Evento na Câmara Municipal ressalta a Declaração de Abu Dhabi

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26 de junho de 2019

Há 800 anos, em 1219, no tempo das Cruzadas, quando os governos ocidentais queriam libertar a Terra Santa da dominação muçulmana, São Francisco de Assis abriu diálogos de paz entre islâmicos e cristãos ao ir ao encontro do Sultão do Egito, Malik al Kamil.

Em fevereiro deste ano, o Papa Francisco, na primeira viagem de um pontífice católico à península arábica, encontrou com o grande Imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyed, e juntos assinaram um documento histórico, a Declaração de Abu Dhabi, que condena especialmente o terrorismo e a intolerância religiosa. Também foi assumido o compromisso de que as religiões “nunca devem incitar a guerra, atitudes de ódio, hostilidade e extremismo”, nem promover a violência ou o derramamento de sangue.

ANO DA TOLERÂNCIA

Na noite da terça-feira, 18, na Câmara Municipal de São Paulo, autoridades civis e religiosas participaram de um encontro que ressaltou a Declaração de Abu Dhabi.

O evento foi articulado pelo vereador Rodrigo Goulart (PSD) e promovido pelo Consulado-Geral dos Emirados Árabes Unidos (EAU) no Brasil, no contexto do Ano da Tolerância, que acontece naquele País ao longo de 2019.

“O objetivo [do Ano da Tolerância] é estabelecer os EAU como capital global para a conciliação e afirmar o valor da tolerância como um marco institucional sustentável, por meio de legislações e políticas direcionadas, visando globalizar os valores de tolerância, diálogo, aceitação e abertura a diferentes culturas, especialmente entre as novas gerações, e assegurar que suas repercussões reflitam sobre a sociedade como um todo”, afirmou o Cônsul-Geral dos Emirados Árabes Unidos, Ibrahim Salem Alalawi, que lembrou, ainda, que dos 10 milhões de habitantes daquele País, 8 milhões são estrangeiros.

DOCUMENTO HISTÓRICO

Participante do evento, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, destacou que a Declaração de Abu Dhabi “é um documento sem precedentes nas relações entre Cristianismo e Islamismo, fruto de diálogo e de esforços conjuntos para prevenir ou superar conflitos de fundo religioso e toda a forma de manipulação da religião que justifique atos de terrorismo e agressões contra a pessoa”.

O Cardeal recordou que esse gesto do Papa Francisco está em sintonia com outros já realizados por seus predecessores: São João Paulo II, que em 1986 promoveu um encontro de líderes de diversas religiões para ressaltar que estas devem se envolver na promoção da paz e da convivência fraterna entre os povos; e Bento XVI, que em 2006 declarou que cristãos e muçulmanos, fiéis aos ensinamentos de suas próprias tradições religiosas, devem aprender a trabalhar juntos para evitar a intolerância bem como se opor às formas de violência.

“A Declaração de Abu Dhabi convida todas as pessoas que têm fé em Deus e na fraternidade humana a se unir e trabalhar em conjunto no respeito mútuo, partindo na compreensão de que todos os seres humanos são irmãos. Destaca a adoção da cultura do diálogo como caminho da colaboração comum como conduta e do conhecimento recíproco como método e critério. Um apelo especial é feito aos líderes religiosos das nações para que se empenhem seriamente na difusão da tolerância e da convivência pacífica, para impedir o derramamento de sangue inocente e para acabar com as guerras e os conflitos”, disse o Cardeal.

Dom Odilo também lembrou que a Declaração “é uma luz de esperança nestes tempos sombrios. Ela contrasta com muros levantados nas fronteiras e com movimentos que incitam a intolerância e o ódio”.

DECLARAÇÃO DE FRATERNIDADE HUMANA

Ao final do evento, o Cardeal Scherer e o Sheik Mohamad Al Bukai, diretor de assuntos islâmicos da União Nacional Islâmica, assinaram a Declaração de Fraternidade Humana.

O Sheik agradeceu ao governo dos Emirados Árabes Unidos a promoção do Ano da Tolerância, permitindo criar “pontes de amor e de tolerância entre as culturas e povos”. Também enalteceu o fato de o Brasil ser um País tolerante e acolhedor ao estrangeiro.

“Vamos criar uma geração que acredita na santidade de Deus e na dignidade do ser humano na Terra”, afirmou o Sheik.

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Documento aborda desafios diante da ‘ideologia de gênero’ nas escolas

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12 de junho de 2019

A Congregação para a Educação Católica publicou, na segunda-feira, 10, um documento com o título “Homem e mulher os criou. Para uma via de diálogo sobre a questão de gender na educação”. 

O texto ressalta que a sociedade vive em um tempo de “emergência educativa”, especialmente no que diz respeito à sexualidade e aos desafios que emergem de uma ideologia genericamente chamada de gender (gênero), que nega a diferença e a reciprocidade natural do homem e da mulher.

 

DESORIENTAÇÃO ANTROPOLÓGICA
O documento destaca que “a desorientação antropológica que caracteriza difusamente o clima cultural de nosso tempo, certamente, contribuiu para desestruturar a família, com a tendência de cancelar as diferenças entre o homem e a mulher, consideradas como simples efeitos de um condicionamento histórico-cultural”.

Tal ideologia, pontua o texto, apresenta uma sociedade sem diferenças de sexo e esvazia o fundamento antropológico da família. “Esta ideologia leva a projetos educativos e diretrizes legislativas que promovem uma identidade pessoal e uma intimidade afetiva que estão radicalmente desvinculadas da diversidade biológica entre o homem e a mulher”, diz o texto.

O documento afirma, ainda, que a educação na afetividade precisa de uma linguagem adequada e moderada. “Em primeiro lugar, deve-se levar em consideração que as crianças e os jovens ainda não atingiram a plena maturidade e começam a descobrir a vida com interesse.” 

 

OUVIR, REFLETIR E PROPOR
É apresentada uma metodologia articulada em três atitudes: ouvir, refletir e propor. 

Ouvir “do perfil histórico, dos pontos de encontro e das críticas na questão do gender”, bem como da “partilha e apreciável exigência de lutar contra qualquer expressão de injusta discriminação”. 
Reflexão crítica sobre os aspectos da “liquidez e fluidez pós-moderna”, que levam a propor, em nível antropológico, “uma identidade pessoal e uma intimidade afetiva radicalmente desvinculada da diferença biológica entre masculino e feminino”.

Proposta de um cuidadoso discernimento sobre a verdade da pessoa e sobre o significado da sexualidade humana, por meio de uma clarificação antropológica que tem o seu núcleo naquela “ecologia humana que procura o reconhecimento da dignidade peculiar do ser humano”.

(Com informações de ACI e Vatican News)

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