Começa 8ª Curso Nacional de Fé e Política

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23 de janeiro de 2020

Foi aberto nesta segunda-feira, 20, e segue até o dia 1º de fevereiro, em Brasília (DF) a 8ª edição do Curso Nacional de Fé e Política, Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara (CEFEP).

O objetivo do curso é fomentar um pensamento social cristão à luz da dos valores evangélicos e da Doutrina Social da Igreja e contribuir com a formação de lideranças inseridas na política, em suas diferentes formas e níveis. Realizado em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, que oferece o certificado de extensão, o curso tem duração de dois anos (2020 e 2021).

São, em média, 180 horas de aulas presenciais, seis disciplinas, intercaladas com mais 180 horas de aulas na modalidade de educação à distância (EAD).

PARTICIPANTES

A formação é destinada a pessoas atuem em movimentos, pastorais e organismos eclesiais, e pessoas com responsabilidades em organizações e movimentos sociais, que pretendam ou ocupem cargos públicos.

Participam do curso 50 pessoas de diferentes regiões do País. Do Regional Sul 1 da CNBB, que compreende as dioceses paulistas, participam a coordenadora estadual da Pastoral Fé e Política, Mônica de Cássia Vieira Lopes; a coordenadora da Pastoral da Menor da Arquidiocese de São Paulo, Sueli Camargo; o agente da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Luiz Carlos Vigatto; José Rubens de Souza, indicado pela Escola de Política e Cidadania de São José dos Campos e membro do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB) diocesano; Robinson Zanutto, agente articulador da Pastoral Fé e Política de Santo André.  

Sueli Camargo parabenizou a iniciativa que considera de extrema importância a formação para os leigos cristãos que atuam nas realidades sociais, “na perspectiva da fé, unida com a questão cultural e política, à luz do Evangelho”.

A coordenadora da Pastoral do Menor ressaltou, ainda, ao O SÃO PAULO, que a participação de pessoas de diferentes regiões permite perceber o quanto há cristãos dispostos a transformar a realidade da sociedade unindo a fé e a política.

O CEFEP é um serviço ligado à Comissão para o Laicato da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que se ocupa particularmente da Formação Política dos cristãos leigos/as. Ele se organiza também nos regionais da CNBB, através da articulação das Escolas Locais de Fé e Política.

(Com informações do Regional Sul 1 e CEFEP)

 

 

 

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Escolas aprofundam a Doutrina Social da Igreja

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24 de setembro de 2018

Entre outros processos de formação, a Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato apresenta em Roma esta semana, em encontro promovido pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, a experiência do Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara (Cefep).

O secretário-executivo do Centro, padre José Ernanne Pinheiro, em entrevista ao Portal da CNBB, explica que o Centro Nacional de Fé e Política foi criado em 2004, na presidência de dom Geraldo Magela. “O Centro Nacional é uma homenagem da CNBB a um de seus primeiros secretários cuja influência muito se nota ainda hoje em diversos trabalhos da Igreja no Brasil”, disse.

A criação do centro se deu sob a inspiração da Doutrina Social da Igreja para a qual a justiça é parte integrante da evangelização. Segundo padre Ernanne, a cidadania e a questão social integram a ideia do “homem integral”, classificada por Paulo VI como desenvolvimento integral.

O centro se organiza a partir de três áreas de atuação: a) as Escolas de Formação; b) Um rede de assessoria, que presta serviço tanto às escolas locais quanto às publicações que foram feitas para a Igreja; e c) Animação das escolas locais. Hoje são mais de 60 Escolas de Fé e Política espalhadas pelo Brasil.

As escolas tem como objetivo formar pessoas nos níveis local, regional e nacional. O curso nacional, desenvolvido em parceria com PUC Rio, é de dois anos, dividido entre etapas presenciais e à distância e com a exigência de apresentação de uma monografia ao final para a certificação dos participantes. “Estamos na 7ª turma nacional. Normalmente as turmas são de cerca de 50 alunos para facilitar o acompanhamento da produção de conhecimento”, destaca padre Ernanne.

Algumas monografias já foram publicadas. Entre elas, a da ex-aluna Maria Isabel de Cruz de Campinas (SP) sobre “A Mulher na Igreja e na Política”, pela Editora Outras Expressões e também de um ex-prefeito de Brasópolis (MG) João Mauro Bernardo cujo título é “Uma experiência de fé e Política”, que avaliou os critérios éticos utilizados em sua administração.

Além disto, o Cefet também desenvolve publicações com reflexão sobre a formação política de cristãos leigos à luz da Doutrina Social e do Magistério da Igreja, entre elas destacamos “Cristãos em Ação na Política”, publicado pela editora Santuário; e “Democracia, Igreja e Cidadania, com os textos usados na educação à distância”. O Cefep é um organismo da CNBB, ligado à Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, cujo presidente atualmente é dom Severino Clasen, bispo de Caçador (SC).

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Direitos humanos é tema de Congresso Internacional de Doutrina Social da Igreja

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20 de setembro de 2018

Na noite desta quarta-feira, 19, foi aberto, em São Paulo, o 3º Congresso Nacional de Doutrina Social da Igreja, promovido pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e o Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal). Com o tema “Os Direitos Humanos à luz da Doutrina Social da Igreja”, o congresso segue até sexta-feira, 21. Paralelamente ao evento, também estão sendo realizados o 4º Simpósio Internacional do Programa de Estudos Pós-Graduados em Teologia da PUC-SP e o 43º Congresso Brasileiro de Teologia Moral.

Na cerimônia de abertura participaram o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e Grão Chanceler da PUC-SP, o Padre Justo Ernesto Piccinini, chanceler do Unisal, Maria Amalia Pie Abib Andery, Reitora da PUC-SP, e do Padre Eduardo Augusto Capucho Gonçalves, Reitor do Unisal. Também participou o Cardeal Óscar Rodríguez Maradiaga, Arcebispo de Tegucigalpa, Honduras, que fez a conferência inaugural.

Globalização da indiferença

Depois de recordar a origem da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que em 2018 comemora 70 anos, o Dom Óscar partiu do tema do congresso para fazer a questão: “Os direitos humanos são realmente uma alternativa humana à globalização da indiferença?” O Cardeal recordou um discurso do Papa Francisco aos membros corpo diplomático da Santa Sé, que ele afirmou que “falar de direitos humanos significa, acima de tudo, propor a centralidade da dignidade humana enquanto pessoa querida e criada por Deus à sua imagem e semelhança”.

“Na perspectiva cristã há uma significativa relação entre a mensagem do Evangelho e o reconhecimento dos direitos humanos... Toda pessoa tem seu valor e a vida de cada pessoa, desse sua concepção até sua morte natural, tem um valor em si mesma que não foi outorgado por nenhuma instituição mas que toda instituição é chamada a conhecer, promover e defender”, enfatizou o Dom Óscar.

Tema oportuno

Dom Odilo elogiou a iniciativa do congresso e enfatizou que é missão das instituições católicas promover a reflexão sobre a Doutrina Social da Igreja. Ele também considerou muito oportuno o tema desta edição do evento. “É um tema sempre atual, que permite muitas abordagens. Nós estamos aqui querendo olhar a questão dos direitos humanos à luz da fé, daquilo que é a palavra de Deus, daquilo que é o ensinamento da Igreja”, disse.

O Arcebispo de São Paulo enfatizou que necessário haver uma boa antropologia na base dos direitos humanos. “Se os direitos do homem não encontram o seu fundamento naquilo que é a dignidade básica do ser humano, nós não poderíamos mais falar de direitos universais. Eles seriam simplesmente objetos de deliberações de assembleias, em que a maioria decide o que seriam direitos ou não”, acrescentou o Cardeal Scherer, recordando as palavras do Papa Emérito Bento XVI, na Encíclica Caritas in veritate.

A programação do congresso também conta com conferências e mesas redondas com a participação de especialistas brasileiros e latino-americanos, com destaque para Dom Bruno-Marie Duffé, Secretário do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, da Santa Sé.

Assista à cerimônia de abertura do 3º Congresso Nacional de Doutrina Social da Igreja

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Doutrina Social da Igreja e teoria econômica: já na Idade Média

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18 de abril de 2017

Os estudos sobre o período medieval avançaram bastante no século passado, e aos poucos emerge um cenário intelectual bem diferente daquele cantado em verso e prosa desde o Renascimento, de “Idade das Trevas” e de “obscurantismo”.  Esta visão equivocada, infelizmente ainda é forte no imaginário popular (até mesmo entre as chamadas pessoas informadas), e por isso sempre se causa surpresa quando se fala das contribuições, no século XIII, dos frades franciscanos aos rudimentos da teoria econômica.

O ponto de partida era a questão da usura, que ganhou grande importância com a retomada da atividade comercial e com o crescimento da vida urbana, principalmente na região da Toscana, na Itália.  Não se tratava de mera questão teórica, mas de demanda colocada pelo homem de negócios que procurava compatibilizar as suas atividades econômicas com a teologia moral católica: juros, câmbio, preço justo, crédito e lucro eram os tópicos mais importantes.

A grande figura do período foi o frade franciscano Pedro João Olivi (1248-1298), que respondeu às demandas dos homens de negócios da época a partir da centralidade do conceito de bem-comum, o bem que expressa as relações entre as pessoas; e da ênfase no objetivo do agir do agente econômico como critério a ser usado para avaliar a moralidade do ato por ele praticado.

Ancorado nesses conceitos, ele apresenta uma leitura genial do conceito de capital, separando o ente “dinheiro” (cuja função é simplesmente o seu acúmulo a partir da obtenção de renda e que, portanto, era capital usurário) do “capital-semente” (que tem em si a semente do lucro, e que seria o capital produtivo moderno). O capital-semente é moralmente justificado por propiciar uma oferta maior de bens à comunidade, o que aumenta o seu bem-estar. O elemento central é, como já mencionado, o objetivo do agir do agente: o lucro, assim como o crédito, não é um fim em si mesmo, mas um meio, para se alcançar o bem comum.

Outra contribuição importante de Olivi foi a sua explicação de como se determina valor de um bem: a complacitas, é o componente subjetivo, do lado da demanda, enquanto os componentes objetivos, lado da oferta, são a raritas, escassez, e a difficultas, o custo de produção. Em outras palavras, a velha e conhecida oferta e demanda que ganhará seu formato atual com a revolução marginalista/neoclássica de 1870.  Não deixa de ser irônico, já que esta linha de pensamento econômico é fortemente criticada por ser, segundo seus críticos, a chamada economia burguesa.

Esta linha de pensamento terá prosseguimento com os trabalhos do franciscano São Bernardino de Siena (1380-1444) e do dominicano Santo Antonino de Florença (1389-1459) e atingirá seu apogeu com a chamada Escola de Salamanca, que apresenta importantes contribuições no campo da teoria monetária e será objeto de um outro artigo.

Os trabalhos desses autores sugerem que a tese, de raiz weberiana, que o catolicismo seria inimigo da economia de mercado é exagerada, sendo mais adequado argumentar que a visão católica é mais rica e variada do que se imagina, e que comporta uma visão de mercado que se aproxima do modelo moderno de economia social de mercado com alguns elementos da social-democracia, como podemos inferir do pensamento do Papa Emérito Bento XVI e do Papa Francisco.

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