Exame de consciência: caminho cotidiano de conversão e santidade

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08 de mai de 2020

Foto: Il Ragazzo/CathopicEsses tempos difíceis de isolamento social, devido à pandemia de COVID-19, tem sido uma ocasião para os cristãos aprofundarem o conhecimento ou reavivarem o cultivo de diversas práticas da vida espiritual. Uma delas é o exame de consciência.

Prática que remonta ao início do Cristianismo, o exame de consciência consiste na revisão de pensamentos, palavras e ações, com a finalidade de verificar a sua conformidade de vida com a vontade de Deus e os ensinamentos de Jesus Cristo.

Embora o costume fosse usado como um meio eficaz de preparação para o sacramento da Reconciliação (Confissão), o exame de consciência é uma prática recomendada para ser feita diariamente, e muito oportuna como preparação para a Comunhão. O apóstolo São Paulo ressalta isso em uma de suas cartas: “Examine-se cada um a si mesmo e, assim, coma do pão e beba do cálice” (1Cor 11,28).

TIPOS

Um dos santos que deram ênfase ao exame de consciência foi Santo Ignácio de Loyola, que o introduziu nos seus mundialmente conhecidos exercícios espirituais. Segundo o fundador da Companhia de Jesus, a eficácia dos exames está, sobretudo, no modo como auxilia a alma, mantendo vigilância sobre as ações do dia, para adquirir cada vez mais o conhecimento de si mesmo.

Foi também este santo quem fez a distinção ente o exame particular e o geral. A tradição católica, a partir do exemplo de outros santos e fundadores, indica alguns tipos de exames de consciência cotidianos:

  • Particular: Consiste na vigilância de um defeito em particular, normalmente o defeito dominante, e na busca da prática da virtude oposta. Esse pode ser feito ao longo do dia, mais de uma vez, sempre que se sentir necessidade.
     
  • Geral ou diário: É um exame de consciência de todas as ações do dia que tenham relevância para a vida espiritual. Tem como base os mandamentos, os conselhos evangélicos, as virtudes principais, a realização dos deveres do próprio estado de vida, além do grau de vontade e o espírito de oração.
     
  • Preventivo: Por meio deste, que pode ser feito pela manhã, junto com a primeira oração do dia, a pessoa renova seus propósitos e estabelece o programa do dia. Ainda com este exame, o cristão adquire força para evitar as ocasiões de pecado e as possíveis quedas.
     
  • Das obras ordinárias: Também é de muito proveito examinar as principais ações do dia, logo depois de as ter praticado, observando se as ofereceu a Deus e as fez com a reta intenção.

MUDANÇA DE VIDA

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) ressalta o exame de consciência como um caminho para a conversão do cristão, a quem o apelo de Cristo à mudança de vida continua após ter recebido o Batismo, “principal lugar da primeira e fundamental conversão”.

Na homilia do dia 4 de setembro de 2018, o Papa Francisco recomendou fazer todas as noites o exame de consciência como uma oração, “para averiguar se o que nos moveu durante o dia foi o espírito de Deus ou o espírito do mundo”. É um exercício decisivo na nossa “luta espiritual”, que nos leva “a compreender o coração” e “o sentido de Cristo”.

O Pontífice recordou, ainda, que “o coração do homem é como um campo de batalha”, no qual se enfrentam continuamente “o espírito de Deus, que nos leva às obras boas, à caridade, à fraternidade”, e “o espírito do mundo”, que, ao contrário, “nos leva à vaidade, ao orgulho, à suficiência, ao mexerico”.

LUTA INTERIOR

Francisco sugeriu, ainda, que uma boa prece a ser feita todas as noites, an- tes de ir para a cama, é se questionar: “Qual espírito segui hoje? O espírito de Deus ou o espírito do mundo?”

“Sentir no coração o que aconteceu nesta guerra interior, e como me defendi do espírito do mundo que me conduz à vaidade, às coisas reles, aos vícios, à soberba, a tudo isto”, acrescentou o Santo Padre, orientando, em seguida, a perguntar-se: “Como me defendi das tentações concretas?” e, assim, identificar tais tentações.

Por fim, o Papa advertiu: “Se não fizermos isto, se não soubermos o que acontece no nosso coração — e não digo eu, mas a Bíblia —, seremos como os “animais que nada compreendem”, vão em frente com o instinto”.

CONHECER A SI MESMO

São Clemente de Alexandria dizia: “Parece, pois, que o mais importante de todos os conhecimentos é o conhecimento de si próprio, pois, quando alguém conhece a si próprio, ele há de chegar ao conhecimento de Deus”.

Desse modo, conhecer-se é necessário para dominar-se. O conhecimento de seus defeitos e fraquezas dominantes, bem como das virtudes mais praticadas, auxilia no progresso na prática das virtudes, no triunfo sobre as más inclinações e no amor a Deus.

Assim, o exame de consciência, antes de ser uma recordação das faltas cometidas, é uma maneira de o cristão indagar a si mesmo acerca das razões que o levaram a cometê-las, e buscar, com a ajuda de Deus, as motivações e instrumentos necessários para vencê-las, fortalecendo o autodomínio e a vontade interior.

(Foto: Il Ragazzo/Cathopic)

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Papa Francisco: ‘A oração é o respiro da fé’

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06 de mai de 2020

"A fé é um grito, a falta de fé é sufocar aquele grito, é como um 'silêncio'. A fé é um protesto contra uma condição dolorosa da qual não entendemos o motivo; a falta de fé é aceitar viver uma situação à qual nos adaptamos. A fé é esperança de ser salvo; a falta de fé é habituar-se ao mal que nos oprime", disse Francisco.

Na Audiência Geral desta quarta-feira, 6, realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico, por causa da pandemia de COVID-19, o Papa Francisco iniciou um novo ciclo de catequeses, desta vez dedicado à oração.

“A oração é o respiro da fé, é a sua expressão mais apropriada. Como um grito que sai do coração de quem acredita e confia em Deus”, disse o Pontífice, convidando a pensar na história do cego Bartimeu, que ficava sentado na rua pedindo esmola na periferia de Jericó. “Não é um personagem anônimo, ele tem um rosto, um nome: Bartimeu, o filho de Timeu”, disse o Papa.

A ORAÇÃO DE BARTIMEU

O Santo Padre lembra, ainda, que este homem entra nos Evangelhos como uma voz que grita com toda a força. Ele não vê. Ele não sabe se Jesus está perto ou longe, mas entende isso por meio da multidão, que a um certo ponto aumenta e se aproxima, mas ele está completamente sozinho e ninguém se importa com isso.

Bartimeu, por sua vez, usa a única arma que tem, a voz, e, então, grita. O Papa frisou que os gritos insistentes daquele homem incomodam e muitos o repreendem, dizendo-lhe para ficar quieto. “Bartimeu não se cala, pelo contrário, grita ainda mais forte: ‘Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!’ Essa expressão: ‘Filho de Davi’ é muito importante, significa ‘o Messias’. É uma profissão de fé que sai da boca daquele homem desprezado por todos”.

O Pontífice enfatiza que a oração de Bartimeu toca o coração de Jesus, o coração de Deus, e as portas da salvação se abrem para ele. Jesus o chama. Ele se levanta e aqueles que antes lhe disseram para ficar calado agora o conduzem ao Mestre. Jesus fala com ele, pede para que expresse o seu desejo e então o grito se torna um pedido: ‘Mestre, eu quero ver de novo’.

A FÉ QUE SALVA

Jesus disse a Bartimeu: “Vai, a tua fé te salvou”. O Papa destacou que o Senhor “reconhece a força da fé daquele homem pobre, indefeso e desprezado, que atraiu a misericórdia e o poder de Deus”,  recordando que o Catecismo da Igreja Católica afirma que “a humildade é o fundamento da oração”.

“A oração nasce da terra, do húmus, de onde vem o ‘humilde, a  ‘humildade’; vem do nosso estado de precariedade, da nossa sede contínua de Deus.”

Em seguida, Francisco acrescentou que a fé é um grito, a falta de fé é sufocar aquele grito, é como um “silêncio”. A fé é um protesto contra uma condição dolorosa da qual não entendemos o motivo; a falta de fé é aceitar viver uma situação à qual nos adaptamos. A fé é esperança de ser salvo; a falta de fé é habituar-se ao mal que nos oprime.

Segundo o Papa, “Bartimeu é um homem perseverante. Ao seu redor havia pessoas que diziam que implorar era inútil, que era um grito sem resposta, que era um barulho que incomodava e basta: mas ele não ficou em silêncio. E no final, conseguiu o que queria”.

VOZ NO CORAÇÃO

“Mais forte do que qualquer argumento contrário, no coração humano tem uma voz que invoca. Uma voz que sai espontaneamente, sem que ninguém a comande, uma voz que questiona o significado de nosso caminho aqui em baixo, sobretudo quando nos encontramos na escuridão: “Jesus, tem piedade de mim! Jesus, tem piedade de todos nós!” Talvez essas palavras não estejam gravadas em toda a criação? Tudo invoca e suplica para que o mistério da misericórdia encontre sua realização definitiva”, sublinhou ainda Francisco.

O Papa concluiu sua catequese, dizendo que “os cristãos não apenas rezam, mas partilham o grito da oração com todos os homens e mulheres”. Segundo Francisco, “o horizonte ainda pode ser ampliado, pois Paulo afirma que toda a criação “geme e sofre as dores do parto”.

 

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A Praga de Justiniano e São Gregório Magno

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12 de abril de 2020

No artigo anterior, falamos sobre a atitude dos cristãos em relação aos doentes nas épocas das Peste de Cipriano (250-270 d.C.) e de Antonina (165-190 d.C.), principalmente a partir do relato de São Dionísio. Vimos a importância dada pelos cristãos ao cuidado dos doentes e como esse exemplo foi um dos fatores da cristianização do Império Romano.

Neste artigo, no qual trataremos da chamada Praga de Justiniano, veremos outra atitude considerada essencial pelos cristãos de outrora para enfrentar, como espírito sobrenatural, qualquer epidemia: a oração.

A Praga de Justiniano

A Praga de Justiniano é o nome dado a, no mínimo, 17 ondas epidêmicas que desgraçaram o mundo antigo entre os anos de 541 e 750 d.C. A peste tem o nome do Imperador Justiniano, pois sua primeira onda ocorre durante seu governo do Império Romano do Oriente. A peste bubônica, causadora da epidemia, provavelmente teve início no Norte da África e afetou, principalmente, as regiões próximas ao Mar Mediterrâneo.

As epidemias tinham relação com o comércio marítimo, pois a doença era causada pelas pulgas dos ratos trazidos pelas embarcações. Por isso, a peste demorou a chegar ao norte da Europa, e atingiu, principalmente, o Império Bizantino (o que restou do Império Romano após a queda de Roma) e o mundo islâmico.

As ondas da peste causaram mortalidade em larga escala e foram responsáveis por agudo declínio demográfico. Normalmente se afirma que entre 20% e 30% da população faleceu por causa da Praga de Justiniano. O impacto da doença foi tal que a mão de obra se tornou mais cara, mais terras tornaram-se disponíveis e os exércitos perderam um grande número de homens, o que justificou, segundo alguns historiadores, a diminuição do ritmo das conquistas islâmicas no Império Bizantino.

Vários detalhes da doença foram fornecidos por descrições dá época: a doença tinha início súbito com uma febre. Em poucos dias, inchaços se desenvolviam principalmente na região da virilha, mas também nas axilas, atrás das orelhas e nas coxas. Alguns doentes ficavam em coma, outros deliravam. Depois, grandes pústulas negras apareciam e causavam a morte do doente em menos de um dia. As pústulas não apareciam em todos os doentes, e quem não as desenvolvesse tinha maiores chances de sobreviver, mas com graves sequelas.

A peste, depois do último surto de 750 d.C., desapareceu, até retornar na Baixa Idade Média com a chamada Peste Negra.

Em 590, houve um grande surto da doença em Roma, e, segundo um historiador da época, o bispo Gregório de Tours, o primeiro a ser vitimado pela doença na Cidade Eterna foi o Papa Pelágio II. Em seu lugar, foi eleito por aclamação popular um então monge, de conhecida virtude, ao trono de Pedro: Gregório, que depois seria canonizado e lembrado como São Gregório Magno.

A atitude do novo Papa diante da Peste

Enquanto a cerimônia de entronização do Papa Gregório estava ainda sendo preparada, a epidemia de peste bubônica devastou a cidade de Roma. Diante de uma epidemia cuja causa era desconhecida à época – suponha-se que a doença era transmitida pelo ar, o que não é verdade – e para qual não havia tratamento eficaz, as pessoas podiam tomar duas atitudes distintas: ou fugiam para regiões não atingidas pela doença ou recorriam a Deus por meio de procissões, ladainhas, jejuns e orações.

Diante do caos instalado na Cidade Eterna, o Papa Gregório congregou a população e a exortou com um sermão na Basílica de Santa Sabina para que fizessem penitência, se arrependessem de seus pecados e rogassem pela misericórdia de Deus. São Gregório Magno viu na epidemia uma oportunidade para que os fiéis se aproximassem de Deus, baseado na verdade de fé que Deus, de todo mal, é capaz de tirar um grande bem.

“Nossa presente prova deve abrir caminho para nossa conversão. As aflições que sofremos devem amolecer a dureza de nossos corações (...) Na nossa angústia, Deus nos dá uma esperança renovada, na verdade é o que Ele nos dá quando o profeta diz: “Eu não tenho nenhum prazer na morte do ímpio, mas quero que ele se converta e viva”, clamou São Gregório.

O Papa, então, recordou que Deus é Misericórdia infinita e que rapidamente atenderia as preces do povo caso se arrependesse: “Pois Deus é cheio de misericórdia e compaixão, e é sua vontade que devemos ganhar seu perdão através de nossas orações. Ele não se irritará conosco, por mais que mereçamos (...) Ele, pois, diz que deseja demonstrar sua misericórdia àqueles que O chamam.”

Assim, São Gregório convocou uma procissão dividida em sete grupos que se encontrariam, por fim, na Basílica de Santa Maria Maggiore. Toda a população da cidade acorreu à procissão, crianças e idosos, padres e monges, casadas e viúvas formaram grupos distintos que partiriam cada um de uma igreja de Roma.

Como fez o Papa Francisco, São Gregório pediu a intercessão de Nossa Senhora por meio do Ícone Salus Populi Romani, o mesmo que foi posto na Praça de São Pedro na bênção eucarística dada por Francisco no dia 27 de março deste ano.

Relatos indicam que muitas pessoas morreram durante a procissão, pois a morte pela peste bubônica ocorria subitamente. Entretanto, o surto da peste teve fim depois do ato público de fé. Por causa disso, São Gregório Magno instituiu as Ladainhas Maiores, a serem rezadas no dia 25 de abril, como forma de rogação a Deus em tempos de epidemia e peste.

Não renunciar nunca à oração

As medidas tomadas pelo Papa Gregório Magno para enfrentar a peste de seu tempo podem parecer desarrazoadas a partir de um ponto de vista estritamente científico. Entretanto, se a fé cristã não nega o conhecimento científico, ela não pode renunciar à oração. À época de São Gregório, não se sabia a causa da doença nem como tratá-la adequadamente. Certamente, se o Papa estivesse munido desses conhecimentos, tomaria as decisões sanitárias adequadas para o fim da peste, mas sem abdicar da oração.

A fé e a razão são as duas asas do Cristianismo, como afirmou o Papa Emérito Bento XVI. A reação dos cristãos à peste de 590 que desgraçou a cidade de Roma pode nos ensinar, cristãos do século XXI, o valor da oração perseverante e comunitária, à qual Cristo promete eficácia. Afinal, Ele não disse “Pedi e vos será dado, procurai e encontrareis, batei e a porta vos será aberta”(Mt 7, 7) e “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali eu estarei, no meio deles” (Mt 18,20)?

Em tempos de quarentena sanitária devido ao novo coronavírus, a Igreja renova, por meio do Papa e de seus bispos, o pedido de São Gregório aos fiéis de seu tempo: oração frequente pelos doentes, pelo fim da pandemia e pelas almas do falecidos.

 

Fontes: (Encyclopedia of Pestilence, Pandemics and Plagues, Greenwood Press; História dos Francos de Gregório de Tours)

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#FiqueEmCasa: materiais de oração e liturgia são disponibilizados gratuitamente pela internet

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31 de março de 2020

Para auxiliar os cristãos que estão em suas casas seguindo as recomendações de  distanciamento social para diminuir o contágio do novo coronavírus, instituições e editoras católicas disponibilizaram o acesso gratuito e digital a subsídios de oração e liturgia.

MANUAL DE ORAÇÕES

O “Manual de Orações e da Vida Cristã par Católicos”, subsídio impresso produzido em 2019 pela Arquidiocese de São Paulo, em parceria com a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja de Sofre (ACN), agora está disponível para o acesso digital.

Além das orações comuns da vida cristã , o livreto apresenta os dois Símbolos da Fé (Creio…), que resumem a fé recebida dos apóstolos e professada pela Igreja. “Fé e oração caminham juntas: a fé leva à oração; pela oração, expressamos e testemunhamos a fé e a transmitimos aos outros”, destacou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, na apresentação do subsídio.

Na segunda parte, são apresentados alguns elementos básicos da vida cristã e da moral. Algumas orações apresentadas são para a prática diária, outras são apropriadas para circunstâncias e ocasiões diversas. “É desejável que as famílias façam oração em comum, ao menos, uma vez ao dia: ‘a família, que reza unida, permanece unida’. Também é recomendado que os pais iniciem seus filhos no hábito da oração diária”, acrescentou Dom Odilo.

O downlod da versão digital do manual pode ser feito por meio do site da ACN

LITURGIA

Para acompanhar as missas dominicais, o portal da Arquidiocese também disponibiliza o arquivo no formato PDF do folheto litúrgico Povo de Deus em São Paulo.

Acesse aqui.

IGREJA EM ORAÇÃO

As Edições CNBB também disponibilizaram algumas de suas produções voltadas para a oração e vivência da fé em casa. O primeiro deles é o subsídio litúrgico “Igreja em Oração”, que contém os textos e orações das missas diárias do mês de março e abril, assim domo o semanário litúrgico de mesmo nome, com os textos das celebrações da Semana Santa.

Também pode ser acessado pela internet o subsídio “Famílias na CF e Via Sacra”, um roteiro de orações e reflexões sobre o tema da Campanha da Fraternidade 2020. Com esse mesmo objetivo, está disponível o download do livreto “Celebrar em Família o Dia do Senhor”.

Acesse o site das Edições CNBB.

LITURGIA DIÁRIA

Ainda para ajudar a acompanhar as missas transmitidas pelos meios de comunicação, a Paulus Editora liberou o acesso gratuito do subsídio mensal “Liturgia Diária” e do folheto litúrgico “O Domingo”.

A mesma editora também disponibilizou o subsídio mensal “Liturgia Diária das Horas”, com os textos do Ofício Divino. No portal da editora também é possível acessar outras obras de espiritualidade gratuitamente.

Acesse o site da Paulus.

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Em tempos de pandemia, católicos são chamados a santificar o domingo em suas casas

Fique BEM em casa

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Francisco reza pelos médicos e sacerdotes mortos na assistência aos doentes de coronavírus

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25 de março de 2020

Na Missa na Casa Santa Marta esta terça-feira, 24, o Papa rezou pelos profissionais da saúde e pelos sacerdotes que estão dando assistência aos doentes do coronavírus, colocando em risco a própria vida. Até hoje na Itália são 24 médicos mortos em sua atividade de assistência aos que foram atingidos pelo COVID-19. Quase cinco mil agentes de saúde foram contagiados. Cerca de 50 sacerdotes morreram por causa desta pandemia.  A seguir, as palavras do Santo Padre no início da celebração:

Recebi a notícia que nestes dias faleceram alguns médicos, sacerdotes, não sei se algum enfermeiro, mas se contagiaram, foram contaminados porque estavam a serviço dos doentes. Rezemos por eles, por suas famílias, e agradeço a Deus pelo exemplo de heroísmo que nos dão na assistência aos doentes.

Na homilia, Francisco, comentando o Evangelho (Jo 5,1-16) em que Jesus cura um doente à beira da piscina de Betesda, ressaltou a periculosidade de um pecado particular: a preguiça. A seguir, o texto da homilia traduzida pelo Vatican News:

A liturgia de hoje nos faz refletir sobre a água, a água como símbolo de salvação, porque é um meio de salvação, mas a água é também um meio de destruição: pensemos no Dilúvio... Mas nestas leituras, a água é para a salvação. Na primeira leitura, aquela água que traz a vida, que saneia as águas do mar, uma água nova que saneia. E no Evangelho, a piscina, aquela piscina à qual iam os doentes, repleta de água, para curar-se, porque se dizia que de vez em quando as águas se moviam, como se fosse um rio, porque um anjo descia do céu e as movia, e o primeiro, ou os primeiros, que se atiravam na água eram curados. E muitos – como diz Jesus – muitos doentes, “ficavam em grande número enfermos, cegos, coxos, paralíticos”, ali, esperando a cura, que a água se movesse. Ali se encontrava um homem que estava doente há 38 anos. 38 anos ali, esperando a cura. Este, leva a pensar, não? É um pouco demasiado... porque quem quer ser curado dá um jeito para ter alguém que o ajude, faz alguma coisa, é um pouco ágil, inclusive um pouco astuto... mas este, 38 anos ali, a ponto que não se sabe se é doente ou morto... Jesus, vendo-o deitado, e sabendo a realidade, que estava muito tempo ali, lhe diz: “Queres ficar curado?” E a resposta é interessante: não diz que sim, se lamenta. Da doença? Não. O doente responde: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente”. Um homem que sempre chega atrasado. Jesus lhe diz: “Levanta-te, toma o teu leito e anda”. No mesmo instante, aquele homem ficou curado.

A atitude deste homem leva-nos a pensar. Estava doente? Sim, talvez, tinha alguma paralisia, mas parece que pudesse caminhar um pouco. Mas estava doente no coração, estava doente na alma, estava doente de pessimismo, estava doente de tristeza, era doente de preguiça. Esta é a doença deste homem: “Sim, quero viver, mas...”, estava ali. Mas a resposta é: “Sim, quero ser curado!”? Não, é lamentar-se: “São os outros que chegam primeiro, sempre os outros”. A resposta à oferta de Jesus para curar é uma lamentação contra os outros. E assim, 38 anos lamentando-se dos outros. E não fazendo nada para curar-se.

Era um sábado: ouvimos o que os doutores da Lei fizeram. Mas a chave é o encontro com Jesus, depois. Encontrou-o no Templo e lhe disse: “Eis que estás curado. Não voltes a pecar, para que não te aconteça coisa pior”. Aquele homem estava em pecado, mas não estava ali porque tinha feito algo grave, não. O pecado de sobreviver e lamentar-se da vida dos outros: o pecado da tristeza que é a semente do diabo, daquela incapacidade de tomar uma decisão sobre a própria vida, mas sim, olhar a vida dos outros para lamentar-se. Não para criticá-los: para lamentar-se. “Eles chegam primeiro, eu sou vítima desta vida”: as lamentações, estas pessoas respiram lamentações.

Se fizermos uma comparação com o cego de nascença que ouvimos domingo passado: com quanta alegria, com quanta decisão reagiu à sua cura, e também com quanta decisão foi discutir com os doutores da Lei”. Este somente foi e informou: “sim, é este”, Ponto. Sem compromisso com a vida... Faz-me pensar em muitos de nós, em muitos cristãos que vivem este estado de preguiça, incapacidade de fazer alguma coisa, mas lamentando-se de tudo. E a preguiça é um veneno, é uma neblina que circunda a alma e não a deixa viver. E também, é uma droga porque se você experimenta mais vezes, acaba gostando. E você acaba se tornando um “triste-dependente”, um “preguiça-dependente”... É como o ar. E esse é um pecado bastante comum entre nós: a tristeza, a preguiça, não digo a melancolia, mas se aproxima.

E nós fará bem reler este capítulo 5º de João para ver como é esta doença na qual podemos cair. A água é para salvar-nos. “Mas eu não posso salvar-me” – “Por qual motivo?” – “Por que a culpa é dos outros”. E permaneço 38 anos ali... Jesus me curou: não se vê a reação dos outros que são curados, que tomam o leito e dançam, cantam, agradecem, contam ao mundo inteiro? Não: segue adiante. Os outros lhe dizem que não se deve fazer, diz: “Mas aquele que me curou me disse que sim”, e vai segue adiante. E depois, ao invés de ir até Jesus, agradecer-lhe e tudo, informa: “Foi aquele”. Uma vida cinzenta, mas cinzenta deste espírito mau que é a preguiça, a tristeza, a melancolia.

Pensemos na água, a água que é símbolo da nossa força, da nossa vida, a água que Jesus usou para regenerar-nos, o Batismo. E pensemos também em nós, se alguém de nós corre o perigo de deslizar nesta preguiça, neste pecado neutral: o pecado do neutro é este, nem branco nem preto, não se sabe o que é. E este é um pecado que o diabo pode usar para aniquilar a nossa vida espiritual e também a nossa vida de pessoas. Que o Senhor nos ajude a entender como este pecado é feio e maligno.

Por fim, o Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:

Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!

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Papa concederá indulgência plenária a fiéis na sexta-feira, 27

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23 de março de 2020

Na próxima sexta-feira, 27, às 18h (14h no Brasil)o Papa Francisco presidirá um momento de oração no patamar da Praça São Pedro vazia, devido às medidas preventivas de combate à disseminação do novo coronavírus.

“Convido todos a participaram espiritualmente, através dos meios de comunicação. Ouviremos a Palavra de Deus, elevaremos a nossa súplica, adoraremos o Santíssimo Sacramento, com o qual, ao término, darei a benção urbi et orbi, à qual será unida a possibilidade de receber indulgência plenária”, afirmou o Papa, após a oração do Angelus deste domingo, 22.

A benção Urbi et Orbi, que, em latim, significa “à cidade de Roma e ao mundo” é tradicionalmente dada pelo Pontífice nos dias do Natal, da Páscoa e é a primeira bênção dada por um papa ao povo após sua eleição.

AOS ENFERMOS

Na sexta-feira, 20, a Penitenciária Apostólica publicou uma nota na qual informa que a Igreja Católica oferece a possibilidade de obtenção de indulgencia plenária aos fiéis enfermos pelo Covid-19, bem como para profissionais de saúde, familiares e todos aqueles que, de qualquer forma, mesmo em oração, cuidam deles.

A indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida aos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, “como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos”, explica o Manual das Indulgências, da Penitenciária Apostólica.

Habitualmente, para receber a indulgência plenária, o fiel precisa ter se confessado recentemente, rezar nas intenções do Papa e fazer um ato de caridade. Contudo, a Penitenciária Apostólica deu orientações espicíficas para a obtenção da indulgência nesse período de emergência pandêmica. 

PAI-NOSSO

O Santo Padre também convidou todos os líderes de diferentes confissões cristãs a rezarem simultaneamente a oração do Pai-Nosso na quarta-feira, 25, ao meio-dia (8h no Brasil), pelo fim da pandemia.

“No dia em quem muitos cristãos recordam o anúncio da Encarnação do Verbo à Virgem Maria, que o Senhor possa ouvir a oração unânime de todos os seus discípulos que se preparam para celebrar a vitória de Cristo Ressuscitado”, disse o Papa, também após o Angelus do domingo. 

(Com informações de Vatican News e foto de Vatican Media)

 

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A tristeza do Papa pelo pai e a filha que morreram no Rio Grande

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26 de junho de 2019

Tristeza imensa e dor profunda. Assim disse o Papa Francisco, segundo o diretor interino da Sala de Imprensa da Santa Sé, Alessandro Gisotti, depois de ver a imagem do pai e sua filha mortos afogados no Rio Grande, enquanto tentavam atravessar a fronteira entre México e Estados Unidos.

Gisotti explicou aos jornalistas que “o Papa está profundamente entristecido com a morte deles, reza por eles e por todos os migrantes que perderam suas vidas tentando fugir da guerra e da pobreza”.

Angie Valeria como Aylan

A calça de Angie Valeria são da mesma cor da camisa de Aylan. Não é só o vermelho que liga essas pequenas vidas ceifadas. Por trás deles está o desejo dos pais de oferecer um futuro diferente, há um drama da imigração que perdura há anos e que o Papa Francisco não para de denunciar, buscando sempre acender uma luz sobre as fadigas e o desespero de homens e mulheres que fogem em busca de uma vida melhor. Em 2 de setembro de 2015, a imagem de Aylan Kurdi, menino morto afogado que foi encontrado na praia turca de Bodrum, causou emoção e indignação. Hoje, os mesmos sentimentos são para Angie Valeria, de 2 anos, que morreu com o seu pai, Oscar.

Em fuga de El Salvador

Oscar Alberto Martínez, segundo a reconstrução da jornalista Julia Le Duc que tirou a foto publicada no jornal mexicano “La Jornada”, aguardava asilo há dois anos. Tinha feito o pedido às autoridades estadunidenses.  

No domingo, ele partiu junto com a menina e sua esposa Tania Vanessa Ávalos. Queria atravessar o rio e entrar em Brownsville, no Texas. Oscar e Angie Valeria conseguem chegar à margem, mas Vanessa fica para trás. Então, ele volta para pegá-la depois de deixar a menina do outro lado do Rio, mas a criança se jogou na água para seguir seu pai. A correnteza os envolveu, levando embora seus sonhos, esperanças e planos futuros diante dos olhos de uma mãe que, do outro lado, viu tudo e permaneceu com o coração despedaçado.

Uma viagem muito arriscada

Os corpos serão repatriados nos próximos dias, enquanto o Ministério das Relações Exteriores de El Salvador convidou a não se arriscar numa viagem tão difícil. Outras 4 pessoas foram encontradas mortas perto do Rio Grande. Trata-se de uma mulher jovem, duas crianças e um recém-nascido. As autoridades afirmam que as vítimas provavelmente morreram de desidratação e exposição ao calor excessivo.

Uma crise formada de rostos, histórias, nomes e famílias

Em fevereiro de 2016, o Papa Francisco celebrou uma missa em Ciudad Juarez, na fronteira entre México e Estados Unidos, com os fiéis de ambos os lados do muro que os divide.

Naquela dia, o Pontífice, em sua homilia, lembrou que não se pode negar “a crise humanitária que nos últimos anos significou a migração de milhares de pessoas, seja de trem, de carro ou mesmo a pé, atravessando centenas de quilômetros por montanhas, desertos e estradas rudes”.

“Essa tragédia humana que a migração forçada representa é um fenômeno global nos dias de hoje. Essa crise, que pode ser medida em números, queremos que seja medida com nomes, histórias e famílias. São irmãos e irmãs que partem, movidos pela pobreza e violência, pelo narcotráfico e pelo crime organizado.”

Francisco pediu para rezar a fim de pedir a Deus “o dom da conversão, o dom das lágrimas”. “Nunca mais morte e exploração! Há sempre tempo para mudar, há sempre uma saída e há sempre uma oportunidade, há sempre tempo para implorar a misericórdia do Pai”, concluiu.

 

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Intenção de Maio do Papa: "que a Igreja na África seja fermento de unidade"

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02 de mai de 2019

“As divisões étnicas, linguísticas e tribais da África podem ser superadas promovendo a unidade na diversidade”, é o que afirma o Papa Francisco na videomensagem, divulgada nesta quinta-feira (02/05), sobre a intenção de oração para este mês de maio.

O Santo Padre agradece “às religiosas, aos sacerdotes, leigos e missionários por seu trabalho em favor do diálogo e da reconciliação entre os diversos setores da sociedade africana”.

“Rezemos neste mês para que, por meio do compromisso dos próprios membros, a Igreja na África seja fermento de unidade entre os povos e sinal de esperança para este continente”, exorta o Papa Francisco, neste mês de maio, especialmente dedicado a Maria.

Como já assinalaram os bispos africanos, e tal como se afirma na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, muitas vezes se quer converter os países da África em simples “peças de um mecanismo e de uma engrenagem gigantesca”.

África soma 17,6% dos católicos do mundo

Isso acontece frequentemente com os meios de comunicação social, que, dirigidos majoritariamente por organizações do Hemisfério Norte, “nem sempre têm a devida consideração com as prioridades e os problemas próprios desses países, nem respeitam sua fisionomia cultural”.

A África soma 17,6% dos católicos do mundo, segundo dados do Anuário Pontifício de 2018. A Igreja Católica africana se caracteriza por ser muito dinâmica: o número de católicos aumentou de pouco mais de 185 milhões, em 2010, para mais de 228 milhões em 2016, com uma variação relativa de 23,2%.

A República Democrática do Congo é o país com o maior número de católicos batizados, com mais de 44 milhões, seguida por Nigéria, com 28 milhões, mas também Uganda, Tanzânia e Quênia registram cifras respeitáveis e em crescimento.

De fato, as circunscrições eclesiásticas aumentaram 3% na África, revelando-se o continente com maior dinamismo na demanda de serviços pastorais. Dos 15 países onde houve maior aumento na porcentagem de batizados, 4 estão no continente africano: República Democrática do Congo, Nigéria, Uganda e Angola.

Viver mais a unidade na diversidade

Por sua vez, o  diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa e do Movimento Eucarístico Jovem, padre Frédéric Fornos SJ,  afirma que “para que a Igreja na África seja um fermento de unidade entre todos os povos, a comunidade cristã deverá viver mais esta unidade na diversidade, conforme o desejo do próprio Cristo: “que todos sejam um” (João 17,21).

“Os sinais de divisão entre os cristãos nos países que já estão despedaçados pela violência provocam mais motivos de conflitos da parte dos que deveriam ser um atrativo fermento de paz”, afirma o Papa Francisco na Exortação apostólica Evangelii Gaudim.

É urgente buscar caminhos de unidade devido à gravidade da divisão entre cristãos, particularmente na África. O empenho pela unidade entre cristãos ajudará a Igreja na África a ser sal e luz para seu próprio continente, um sinal de esperança para os povos.

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Papa Francisco convoca "24 horas de oração para o Senhor"

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27 de março de 2019

O Papa Francisco dará início à 6ª edição da tradicional iniciativa “24 horas de Oração para o Senhor”, com a celebração penitencial na Basílica de São Pedro na próxima sexta-feira, dia 29 de março. A iniciativa nasceu em Roma há seis anos, mas logo se tornou mundial, unindo espiritualmente ao Santo Padre as Igrejas espalhadas nos cinco continentes, e oferecendo a todos a possibilidade de fazer experiência pessoal da infinita misericórdia de Deus.

Nem eu te condeno

O tema deste ano será a frase do Evangelho de João: “Nem eu te condeno (Jo 8, 11). A jornada, que será marcada pela Adoração Eucarística, pela reflexão e pelo convite à conversão pessoal, propõe a contemplação da imagem de Jesus, que ao invés da multidão reunida para julgar e condenar, oferece a sua infinita Misericórdia como ocasião de graça e de vida nova.

Reconciliação

Como recorda o Santo Padre na Carta Apostólica Misericordia et Misera “O sacramento da Reconciliação precisa voltar a ter o seu lugar central na vida cristã (…), uma ocasião propícia pode ser a celebração da iniciativa 24 horas para o Senhor nas proximidades do IV Domingo da Quaresma, que goza já de amplo consenso nas dioceses e continua a ser um forte apelo pastoral para viver intensamente o sacramento da Confissão”.

O mundo inteiro está convidado para abrir-se à Misericórdia de Deus com as “24 horas para o Senhor” que o Papa Francisco dará início com a Celebração Penitencial desta sexta-feira (29).

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Papa Francisco: "alimento não é propriedade privada"

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27 de março de 2019

Alimento não é propriedade privada, mas providência a compartilhar, com a graça de Deus: palavras do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, na Praça São Pedro.

Na catequese, o Pontífice começou a analisar a segunda parte da oração do Pai-Nosso, aquela em que apresentamos a Deus as nossas necessidades. E a súplica analisada foi: o pão nosso de cada dia nos dai hoje.

Jesus não está indiferente

Esta oração provém de uma evidência que frequentemente esquecemos, isto é, de que não somos criaturas autossuficientes e que precisamos nos nutrir todos os dias.  Jesus não exige súplicas refinadas. Nos Evangelhos, há uma multidão de mendigos que suplicam libertação e salvação: há quem pede pão, cura, purificação, a visão... Jesus jamais passa indiferente ao lado desses pedidos e dores.

Jesus, portanto, nos ensina a pedir o pão cotidiano:

“ Quantas mães e pais, ainda hoje, vão dormir com o tormento de não ter no dia seguinte pão suficiente para os próprios filhos! Imaginemos esta oração rezada não na segurança de um cômodo apartamento, mas na precariedade de um quarto onde as pessoas se adaptam, onde falta o necessário para viver. As palavras de Jesus assumem uma força nova. ”

A oração cristã começa deste nível. Não é um exercício para ascetas, mas parte da realidade, do coração, da carne de pessoas que estão na necessidade.

Nem mesmo os mais altos místicos cristãos podem prescindir da simplicidade deste pedido: e o pão significa também água, remédio, casa, trabalho... O pão que o cristão pede na oração não é o “meu”, mas o “nosso”. Jesus quer assim. Ele nos ensina a pedi-lo não só para si mesmo, mas para toda a fraternidade do mundo. Se não for rezado assim, o “Pai-Nosso deixa de ser uma oração cristã. Se Deus é nosso Pai, como podemos nos apresentar a Ele senão de mãos dadas?”

Empatia e solidariedade

E se o pão que Ele nos dá o roubamos entre nós, como podemos declarar-nos seus filhos? Esta invocação contém uma atitude de empatia e de solidariedade. Na minha fome sinto a fome das multidões, e então rezarei a Deus até que o pedido não seja realizado.

Francisco convidou os fiéis a pensarem nas crianças famintas nos países que estão em guerra:

“ Crianças famintas no Iêmen, na Síria, em muitos países onde não há pão, no Sudão do Sul. Pensemos nessas crianças e vamos rezar juntos: Pai, nos dai hoje o pão nosso de cada dia. ”

Alimento não é propriedade privada

Jesus nos educa a pedir a Deus as necessidades de todos e nos repreende o fato de não estarmos acostumados a dividir o pão com quem está próximo de nós.

“Era um pão entregue a toda a humanidade e, ao invés, foi consumido somente por alguns: o amor não pode tolerar isto. O amor de Deus também não pode tolerar este egoísmo”, disse o Papa, acrescentando:

“ Alimento não é propriedade privada, vamos colocar isso na cabeça, mas providência a compartilhar, com a graça de Deus. ”

Ao multiplicar os pães e peixes, Jesus realiza o milagre da compartilha. Ele próprio, multiplicando aquele pão oferecido, antecipou a oferta de Si no Pão eucarístico. De fato, somente a Eucaristia é capaz de saciar a fome de infinito e o desejo de Deus que anima o homem, inclusive na busca do pão cotidiano.

 

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