Analfabetismo cai no Brasil, mas desafios para a sua erradicação persistem

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29 de junho de 2019

No Brasil, o universo das letras e dos números ainda é incompreensível para 11,3 milhões de analfabetos, aqueles que com 15 anos ou mais já deveriam estar alfabetizados. Os dados são do módulo de Educação da Pesquisa Anual por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-Contínua), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no dia 19. 

Entre 2016 e 2018, o percentual de analfabetos caiu de 7,2% para 6,8% da população adulta, e somente entre 2017 e 2018, um total de 121 mil pessoas deixaram de ser analfabetas. 

“Em termos educacionais, ver que o Brasil está progredindo é importante para um país que é tão desigual”, afirmou Marina Dias, analista do IBGE, durante o lançamento da PNAD-Contínua, na qual também se atesta que cresceu de 45% para 47,4% o acesso à educação básica para pessoas a partir dos 25 anos de idade. 

De acordo com o IBGE, praticamente todos os indicadores educacionais melhoraram, porém se registraram significativas desigualdades: “Mulheres permaneciam mais escolarizadas do que os homens, pessoas brancas tiveram indicadores educacionais melhores que os das pessoas pretas ou pardas, e as regiões Nordeste e Norte apresentaram uma taxa de analfabetismo bem mais alta e uma média de anos de estudo inferior à das regiões do Centro-Sul do País”. 

Quem são e onde estão os analfabetos?
Das 11,3 milhões de pessoas não alfabetizadas com mais de 15 anos, quase 6 milhões têm 60 anos ou mais de idade, o equivalente a 18,6% da população idosa do País. 

Entre a população que se declara branca, 10,3% são analfabetos, enquanto entre os que afirmam ser pardos e pretos o percentual é de 27,5%. 

Também há diferenças regionais: o Nordeste, com 13,87% de analfabetos, tem um percentual quase quatro vezes maior que o Sudeste (3,47%). No Norte, o percentual de analfabetos é de 7,98%; no Centro-Oeste, de 5,4%; e no Sul, de 3,63%. 

De acordo com o cientista social Adão Alves dos Santos, que atua em movimentos sociais de alfabetização de jovens e adultos, o percentual de analfabetos no País é maior em áreas rurais do que urbanas, contudo os diferentes governos ainda não fizeram um mapeamento preciso sobre os analfabetos no Brasil. “Se houvesse essa pesquisa, que pedimos desde a década de 1980, seria possível dirigir esforços para onde estão estes analfabetos. Assim, poderiam ser atingidos os objetivos das políticas públicas”, disse.  

Sem analfabetos até 2024?
O Plano Nacional de Educação (PNE) tem como uma de suas metas “elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e, até o final da vigência do PNE [2024], erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional”. 

Na prática, portanto, já em 2015, o Brasil deveria ter alcançado o percentual máximo de 6,5% de analfabetos. Este índice, no entanto, está em 6,8%. 

Marina Dias alertou que “mais da metade da população brasileira ainda não alcançou a etapa básica. Como aos 25 anos essas pessoas já fizeram suas escolhas profissionais, dificilmente vão completar os estudos”. Ela acredita que a erradicação do analfabetismo até 2024 “vai depender do que a política pública vai fazer por este grupo, para que essas pessoas sejam alfabetizadas”.

E o que se planeja?
Em abril, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) assinou o decreto da nova Política Nacional de Alfabetização (PNA). A chamada “Alfabetização Acima de Tudo” estabelece como primeiro objetivo erradicar o analfabetismo absoluto e também pôr fim ao analfabetismo funcional. 

A principal mudança, conforme informou o Governo Federal, estará na fundamentação de novas ações e programas em evidências das ciências cognitivas, como foi feito em países como Portugal, França, Reino Unido, Estados Unidos e Finlândia. Não haverá um método de ensino específico, e a adesão dos estados à PNA será voluntária.

De acordo com Carlos Nadalim, titular da Secretaria de Alfabetização do Ministério da Educação, a PNA “ressalta a participação das famílias no processo de alfabetização, a importância do desenvolvimento da linguagem oral e de habilidades fundamentais para a alfabetização na educação infantil, o estímulo aos hábitos de leitura e escrita e o suporte às particularidades da alfabetização nas diferentes modalidades especializadas de educação”. 

Educação de Jovens e Adultos
A PNAD-Contínua indicou que, no ano passado, 831 mil pessoas frequentavam os programas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Ensino Fundamental – 51,4% eram homens –; e 833 mil o EJA do Ensino Médio – 54,9% eram mulheres. Do total de estudantes, 48,5% tinham até 24 anos e 29% estavam com 40 anos ou mais. 

Para Santos, uma das razões para essa baixa quantidade de matriculados em relação aos 11,3 milhões de analfabetos é que “as pessoas têm vergonha de falar que não sabem ler e escrever e de procurar uma escola”. 

O Cientista Social também defende que as salas de EJA funcionem em horários diferenciados ao do ciclo regular dos estudantes e que aconteça uma apresentação dos conceitos mais próxima ao cotidiano: “No caso da Matemática, por exemplo, o ideal seria exemplificar quantos por cento do salário custa o transporte, a conta de água ou a conta luz, ou seja, é preciso tornar esse conceito mais próximo do dia a dia da pessoa”.  

Analfabetismo funcional
A PNAD-Contínua não faz menção ao analfabetismo funcional, ou seja, a dificuldade que alguém considerado formalmente alfabetizado tem para ler, escrever ou realizar operações matemáticas em situações do cotidiano. 

Em 2018, a ONG Ação Educativa e o Instituto Paulo Montenegro, com contribuição da Rede Conhecimento Social e parceria com o Ibope Inteligência, publicaram o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf 2018), segundo o qual 29% da população com 15 anos ou mais – o equivalente a 38 milhões de pessoas – pode ser considerada como analfabeta funcional. Esse índice cresceu dois pontos percentuais em relação a 2015. 

Desistência dos estudos
A PNAD-Contínua também mostrou que, no ano passado, 69,3% dos jovens de 15 a 17 anos frequentavam o Ensino Médio ou já o haviam concluído. Na prática, três a cada dez estudantes estavam atrasados nos estudos ou deixaram a escola. 

“Cada grupo de jovens tem motivações diferentes para não continuar estudando ou ampliando a sua qualificação. Entre os homens, a principal motivação foi o trabalho ou a procura por trabalho (47,7%); já entre as mulheres, o trabalho foi importante (27,9%), porém a necessidade de realizar afazeres domésticos e o cuidado de pessoas foram alegados como principais motivações por 23,3% delas”, indica o relatório da PNAD-Contínua. 

O não interesse em estudar ou se qualificar foi a justificativa para largar os estudos, citada por 25,3% dos homens e por 16% das mulheres. Entre elas, 13% disseram que abandonaram a escola devido à falta de recursos para pagar as despesas ligadas à educação. Entre eles, 9,2% apresentaram essa justificativa. 


(Com informações de IBGE, Folha de S.Paulo e Agência Brasil)

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‘Há um equívoco ao se pensar que escutar crianças significa fazer suas vontades’

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26 de junho de 2019

Adriana Friedmann, doutora em Antropologia, mestre em Educação e pedagoga, falou ao O SÃO PAULO a respeito de um tema que faz parte do dia a dia de muitas famílias, escolas e comunidades: Como se dá a verdadeira escuta da criança? Escutar significa não impor limites? Como as nossas crianças têm se desenvolvido numa sociedade com muitos estímulos, mas pouco diálogo? 
Com larga experiência como docente, palestrante, pesquisadora e consultora em temáticas sobre infância, Adriana é criadora e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Simbolismo, Infância e Desenvolvimento (Nepsid) e do Mapa da Infância Brasileira, além de autora de livros e artigos na área, dentre eles “Escuta e observação de crianças: processos inspiradores para educadores”, “Protagonismo infantil”, “Quem está na escuta”, “Linguagens e culturas infantis”, “História do percurso da Sociologia e da Antropologia da Infância”, “O olhar antropológico por dentro da infância”, “O desenvolvimento da criança através do brincar” e “A arte de brincar”.

O SÃO PAULO - Como surgiu o projeto de escuta das crianças?
Adriana Friedmann – A partir dos anos 2000 surgiu, no meu processo profissional, lidando com educadores de escolas e ONGs, essa preocupação com relação a quem estaria escutando efetivamente as crianças. A partir daí, já atuando desde os anos 1980 com estudos, pesquisas, formação e a promoção do brincar, comecei a desenvolver estudos e pesquisas e descobri que as Ciências Sociais tinham, desde os anos 1980, começado a considerar as crianças como atores sociais, autores/protagonistas de suas próprias vidas; e compreender a importância de conhecer os muitos saberes das diversas crianças das diferentes culturas. Assim, abre-se um campo de estudos e iniciativas que começam a pesquisar e ouvir as crianças mundo afora.
Aqui no Brasil, alguns antropólogos realizam pesquisas com crianças indígenas desde os anos 2000, além dos estudos e processos de formação. Desde 2011, venho criando vários grupos de formação e desenvolvimento de processos de escuta, a saber:  em 2015, iniciamos na Comunidade de Aprendizagem, do Mapa da Infância Brasileira, escutas de crianças de diversos grupos: crianças abrigadas, imigrantes, crianças em ocupações, em ONGs, praças etc. em 2017, criamos a Campanha “Vamos ouvir as crianças” e, desde 2018 o curso de pós-graduação lato sensu “A vez e a voz das crianças” na Casa Tombada, em São Paulo.

Quais são os principais critérios para se falar sobre a escuta da criança?
É importante partir da compreensão de que não é possível falar de um ideal de criança ou de infância, mas de diversidade de grupos infantis, da singularidade das crianças nos vários coletivos; entender que as crianças são protagonistas de suas vidas e que têm direito a se expressar e participar. Assim o fazem por meio de linguagens verbais e não verbais, como o brincar, o corpo, o gesto, o movimento, as inúmeras formas de expressões plásticas, musicais, poéticas, dentre outras. A partir dessas linguagens expressivas, as crianças comunicam permanentemente suas vidas, suas culturas, influências multiculturais e suas produções. 
Há uma questão ética a ser levada em conta que tem a ver com o direito de o adulto registrar e disseminar todo esse conteúdo, sem que as crianças consintam, não somente os adultos responsáveis por elas. E, ainda, a importância de dar devolutivas sempre que estamos desenvolvendo processos de escuta, observação e pesquisa com as crianças.
Outro importante critério é o adulto tomar distância, silenciar, não intervir, corrigir ou querer ensinar qualquer coisa. Observar, respeitar e aceitar.

O que os pais devem fazer para dar início a um processo de escuta?

Escutar tem a ver com estar junto, estar presente, abrir-se para aprender coisas que as crianças vivem, expressam ou sabem, conhecimentos estes diferentes dos adultos. Estar junto, pedir licença, perguntar o menos possível, registrar. Surpreender-se frente ao inusitado, ao não planejado que parte da espontaneidade das crianças!

E os educadores? Como podem contribuir neste processo?

Para os educadores é, talvez, um exercício mais desafiador. Colocar-se no papel de aprendiz e não daquele que está o tempo todo ensinando, transmitindo conteúdos, acompanhando processos. Poder aceitar situações de livre brincar, de autonomia e livre escolha, deixar as crianças resolverem os conflitos entre si (desde que não cheguem a situações violentas), confiar nas crianças e nas suas capacidades!
Assim, o educador precisa equilibrar no cotidiano da escola – ou em instituições ou situações não formais – a proposição de atividades dirigidas e de tempos livres. É nessas situações que a possibilidade de escutar/observar as crianças na sua espontaneidade oferece inúmeras pistas para o educador conhecer e (re)conhecer as singularidades, potenciais, interesses e necessidades das crianças. Com esse universo de informações, ele tem a grande chance de repensar e readequar propostas, atividades e conteúdos para cada grupo.

E quais são os limites dessa escuta?
Os limites da escuta têm a ver com a interação que as próprias crianças solicitam, com a “ansiedade” dos adultos – até onde conseguem verdadeiramente não intervir, conter seus impulsos; tem a ver com entremear essa escuta passiva com momentos de coparticipação ativa – brincar junto, dançar, pintar, cantar, ser partícipe em relações o mais “simétricas” possíveis.

Você considera que a sociedade – de maneira geral – está consciente sobre o processo de escuta das crianças no dia a dia?

Este é um tema e uma postura bastante novos. Há um equívoco ao se pensar que escutar crianças significa “fazer suas vontades”. Escutar crianças tem como finalidade fazer com que os adultos reconheçam que elas têm um universo próprio, direitos, interesses, vontades e, principalmente, potenciais únicos. É surpreendente o mundo no qual as crianças estão inseridas e que escapa a nós, educadores, pais e gestores. 

À escuta das crianças, estaria relacionado um processo de “desadultização” dos pequenos?

A escuta se relaciona com um novo tempo em que o adulto já tem elementos e informações suficientes vindos de inúmeros estudos e áreas de conhecimento, em que é imperativo e urgente respeitar o tempo e o espaço para as crianças viverem suas infâncias de forma plena e significativa. Tem a ver com os adultos não se apressarem ou pressionarem as crianças e diminuírem suas expectativas. Tem a ver com reconhecer o protagonismo das crianças e a importância de colocar limites no que seja o tempo da infância, o tempo da juventude e o tempo dos adultos. Voltar a delimitar o que pode e precisa ser vivenciado em cada etapa.

Como criar comunidades cuidadoras, para além dos espaços casa-escola?
Precisamos pensar em uma reeducação intergeracional em que as famílias e as comunidades constituam referências inspiradoras. Olhar para comunidades como favelas ou comunidades indígenas, em que a força do coletivo faz o papel materno e paterno – muito além de uma única figura de referência, como seria a da mãe ou a do pai – é uma possibilidade efetiva na qual qualquer comunidade pode se inspirar. A educação das crianças acontece nos entre lugares e nos entre tempos que vão muito além dos espaços físicos, institucionais ou dos tempos planejados. Olhar por essas brechas pode nos indicar inúmeras pistas para a ideia de comunidades cuidadoras.
 

As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.

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Pensando o futuro do trabalho

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05 de junho de 2019

O desemprego já é realidade para 13,4 milhões de brasileiros, segundo dados do IBGE divulgados em abril. O cenário, porém, é ainda mais preocupante, uma vez que diferentes projeções indicam que, até 2030, mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo perderão seus postos de trabalho em decorrência da automação, robotização, inteligência artificial e adoção de outras tecnologias que tornarão o processo produtivo mais eficaz. Em contrapartida, profissões serão criadas e demandarão novas competências técnicas, sem renunciar às características próprias do ser humano, como a criatividade.

Discutir como as empresas, em especial as conduzidas por empresários cristãos, e as universidades católicas se posicionam diante desse cenário foi o propósito central do seminário internacional “Futuro do Trabalho”, realizado no dia 17, em São Paulo, pela Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa (ADCE), União Cristã Internacional de Executivos de Negócios (Uniapac), Federação Internacional de Universidades Católicas (IFCU), Associação Nacional de Educação Católica (Anec) e o Centro Universitário FEI.

Repensar modelos educativos Universidades adotam novas metodologias de ensino para que estudantes desenvolvam autonomia na produção de conhecimentos e aprimorem potencialidades, como senso crítico, ética e criatividade

Um dos pontos destacados é que as estruturas para a formação dos estudantes precisam mudar, especialmente para que eles possam produzir conhecimento e não só acumular informações.

Na avaliação de Carla Andrea Soares de Araújo, chefe do Departamento de Ciências Sociais do Centro Universitário FEI, investir em novos ambientes de ensino e aprendizagem, em metodologias educativas, e motivar que os estudantes dialoguem e atuem em equipe é fundamental. “Aprendizagem ativa é uma proposta de favorecer que o jovem aprenda a aprender. Adquirir instrumental intelectual para que possa ser sujeito de aprendizagem, adquirir autonomia na busca de conhecimento e na produção de novos conhecimentos. Por meio de um novo ambiente e uso de tecnologias, propõe-se um olhar para a integralidade da pessoa, proporcionando situações de aprendizagem não mais de forma estática, mas interativa e recíproca”, detalhou.

Fazer com que as universidades não apenas ofereçam ao mercado profissionais formados, mas envolvam os estudantes na resolução dos problemas das empresas é outra urgência, conforme avaliou, ao O SÃO PAULO, Luis Bameule, presidente da Uniapac na América Latina: “Há muita necessidade de diálogo entre a universidade e a empresa para que a formação do jovem estudante se alinhe às necessidades das companhias. Em países mais desenvolvidos, as empresas aproveitam a capacidade de gerar valor e conhecimento das universidades para conseguir novos produtos, serviços e melhorar sua eficiência. Esse trabalho conjunto ainda falta na América Latina”.

Criada em 1931, na Bélgica, a Uniapac hoje está em mais de 40 países, com cerca de 40 mil sócios, tendo como foco promover entre os líderes empresariais a visão e a implementação de uma economia que sirva à pessoa humana e ao bem comum da humanidade.

Experiências concretas

Algumas universidades já têm modificado seus métodos de ensino. No Centro Universitário FEI, instituição católica de orientação jesuíta e comunitária, fundada há 78 anos, desde 2016 a formação dos estudantes é pautada na inovação. “Todos os nossos cursos, inclusive das engenharias, acabaram de ser remodelados, olhando uma agenda para 2030, 2040 e até 2050. Nesse diferencial, estamos pautando as decisões institucionais e estratégicas, como os cursos e a visão dos estudantes para um panorama de megatendências”, comentou o Prof. Dr. Gustavo Henrique Bolognesi Donato, coordenador da Plataforma de Inovação da FEI.

De acordo com o Irmão Paulo Fossatti, presidente da Anec, a maior parte das 90 universidades e 1,5 mil escolas que integram a associação têm revisto projetos pedagógicos, com especial enfoque para a formação de competências e resolução de problemas reais.

Fossatti lembrou que na instituição em que é reitor, a Universidade La Salle, no Rio Grande do Sul, os trabalhos de conclusão de curso levam em conta algumas das prioridades da ONU para questões como água, habitação, saúde pública, fome e meio ambiente, bem como as preocupações expressas na encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, e na Doutrina Social da Igreja. Além disso, o resultado final pode ser algo prático, como uma startup (uma nova empresa que aprimora ou desenvolve um modelo de negócio) ou o protótipo de um produto. Ele citou o exemplo de uma luva destinada a pessoas que sofrem da doença de Parkinson, que foi desenvolvida na conclusão de curso de um grupo com estudantes de Fisioterapia, Enfermagem, Engenharia Mecânica, Design e Administração, e que será patenteada.

O Reitor também lembrou que a universidade convida os empresários locais para apontar as demandas da comunidade e das empresas aos estudantes, os quais, orientados pelos professores, buscam soluções: “Isso muda toda a dinâmica de uma universidade academicista para uma universidade que inova, que empreende e que, de fato, procura atender às necessidades reais do seu entorno”.

Tecnologia inimiga do emprego?

O avanço da robótica, da inteligência artificial e da automação deve fechar postos de trabalho, em especial para atividades de caráter repetitivo, contudo trará consequências positivas, de acordo com Donato: “Sempre existirá uma complementaridade, uma coexistência conosco, pois o ser humano é sempre necessário. O que essas tecnologias vão fazer é uma forte ampliação das nossas potencialidades”.

Carmen Migueles, professora da FGV e sócia-fundadora da Symbállein Consultoria, recordou que, no Japão, a ampliação de investimentos em robótica e automação não redundou em desemprego. “Acabou se chegando a uma escassez de mão de obra, pois a possibilidade de criação e inovação é ilimitada, se tivermos as pessoas continuamente envolvidas na pesquisa para resolver problemas. Foram gerados novos negócios e novas soluções, e assim se tornou necessário investir em automação e robotização para liberar mão de obra para esses novos negócios”, comentou.

Para Sérgio Cavalieri, presidente da ADCE Brasil e da Uniapac Brasil, o avanço tecnológico fará com que as pessoas, em vez de trabalhos repetitivos, façam “atividades mais nobres, utilizando a sua inteligência; provavelmente trabalhem menos horas por semana; e haverá uma economia mais produtiva, tudo isso em prol de uma sociedade melhor, mais justa e vivendo em condições mais dignas”, avaliou, destacando que para tal os trabalhadores precisam estar bem capacitados, sendo indispensável haver educação de qualidade desde os ciclos iniciais de ensino.

O que será buscado no profissional do futuro?

Nesse novo cenário de trabalho, que aspectos as empresas irão valorizar nos profissionais? Na avaliação de Clau Sganzerla, vice-presidente corporativo e de estratégia e inovação do grupo Algar, que atua especialmente nas áreas de telecomunicações e agronegócio, dois aspectos serão indispensáveis: “O primeiro é de competência técnica. Com novas tecnologias e coisas surgindo, cada vez mais as empresas precisam de um profissional que está atualizado com os novos conhecimentos. No entanto, a preocupação principal é com o segundo aspecto: com profissionais que têm a capacidade de ser mais flexíveis, de aprender novos conhecimentos. A adaptabilidade é o ‘x’ da questão”, disse à reportagem.

Donato recordou que estudos do World Economic Forum e do Institute for the Future mostram que ainda não existe a maioria das profissões que vão predominar no mercado em 2030, e que nesse novo tipo de atuação, que pressupõe mais tecnologia, fundamentos e flexibilidade, “o uso da criatividade e de todas aquelas capacidades humanas que são individuais, como a intuição, o julgamento ético, as questões morais, serão o grande diferencial”.

Subsidiariedade

Convidado para a conferência de abertura do evento, o Monsenhor Bruno-Marie Duffé, Secretário do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano, fez o lançamento do livro “A Vocação do Líder Empresarial – Uma Reflexão” e falou sobre o sentido da vocação na perspectiva cristã . Ele também apontou como a subsidiariedade, um princípio da Doutrina Social da Igreja, pode ser de grande valia para as empresas.

“A subsidiariedade é uma sabedoria que chama os empresários a manter um diálogo entre os atores de uma empresa, para chamá-los a viver a responsabilida de. A subsidiariedade, no interior da empresa, é uma escola para a responsabilidade e para a solidariedade social”, disse o Monsenhor.

Também Cavalieri lembrou que a subsidiariedade vai além de delegar funções: acontece efetivamente quando um chefe entrega a seus colaboradores decisões que antes competiam a ele, indicando ter confiança na potencialidade das pessoas, o que aumentará o senso de responsabilidade de todos os funcionários com os negócios da empresa: “Quando isso acontece, cria-se uma força incalculável dentro da empresa: ela é capaz de produzir muito mais, de tomar decisões mais rápidas, de atender melhor os clientes, de responder melhor às questões ambientais, pois a decisão vai descendo para a ponta”, afirmou.

Trabalho e dignidade humanaMonsenhor Duffé (centro), com participantes do seminário internacional ‘Futuro do Trabalho’, realizado, no dia 17, no Centro Universitário FEI

Monsenhor Duffé também lembrou que, na Doutrina Social da Igreja, o trabalho é entendido como a atividade para criação de bens e serviços, que leva em conta a dignidade da pessoa humana, a valorização dos talentos e o desenvolvimento da comunidade. “O bom trabalho pode ser apresentado como viver e atuar com uma vocação que considera a criação, a pessoa e a comunidade. O bom trabalho participa do bem comum e considera a perspectiva de uma economia humana e ecológica, que cuida do futuro da vida.”

Dom Luiz Carlos Dias, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Belém, que, no evento, representou o Cardeal Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, alertou que o avanço das tecnologias no mercado de trabalho não deve privilegiar a produção em detrimento do ser humano. Ele ressaltou que os empresários são chamados a contribuir com o desenvolvimento humano integral, tendo em vista uma sociedade justa, fraterna e pacífica.

Na avaliação do presidente da ADCE Brasil, “o empresário cristão deve ter, primeiro, um olhar de solidariedade e de caridade. Se nós, empresários, formos nos ater somente à questão da tecnologia, à questão de procurar o desempenho e a produtividade, eliminando postos de trabalho, teremos muita gente desempregada. Temos, sim, de usar a tecnologia, aproveitar toda a inteligência humana, porém sempre estar atentos ao ser humano e ao impacto que tudo isso traz, criar soluções e entender o papel do ser humano nas organizações do futuro, e isso só é possível com solidariedade e caridade”, disse Cavalieri.

Também participantes do evento, Fernando Felipe Sánchez Campos, vice-presidente da IFCU na América Latina, e Rolando Medeiros, presidente da Uniapac Internacional, recordaram as preocupações do Papa Francisco com uma economia que assegure a dignidade humana. “Que os modelos econômicos observem uma ética de desenvolvimento sustentável, baseado no valor que coloca o ser humano – a pessoa e seus direitos – no centro; e que a inteligência artificial, a robótica e outras situações tecnológicas se façam de tal maneira que contribuam com a humanidade e com a proteção do novo mundo, e não o contrário”, comentou Medeiros. 

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Matrículas para aprovados na primeira chamada do Sisu começaram

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30 de janeiro de 2018

Os aprovados na primeira chamada do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) devem procurar, a partir de terça-feira, 30, as instituições escolhidas para a efetivação da matrícula.

O resultado pode ser consultado no boletim do candidato, na página oficial do programa, nas instituições participantes e na Central de Atendimento do Ministério da Educação, pelo telefone 0800-616161.

CONSULTE O RESULTADO 

Segundo as regras do Sisu, o candidato selecionado em sua primeira opção de curso tem apenas essa oportunidade de efetuar sua matrícula. Orientações sobre a documentação exigida e dados como local e horário para efetivar a matrícula são obtidos junto à própria instituição de ensino, que também fica responsável por instruir sobre a possibilidade ou não de o candidato requerer transferência de curso, caso deseje.

Os 10 cursos mais procurados foram medicina, direito, administração, pedagogia, enfermagem, educação física, psicologia, ciências biológicas, ciências contábeis e medicina veterinária. O período de matrícula vai até 7 de fevereiro.

(Com informações de Agência Brasil)

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32% dos inscritos não compareceram ao segundo dia de Provas

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14 de novembro de 2017

O índice de candidatos que faltaram ao segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2017, realizada no domingo, 12, foi de 32%. Cerca de 2 milhões e 150 mil inscritos não compareceram às provas.

Os candidatos responderam a questões de matemática e ciências da natureza. No domingo anterior foram aplicadas as provas de redação, linguagens e ciências humanas.

CONFIRA AS PROVAS E O GABARITO OFICIAL

Neste ano, um total de 853 candidatos foram eliminados do Enem nos dois dias de prova, sendo 273 no primeiro dia e 580 no segundo dia.

Desse total, 842 pessoas foram eliminadas por descumprimento de regras do edital, nove por terem sido identificadas irregularidades nos detectores de metais e dois por recusa do dado biométrico.

O Boletim de Desempenho, que traz as notas individuais dos participantes, deverá ser disponibilizado em 19 de janeiro de 2018.

(Com informações de Agência Brasil)

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Primeiro dia de provas será no domingo, dia 5

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04 de novembro de 2017

Mais de 6 milhões de brasileiros estão inscritos para participar do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Nesta edição, a prova estreia novo formato, com aplicação dividida em dois domingos consecutivos, dias 5 e 12.
Pela primeira vez, a prova será personalizada com o nome e o número de inscrição do participante. A redação passará a ser aplicada no primeiro dia do exame, no domingo, 5, juntamente com as provas de Linguagens, Códigos e sua Tecnologia e Ciências Humanas e suas Tecnologias, com duração máxima de 5 horas e 30 minutos.
No domingo seguinte, dia 12, será a vez dos participantes responderem a questões de Ciência da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias, com duração máxima de 4 horas e 30 minutos.

(Com informações do jornal O Estado de S.Paulo)

 

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Dom Carlos participa de reinauguração do Teatro do Consa

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01 de novembro de 2017

O Colégio Franciscano Nossa Senhora Aparecida (Consa), no bairro de Moema, reinaugurou, em 6 de outubro, seu teatro, após 15 meses de reformas.

A solenidade contou com a participação de colaboradores do Consa e da Associação Cultura Franciscana (ACF), mantenedora do Colégio, além de Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade, de autoridades da Diretoria de Ensino e representantes das empresas que estiveram envolvidas na reforma e modernização do Teatro.

Os convidados foram recepcionados com uma apresentação musical de Marcela Ramos Previatto, ex-aluna, e Nicolas Pansiera Morador, estudante da 3ª série do ensino médio.

A cerimônia de inauguração teve início com a solene entrada da imagem de Nossa Senhora Aparecida, ao som do violoncelo da Professora Renata Facury e do teclado da Professora Marili Ferreira da Silva. Na sequência, Dom Carlos abençoou o teatro. Houve, ainda, a apresentação do Coral das Irmãs Franciscanas de Ingolstadt, sob a regência da Irmã Mirian Simon.

Antes da apresentação da peça teatral “1717”, musical sobre Nossa Senhora Aparecida, apresentado pela Cia de Dança Teatro Dois Pontos, de Florianópolis (SC), houve falas de agradecimento da Irmã Romana Rossetto, Provincial da Congregação, e da Irmã Priscilla Rossetto, Diretora do Consa, instituição com 80 anos de história.

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Dom Carlos preside missa na Cidade Universitária na memória de São Francisco

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12 de outubro de 2017

Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade, presidiu, no dia 4, missa no campus Cidade Universitária da USP, na zona Oeste, na memória litúrgica de São Francisco de Assis.

O Bispo, na homilia, falou sobre a vocação de São Francisco de Assis e de como é importante para o jovem abraçar a vocação. Dom Carlos recordou que muitos padres descobriram ser vocacionados ao sacerdócio enquanto estudavam na USP.

O Vigário Episcopal ressaltou aos 20 universitários que participaram da missa a grandeza do que se fazia naquele momento. “Hoje, quando vocês chegarem a suas casas, podem falar para a mãe de vocês: ‘Mãe, sabe quem eu encontrei na fila do bandejão hoje? Não foi o reitor, nem o prefeito, nem o presidente, nem o Papa! Encontrei Jesus Cristo Vivo, fisicamente presente na Eucaristia!’”, finalizou.

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