Obesidade no Brasil cresce em 12 anos

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01 de agosto de 2019

A taxa de obesidade no Brasil passou de 11,8% para 19,8%, entre 2006 e 2018, conforme dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada pelo Ministério da Saúde, no dia 24.


Foram ouvidas, por telefone, 52.395 pessoas acima de 18 anos, entre os meses de fevereiro e dezembro de 2018, nas 26 capitais do País, mais o Distrito Federal.


Em sete anos, houve um crescimento no índice de obesidade em duas faixas etárias: em pessoas com idades que variam de 25 a 34 anos e de 35 a 44 anos. 


Apesar do aumento significativo de pessoas obesas, os brasileiros têm seguido uma linha de hábitos mais saudável. A mesma pesquisa revelou que o consumo regular de frutas e hortaliças passou de 20% para 23,1%, entre 2008 e 2018, uma variação de 15,5%.


A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a ingestão de, ao menos, cinco porções diárias desses alimentos, cinco vezes por semana. 


Fonte: Agência Brasil

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Obesidade: risco individual, com amplos impactos sociais

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15 de setembro de 2018

Desde 1975, o número de pessoas obesas ou com sobrepeso quase triplicou no mundo, segundo Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 2016, mais de 1,9 bilhão de pessoas com 18 anos ou mais, estavam com excesso de peso, e 650 milhões se enquadravam no quesito obesidade.

No Brasil, a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2017, que foi divulgada pelo Ministério da Saúde em 18 de agosto deste ano, mostrou que um, em cada cinco pessoas, são obesas – isso corresponde à 18,9% e, que mais da metade, 54% demostraram estar acima do peso.

Em dez anos (2007 a 2017), o número de jovens de 18 a 24 anos, que apresentaram quadro de obesidade cresceu 110%, o resultado final mostrou que os mais jovens representam 60% do número total. O grupo de 45 e 54 anos apresentou acréscimo um pouco mais baixo, de 45%, e dos 55 a 64 anos, o indicie foi ainda menor, com 26%.

Neste mesmo período, o sobrepeso cresceu 26,8% - novamente, o maior número ocorreu entre os mais jovens – representando 56%, seguido dos brasileiros de 25 a 34 anos, com 33% e de 35 a 44 anos, com 25%. Pessoas a partir dos 65 anos, somam 14%.  

A pesquisa Vigetel é feita via telefone com brasileiros maiores de 18 anos, nos 26 estados, mais Distrito Federal, abordando questões de saúde.

PRIMEIRO PROTOCOLO NACIONAL

O Ministério da Saúde realizou até  11 de setembro uma enquete pública com a proposta de elaborar o primeiro Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para tratamento de casos de obesidade e sobrepeso. Com isto, o Ministério pretende aprimorar o atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e a Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) solicitou a participação de endocrinologistas e nutricionistas na pesquisa.

O Ministério Público defende que o uso da nova diretriz dará a possibilidade de maior controle e prevenção do aumento de peso entre os brasileiros. A escolha de elaborar o protocolo, a partir de uma enquete pública, tem efeito na divulgação e transparência da elaboração do documento. O objetivo é de que as repostas cadastradas possam contribuir de maneira integral para a finalização do protocolo, que ainda deve passar por consulta pública.

O aumento de peso tem gerado impacto direto no SUS. Em 2012, foram realizadas pouco mais de mil cirurgias bariátricas. Já em 2016, o número intervenções chegou a 8,1 mil, de acordo com o próprio Ministério da Saúde.

MUDANÇAS PREVISTAS

Na contramão dos dados alarmantes, a pesquisa Vigitel apresentou ainda que os brasileiros estão mais preocupados com os riscos recorrentes da obesidade e do excesso de peso, e que para evitá-los têm realizado mais exercícios físicos e consumido mais frutas e hortaliças, menos refringentes e sucos artificiais.

Em março deste ano, durante Encontro Regional para Enfrentamento da Obesidade Infantil em Brasília (DF), o Governo Federal, por meio do Ministério Público, adotou, internacionalmente, recursos para conter o aumento destes casos.

Nesta perspectiva, o País tem como compromisso deter o acréscimo de obesidade em adultos até 2019. O resultado deve vir por meio de inciativas políticas Inter setoriais de saúde e segurança alimentar e nutricional. Também para o próximo ano, é previsto a redução do consumo regular de refrigerante e suco artificial em pelo menos 30% e ampliar, em no mínimo 17,8%, o percentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente.

Um guia alimentar para a população brasileira já foi publicado. Nele há orientações de como se alimentar de forma saudável ou de  pelo menos com menor processamento. Em quatro anos, o Ministério da Saúde, em parceria com Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA), conseguiu retirar 17 mil toneladas de sódio em alimentos processados.

É POSSÍVEL!

Jamilly Lorusso Scheidt, 23, é Assistente Social. Ela decidiu aderir a reeducação alimentar quando chegou ao sobrepeso, alcançando 80 quilos e por sua família ter tendência a obesidade, ela também temia um possível procedimento de cirurgia bariátrica.

Incialmente, a Assistente Social começou uma dieta que previa a eliminação total de carboidratos. Nos primeiros dias, a perda de peso foi evidente, entretanto, depois de alguns meses, a saúde ficou fragilizada, ela ficou com olheiras, unhas quebradiças e teve queda de cabelo. Ao parar com a dieta, se viu com outro problema, o chamado efeito sanfona.

Foi então que ao conversar com uma nutricionista, aderiu ao procedimento. Em entrevista ao O SÃO PAULO, Jamilly lembrou das dificuldades no início do processo da reeducação, mas afirmou que a perda de peso de forma sadia e a recuperação da autoestima foram responsáveis por sua perseverança: “Todo início é complicado, mas só você pode ser responsável por para melhorar a qualidade de vida, mudança interior e exterior, não pelo que impõe a sociedade, mas verdadeiramente mudar o que não nos agrada”.

“Me sinto mais ágil, contente comigo mesmo por a cada dia me superar e tenho cada vez mais motivação a cada quilo eliminado, fora a qualidade de vida que está incrível. Eu consigo subir uma escada, correr, andar em ladeiras sem ficar ofegante, aprendi a escolher o mais saudável pensando sempre no bem-estar do corpo e da mente”, concluiu.

CONTROLE DA ALIMENTAÇÃO

A nutricionista Amanda Costa explicou à reportagem que para tratar um paciente com sobrepeso ou já em nível de obesidade, é necessário trabalhar, entre outras coisas, o aspecto comportamental. Mais do que oferecer uma estratégia de diminuição de alimentos ou de quantidade de consumo, é mais eficaz investir na qualidade do que é ingerido. A nutricionista falou também da relação do ser humano com a comida, o que para ela, deixa de ser apenas um ato de ingerir nutrientes.

“Quando nós tratamos um indivíduo obeso, é importante salientar que quando temos uma organização comportamental dele, temos mais sucesso com o processo de emagrecimento”, reiterou.

Amanda disse ainda que outro caminho que pode ser adotado pelos profissionais de nutrição é oferecer aos pacientes prazos menores. Essa estratégia pode contribuir para que não ocorram frustrações e, ao mesmo tempo, a qualidade de vida seja adquirida.

(Com informações de Ministério da Saúde e Agência Brasil)

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