segue atendendo as clientes, muitas delas idosas, com hora marcada, em intervalos mais espaçados para poder higienizar o ambiente e os materiais de trabalho. “Eu tenho avisado sobre essas mudanças para as clientes para que se sintam mais seguras. Todas têm vindo de máscara para que elas e eu estejamos protegidas”, detalhou.

Thalita (foto) também passou a atender em domicílio. “Eu não fazia isso antes da quarentena. Sigo atendendo até de domingo e segunda-feira, nos dias que as clientes querem”.

Há um ano, a manicure concluiu um curso de micropigmentadora de sobrancelha, um procedimento estético mais rentável que os outros que ela trabalha. “Ter feito esse curso no ano passado está fazendo toda a diferença agora, além de outro curso sobre alongamento de gel de unha. Estou conseguindo uma renda a mais graças a isso”.

Mãe solteira, Thalita recebe o auxílio emergencial do Governo Federal no valor de R$ 1.200,00 e a renda familiar é completada pela aposentadoria de sua mãe. Receosa sobre o futuro, a manicure tem preferido saldar todas as suas contas e adiou investimentos que faria no próprio negócio.

“Este ano pretendia trocar os móveis do salão, mas não vai ser possível. Tenho medo do pós-pandemia, pois muitas clientes estão perdendo o emprego e as que ainda estão empregadas estão com medo de ser dispensadas. Isso vai impactar no meu trabalho, pois não é um serviço essencial para as pessoas. Tenho clientes de muitos anos, mas se elas não tiverem dinheiro, sei que não virão mais”, analisou.

 

PRECIOSAS DICAS

Para iniciar um novo empreendimento agora:

* Transmita aos clientes a certeza que seu processo de produção é feito com higiene e que há todo o cuidado para que o produto esteja livre do novo coronavírus.

* Tenha bem definido para quem você vai ofertar este produto (público alvo) e pense em qual pode ser seu diferencial.

* Dialogue com quem já está neste negócio ou que tenha expertise para auxiliá-lo, como o Sebrae

Para quem enfrenta dificuldades para se manter:

* Converse outros empreendedores, mesmo que sejam de outro segmento.

* Se for um empreendedor formal, converse com a sua associação de classe ou o Sebrae para a procura de alternativas.

* Analise os recursos que precisará para se manter neste período de incertezas.

* Renegocie contratos e faça acordos com credores.

(Com informações de Fábio Gerlach, gerente regional em Sebrae-SP).

 

 

 

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‘A fome é um clamor atual’, afirmam os bispos do país

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24 de abril de 2020

Na Exortação “Dai vós mesmos de comer” (Mc 6,37), publicada em 21 de abril no site da Conferência Episcopal do Paraguai (CEP), o Conselho Episcopal da CEP pede que, ao lado das medidas sanitárias contra a COVID-19, o governo haja para amenizar a grave crise econômica do país em decorrência da atual pandemia do novo coronavírus.

“A propagação do coronavírus (COVID-19) em nosso país e em todo o mundo tem repercussões importante e sérias na vida de cada pessoa, na vida social e em nossa maneira de enfrentar as contingências da vida. Os esforços para aplainar a curva de difusão deste enfermidade têm tido o resultado esperado, segundo os especialistas, na contenção sanitária, mas sabemos que o plano de contenção da epidemia seguirá por muitos meses mais”, afirmam no início da Exortação os bispos paraguaios.

“As tentativas de mitigar o impacto na economia familiar e na economia nacional urgem uma resposta ponderada, ordenada e sustentável”, continua a Exortação.

A realidade da fome que muitas famílias vêm enfrentando em decorrência das medidas restritivas para impedir a proliferação da doença também foi salientada pelos bispos: “É uma realidade que a vulnerabilidade e a fragilidade de um amplo setor da população agravar-se-ão nos próximos meses e não podemos agora dimensionar seu alcance e gravidade. A fome é um clamor atual, que não podemos ignorar, enquanto discernimos os caminhos a seguir”.

A Exortação também salienta que “a solidariedade cidadã é um complemento que ajudou em parte nos lugares em que as iniciativas do Governo Nacional não puderam ajudar. A Pastoral Social Nacional e as pastorais sociais de cada dioceses estão trabalhando sem pausa com o apoio de voluntários e associações civis para levar auxílio aos nossos irmãos”.

Por fim, os bispos salientam sua disponibilidade em ajudar o governo e afirmam estar seguindo, responsavelmente, as disposições das autoridades sanitárias.

O Paraguai, até o momento, tem 213 casos de COVID-19 confirmados e 9 mortes devido à doença. A quarentena no país está decretada até o dia 26 de abril e pode ser prorrogada pelo governo.

 

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Fontes: Conferencia Episcopal Paraguaya e La Nación

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É hora de ajustar as contas do mês

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03 de abril de 2020

O Governo Federal promete iniciar na próxima semana o pagamento de uma renda básica emergencial de R$ 600 a trabalhadores informais, autônomos e pessoas sem renda fixa. Aproximadamente 54 milhões de pessoas devem ser beneficiadas com os recursos que ajudarão a compensar a redução da renda familiar em tempos de isolamento social para evitar a proliferação do novo coronavírus.

Apesar de a medida que prevê o pagamento emergencial ter sido sancionada na quinta-feira, 2, ainda não há detalhes sobre como será a operacionalização dessa transferência de renda. Assim, não é improvável que para muitas dessas famílias as contas do mês cheguem antes do recurso emergencial e que com o dinheiro que dispõem não seja possível saldar os todos os compromissos, como as contas de água, energia elétrica, plano de telefone celular, a prestação do imóvel ou aluguel do mês.  

Para auxiliar no planejamento das conta domésticas mensais, o jornal O SÃO PAULO conversou com a economista Cristiane Mancini, que também é mestre em Economia pela PUC-SP. “A primeira medida a ser feita é reavaliar todas as contas da família”, e elencar “aquilo que é de fato necessário, os bens que podem ser substituídos ou os que podem ser dispensados no momento atual”.

Priorize o pagamento das contas de água e de energia elétrica

Neste mês e também em maio e junho, por determinação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mesmo que um consumidor deixe de pagar a conta de energia elétrica, ele não terá o fornecimento interrompido. Isso não significa que as dívidas serão perdoadas: multas e juros sobre valores não pagos continuarão sendo aplicados.

A Aneel estuda conceder a famílias de baixa renda isenção no pagamento. A medida beneficiaria aproximadamente 10 milhões de famílias, mas ainda não está oficializada.

Em São Paulo, o Governo do Estado já concedeu isenção no pagamento da conta de água e de esgoto a 506 mil famílias de baixa renda. Anteriormente, elas pagavam a tarifa social, o valor mais baixo cobrado pela Sabesp.

Cristiane avalia que apesar dos recursos mais escassos, as famílias devem priorizar o pagamento das contas de água e de energia elétrica. “Mesmo que haja a possibilidade de pagar em outro momento, o cenário para muitos é ainda mais incerto, não conhecendo se haverá a mesma receita, se estará empregado, dentre outras variáveis que precisam ser consideradas. Além disso, uma vez que se deixa de liquidar essa conta neste mês, ela deverá ser paga a posteriori, somando-se à do novo mês. Essa família precisará ter muito controle financeiro para que saiba poupar este montante, não gastando-o para que o tenha no momento futuro”, alertou.

Pause o pagamento do imóvel apenas se não houver outra alternativa

Por causa da pandemia do novo coronavírus, a Caixa Econômica Federal, que financia a maior parte dos empreendimentos imobiliários do País, já anunciou que os clientes podem requerer uma pausa no pagamento das prestações por até três meses.

Quando a situação econômica for normalizada, essas prestações pausadas serão incorporadas ao saldo devedor. Na prática, apesar do alívio imediato nas contas, o custo final do imóvel será mais caro, pois a dívida demorará mais para ser paga com o banco.

Cristiane afirma que se a prestação do imóvel “couber no orçamento mensal”, ainda que com “apertos”, é melhor que já seja paga.

“Recomendo que essa família quite sim a sua parcela, honre seus compromissos neste momento. Muitas vezes, a família tem a ilusão de que dada a possibilidade de pagamento posterior, ela pode usufruir desse montante gastando-o em outras aquisições, independente quais sejam. Isso traz uma ilusão de aporte financeiro, mas a dívida ainda existe, somente criou-se a possibilidade de pagamento posterior que será incrementado por uma taxa de juros que não seria se assim não o fizesse”, orienta.

Negocie os valores e as condições do aluguel

Parte significativa do orçamento das famílias de baixa renda está comprometida com o pagamento do aluguel do imóvel onde vivem. Neste momento, a regra é negociar.

Em recente nota à imprensa, o sindicato da habitação do estado de São Paulo, Secovi-SP, indicou que “muitos inquilinos começam a solicitar flexibilidade dos proprietários para o pagamento dos aluguéis em decorrência da diminuição ou mesmo estagnação da atividade econômica do setor em que atuam”. A entidade afirma que tem recomendado a proprietários e locatários que negociem os contratos e que “uma das alternativas mais recorrentes é a postergação dos aluguéis em parte ou na sua totalidade, conforme a dificuldade momentânea do inquilino, e por um período curto. Ao final do mês subsequente, as partes devem rever a situação e definir possível prorrogação do prazo”.

Cristiane Mancini recomenda que o locatário negocie com o proprietário do imóvel, explicando a situação atual da família e suas necessidades. “Caso não haja acordo para a reavaliação do valor, sugiro procurar um novo local que ‘caiba no orçamento’ e não sacrifique a família”, afirma.

Na sexta-feira, 3, o Senado aprovou regras transitórias para a locação de imóveis, com vistas a preservar contratos e servir de base para futuras decisões judiciais. Um dos pontos do projeto de lei é que não se concederá liminar para desocupação de imóvel urbano nas ações de despejo ajuizadas até 30 de outubro de 2020. O projeto também original previa a permissão para o atraso no pagamento de aluguel por conta de demissão, redução de carga horária ou diminuição de remuneração do locatário, mas este artigo foi vetado pelo Senado. O texto agora segue para nova apreciação da Câmara dos Deputados.

Seja rigoroso com a lista de supermercado

Gastos com alimentação também são parte significativa dos custos mensais das famílias. Em época de orçamento mais enxuto, pesquisar preços e evitar a compra de itens desnecessários são uma boa medida de economia doméstica.

“Um conselho é fazer uma lista de bens de primeira necessidade, ou seja, aqueles que não há possibilidade de se manter em sua ausência. Aqueles que são supérfluos, como cremes, lácteos mais custosos, salgadinhos, bolachas, tortas e alguns congelados podem ser retirados da lista. É a possibilidade de uma economia saudável, sobrando para as outras contas que a família tem a pagar”, afirma Cristiane.

“Pesquisar também é sempre uma ótima recomendação. Não comprar o primeiro produto visto no mercado, observar os mesmos produtos, mas de marcas diferentes, não circular por muitas gôndolas para que não ‘caia na tentação’ de comprar produtos desnecessários”, complementa a economista.

Ajuste os planos de tevê por assinatura e do telefone celular

Outras contas que podem ser reduzidas em época de contenção de gastos são as dos planos de telefonia celular e dos pacotes de tevê por assinatura. Nestes casos, renegociar é novamente o verbo do momento.

“No caso de celulares, opte por solicitar a adesão a um plano controle, que permitirá acesso à internet, a um vasto número de mensagens e chamadas, o que é bastante suficiente. No caso da tv a cabo, o mesmo. Solicite um plano que caiba em sua realidade, como um plano com acesso a um número menor de canais. Sabemos que os consumidores não assistem a todos os canais. Opte por um pacote que de fato usufrua neste momento. Essas ações certamente auxiliaram a reduzir em 50% os gastos de telefonia e assinaturas. Além da opção por assinaturas digitais, com preços reduzidos. E se tratando de negociação, sim é possível. O indicado é ligar para a sua operadora e propor uma negociação. Neste momento, todas as empresas estão bastante abertas para negociação com o intuito de manter seus clientes”, orienta Cristiane.

Empréstimo bancário: só em último caso

Os cinco maiores bancos do País - Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú Unibanco e Santander já se comprometeram a prorrogar por até 60 dias os vencimentos de dívidas de clientes pessoas físicas e micro e pequenas empresas para os contratos vigentes em dia e limitados aos valores que já foram usados pelo consumidor.

A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) orienta que os clientes entrem em contato com o banco em que têm conta para se informar sobre as condições oferecidas para prorrogar as dívidas.

Se renegociar dívidas já existentes pode ser uma boa alternativa, adquirir um empréstimo com o banco não é o mais aconselhável, de acordo com Cristiane Mancini.  “Se existe a real necessidade de adquirir empréstimos é uma opção, no entanto, ainda vemos taxas de juros extremamente elevadas. Recomendo empréstimos sempre em último caso”.

Não se iluda com o limite do cartão de crédito

A economista também alerta que não se deve pensar no limite do cartão de crédito como alternativa para conseguir pagar todas as contas mensais.

“O limite do cartão de crédito te oferece o falso dever cumprido, a ideia de que foi paga a conta, o que na verdade não ocorre, pois no mês seguinte ou no outro a família ou o indivíduo terá que pagar da mesma forma. E essa família ou esse indivíduo sabe com 100% de certeza se está garantido em seu emprego nesses meses à frente? Terá esse montante a pagar nesses próximos meses? Ou simplesmente está jogando para a frente algo que não conseguirá arcar mesmo no futuro?”, observa.

Cristiane aconselha que todas as contas da família sejam centralizadas em um único cartão de crédito, “optando por aquele que isenta o pagamento da anuidade. O mesmo vale para contas correntes”.

Um dia a dívida precisará ser paga, portanto, planeje-se!

Por fim, um alerta fundamental: a dívida que não for paga neste momento um dia precisará ser saldada. Assim, é indispensável já se programar para isso.

“Há maneiras de se programar. Por exemplo: calcular os juros que virá embutido nessa conta no futuro. Assim, se o valor da conta é X e o 5%, o indivíduo precisará ter em mente que além dos X, precisará ter mais 5% quando for sanar a dívida. Em qualquer renegociação ou postergação de pagamento é necessário conhecer todas as cláusulas, opções que serão dadas, para que no futuro se tenha a clareza do montante a ser pago”, conclui a economista Cristiane Mancini.

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"Economia de Francisco" adiado para novembro

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02 de março de 2020

O comitê organizador da “Economia de Francisco” informou na noite de domingo, 01, que o evento desejado pelo Papa Francisco previsto para os dias 26, 27 e 28 de março na cidade de Assis, foi transferido para o mês de novembro.

Em breve serão fornecidas informações detalhadas sobre a preparação do encontro, que prossegue com grande empenho e entusiasmo e que despertou muito interesse em todo o mundo. De fato, 2.000 jovens de 115 países inscreveram-se para participar. O Brasil é o segundo país com maior número de inscrições.

Para favorecer o melhor desenvolvimento da iniciativa, dada a dificuldade objetiva que tantos jovens têm encontrado atualmente para viajar internacional e nacionalmente, o Santo Padre, em acordo com o comitê, definiu 21 de novembro de 2020 como a nova data de seu encontro com os jovens em Assis, precedido pelos dias de estudo já previstos.

No dia 28 de março, do Salão Papal do Sacro Convento de Assis, haverá um encontro via Webinar com os jovens dos países participantes, para dar continuidade à jornada com um entusiasmo ainda maior.

Os objetivos do encontro

Na carta-convite dirigida a jovens economistas, empreendedores e empresários do mundo inteiro, divulgada em 11 de maio do ano passado, o Papa Francisco explica que Assis é o lugar apropriado para inspirar uma nova economia, pois foi ali que Francisco se espojou de todo mundanismo para escolher Deus como bússola da sua vida, tornando-se pobre com os pobres e irmão de todos. Sua decisão de abraçar a pobreza também deu origem a uma visão econômica que permanece atual.

O Papa Francisco convida a Assis os jovens empreendedores, economistas, para fazer um pacto, no espírito de São Francisco, a fim de que a economia de hoje e de amanhã seja mais justa, fraterna, sustentável e com um novo protagonismo de quem hoje é excluído.

Neste pacto, a construção de novos caminhos buscando a solução dos problemas estruturais da economia mundial. Para isso, é preciso questionar as “leis” econômicas que produzem desigualdade e exclusão, compreender que elas são fruto de decisões políticas e que, portanto, podem ser questionadas e transformadas.

Trata-se de construir uma nova economia à medida do homem e para o homem. Em síntese, o objetivo do Santo Padre é que tenhamos no mundo uma economia socialmente justa, economicamente viável, ambientalmente sustentável  e eticamente responsável.

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‘A Economia de Francisco’

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19 de julho de 2019

O Vaticano planeja, de 26 a 28 de março de 2020, um encontro de economistas, empresários e outros especialistas da área para pensar sobre como promover um sistema econômico mais humano. O evento ocorrerá na cidade de Assis (Itália), a pedido do Papa Francisco. E, também a pedido dele, muitos jovens comparecerão. As informações sobre o evento serão publicadas no site: www.francescoeconomy.org.
Pensando nisso, O SÃO PAULO conversou com o Padre jesuíta português Andreas Lind, formado em Economia e articulista do site “Ponto SJ”, para entender o que define o ensinamento do Papa Francisco sobre a economia. 

O São Paulo – Qual é o papel do dinheiro na vida do cristão?
Padre Andreas Lind – Jesus nos diz que não é possível servir “a Deus e ao dinheiro” (Mt 6, 24). Se vivermos com o objetivo de fazer cada vez mais dinheiro, usando das nossas forças, dos nossos talentos, das nossas relações, tendo em vista apenas esse fim, caímos na idolatria, porque nos tornamos escravos do dinheiro.
Isso não significa que o dinheiro seja mau em si mesmo, ou que as atividades empresariais lucrativas devam ser rejeitadas. Pelo contrário, devem ser estimuladas e postas a serviço do Reino, onde vigora a lei da caridade. O dinheiro é um meio indispensável para a nossa vida social e para o nosso desenvolvimento coletivo. Devemos saber geri-lo e partilhá-lo em prol do bem comum.

Então, como devemos interpretar a passagem do Evangelho: “é mais fácil passar um camelo numa agulha do que um rico entrar no reino dos céus” (Mt 19,24)?
Eis uma passagem muito discutida pelos exegetas bíblicos, sobretudo no que diz respeito às palavras “agulha” e “camelo”, que provavelmente teriam significados, na cultura de Jesus, que hoje não abarcamos imediatamente.
No entanto, tendo em conta o contexto onde a citação surge, percebemos que essas palavras vêm no seguimento do apelo que Jesus lança ao jovem rico: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me” (Mt 19,21).
Jesus fala da dificuldade dos ricos em entrar no Reino, referindo-se a alguém que tem muito e que não é capaz de partilhar, a ponto de se fechar aos outros e de perder a comunhão com Jesus e com o próximo. Jesus não critica o fato de o jovem rico ter muitas coisas; apenas lamenta a falta de liberdade que o impede de partilhar.

Como podemos definir a “Economia do Papa Francisco”?
O Papa Francisco não pretende substituir os especialistas em economia. Limita-se a anunciar a Doutrina Social da Igreja, nomeadamente o princípio do “destino universal dos bens” e a “opção preferencial pelos pobres”. É por fidelidade à Igreja, e não a uma ideologia política, que o Papa denuncia o perigo de uma “economia que mata” (Evangelii Gaudium 53).
Com isso, ele procura colocar a economia a serviço do desenvolvimento integral do ser humano, em vez de o escravizar em função de um crescimento puramente financeiro, cujos beneficiários são poucos e cujos efeitos podem ser nefastos para as próximas gerações. Francisco não menospreza as potencialidades positivas da “atividade empresarial” (Laudato Si’ 129).
Denuncia apenas o perigo de se absolutizar a racionalidade que procura exclusivamente o lucro, mesmo em detrimento de outros valores que confluem para o desenvolvimento do homem e das suas sociedades. Creio que a influência da teologia argentina do povo explica o distanciamento, da parte de Francisco, quer do liberalismo, quer do socialismo marxista.

Por que a Igreja precisa falar de economia?
Para Marx, a religião é negativa – uma alienação – e nos afasta da realidade presente onde nos situamos: se a fé no Paraíso futuro nos imobilizar na miséria, na injustiça, ou nos incapacitar de lutar pela transformação da realidade presente, então a religião se reduz a um “ópio do povo”. 
Porém, antes de assumir a Cátedra de Pedro, Jorge Mario Bergoglio assumiu a seriedade dessa crítica (como fica claro no livro “Sobre el Cielo y la Tierra”, de 2012), enfatizando que, ao contrário do que diz Marx, a fé, como encontro com Jesus, nos compromete com a justiça no presente. A preocupação da Igreja com as questões econômicas ou políticas brota desse compromisso com o Reino de Deus ao qual Jesus nos chama sempre aqui e agora.

Qual a razão de o Papa convocar esse encontro em Assis?
Em primeiro lugar, inspirado na figura de São Francisco, para quem todas as criaturas eram como irmãs, o encontro “A Economia de Francisco” procura responder à urgência dos nossos tempos: hoje sentimos uma fragilidade coletiva pelo fato de o nosso sistema econômico, aliado a um estilo de vida excessivamente consumista, poder pôr em risco a sustentabilidade do planeta, a nossa “casa comum”.
Em segundo lugar, esse encontro se alarga para além da esfera meramente eclesial, pois a gravidade do problema exige a capacidade de unir sinergias, estabelecendo uma cooperação ou um diálogo entre pessoas de credos diferentes e entre diversas esferas da sociedade. 

Quais as semelhanças entre a Laudato si’, de Francisco, e a Caritas in veritate, de Bento XVI?
Francisco cita muito Bento XVI. Enquanto o atual Papa insiste muito na dimensão da “misericórdia”, o seu predecessor não se cansava de falar no “amor” (caritas). Ambos sonham com a possibilidade do dom, da gratuidade, ter um lugar nas relações econômicas. Concretamente, na Laudato Si’ (LS), a encíclica Caritas in Veritate (CV) é 12 vezes diretamente citada.
Por um lado, ambos chamam a atenção para a necessidade de mudar de “estilo de vida”, apelando à “responsabilidade social dos consumidores”, pois “comprar é sempre um ato moral” (LS, 206; CV, 66).
Por outro lado, em um nível mais macroeconômico, Bento XVI insiste nos temas perenes do atual pontificado: “Como afirmou Bento XVI, na linha desenvolvida até agora pela Doutrina Social da Igreja, «para o governo da economia mundial, para sanar as economias atingidas pela crise de modo a prevenir o agravamento da mesma e consequentes maiores desequilíbrios, para realizar um oportuno e integral desarmamento, a segurança alimentar e a paz, para garantir a salvaguarda do ambiente e para regulamentar os fluxos migratórios, urge a presença de uma verdadeira autoridade política mundial, delineada já pelo meu predecessor, João XXIII»” (LS175).

Como a Igreja nos propõe conciliar as liberdades individuais e a busca pelo bem comum?
Segundo o relato bíblico da Criação, Deus confere ao homem o mandato de “dominar” ou “administrar” os outros seres do mundo (cf. Gn 1, 26-28), por um lado, e, por outro, de agir como um jardineiro que “cultiva” e que “guarda” (cf. Gn 2,15).
A imagem do administrador, complementada com a figura do jardineiro, conduz-nos a um enorme respeito pelo planeta na multiplicidade dos seus seres. Não se trata de “dominar” e de “subjugar” o mundo com desdém, mas de estar afetivamente ligado a toda a criação, deixando-se surpreender pelo dom que é habitar o mundo e viver enquanto homem ou mulher.
Sendo assim filhos de Deus, devemos assumir a responsabilidade de exercer o dom da liberdade que temos na administração dos bens de que dispomos e com os quais vivem

As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.

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Bênção de pedra fundamental marca construção de uma unidade da Fazenda da Esperança na Prelazia de Itacoatiara

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06 de junho de 2019

Pelo segundo mês seguido, a poupança voltou a registrar mais retiradas que depósitos. No mês passado, os saques superaram os depósitos em R$ 718,7 milhões, informou hoje (6) o Banco Central. Em maio do ano passado, os correntistas tinham depositado R$ 2,4 bilhões a mais do que tinham retirado.

Com o resultado de maio, a caderneta de poupança acumula saques líquidos de R$ 16,997 bilhões nos cinco primeiros meses de 2019. No mesmo período do ano passado, as captações (depósitos) tinham superado as retiradas em R$ 1,71 bilhão.

Até 2014, os brasileiros depositavam mais do que retiravam da poupança. Naquele ano, as captações líquidas chegaram a R$ 24 bilhões. Com o início da recessão econômica, em 2015, os investidores passaram a retirar dinheiro da caderneta para cobrir dívidas, em um cenário de queda da renda e de aumento de desemprego.

Em 2015, R$ 53,57 bilhões foram sacados da poupança, a maior retirada líquida da história. Em 2016, os saques superaram os depósitos em R$ 40,7 bilhões. A tendência inverteu-se em 2017, quando as captações excederam as retiradas em R$ 17,12 bilhões, e em 2018 (captação líquida de R$ 38,26 bilhões.

Com rendimento de 70% da Taxa Selic (juros básicos da economia), a poupança está se tornando menos atrativa porque os juros básicos estão no menor nível da história, em 6,5% ao ano. Nos últimos meses, o investimento não tem conseguido garantir rendimentos acima da inflação.

Nos 12 meses terminados em abril, a poupança rendeu 4,16%. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)-15, que funciona como uma prévia da inflação oficial, acumula 4,93% no mesmo período. Amanhã (7), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o IPCA cheio de maio.

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Pedidos de recurso e revisão do INSS passam a ser feitos por internet

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15 de mai de 2019

Os pedidos de revisão de valor do benefício, de recursos e de cópia de processos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) já podem ser feitos apenas pela internet, no Meu INSS, ou pelo telefone 135.

A estimativa do INSS é que atualmente esses serviços levem mais de 70 mil pessoas por mês às agências. Com as solicitações feitas pela internet ou telefone, o órgão espera melhorar o atendimento ao público e poupar trabalho e gastos aos cidadãos que precisam se descolar em busca de uma agência do órgão.

O Meu INSS é acessível por meio de computador ou celular. Para usar o serviço, é preciso cadastrar-se e obter uma senha no próprio site. Também é possível obter a senha no internet banking de instituições da rede credenciada.

Para acessar os serviços de cópia de processo, revisão e recurso basta ir em Agendamentos/Requerimentos, escolher o requerimento ou clicar em Novo Requerimento, atualizar os dados caso seja pedido e, em seguida, escolher a opção Recurso e Revisão ou Processos e Documentos.

Fonte: Agência Brasil

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Comércio mantém volume de vendas de janeiro para fevereiro

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09 de abril de 2019

O volume de vendas do comércio varejista manteve-se estável de janeiro para fevereiro deste ano, depois de crescer 0,4% de dezembro do ano passado para janeiro. o dado é da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada hoje (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As vendas caíram 0,6% na média móvel trimestral. Nos outros tipos de comparação, no entanto, o volume apresentou crescimento: 3,9% na comparação com fevereiro do ano passado, 2,8% no acumulado do ano e 2,3% no acumulado de 12 meses.

Na passagem de janeiro para fevereiro, metade dos setores teve alta e a outra metade, queda. Os segmentos com crescimento foram tecidos, vestuário e calçados (4,4%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (1%), livros, jornais, revistas e papelaria (0,2%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,1%).

As quedas vieram de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,7%), combustíveis e lubrificantes (-0,9%), móveis e eletrodomésticos (-0,3%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-3%).

No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos e de material de construção, o volume de vendas recuou 0,8% ante janeiro. Os veículos e motos, partes e peças tiveram queda de 0,9%, enquanto o material de construção caiu 0,3%.

A receita nominal do varejo cresceu 0,3% na comparação com janeiro, 7,5% na comparação com fevereiro do ano passado, 6% no acumulado do ano e 5,4% no acumulado de 12 meses.

A receita nominal do varejo ampliado caiu 0,5% na comparação com janeiro, mas cresceu 10,4% na comparação com fevereiro de 2018, 8% no acumulado do ano e 7,3% no acumulado de 12 meses.

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Endividamento de famílias brasileiras atinge maior patamar desde 2015

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04 de abril de 2019

O percentual de famílias brasileiras com dívidas (em atraso ou não) chegou a 62,4% em março deste ano. O índice é superior aos 61,5% de fevereiro deste ano e aos 61,2% de março do ano passado. Esse também é o maior patamar de endividamento das famílias desde setembro de 2015, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, divulgada hoje (4) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Já as famílias inadimplentes, ou seja, aquelas que têm dívidas ou contas em atraso, ficou em 23,4% em março deste ano, acima dos 23,1% do mês anterior. Na comparação com março do ano passado (25,2%), no entanto, o indicador teve uma queda de 1,8 ponto percentual.

O percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso aumentou de 9,2% em fevereiro para 9,4% em março deste ano. No entanto, continuou abaixo do patamar de março do ano passado (10%).

Segundo a economista da CNC Marianne Hanson, além da recuperação gradual das concessões de crédito e do consumo das famílias, há um fator sazonal que influi nos resultados: a incidência dos gastos extras de início de ano, ocasionando uma demanda maior por empréstimos.

O cartão de crédito foi apontado como o principal motivo das dívidas por 78% das famílias endividadas, seguido por carnês, para 14,4%, e, em terceiro, por financiamento de carro, para 10%.

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Previdência: economia com reforma para militares será de 1% em relação aos civis

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30 de março de 2019

Exigência dos líderes partidários na Câmara para iniciar a tramitação da reforma da Previdência (PEC 6/2019), o projeto de lei complementar com mudanças no Sistema de Proteção Social dos Militares das Forças Armadas foi entregue aos legisladores pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) no dia 20.

Exigência dos líderes partidários na Câmara para iniciar a tramitação da reforma da Previdência (PEC 6/2019), o projeto de lei complementar com mudanças no Sistema de Proteção Social dos Militares das Forças Armadas foi entregue aos legisladores pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) no dia 20.

O projeto de reforma para os militares também deve proporcionar uma economia de R$ 52 bilhões aos estados, uma vez que contempla policiais e bombeiros militares.

 

ECONOMIA PEQUENA?

Na avaliação do economista Paulo Tafner, pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe/ USP), que há anos se dedica ao estudo da questão previdenciária, o valor que será economizado com os militares “é relativamente pequeno frente ao rombo que se tem no sistema previdenciário nacional”, mas significativo por indicar a abrangência da reforma.

Na sexta-feira, 22, em manifestações pelo País, centrais sindicais e integrantes de movimentos sociais criticaram as bases da reforma previdenciária para os militares. “Apesar de representarem apenas 31% dos quadros do funcionalismo, hoje o déficit com pensões e aposentadorias para cerca de 300 mil militares reformados e pensionistas é de R$ 43,9 bilhões. O valor é praticamente o mesmo – R$ 46,5 bilhões – que a União despende com 680 mil servidores em regime civil que recebem benefícios do INSS”, manifestou a Central Única dos Trabalhadores (CUT), em seu site, citando dados de um relatório de acompanhamento fiscal, divulgado pela Instituição Fiscal Independente, do Senado Federal.

PENSÕES VITALÍCIAS

Outro ponto também criticado na proposta da reforma é a manutenção da pensão vitalícia para filhas de militares que adquiriram tal direito até o ano 2000. Naquele ano, foi aprovada uma lei que proíbe que esse benefício seja concedido para mais pessoas. No entanto, as mulheres que já o possuíam continuarão a recebê-lo até o fim da vida. Apenas o Exército tornou público que 67,6 mil filhas de militares dispõem desse benefício, que custa R$ 5 bilhões anuais aos cofres públicos. Estima-se que somadas também as beneficiárias da Marinha e da Aeronáutica, este número seja superior a 100 mil filhas de militares.

 

REESTRUTURAÇÃO

A reestruturação da carreira dos militares basicamente prevê aumentos nos percentuais dos adicionais da remuneração que recebem (soldo), conforme a habilitação obtida ao longo da carreira e/ou exercício de atividades especiais.

Entre as mudanças previstas estão o aumento percentual do adicional por altos estudos feitos por oficiais generais, coronéis e subtenentes, que passará de 30% para 73% do soldo. Também será aumentada a remuneração de soldados, cabos e cadetes em início de carreira; haverá um adicional de representação de 10% do soldo para os generais que forem para a inatividade; e um adicional de disponibilidade que vai variar de 5% a 32% do soldo, conforme a patente do militar.

Entre as justificativas para tais adicionais está o fato de os militares não contarem com hora-extra remunerada, adicional noturno ou de periculosidade, nem Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), direitos garantidos aos civis. Os militares também devem estar permanentemente à disposição da pátria, para atuar em todo o território nacional.

Na avaliação de Tafner, é compreensível o reescalonamento da carreira e o reajuste salarial dos militares, dado que, por vezes, mesmo tendo mais tempo de carreira, eles recebem menos que outras pessoas recém-ingressas no funcionalismo público. Também em algumas situações, militares da Marinha, Exército e Aeronáutica têm soldos menores que agentes das forças militares estaduais. “A dimensão a discutir é se isso seria oportuno agora. Na minha avaliação, primeiro se deveria tratar da questão previdenciária, e depois, se for aprovada a reforma, fazer um programa de reajustamento salarial para as Forças Armadas”, opinou.

(Com informações do Ministério da Defesa, Carta Capital, Ministério da Economia, IG, Nexo, G1 e BBC)
 

MILITARES E O ROMBO NA PREVIDÊNCIA

- Em 2018, o déficit geral da Previdência foi de R$ 290,297 bilhões, dos quais R$ 43,9 bilhões (15%) foi com o Sistema de Proteção Social dos Militares das Forças Armadas

COMPARATIVOS DOS DÉFICITS PREVIDENCIÁRIOS:

- Setor Privado (INSS): R$ 195,197 bilhões (rombo cresceu 6,5% em relação a 2017)

- Servidores Públicos - R$ 46,5 bilhões (aumento de 2,5% no rombo)

- Militares - R$ 43,9 bilhões (crescimento de 14,1% no rombo)

* Em 2016, 88% dos militares que foram para a inatividade tinham entre 45 e 54 anos.

 

O QUE MUDARÁ PARA OS MILITARES 

Novos contribuintes: Pensionistas, alunos das escolas de formação militar, cabos e soldados em Serviço Militar Obrigatório passarão a pagar a contribuição, com igual alíquota de 10,5%, que também será aplicada para militares da ativa e inativos (leia detalhes abaixo).

Tempo mínimo de contribuição: Tanto para homens quanto para mulheres, o ingresso na reserva militar passará dos atuais 30 anos para 35 anos, com novas idades de transferência. Na data de entrada da nova lei, os militares que já possuírem 30 anos de serviço ativo terão direito de transferência para a reserva.

Idade: Conforme a patente que possua e/ou atuação, um militar é obrigado a entrar na inatividade a partir de determinada idade, que hoje varia de 44 a 60 anos. Com a reforma, essa faixa será de 50 a 70 anos.

Regra de transição: Militares da ativa que estejam próximos a entrar na reserva (quando ainda seguem à disposição das Forças Armadas) ou se tornar reformados (quando estão definitivamente desligados da carreira militar) terão que cumprir um pedágio de 17% em relação ao tempo que falta para atingir 30 anos de serviço.

Pensões: Cônjuges ou filhos de militares que recebem pensões passarão a contribuir com uma alíquota de 7,5%, que passará para 10,5%, gradativamente, até 2022.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LEIA TAMBÉM: Conselho Permanente da CNBB lança mensagem sobre a reforma da Previdência

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