Por um caminho de conversão, comunhão e renovação missionária

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19 de março de 2019

Bispos auxiliares, cônegos, padres, administradores paroquiais, vigários e diáconos atuantes em todas as regiões episcopais reuniram-se com Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, no dia 7, no Colégio Agostiniano Mendel, no Tatuapé. Na ocasião, ocorreu a abertura do ano pastoral da Arquidiocese, com a divulgação das diretrizes eclesiais e principais atividades previstas para este ano.

Com a presença de cerca de 300 clérigos, o Cardeal frisou que o caminho litúrgico do ano é mistagógico e, portanto, um momento forte de evangelização. Entre os assuntos tratados no encontro, destaca-se a Carta Pastoral sobre o 1º sínodo arquidiocesano, escrita por Dom Odilo, com o objetivo de rever o caminho já realizado durante o sínodo e apontar os novos passos que devem ser dados em 2019, agora com enfoque nas regiões episcopais e vicariatos ambientais.

 

O SÍNODO NAS PARÓQUIAS, REGIÕES E VICARIATOS

O Cardeal explicou que cada paróquia deve promover uma assembleia paroquial ampliada ainda no primeiro semestre de 2019, para expor os resultados do levantamento paroquial feito em 2018 e da pesquisa de campo sobre a situação religiosa e pastoral da paróquia e de toda a Arquidiocese de São Paulo. Ao longo do ano, serão quatro as assembleias que devem ser realizadas.

Cada paróquia deve empenhar-se, também, em conhecer a própria história, incluindo o padroeiro ou o título que lhe foi atribuído, justamente para perceber melhor sua identidade, carisma e missão.

Por fim, a pedido do Papa Francisco, que estimula a vivência de uma “Igreja em saída”, deve ser preparado em cada paróquia o “mês missionário extraordinário”, que acontecerá em outubro e cuja proposta é ter, como fruto, um serviço de missão permanente em cada uma delas.

Os trabalhos das assembleias sinodais em cada uma das regiões episcopais serão abertos solenemente em 30 de março.

 

AMAZÔNIA

Outro assunto de destaque no encontro com o Cardeal foi o Sínodo dos Bispos para a Amazônia, a ser realizado em outubro, no Vaticano. Com enfoque em três pilares – o ambiente, o homem e a Igreja no contexto amazônico –, terá como objetivo encontrar novos caminhos para a evangelização do povo de Deus na região, dada sua pluralidade de culturas e etnias (390 no total), distribuídas pelo território dos nove países que a compõe.

 

PROTEÇÃO DE MENORES

Na esteira do encontro ocorrido em fevereiro, no Vaticano, que tratou da proteção de menores na Igreja, Dom Odilo assinalou que o Papa e a Igreja estão empenhados no combate aos abusos sexuais no âmbito eclesial, bem como a qualquer outro comportamento não condizente com a moral, com a vida religiosa e sacerdotal. Nesse sentido, o Cardeal explicou que o assunto será alvo de uma nova legislação, por meio de motu proprio, e que sua discussão e aplicabilidade não se limitarão às altas esferas, mas deverão atingir a base de toda a Igreja. Exortou a todos os clérigos que, a exemplo de Cristo, busquem levar uma vida íntegra e santa, de modo que a vida concreta não destrua o discurso homilético realizado todo domingo em cada comunidade.

Por fim, Dom Odilo pediu a todos o empenho necessário para que as ações propostas para este ano pastoral, sobretudo aquelas de cunho sinodal, possam se concretizar de maneira satisfatória, a fim de conduzir o povo de Deus a um caminho de conversão, comunhão e renovação missionária.

 

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São Paulo: de destruidor a edificador da Igreja

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28 de março de 2017

No dia 25 de janeiro, celebramos a Conversão de São Paulo, data em que a arquidiocese de São Paulo também comemora o Apóstolo como seu Patrono e intercessor junto de Deus. A ele nos voltamos para aprender sempre mais o seu amor e sua dedicação generosa à Igreja de Cristo.

A festa da Conversão de São Paulo se refere a um acontecimento extraordinário na vida do Apóstolo, que o fez mudar de atitude radicalmente: de perseguidor a edificador da Igreja. Como compreender tão profunda mudança?

Saulo assistiu o apedrejamento de Estêvão: talvez ainda fosse muito jovem para participar da execução, mas “as testemunhas deixaram seus mantos aos pés de um jovem chamado Saulo, enquanto apedrejavam Estêvão” (At 7, 58-59). Mas, o autor dos Atos dos Apóstolos faz notar a sua cumplicidade: “e Saulo estava lá, consentindo na execução de Estêvão” (At 8,1).

Após esse apedrejamento, começou uma grande perseguição aos cristãos, que se dispersaram pela Judeia e a Samaria. E então o papel ativo de Saulo aparece mais claramente: “Saulo, entretanto, devastava a Igreja: entrava nas casas e arrastava para fora homens e mulheres, para atirá-los na prisão” (At 8,3).

Em várias passagens dos seus escritos, ele próprio explica que sua primeira relação com a Igreja não foi exatamente amistosa; muito pelo contrário! Aos Gálatas, Paulo recorda sua formação na juventude e o seu apego às tradições paternas; em seu ardor juvenil, ele via na comunidade dos cristãos um desvio daquelas mesmas boas tradições; estas deviam ser defendidas com firmeza contra quaisquer desvirtuamento: “ouvistes falar como foi outrora a minha conduta no judaísmo: com que excessos eu perseguia e devastava a Igreja de Deus” (Gl 1,13). Paulo fala isso para justificar que o Evangelho pregado por ele não vem de conveniências humanas, mas está fundado num fato extraordinário em sua vida.

Na Carta aos Filipenses, ele volta ao tema: criticado de ser um traidor da religião dos pais e de não ser um pregador verdadeiro, Paulo afirma que teria todos os motivos para se gloriar de sua carreira religiosa no judaísmo: “fui circuncidado ao oitavo dia, sou da raça de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu, filho de hebreus; fariseu, quanto à observância da lei; no tocante ao zelo, perseguidor da Igreja; quanto à justiça que vem da Lei, irrepreensível” (Fp 3,5-6). Ser perseguidor da Igreja contava entre as suas glórias, antes da conversão.

Num belo trecho da Primeira Carta aos Coríntios, ele faz um belo resumo do querigma que anuncia, falando da morte de Jesus na cruz por nossos pecados, da sua ressurreição, das aparições aos apóstolos e outras testemunhas e, finalmente, da aparição a ele próprio: “por último, apareceu também a mim, que sou como um aborto. Pois eu sou o menor dos apóstolos e nem mereço o nome de apóstolo, pois eu persegui a Igreja de Deus” (1Cor 15, 8-9). Ele recorda com dor o fato de ter perseguido a Igreja.

Mas, o que foi que aconteceu para que sua vida mudasse tão radicalmente? Deve ter sido algo muito forte e convincente, a ponto de abandonar as convicções e o entusiasmo cego de outrora; em vez de perseguir, passou a ser um dos perseguidos! Ele próprio refere ao espanto que sua conversão causava nos cristãos, que diziam: “aquele que antes nos perseguia, agora está pregando a fé que procurava destruir!” (Gl 1,23).

Toda a explicação está nas palavras que ele ouviu no caminho de Damasco: “Por que me persegues?” Essa voz mexeu na sua consciência e ele quis saber de quem era: “Quem és tu?”, pergunta. E ouve aquilo que mudou a sua vida: “Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo” (At 9, 4-5). Uma luz fortíssima o iluminou e lhe fez ver claro o novo caminho a seguir. Naquele momento, Paulo compreendeu o que é a Igreja: é o próprio Jesus, que continua vivo e presente na pessoa dos cristãos. Por isso, perseguir a Igreja é perseguir a Cristo; servir a Igreja é servir a Cristo; dedicar-se à missão da Igreja é dedicar-se à missão de Cristo. A Igreja é o próprio “corpo de Cristo” no mundo.

Não é diferente da experiência dos demais apóstolos, que ouviram do próprio Jesus: “quem vos ouve, a mim ouve; quem vos despreza, a mim despreza” (Lc 10,16). Ou ainda: “eu estarei sempre convosco, até o fim dos tempos” (Mt 28,20).

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