Sobrevivendo ao terrorismo do Boko Haram na Nigéria
Entrevista com Dom Oliver Dashe Doeme, Bispo da Diocese de Maiduguri
Em 2019, completaram dez anos desde o início das atividades terroristas do grupo Boko Haram, na Nigéria. Este grupo de radicais islâmicos, cujo principal objetivo é criar um estado islâmico no norte da Nigéria, começou em 2009 e continuou realizando ataques mortais, devastando aldeias inteiras, matando e mutilando pessoas indiscriminadamente, bombardeando e incendiando igrejas e lugares públicos. Também sequestraram mulheres e meninas que foram forçadas a se converter ao Islã.
O nordeste da Nigéria tem sido o foco deste grupo terrorista que afeta as dioceses católicas de Maiduguri, Yola e Taraba. Dentre essas dioceses, a mais atingida foi a de Maiduguri, pois os terroristas têm sua base principal no estado de Borno (Maiduguri é a capital desse estado). Em entrevista à ACN, o Bispo da Diocese de Maiduguri, Dom Oliver Dashe Doeme, fala sobre a situação atual e o progresso feito pela Igreja ao longo dos anos.
Como está a Igreja na Diocese de Maiduguri após dez anos de terrorismo do Boko Haram?
Nos últimos dez anos, a Igreja sofreu severas perseguições nas mãos da temida seita islâmica conhecida como Boko Haram. Destruições colossais foram causadas a vidas e propriedades pelos membros da seita. O termo Boko Haram significa que “a educação ocidental é má”. Como o Cristianismo tem um vínculo com a educação ocidental, os membros dessa seita acreditam que ele deve ser eliminado.
No momento, porém, muitas de nossas pessoas que foram deslocadas voltaram para seus lares. A fé dos fiéis está se fortalecendo. Algumas das estruturas destruídas foram reconstruídas. Apesar de tudo, agradecemos e louvamos a Deus por sua misericórdia e bondade para com Seus filhos na Diocese de Maiduguri. A Deus seja a glória.
Poderia nos falar das estruturas diocesanas afetadas pelo Boko Haram?
A lista é muito longa, mas vou tentar resumir. Nosso Seminário Menor em Shuwa foi transformado em acampamento pelos terroristas, onde reuniram pessoas recrutadas e mantiveram seus saques. Ao partirem do seminário, incendiaram a maioria das estruturas. Graças a Deus, ele passou por estágios de reconstrução, graças ao apoio da ACN. Também nosso Centro de Treinamento Catequético, localizado em Kaya, foi destruído em 2014 e fortemente saqueado pelos terroristas. Além disso, dois conventos, dois hospitais missionários, mais de 15 escolas missionárias, mais de dez residências de sacerdotes e mais de 250 paróquias e igrejas foram destruídas ou danificadas.
Qual é a sua mensagem para a ACN e seus benfeitores?
A ACN tem sido a espinha dorsal da Igreja em nossa Diocese. Sem o apoio que recebemos da ACN, a Igreja em nossa Diocese teria entrado em colapso por muito tempo. A ACN ajudou e ainda está ajudando a Diocese com o suporte para os retiros anuais dos padres, a formação de sacerdotes e seminaristas, a reconstrução de nosso seminário menor e a reconstrução de casas paroquiais, entre outros. De fato, somos gratos à ACN e aos seus numerosos benfeitores, pelo tremendo apoio que têm prestado à Igreja sofredora na Diocese de Maiduguri. A Igreja sofredora está rezando por todos vocês. Que o bom Senhor, que nunca pode ser superado em generosidade, recompense todos vocês com a sua paz neste mundo e a vida eterna em seu Reino.