XV Curso de Férias estuda os 40 anos da Conferência de Puebla

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19 de julho de 2019

Em 10 e 11 de julho, o Curso de Teologia para Agentes de Pastoral da Região Episcopal Lapa (CTAP) promoveu, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa, Setor Pastoral Lapa, o XV Curso de Férias, cujo tema foram os 40 anos da Conferência de Puebla. Os professores Elaine de Oliveira e Sérgio Abreu assessoram os dois encontros, com a participação de cerca de cem pessoas.
A Professora Elaine dissertou sobre como a Conferência foi convocada e organizada, além de explicar a inspiração para as cinco conferências do episcopado latino-americano e caribenho que já ocorreram: Rio de Janeiro (1955), Medellín (1968), Puebla (1979), Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007).
Segundo a Professora, a preocupação com a evangelização foi a temática de Puebla à luz da Exortação Apostólica Evangelli Nuntiandi de São Paulo VI (1975). 
No segundo dia, o Professor Sérgio Abreu refletiu sobre a opção preferencial pelos pobres, eixo articulador e princípio animador que perpassa todo o documento de Puebla. Por fim, o professor questionou os ouvintes sobre o lugar de cada um na missão cristã e afirmou que a Igreja deve servir o Povo de Deus.

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‘Evangelização no presente e no futuro da América Latina’

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16 de mai de 2019

A 3ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano aconteceu em Puebla, no México, entre os dias 27 de janeiro e 13 de fevereiro de 1979. Foi convocada por São Paulo VI em 12 de dezembro de 1977, com o tema “Evangelização no presente e no futuro da América Latina”.

O evento seria realizado entre os dias 12 e 18 de outubro de 1978. No entanto, com o falecimento do Papa, em 6 de agosto daquele ano, e o breve pontificado do Papa João Paulo I, o evento foi adiado para o ano seguinte, sendo inaugurado por São João Paulo II.

A Conferência de Puebla reuniu 364 pessoas, sendo 21 cardeais, 66 arcebispos, 131 bispos, 80 padres, 16 religiosos, 33 leigos, cinco observadores não católicos, quatro diáconos permanentes, quatro camponeses e quatro indígenas.

 

REFERÊNCIAS

Além das referências da Conferência de Medellín, na Colômbia, realizada 11 anos antes, e do próprio Concílio Vaticano II, a Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi (1975), de São Paulo VI, inspirou significativamente as reflexões do evento.

“Este documento se converte num testamento espiritual que a Conferência deverá esquadrinhar com amor e diligência para fazer dele outro ponto de referência obrigatório e ver como colocá-lo em prática”, destacou São João Paulo II, ao referir-se à Exortação de seu Predecessor, no discurso inaugural da Conferência.

O contexto sociopolítico e cultural vivido no continente também marcou fortemente essa Conferência, como o agravamento de regimes ditatoriais e as decorrentes violações de direitos individuais, o crescimento da pobreza e da desigualdade social.

“Como atuar pastoralmente na América Latina, numa total fidelidade ao Evangelho? Quais são os critérios e as linhas de uma verdadeira e autêntica evangelização para a América Latina?”, indagou, no início da Conferência, o Cardeal Aloísio Lorscheider, então Arcebispo de Fortaleza (CE) e Presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam).

 

DOCUMENTO

As conclusões da Conferência de Puebla foram publicadas em um documento que, conforme as palavras de São João Paulo II, é “fruto de uma oração assídua, de uma profunda reflexão e de cuidados apostólicos intensos”. Ainda segundo o Pontífice, o texto aprovado por unanimidade pelo episcopado latino- -americano oferece “uma vasta gama de orientações pastorais e doutrinais acerca de questões da máxima importância”.

O Documento desdobra-se em cinco partes segundo o método ver-julgar-agir: visão pastoral da realidade da América Latina; desígnio de Deus sobre a América Latina; a evangelização na Igreja da América Latina: comunhão e participação; a Igreja missionária a serviço da evangelização na América Latina; e opções pastorais.

 

REALIDADE

Os bispos chamam a atenção para o fenômeno da desigualdade e da injustiça social no continente, que gera uma “pobreza desumana”, expressa pela mortalidade infantil, falta de moradia, problemas de saúde, fome, desemprego e subemprego, entre outros fatos vistos como “escândalo e uma contradição com o ser cristão”.

Uma das contribuições da Exortação Evangelii Nuntiandi para o Documento de Puebla se refere à evangelização da cultura e o valor da religiosidade popular para a evangelização, como “presentes na alma de nosso povo”. O Documento acentua a importância da organização de uma adequada catequese, como “primeira opção pastoral” capaz de formar indivíduos pessoalmente comprometidos com Cristo.

 

POBRES

O episcopado voltou a reafirmar a opção preferencial e solidária pelos pobres feita em Medellín, como “compromisso evangélico da Igreja”. Ressalta, ainda, que “o serviço dos pobres é medida privilegiada, embora não exclusiva, do seguimento de Cristo”.

O Documento explica que, para o cristão, o termo “pobreza” não é somente expressão de privação e marginalização das quais ele precisa se libertar. Designa também um modelo de vida que é vivido e proclamado por Jesus como bem-aventurança.

“A pobreza evangélica une a atitude de abertura confiante em Deus com uma vida simples, sóbria e austera, que aparta a tentação da cobiça e do orgulho”, reforça o texto, explicando que, no mundo de hoje, essa pobreza é “um desafio ao

materialismo e abre as portas a soluções alternativas da sociedade de consumo”.

 

JOVENS

Os bispos em Puebla também assumiram uma opção preferencial pela juventude. Tal compromisso implica apresentar a eles “o Cristo vivo, como único Salvador, para que, evangelizados, evangelizem e contribuam, como em resposta de amor a Cristo, para a libertação integral do homem e da sociedade, levando uma vida de comunhão e participação”. “A Igreja vê na juventude da América Latina um verdadeiro potencial e o futuro de sua evangelização. Por ser verdadeira dinamizadora do corpo social e especialmente do corpo eclesial, com vistas à sua missão evangelizadora no continente”, completa.

 

SACRAMENTO DE COMUNHÃO

O episcopado latino-americano reafirmou a opção por uma “Igreja-sacramento de comunhão”, servidora e missionária, “que anuncia alegremente ao homem de hoje que ele é filho de Deus em Cristo, que denuncia as situações de pecado, que chama à conversão e compromete os fiéis na ação transformadora do mundo”.

 

SÃO JOÃO PAULO II

NÃO HÁ EVANGELIZAÇÃO VERDADEIRA SEM O ANÚNCIO DO FILHO DE DEUS

“É um grande consolo para o pastor universal constatar que vos congregais aqui não como um simpósio de peritos, não como um parlamento de políticos, não como um congresso de cientistas ou técnicos, por mais importantes que possam ser estas reuniões, mas como um fraterno encontro de pastores da Igreja”, afirmou São João Paulo II, no discurso inaugural da Conferência de Puebla, recordando o dever dos bispos de serem “mestres da verdade”

Referindo-se à Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, o Papa enfatizou: “Não há evangelização verdadeira enquanto não se anunciar o nome, a vida, as promessas, o Reino, o mistério de Jesus de Nazaré, Filho de Deus”.

No discurso, o Pontífice também indicou algumas tarefas prioritárias para a Conferência: a família, as vocações sacerdotais e religiosas e a juventude.

 

RELEITURAS DO EVANGELHO

O Pontífice polonês também alertou para o fenômeno das “releituras” do Evangelho resultantes de especulações teóricas. “Elas causam confusão ao afastar-se dos critérios centrais da fé da Igreja e se cai na temeridade de comunicá-las, a modo de catequese, às comunidades cristãs”, destacou.

Ainda de acordo com São João Paulo II, tais “releituras” silenciam a divindade de Cristo ou incorrem em interpretações contrárias à fé da Igreja, apresentando Jesus apenas como um “profeta” anunciador do Reino de Deus. Em outros casos, Jesus é apresentado apenas como “comprometido politicamente, como um lutador contra a dominação romana e contra os poderes, e inclusive implicado na luta de classes (...) Esta concepção de Cristo como político revolucionário, como o subversivo de Nazaré, não se coaduna com a catequese da Igreja”.

 

DIGNIDADE HUMANA

São João Paulo II reconheceu a preocupação dos bispos com a América Latina sobre as relações existentes entre evangelização e promoção humana. “Se a Igreja se faz presente na defesa ou na promoção da dignidade do homem, o faz na linha de sua missão, que, mesmo sendo de caráter religioso e não social ou político, não pode deixar de considerar o homem na integridade de seu ser”, afirmou.

“Quem pode negar que hoje em dia existem pessoas individuais e poderes civis que violam impunemente direitos fundamentais da pessoa humana, tais como o direito de nascer, o direito à vida, o direito à procriação responsável, ao trabalho, à paz, à liberdade e à justiça social; o direito de participar nas decisões que concernem ao povo e às nações?”, indagou o Santo Padre, ressaltando, ainda, formas variadas de violência coletiva, como a discriminação racial de indivíduos e grupos, a tortura física e psicológica de prisioneiros e dissidentes políticos. “Clamamos novamente: Respeitai o homem! Ele é imagem de Deus!”, manifestou.

 

LIBERTAÇÃO

Nesse sentido, São João Paulo II falou da necessidade de “uma reta concepção cristã da libertação”, em seu sentido integral, profundo, como anunciou e realizou Jesus. “Libertação de tudo o que oprime o homem, mas que é, antes de tudo, salvação do pecado e do maligno, dentro da alegria de conhecer a Deus e de ser conhecido por Ele”, disse, citando São Paulo VI.

“Libertação feita de reconciliação e perdão. Libertação que nasce da realidade de ser filhos de Deus, a quem somos capazes de chamar ‘Abba, Pai!’ e pelo qual reconhecemos em todo homem um irmão nosso, capaz de ser transformado em seu coração pela misericórdia de Deus”, acrescentou o Pontífice.

Lembrando, ainda, o texto da Evangelii Nuntiandi, o Papa concluiu que, dentro da missão própria da Igreja, a libertação “não pode reduzirse à simples e estreita dimensão econômica, política, social ou cultural... que jamais se pode sacrificar às exigências de uma estratégia qualquer, de uma práxis ou de um êxito a curto prazo”.

 

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Semana Teológica da PUC-SP recorda 40 anos de Puebla

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16 de mai de 2019

A Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, da PUC-SP, realiza até o dia 17, nos campi Ipiranga e Santana, a Semana Teológica 2019, com o tema “Puebla, 40 anos, a opção preferencial pelos jovens e pelos pobres”, recordando as quatro décadas da 3ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina, em Puebla, no México, em 1979.

O Diretor da Faculdade, Padre Boris Agustín Nef Ulloa, explicou ao O SÃO PAULO que o objetivo da abordagem do tema de Puebla é tornar conhecida as reflexões realizadas pela Conferência e atualizar essas opções pastorais na Igreja da América Latina hoje.

 

DESAFIOS ATUAIS

Na abertura do evento, Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar de São Paulo e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade, destacou a relevância da Conferência de Puebla para a América Latina, especialmente por reafirmar a opção preferencial da Igreja pelos pobres e pelos jovens.

O Bispo afirmou, ainda, que muitos desafios permanecem e até se acentuaram, como o fenômeno da secularização. “A nossa Igreja latino-americana precisa ter como meta a transformação evangélica da cultura, quer dizer, que os valores e critérios cristãos penetrem na consciência das pessoas”.

 

OPÇÃO BÍBLICA

A primeira conferência foi proferida pela Irmã Elizângela Chaves Dias, doutora em Teologia Bíblica na Pontifícia Universidade Urbaniana de Roma, que falou sobre a fundamentação bíblica da opção preferencial pelos pobres.

A teóloga ressaltou que a opção reafirmada pelos bispos é “bíblica, teocêntrica, cristocêntrica e profética”, que tem suas raízes na dignidade do ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus.

“A opção preferencial pelos pobres não é apenas uma necessidade de satisfação social, partidária, filantrópica, ideológica ou assistencialista, mas expressão da fé e do compromisso com Deus que está presente em cada semelhante.”

 

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Faculdade de Teologia da PUC-SP realiza semana teológica

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09 de mai de 2019

Entre 13 e 17 de maio, acontece na Faculdade de Teologia da PUC-SP, nos campus Santana e Ipiranga, a Semana Teológica de 2019. O tema abordado ao longo da programação será os 40 anos da Conferência de Puebla.

Durante a semana, será realizado, ainda, o lançamento do livro “Puebla – Igreja na América Latina e Caribe” de Ney de Souza e Emerson Sbardelotti.

O campus Santana da PUC-SP fica na Rua Voluntários da Pátria, 1653, no bairro de Santana, e o campus do Ipiranga, na Avenida Nazaré, 993, no bairro do Ipiranga.

40 ANOS DE PUEBLA

Em 28 de Janeiro de 1979, aconteceu a inauguração da III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizada no Seminário Palafoxiano de Puebla de los Angeles, presidida por São João Paulo II.

 A Assembleia, preparada pelo Celam, com a convocação do Santo Padre no dia 12 de dezembro de 1977, teve como tema “O presente e o futuro da evangelização na América Latina”.

LEIA A MENSAGEM DE SÃO JOÃO PAULO II AO EPISCOPADO EM PUEBLA

 

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CEBs recordam os 40 anos da Conferência de Puebla

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27 de fevereiro de 2019

“Sentir com a Igreja de Esperança em Esperança, 40 anos de Puebla...” Com esse tema, as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da Região Brasilândia organizaram no domingo, 24, na Paróquia Santo Antônio da Brasilândia, uma celebração comemorativa pelas quatro décadas da 3ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizada na cidade de Puebla de Los Angeles, no México, de 27 de janeiro a 13 de fevereiro de 1979.

A celebração foi presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar de São Paulo e Referencial da Arquidiocese para as CEBs, que falou que a 3ª Conferência mostrou para toda a América Latina a opção preferencial pelos pobres e pelos jovens.

Entre os momentos de maior comoção na celebração, estiveram o pedido de perdão pelos rostos do povo peregrino que sofre na América Latina; o Glória, exaltando os eixos principais da 3ª Conferência (comunhão e participação; defesa da dignidade da pessoa humana; opção preferencial pelos pobres e opção preferencial pelos jovens); e o momento do ofertório, ressaltando a importância das pastorais sociais na Igreja.

Um dos concelebrantes, o Cônego Antônio Manzatto, lembrou que em Puebla os bispos optaram por uma “Igreja-sacramento de comunhão”, que “oferece energias incomparáveis para promover a reconciliação e a unidade solidária dos nossos povos”; uma “Igreja servidora”, “que prolonga no decorrer dos tempos o Cristo-Servo de Javé por meio dos diversos ministérios e carismas”; uma “Igreja missionária”, “que anuncia alegremente ao homem de hoje que ele é filho de Deus em Cristo”

Durante a celebração, fez-se memória dos mártires que deram a vida pelo Reino de Deus e que motivam que todos defendam os direitos das pessoas e comunidades. Ao fim, diante da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, o Cônego José Renato Ferreira, Pároco, agradeceu a todos a presença na celebração.

 

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