Igreja atua na proteção da vida da mulher e do nascituro

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06 de março de 2020

Um dos assuntos da Campanha da Fraternidade (CF) 2020, cujo tema é “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”, diz respeito à defesa da vida humana desde a sua concepção. 
O texto-base da CF aborda o assunto no ponto 33, quando ressalta o aborto como um risco à vida das crianças desde o ventre materno. “Vemos claramente o desprezo pelo nascituro e pela sua dignidade em tantas tentativas de legislar a favor do aborto... Da mesma forma, o desprezo pela vida se manifesta, também, por meio de projetos que querem regularizar a eutanásia e o suicídio assistido, garantindo o que chamam direito de antecipação da morte”, diz o texto. No ponto 34, cita o Papa Francisco, na Exortação Apostólica Gaudete et exsultate, quando ressalta que a defesa do nascituro deve ser “clara, firme e apaixonada”.
São muitas as iniciativas católicas de promoção e defesa da vida, posicionando-se no debate público sobre o tema do aborto e na luta contra os projetos de lei que visam a legalizar a prática no País. Também são muitos os grupos ligados à Igreja que atuam na conscientização e acolhida de mulheres que passam por uma gestação em crise e pensam em realizar um aborto. 

AUXÍLIO
Essas entidades oferecem atendimento, ajuda psicológica, material e espiritual a gestantes e seus familiares. Uma dessas organizações é a Associação Filhos da Luz, entidade sem fins lucrativos, ligada à Diocese de Santo Amaro, que atua desde 2014 na acolhida, escuta e apoio a mulheres que passam por crises gestacionais. “Para nós, as duas vidas interessam: a da mamãe e a da criança, dentro e fora de seus ventres”, explicou ao O SÃO PAULO Ana Paula Zanini, 33, voluntária da associação.  
O primeiro contato com as mulheres é feito geralmente pela internet ou por telefone. Em seguida, é agendado um atendimento presencial. Também voluntário da entidade, Wanderley Klinger destacou que a maioria das mulheres que procura a associação chega tomada de muito desespero. “Isso é causado por várias razões: porque elas acham que a família não vai aceitar a gestação, porque serão expulsas de casa, porque não têm dinheiro para sustentar a gravidez e, posteriormente, a criança, ou por medo de serem demitidas, além de muitas outras causas”, explicou. 

ATENDIMENTOS
No atendimento, sempre sigiloso, as gestantes têm a oportunidade de tomar consciência dos muitos caminhos que existem para superar a crise. “Nós também esclarecemos sobre todos os riscos que um aborto pode trazer para a saúde física e psicológica. Muitas delas desconhecem tais informações”, disse Ana Paula. 
Desde 2014, a Associação Filhos da Luz já realizou mais de 200 atendimentos de mulheres entre 14 e 44 anos, casadas e solteiras; 95% dessas atendidas estavam em situação gestacional em crise ou vulnerável; 82% dos filhos nasceram; 91% das que pensaram em abortar se sentiram pressionadas a abortar por parceiros, pais ou circunstâncias muito difíceis; 80% por motivos econômicos. 
A abordagem leva em conta cada situação. “Em alguns casos, basta mostrarmos as estatísticas médicas e de estudos psiquiátricos que a ajudem a ter uma consciência ampla sobre a complexidade de sua decisão”, exemplificou Ana Paula. “Em outros casos, trata-se da falta de um apoio material e financeiro. Em outras situações, ajudamos a tomar consciência de que ela carrega outra vida dentro de si”, completou, acrescentando que o simples fato de a mulher ver o próprio bebê por meio de uma ultrassonografia já é suficiente para despertar nela a consciência da vida que carrega em seu ventre. 

ACOLHIDA
A voluntária destacou, ainda, que, nestes anos de atendimento na entidade, houve um único caso de uma mulher que manifestou o desejo de dar à luz o bebê e entregá-lo para adoção. “No entanto, ela mudou de ideia durante a gestação”, ressalvou. 
Existem entidades, contudo, que auxiliam no procedimento legal para a adoção, caso a gestante tome essa decisão. 
Outras entidades possuem casas de acolhida para as mulheres permanecerem durante a gestação e por um 
período após o parto, sobretudo quando há algum tipo de ameaça a elas. Nesses casos, não é revelada a localização dessas instituições. 

DISCRIÇÃO
Outro serviço eclesial que desenvolve um trabalho semelhante é o Centro de Ajuda à Mulher (CAM) com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Criado no México em 1989, o CAM atua em várias dioceses brasileiras, inclusive na Arquidiocese de São Paulo. Seu trabalho acontece de forma discreta, sem a divulgação de canais abertos de contato, mas por meio do encaminhamento de agentes da pastoral e sacerdotes que são procurados por gestantes em crise. 
Ana Paula afirmou que, muitas vezes, os grupos católicos que atuam nessa frente de atendimento a mulheres com gestação em crise são acusados de fazer uma espécie de “lavagem cerebral” ou de “coação” nas mulheres para não abortarem. Por isso, sofrem perseguição e até ataques caluniosos de grupos pró-aborto. “Nossa abordagem prioriza a superação da crise que a faz desejar o aborto”, afirmou, reforçando que toda gestante tem o direito de ter consciência da vida que está gerando, dos riscos causados pelo aborto e das muitas outras possibilidades que existem além da interrupção da gravidez. 

TESTEMUNHO 
Elaine tinha 30 anos quando procurou a Associação Filhos da Luz, em 2018. Mãe de três filhos, ela se viu desesperada diante de uma gestação inesperada. “Essa gravidez me trouxe noites sem dormir e muito desespero. Eu achava que abortar seria a melhor coisa a fazer”, relatou. Ela escondeu a gravidez, pois temia a reação do esposo, que era violento. 
No quarto mês de gravidez, Elaine procurou ajuda e chegou ao atendimento da associação. “Pude desabafar o que sentia. Fui muito bem recebida. Ajudaram-me a perceber que não estava sozinha. Ainda no caminho para casa, eu telefonei ao meu esposo e assumi a gravidez. Tudo tinha um novo sentido”, relatou a mulher, que teve seu filho em junho de 2019. 
 

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‘Eu existo para as pessoas’

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18 de dezembro de 2019

Ela chegou no dia e horário marcados, mais precisamente, 11 de dezembro, às 9h. Sentada no primeiro banco, em profundo silêncio e olhando para o altar, fez sua oração pessoal, acompanhada apenas da cruz que ficava à sua frente e da imagem de Nossa Senhora Aparecida à sua direita. Quando percebeu que a equipe de reportagem entrava na igreja matriz da Paróquia Santa Cruz de Itaberaba, no bairro da Freguesia do Ó, concluiu sua prece com o sinal da cruz. Levantou-se, sorriu, e, com um abraço, cumprimentou-nos. 
Ela cresceu nessa comunidade paroquial e, por isso, iniciou a conversa sobre sua história na Paróquia. Filha mais nova de Julia Oltman da Silva, ou, simplesmente, Dona Ju, e de Paulo Maciel, Marisa Maciel Gonçalves, 56, é casada há mais de três décadas com Odilon Oliveira Gonçalves, com quem teve dois filhos: Odilon Paulo e André Estevan.
Ela tem câncer, porém salienta que sua vida não pode ser resumida à doença, pois tem muitas boas histórias para contar.

O DIAGNÓSTICO
No fim dos anos 1980, Marisa foi diagnosticada com um tumor em um dos ovários. Ela precisou retirar essa glândula e também uma pequena parte do fígado. O tratamento foi feito com sessões de radioterapia e o uso de medicações. “Eu fiquei bem. As coisas seguiram, e eu fazia sempre os acompanhamentos devidos”, recordou.
Em 2008, porém, o câncer voltou, alastrou-se e resultou na retirada do útero, do ovário que restara e das trompas, em uma cirurgia feita no começo de 2009. 

‘NÃO SABIA SE IRIA RESISTIR’
Marisa conta que este foi o pior período de sua vida. “Eu realmente confesso que não sabia se iria resistir. Tive depressão seriíssima. Foi o período mais agressivo”, recordou. “Você entra numa introspecção, numa avaliação de vida, com aqueles questionamentos: O que eu fiz? Por que eu? Por que assim?”, afirmou. 
Após a cirurgia, ela começou a ir a sessões de quimioterapia e teve que conviver com as reações do tratamento e as incertezas. “Você perde o cabelo, emagrece, não tem vontade de comer, passa mal o tempo todo. A reação é muito grande. Existe a dor, o mal-estar, todas as reações que a quimioterapia causa”, explica, enquanto mostra algumas fotos dessa época. 

NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS
Desde então, Marisa convive com as idas e vindas da doença, e a sua corrida rotina de vida ganhou mais um compromisso: a ida ao Hospital das Clínicas (HC), ao menos a cada 15 dias, para fazer tratamentos, receber medicações ou conversar com os médicos, já que seu câncer, sem motivações hereditárias, e sua resistência à doença têm sido objetos de estudo.
“Às vezes, passo por algum procedimento de análise por um grupo de médicos. Nessas ocasiões, vou para responder questionários e conversar com eles. Em outros momentos, para uma avaliação dos exames. Há monitoramento para ver de ponta a ponta como eu estou reagindo”, detalhou.

RESPEITO AOS LIMITES DO OUTRO
Entre uma atividade e outra no HC, Marisa conhece muitas histórias, faz amigos e descobre que cada pessoa tem um jeito e tempo próprios para lidar com o câncer. Por isso, ela assegura que toda a ajuda que se queira oferecer a alguém deve ser feita sem violar sua privacidade.
“Você precisa respeitar o ambiente do outro. Às vezes, a pessoa somente quer uma conversa para desviar o pensamento do problema. Outras, precisam mais de colo. Cada um tem sua história, a sua realidade de vida. É preciso ter um olhar, um cuidado. Dependendo do estado em que a pessoa está ou do momento de enfrentamento da doença, ela precisa ficar mais introspectiva para se encontrar”, recomendou.
Em uma das sessões de quimioterapia, Marisa conheceu uma jovem judia. “Ela chorava copiosamente quando chegou pela primeira vez, era de doer o coração.” Após algumas sessões, Marisa e Judite trocaram telefones. Um dia, Marisa descobriu que Judite não resistira à doença. Decidiu, então, ligar para o número que tinha. “O marido dela atendeu e disse: ‘Olha, senhora, ela falava muito de você no final. Foi uma pena eu não ter conseguido achá-la’. Eu penso que fui um instrumento para ela, mas sem invadir a sua privacidade. Essa história me marcou muito”, recordou, emocionada. 

VERDADEIRA ESSÊNCIA
Sentada confortavelmente, como quem está na sala de casa, ela conta que foi batizada e recebeu a primeira Eucaristia na Paróquia Santa Cruz de Itaberaba. Mesmo após a descoberta do câncer, não se afastou das atividades paroquiais e atuou por muitos anos no Encontro de Casais com Cristo (ECC) e ainda hoje oferece aos jovens formação e ajuda para o discernimento vocacional. 
 “A fé é o que me sustenta, o que me faz estar aqui hoje. Não me considero uma pessoa especial. Acredito no plano de Deus. Não existe nada que não seja espontâneo para mim. Eu converso muito com Ele para pedir iluminação, discernimento e perdão, pois nós somos falíveis e, muitas vezes, enfraquecemos diante dos desafios”, comentou. 
Foi a aproximação com Deus que lhe permitiu compreender os inúmeros questionamentos durante o processo e as complicações em seu tratamento: “A minha oração é uma conversa muito profunda com Deus. A minha verdadeira essência, só Ele conhece”.

BEM IMATERIAL 
“Quero deixar um legado para as pessoas que me cercam e para os meus filhos, que não serão bens materiais, mas a minha história de vida, as minhas reflexões, as minhas superações e o meu aprendizado. Este é o objetivo maior. E só foi possível com o amparo de Deus”, afirmou.
Há quatro anos, Marisa escreveu o livro “Conversa com o Tempo”, em que, com pequenas crônicas, conta a respeito de sua história desde antes do câncer.
A obra, totalmente independente, será lançada em 12 de janeiro de 2020, na Casa de Cultura da Freguesia do Ó (Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó, 215 ). Toda a renda angariada no primeiro lote será destinada à Associação dos Voluntários do Hospital das Clínicas, pois lá, em tantos anos de tratamento, Marisa testemunhou situações de vulnerabilidade extrema: “A venda vai ajudar pessoas como aquelas que eu vi chegando sem condições para fazer uma quimioterapia, sozinhas, sem preparo estrutural, higienização ou calçado, gente que depois precisa ir embora e não tem recursos financeiros para isso”. 

‘TENHO MISSÕES’
A mulher de 1,79m de altura (descalça – como ela mesma enfatizou aos risos) escolheu como profissão a Pedagogia e especializou-se em Psicopedagogia. 
A comunicação, que é outra grande marca de Marisa, a ajuda desde quando lecionava para adolescentes e lhe é útil ainda hoje com inúmeros projetos e atividades que realiza desde que se aposentou em 2008, como as palestras de orientação familiar na Paróquia.
“Tenho missões, uma delas é cuidar da minha mãe.” Foi neste ponto da entrevista que ela convidou a equipe de reportagem para um passeio. Sua amiga, Cida Santana, que é taxista, conduziu-nos em uma viagem de aproximadamente três minutos até a casa de Dona Ju. 
“Mãe, tudo bem?”, pergunta Marisa, enquanto pede que a equipe espere um pouco antes de entrar no quarto de Dona Ju. 
Somente com a confirmação de que está tudo bem, todos entram, mas Marisa solicita que não sejam feitas perguntas nem fotos. Nos olhos de Dona Ju, é nítida a gratidão por tanto amor que recebe da filha caçula. 
Todos voltam para sala. Marisa mostra um porta-retrato que confeccionou para Dona Ju em 2012, com imagens de quando André, seu segundo filho, nasceu, de sua própria infância e de quando se casou com Odilon.
É servido um café enquanto ela conta que nasceu nesse endereço e guarda inúmeras recordações da infância. Em especial, uma parreira plantada por seu pai, Paulo Maciel, já falecido, no quintal dos fundos da casa: “Eu falo que é um pedaço dele que está aqui”.
Chega a hora de se despedir de Dona Ju, que antes mostra a fotografia do filho mais velho, falecido há oito anos. Ao sair, Marisa pergunta mais uma vez se a mãe está bem e avisa que em breve retornará para vê-la novamente. 

AMIGOS PELO CAMINHO
O próximo destino é a Beg – escola de músicas e artes, também na Freguesia do Ó, onde Marisa assessora uma oficina de escrita criativa à s sextas-feiras. Já na recepção, ela brinca com as crianças. Em uma sala está Eunice Pedrosa, idealizadora do espaço e uma grande amiga. 
Marisa desce um lance de escada que leva até o local que, carinhosamente, chama de “Espaço Zen”, uma parte de reserva ecológica do bairro da Freguesia do Ó, preservado no quintal da Escola Beg. Ao mesmo tempo, recorda fatos da amizade com Nice, como chama a amiga, e dos projetos sociais pautados na área da Psicologia, promovidos por ambas. 
Nice é enfática ao definir Marisa: “Uma empreendedora incansável. Superou vários momentos difíceis em sua vida, não se deixou abalar em nenhum momento. É surpreendente!”.
A pedagoga cresceu na Freguesia do Ó. Entre as muitas pessoas que ela conhece, faz questão de nos apresentar um casal de amigos, Heleno Macedo e Ester Gomes, que ao vê-la chegar, logo a abraça com um sorriso no rosto.
O casal frisou a força pessoal de Marisa que, mesmo diante das dificuldades, emprega o seu melhor em tudo o que faz. Disse, também, que a tem como um exemplo a ser seguido. 

SENTIDO DA VIDA 
A última parada é no número 185 da Rua Hugo Van Der Goes, na Vila Penteado, a casa de Marisa. Ao abrir a porta, ela conta que qualquer bagunça que pudesse ter em sua sala seria resultado de três homens sozinhos na noite anterior, já que ela precisou dormir com sua mãe. 
Na parede em frente à porta, há um altar com todos os presentes que ela recebeu ao longo dos anos de tratamento. Objetos que foram dados para que ela se fortalecesse. 
Marisa entra em um dos quartos, usado como escritório. Os livros nos armários denunciam uma paixão comum entre professores. Ao lado do computador, que hoje guarda todas as páginas do livro “Conversa com o Tempo”, estão muitas folhas com parte de sua história e dos trabalhos que já realizou.
Com a voz embargada, ela quase não consegue concluir a resposta para a pergunta de como define sua vida: “É o próximo! Eu não existo para mim, eu existo para as pessoas. Deus me colocou no mundo com uma missão, com um talento que é a comunicação, a empatia de abraçar causas e batalhar por ações sociais. Assim, fica mais fácil o enfrentamento e entender o que é viver. Viver é o próximo, isso é o sentido maior da minha vida”. 

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Todos são chamados a participar do ‘Mês Missionário Extraordinário’

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27 de setembro de 2019

Para reforçar a missão da Igreja de ir a todos os povos e retomar, com novo impulso, a transformação missionária da vida e da pastoral, o Papa Francisco proclamou o “Mês Missionário Extraordinário”, a ser vivenciado em outubro. 


“Que o ‘Mês Missionário Extraordinário’ se torne uma ocasião de graça intensa e fecunda para promover iniciativas e intensificar, de modo particular, a oração – alma de toda a missão –, o anúncio do Evangelho, a reflexão bíblica e teológica sobre a missão, as obras de caridade cristã e as ações concretas de colaboração e solidariedade entre as Igrejas, de modo que se desperte e jamais nos seja roubado o entusiasmo missionário”, escreveu o Pontífice ao Cardeal Fernando Filoni, Prefeito da Congregação para Evangelização dos Povos e Presidente do Comitê Supremo das Pontifícias Obras Missionárias (POM), em 22 de outubro de 2017, quando fez o anúncio desse período especial para a Igreja. 


Na ocasião, Francisco afirmou que a celebração do “Mês Missionário Extraordinário” acontece em comemoração ao centenário da Carta Apostólica Maximum Illud (1919), escrita pelo Papa Bento XV, que deu novo impulso à responsabilidade missionária da Igreja de anunciar o Evangelho a todos os povos e nações, num contexto em que o planeta ainda se recuperava dos impactos da 1ª Guerra Mundial (1914 – 1918).

EM SINTONIA COM O SÍNODO ARQUIDIOCESANO
A Arquidiocese de São Paulo já se organiza para o “Mês Missionário Extraordinário”, tendo como referência os indicativos expressos pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, na Carta Pastoral “Sínodo arquidiocesano de São Paulo, 2018 – 2020”. 


“A promoção do ‘Mês Missionário Extraordinário’, em outubro de 2019, combina bem com o caminhar do nosso sínodo e vai contribuir, certamente, para alcançarmos de maneira mais eficaz o objetivo do sínodo”, afirma Dom Odilo na Carta Pastoral, ao convocar todas as paróquias, com suas comunidades, organizações eclesiais e pastorais, a vivenciar este período como parte das atividades do sínodo arquidiocesano em 2019. 


“Muitas ações podem ser promovidas, como resposta aos desafios, lacunas e urgências na evangelização, já constatadas pela pesquisa de campo, de 2018, sobre a situação religiosa e pastoral. Há muito desejo de receber visitas missionárias; há carência de verdadeira acolhida e escuta das pessoas, de oração com elas e de lhes falar de Deus, da Igreja e de suas ações. Há carência de maior atenção aos doentes nos hospitais e nas casas, aos idosos que vivem sós, às pessoas angustiadas e necessitadas de uma palavra boa nas situações de dor, luto e aflição. São urgentes os gestos concretos de humanidade e de misericórdia em relação às pessoas ‘descartadas’ da sociedade e do sistema econômico. É preciso ir ao encontro dos pobres em todas as suas necessidades, tomando iniciativas concretas para socorrê-los”, escreve o Arcebispo de São Paulo em outro trecho da Carta Pastoral. 

O QUE FAZER? 
Durante o ‘Mês Missionário Extraordinário’, Dom Odilo exorta os grupos paroquiais a algumas iniciativas concretas, como ir ao encontro dos que vivem distantes da prática da fé; falar sobre o Batismo dos filhos e da Catequese em todas as fases da vida, sobretudo das crianças e dos adolescentes; destacar a importância do casamento cristão, revalorizando o sacramento do Matrimônio; bem como da assistência religiosa aos doentes e moribundos, do funeral cristão, da esperança cristã.


“Durante o ‘Mês Missionário Extraordinário’, vamos promover intensa oração pelas missões e pelos missionários, preparar bem o Dia Mundial das Missões (20 de outubro) e incentivar a Coleta para as Missões, a ser feita no mesmo dia; pode-se fazer uma vigília missionária, com adoração ao Santíssimo Sacramento; convidar algum missionário, pertencente a um instituto ou congregação missionária, para que fale ao povo sobre a urgência missionária da Igreja; nas paróquias, podem ser promovidas exposições missionárias com imagens, fotos e dados numéricos sobre a ‘Igreja missionária’; e também pode ser feito um festival missionário com cantos, poesias, testemunhos missionários, envolvendo crianças, adolescentes e jovens”, orienta Dom Odilo na Carta Pastoral. 

PREPARATIVOS

A maioria das paróquias da Arquidiocese de São Paulo já iniciou o processo de formação dos agentes missionários e o planejamento das iniciativas de missão nas diferentes realidades da metrópole. 


No Setor Pastoral Tatuapé da Região Belém, por exemplo, leigos das seis paróquias já passaram por um processo formativo para atuar no “Mês Missionário Extraordinário”, a partir de 5 de outubro, quando serão enviados em missão.  


“Estão sendo planejadas visitas nas casas, comércios, casas de repouso e escolas. Têm crescido a empolgação e o entusiasmo dos missionários, bem como a conscientização da necessidade de fazer as visitas missionárias. Cada paróquia está produzindo um material de divulgação para a missão a respeito daquilo que oferece”, detalhou ao O SÃO PAULO, o Cônego Marcelo Monge, Pároco da Paróquia Santo Antônio de Lisboa e Coordenador do Setor Tatuapé.


Na Paróquia São Francisco, no Setor Pastoral Vila Mariana, da Região Ipiranga, a missa de envio dos missionários acontecerá no domingo, 29, e o “campo de missão” se dará especialmente nos condomínios da área de abrangência da Paróquia. No ‘Mês Missionário Extraordinário’, católicos na Arquidiocese de São Paulo são chamados à missão em diferentes realidades da metrópole, e a rezar pelos missionários em todo o mundo;  nos meses de julho e agosto, diáconos- -seminaristas da Arquidiocese realizaram missão em dioceses no Piauí e no Pará (foto ao lado)


“Na medida em que formos visitando os apartamentos, nós vamos convidar essas pessoas a participar da Paróquia, com o intuito de trazê-las próximas à Igreja. Não será uma missão para uma espécie de ‘entrega de bênção’, mas uma visita às pessoas, para que elas sintam que não estão sozinhas, e para convidá-las para participar da Igreja”, detalhou à reportagem o Frei Valdeci Schwambach, Pároco. 

FRUTOS DO ‘OUTUBRO MISSIONÁRIO’
Ainda na Carta Pastoral, o Arcebispo de São Paulo diz que, “como fruto do ‘Mês Missionário Extraordinário’, deveria ficar organizado um serviço de ‘missão permanente’ em cada paróquia. A missão, de fato, não se encerra com uma campanha, feita de vez em quando. A Igreja é missionária de maneira permanente e em tudo o que ela faz; ela existe para a missão e essa Igreja somos nós! Por isso, precisamos desenvolver uma nova cultura missionária em cada comunidade, em cada organização eclesial. Não devemos contentar-nos em ser bons cristãos, apenas de maneira privada e individual”. 


Ainda de acordo com o Cardeal Scherer, o ‘Mês Missionário Extraordinário’ pode ajudar os pais a recuperar a dimensão de que a família e o círculo familiar ampliado também são campo de missão, o que envolve a transmissão da fé católica às novas gerações e o estímulo para que os filhos recebam os sacramentos. 

ATENÇÃO À AMAZÔNIA

Na mensagem para o Dia Mundial das Missões de 2019, o Papa Francisco afirma que a finalidade primeira do “Mês Missionário Extraordinário” é ajudar “a reencontrar o sentido missionário e a nossa adesão”, e destaca ser uma “coincidência providencial” que ele aconteça em meio ao Sínodo dos Bispos para a Amazônia, que se realizará no Vaticano no próximo mês. 


Também o Cardeal Scherer, na Carta Pastoral, aponta que “a evangelização da Amazônia, nossa união espiritual e a solidariedade efetiva com a Igreja que está naquela região são desafios que nos envolvem também e não nos devem desinteressar. Portanto, o acompanhamento do ‘Sínodo da Amazônia’ também será parte das ações do ‘Mês Missionário Extraordinário’”.

EM MISSÃO NO NORTE E NORDESTE
Nos meses de julho e agosto, os diáconos-seminaristas Carlos André Romualdo, Francisco Ferreira da Silva, Hernane Santos Módena e Luiz Carlos Ferreira Tose Filho, que devem ser ordenados padres no fim deste ano, foram enviados em missão pela Arquidiocese de São Paulo a dioceses nos estados do Pará e do Piauí. 


À reportagem, eles relataram o que vivenciaram: territórios paroquiais muitos extensos, localizados em zonas rurais, com dezenas de comunidades, distantes umas das outras e, muitas vezes, contando apenas com um padre que se dedica ao serviço pastoral.


“O que mais me marcou foi exatamente o evangelizar da base, fazer um trabalho de evangelização com aquele povo. Tocou-me muito a devoção popular, o jeito do povo rezar diariamente, mesmo na falta de um sacerdote, tendo uma missa a cada mês, permanecendo juntos em capelinhas simples, algumas feitas de madeira, de forma improvisada, sem teto”, recordou o diácono-seminarista Francisco Ferreira. 


A Arquidiocese de São Paulo também participa do projeto missionário entre os regionais Sul 1 (São Paulo) e Norte 1 (Amazonas e Roraima) da CNBB, pelo qual, há 25 anos, leigos, religiosos e padres são enviados em missão para as dioceses brasileiras localizadas na Amazônia. 
 

(Colaboraram: Jenniffer Silva, Flavio Rogério Lopes e José Ferreira Filho)

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Aos 25 anos, Comunidade Sagrada Família tem estatuto aprovado

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05 de julho de 2019

A Comunidade Católica Sagrada Família participou de missa em ação de graças pelos seus 25 anos de fundação, no sábado, 29 de junho. A celebração eucarística foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, na Capela Sagrada Família e Santa Paulina, no Ipiranga, zona Sul da Capital. 
Na ocasião, os membros da Comunidade foram surpreendidos com a notícia dada por Dom Odilo a respeito da aprovação do estatuto da associação de fiéis ad experimentum por um período de cinco anos. 

EVANGELIZAR E RESGATAR
Fundada em 24 de junho de 1994, na Arquidiocese de São Paulo, a Comunidade Sagrada Família tem como carisma evangelizar e resgatar as famílias, inspirada no versículo bíblico “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua família” (At 16,31). Ela é formada por adultos e jovens, casados, solteiros, celibatários e vocacionados ao sacerdócio. 
“Nossa comunidade nasceu no Ipiranga, no âmbito da espiritualidade da Renovação Carismática Católica. Começamos a nos reunir com alguns casais para rezar, partilhar, fazer uma escuta. Com o tempo, percebemos que Deus queria algo mais de nós. Dessa pequena célula de casais, nasceu uma nova comunidade”, explicou ao O SÃO PAULO o fundador da Comunidade, Italo Juliani Passanezi Fasanella. 
Casado há 35 anos com Rosana Millan Fasanella e pai de seis filhos, Italo destacou que a Sagrada Família é uma “comunidade de famílias para famílias”.

MISSÃO
Para realizar essa missão, a Sagrada Família promove grupos de oração para jovens, adultos e crianças, retiros, seminários de vida no Espírito, encontros querigmáticos, ministério de aconselhamento e orientação familiar, além de uma editora que publica livros voltados ao carisma da Comunidade.
 “Também temos um projeto chamado Igreja Doméstica, por meio do qual vamos até as casas das famílias para rezar o Terço, meditar o Evangelho e fazer uma consagração da família à Sagrada Família, com a intercessão dos Santos Luís e Zélia Martin, pais de Santa Teresinha do Menino Jesus”, acrescentou o Fundador. 
Além de São Paulo, a Comunidade Sagrada Família tem missões constituídas nas cidades paulistas de Campinas, Santos, Assis e São José do Rio Preto. Há, ainda, membros da comunidade que vivem em Vitória (ES) e Paudalho (PE). 

DESAFIOS
Ao falar dos desafios enfrentados pelas famílias na atualidade, Italo ressaltou o isolamento, sobretudo nas grandes cidades. “Hoje, as famílias estão muito isoladas e, sozinhas, não conseguem caminhar e viver fielmente o projeto de Deus para elas. Portanto, é fundamental compreender essa dimensão da Igreja como família de famílias”, disse. 
O Fundador também lembrou a definição dada por São João Paulo II: “A família é uma íntima comunidade de vida e de amor. É uma comunidade de pessoas que se amam”. 
Italo também mencionou, entre os desafios enfrentados pelas famílias hoje, a falta de consciência do significado da vocação matrimonial. “Certa vez, o Cardeal José Freire Falcão [Arcebispo Emérito de Brasília] nos disse que a maioria dos que se casam não sabem o que estão fazendo, não têm consciência do sacramento do Matrimônio, da responsabilidade, do sagrado que eles mesmos ministraram. Então, ele nos pediu: ‘Ajudem as famílias a compreender a grandeza, a santidade e a beleza do Matrimônio’”, relatou. 

TESTEMUNHO
Victor Foganholi Ribeiro, 25, e Maria Carolina Santana Ribeiro, 24, casados há dois anos, têm um filho de 7 meses chamado Davi e são membros da Comunidade. Victor não era católico e se aproximou da Igreja quando começou a namorar com Maria, que já participava da Comunidade havia dez anos. 
Para o casal, a Sagrada Família os ajuda a viver em profundidade a vocação matrimonial. “A Comunidade é uma via de santificação, ajuda-nos na vida espiritual, conjugal, na educação dos filhos”, enfatizou Maria. “É um sustento para a nossa vida”, acrescentou Victor. 
Os jovens também ressaltaram que o fato de terem outras famílias por perto, que vivem a mesma busca de santidade, os encoraja e motiva a enfrentar os desafios. “São muitos os obstáculos em uma sociedade que prega o oposto do projeto de Deus para a família”, disse Maria. “Uma família não pode viver para si, deve testemunhar a alegria do amor de Deus para outras famílias que necessitam tanto dessa experiência”, completou Victor.

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