Forçados a se converter ao Islamismo em troca de alimentos

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10 de mai de 2020

“É uma prática escandalosa e alarmante, que deve ser extirpada a partir da raiz: há algumas pessoas que estão explorando o bloqueio devido à COVID-19 e o desespero de tantas pessoas pobres, para induzir uma conversão religiosas ao Islã, com chantagens: ‘se quiser comida, converta-se em muçulmano’”, denunciou à Agência Fides o professor Anjum James Paul, católico paquistanês, presidente da Associação Paquistanesa de Professores das Minorias (Pakistan Minorities Teachers’ Association).

“Pedimos a todos os religiosos muçulmanos que evitem esta vergonhosa forma de violência e proselitismo, pela qual se solicita a conversão religiosa em troca de comida, algo que pode funcionar com os marginalizados e os mais pobres entre os pobres. Apreciamos todos que servem a humanidade sem esses fins escusos. Neste momento de sofrimento comum, todos estamos chamados a amar, respeitar e servir a humanidade sem discriminação”, continuou o professor.

Um vídeo foi divulgado em que um religioso islâmico demonstra alegria pela conversão ao Islã de algumas pessoas que haviam pedido comida por passarem dificuldade devido ao impacto econômico da atual pandemia de COVID-19. O mesmo islâmico pede no vídeo que todos os muçulmanos que trabalham na ajuda humanitária façam a mesma coisa, dizendo que “não devemos ajudar os não muçulmanos”.

Minorias religiosas, como cristãos e hindus, denunciaram a prática. A advogada paquistanesa Sulema Jahangir, em um artigo recente na revista Dawn, falou sobre a prática de “conversões forçadas” de meninas hindus e cristãs ao Islã, por meio de casamento forçados com islâmicos. “A vulnerabilidade das meninas pertencentes às minorias religiosas aumentou ainda mais com o estalo da pandemia mundial de COVID-19”, afirmou a advogada em seu artigo.

A conversão, muitas vezes, é o único modo que as mulheres jovens encontram para salvarem-se a si mesmas e as suas famílias. Entretanto, uma vez convertida, não se pode voltar atrás, pois recairia sobre a conversa a pena de morte por apostasia.

Entre 2013 e 2019, houve, pelo menos, 156 casos de conversões forçadas no Paquistão, segundo dados da Comissão de Direito das Minorias e da ONG Centro de Justiça Social.

 

(Com informações da Agência Fides)

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Regional Sul 1 se solidariza com cristãos em Moçambique

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16 de abril de 2020

O Presidente do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Pedro Luiz Stringhini e Bispo de Mogi das Cruzes, manifestou sua solidariedade com as vitimas afetadas pelos ataques na região norte de Moçambique e afirmou sua profunda solidariedade e comunhão com a Diocese de Pemba e seu sofrido povo.

O Bispo de Pemba, Dom Luís Fernando Lisboa, assim descreve o sentimento da população de Cabo Delgado, em Moçambique, face aos ataques terroristas que afetam sobretudo os distritos do norte e centro da província: “Temos sofrido há três anos sem saber porque estamos sendo atacados. Há três anos tudo mudou em nossa vida… Choramos de dor e de tristeza. Vivemos fugindo sem saber para onde”.

O episcopado paulista mantém uma Missão na Diocese de Pemba. Ao todo, 12 brasileiros entre padres, religiosos(as) e leigos(as) participam do projeto batizado “Missão África-Pemba”, nas aldeias de Nangade, Mazeze e Metoro.

Dom Pedro Luiz escreveu a seguinte mensagem em solidariedade ao Bispo de Pemba, em Moçambique, Dom Luís Fernando Lisboa,  e aos missionários e missionárias:

MENSAGEM:

Querido Dom Luiz Fernando Lisboa!
Queridos missionários e missionárias da Diocese de Pemba!

A situação da Região de Cabo Delgado, narrada no documentário da Pastoral Comunicação da Diocese de Pemba (Igreja irmã do Regional Sul 1), muito nos entristece e nos faz sentir cada vez mais impotentes.

Vamos divulgá-lo para que um número sempre maior de irmãos e irmãs se unam em oração e solidariedade.

A vida, dom sagrado de Deus e, por isso mesmo, na ótica da fé pascal dos cristãos, revestida sempre de alegria, beleza e esperança, encontra-se tão ameaçada nos dias atuais, seja pelas doenças, seja por essa violência avassaladora.

Dessa forma, Dom Luiz Fernando e demais irmãos, estejam certos da nossa profunda solidariedade e comunhão com a Diocese de Pemba e seu sofrido povo.

Continuamos acreditando que a esperança não decepciona. Contem com nossa oração e nossa afeição.

Fraternalmente,

 

Dom Pedro Luiz Stringhini

Presidente do Regional Sul 1 da CNBB

 

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A Praga de Justiniano e São Gregório Magno

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12 de abril de 2020

No artigo anterior, falamos sobre a atitude dos cristãos em relação aos doentes nas épocas das Peste de Cipriano (250-270 d.C.) e de Antonina (165-190 d.C.), principalmente a partir do relato de São Dionísio. Vimos a importância dada pelos cristãos ao cuidado dos doentes e como esse exemplo foi um dos fatores da cristianização do Império Romano.

Neste artigo, no qual trataremos da chamada Praga de Justiniano, veremos outra atitude considerada essencial pelos cristãos de outrora para enfrentar, como espírito sobrenatural, qualquer epidemia: a oração.

A Praga de Justiniano

A Praga de Justiniano é o nome dado a, no mínimo, 17 ondas epidêmicas que desgraçaram o mundo antigo entre os anos de 541 e 750 d.C. A peste tem o nome do Imperador Justiniano, pois sua primeira onda ocorre durante seu governo do Império Romano do Oriente. A peste bubônica, causadora da epidemia, provavelmente teve início no Norte da África e afetou, principalmente, as regiões próximas ao Mar Mediterrâneo.

As epidemias tinham relação com o comércio marítimo, pois a doença era causada pelas pulgas dos ratos trazidos pelas embarcações. Por isso, a peste demorou a chegar ao norte da Europa, e atingiu, principalmente, o Império Bizantino (o que restou do Império Romano após a queda de Roma) e o mundo islâmico.

As ondas da peste causaram mortalidade em larga escala e foram responsáveis por agudo declínio demográfico. Normalmente se afirma que entre 20% e 30% da população faleceu por causa da Praga de Justiniano. O impacto da doença foi tal que a mão de obra se tornou mais cara, mais terras tornaram-se disponíveis e os exércitos perderam um grande número de homens, o que justificou, segundo alguns historiadores, a diminuição do ritmo das conquistas islâmicas no Império Bizantino.

Vários detalhes da doença foram fornecidos por descrições dá época: a doença tinha início súbito com uma febre. Em poucos dias, inchaços se desenvolviam principalmente na região da virilha, mas também nas axilas, atrás das orelhas e nas coxas. Alguns doentes ficavam em coma, outros deliravam. Depois, grandes pústulas negras apareciam e causavam a morte do doente em menos de um dia. As pústulas não apareciam em todos os doentes, e quem não as desenvolvesse tinha maiores chances de sobreviver, mas com graves sequelas.

A peste, depois do último surto de 750 d.C., desapareceu, até retornar na Baixa Idade Média com a chamada Peste Negra.

Em 590, houve um grande surto da doença em Roma, e, segundo um historiador da época, o bispo Gregório de Tours, o primeiro a ser vitimado pela doença na Cidade Eterna foi o Papa Pelágio II. Em seu lugar, foi eleito por aclamação popular um então monge, de conhecida virtude, ao trono de Pedro: Gregório, que depois seria canonizado e lembrado como São Gregório Magno.

A atitude do novo Papa diante da Peste

Enquanto a cerimônia de entronização do Papa Gregório estava ainda sendo preparada, a epidemia de peste bubônica devastou a cidade de Roma. Diante de uma epidemia cuja causa era desconhecida à época – suponha-se que a doença era transmitida pelo ar, o que não é verdade – e para qual não havia tratamento eficaz, as pessoas podiam tomar duas atitudes distintas: ou fugiam para regiões não atingidas pela doença ou recorriam a Deus por meio de procissões, ladainhas, jejuns e orações.

Diante do caos instalado na Cidade Eterna, o Papa Gregório congregou a população e a exortou com um sermão na Basílica de Santa Sabina para que fizessem penitência, se arrependessem de seus pecados e rogassem pela misericórdia de Deus. São Gregório Magno viu na epidemia uma oportunidade para que os fiéis se aproximassem de Deus, baseado na verdade de fé que Deus, de todo mal, é capaz de tirar um grande bem.

“Nossa presente prova deve abrir caminho para nossa conversão. As aflições que sofremos devem amolecer a dureza de nossos corações (...) Na nossa angústia, Deus nos dá uma esperança renovada, na verdade é o que Ele nos dá quando o profeta diz: “Eu não tenho nenhum prazer na morte do ímpio, mas quero que ele se converta e viva”, clamou São Gregório.

O Papa, então, recordou que Deus é Misericórdia infinita e que rapidamente atenderia as preces do povo caso se arrependesse: “Pois Deus é cheio de misericórdia e compaixão, e é sua vontade que devemos ganhar seu perdão através de nossas orações. Ele não se irritará conosco, por mais que mereçamos (...) Ele, pois, diz que deseja demonstrar sua misericórdia àqueles que O chamam.”

Assim, São Gregório convocou uma procissão dividida em sete grupos que se encontrariam, por fim, na Basílica de Santa Maria Maggiore. Toda a população da cidade acorreu à procissão, crianças e idosos, padres e monges, casadas e viúvas formaram grupos distintos que partiriam cada um de uma igreja de Roma.

Como fez o Papa Francisco, São Gregório pediu a intercessão de Nossa Senhora por meio do Ícone Salus Populi Romani, o mesmo que foi posto na Praça de São Pedro na bênção eucarística dada por Francisco no dia 27 de março deste ano.

Relatos indicam que muitas pessoas morreram durante a procissão, pois a morte pela peste bubônica ocorria subitamente. Entretanto, o surto da peste teve fim depois do ato público de fé. Por causa disso, São Gregório Magno instituiu as Ladainhas Maiores, a serem rezadas no dia 25 de abril, como forma de rogação a Deus em tempos de epidemia e peste.

Não renunciar nunca à oração

As medidas tomadas pelo Papa Gregório Magno para enfrentar a peste de seu tempo podem parecer desarrazoadas a partir de um ponto de vista estritamente científico. Entretanto, se a fé cristã não nega o conhecimento científico, ela não pode renunciar à oração. À época de São Gregório, não se sabia a causa da doença nem como tratá-la adequadamente. Certamente, se o Papa estivesse munido desses conhecimentos, tomaria as decisões sanitárias adequadas para o fim da peste, mas sem abdicar da oração.

A fé e a razão são as duas asas do Cristianismo, como afirmou o Papa Emérito Bento XVI. A reação dos cristãos à peste de 590 que desgraçou a cidade de Roma pode nos ensinar, cristãos do século XXI, o valor da oração perseverante e comunitária, à qual Cristo promete eficácia. Afinal, Ele não disse “Pedi e vos será dado, procurai e encontrareis, batei e a porta vos será aberta”(Mt 7, 7) e “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali eu estarei, no meio deles” (Mt 18,20)?

Em tempos de quarentena sanitária devido ao novo coronavírus, a Igreja renova, por meio do Papa e de seus bispos, o pedido de São Gregório aos fiéis de seu tempo: oração frequente pelos doentes, pelo fim da pandemia e pelas almas do falecidos.

 

Fontes: (Encyclopedia of Pestilence, Pandemics and Plagues, Greenwood Press; História dos Francos de Gregório de Tours)

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A Igreja em tempos de epidemia: As pestes dos primeiros séculos

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31 de março de 2020

A atual pandemia do novo coronavírus tem impactado diretamente a vida da Igreja e de seus fiéis. Questionamentos sobre o funcionamento de templos e as celebrações têm sido feitos, e, como se trata de uma situação não vivida pelas mais recentes gerações, os receios abundam. Entretanto, a Igreja, desde sua fundação, enfrentou diversas situações parecidas de epidemia e conseguiu, a partir de todos esses males, expressar o amor de Deus à humanidade atingida por surtos de doenças.

Por essa razão, conhecer a história da Igreja pode ser um bom antídoto contra todo e qualquer alarmismo e desespero. A história é uma grande mestra. Sem ela, podemos pensar que sempre enfrentamos algo novo e devemos a todo tempo “reinventar a roda”, quando o simples olhar ao que nossos antepassados fizeram pode iluminar e guiar nossa conduta.

A verdade é que epidemias sempre foram comuns na história. Quem não se lembra das aulas de História sobre a Peste Negra, que dizimou quase um terço da população europeia? Ou da gripe espanhola, que contaminou, no começo do século XX, 500 milhões de pessoas? Diversos outros exemplos podem ser dados, alguns mais graves que outros, como a epidemia de Ebola ou de poliomielite, uma das doenças infantis mais temidas até a metade do século passado. 

A Igreja sempre atuou diretamente no cuidado físico e espiritual de milhões de doentes em períodos de caos e foi, muitas vezes, a única a lhes dar consolo e esperança. Hoje, a sua missão continua a mesma, seguindo os passos de Jesus, que se identificou intimamente com os doentes e com os que sofrem.

Este é o primeiro artigo de uma série cujo objetivo será contar, em poucas linhas, a história de algumas epidemias do ponto de vista cristão, para podermos, com um olhar de fé mais profundo, enfrentar a atual pandemia e vermos nela uma oportunidade de crescer no amor e confiança a Deus. Começaremos com a epidemia de varíola e sarampo que abalou o Império Romano nos séculos II e III d.C.

O cuidado cristão aos doentes no começo do Cristianismo

Diversos historiadores e sociológicos atribuem o crescimento do Cristianismo no Império Romano à forma como os cristãos tratavam os doentes, principalmente em tempos de epidemia. Adolph von Harnack, historiador tcheco do século XIX, foi o primeiro historiador moderno a fazer essa associação. Mais recentemente, Rodney Stark, sociólogo americano ainda vivo, é um dos grandes defensores dessa tese, que defende no livro The Rise of Christianity (O crescimento do Cristianismo).

Esses pensadores argumentaram que o Cristianismo, em seu início, promoveu formas inovadoras de cuidado aos doentes bem como um suporte espiritual próprio aos que sofrem, porque o Cristianismo deu um sentido profundo ao sofrimento. Por meio deste, o fiel se associa a Cristo padecente e exercita seu amor a Deus e aos homens. Entretanto, o Cristianismo não concebe o sofrimento como eterno, mas uma realidade passageira que terá fim quando chegarmos ao Paraíso. Ao contrário do paganismo vigente à época no Império Romano, em que o sofrimento era visto, sobretudo, como uma forma de punição dos deuses, o Cristianismo ensinava que todos devem carregar sua cruz com amor.

Assim, o Cristianismo surgiu como uma grande resposta ao problema do mal e do sofrimento, resposta que, em tempos de epidemia, justificou a conversão de milhares de pessoas à nova fé, em detrimento das crenças pagãs.

Afora a questão doutrinal da justificação do sofrimento, o Cristianismo atraiu milhares pela forma como os doentes eram tratados. São Policarpo de Esrmina, bispo do começo do século II, já destacava o cuidado aos doentes como uma das principais tarefas da Igreja. Associações entre a imagem de Cristo e a de um médico abundaram nos primeiros séculos. “Há apenas um médico”, proclamou São Inácio de Antioquia no começo do século II, “(...) Jesus Cristo nosso Senhor”.

Os cristãos do primeiro século eram estimulados a tratar os doentes a partir de sua fé, que alinhava a atividade médica à atividade do próprio Cristo, que curava as doenças do corpo, e, principalmente, as doenças da alma. Nesse contexto, poderemos entender a epidemia que desgraçou o Império Romano nos séculos II e III.

As pestes dos primeiros séculos

A grande epidemia do segundo século foi a chamada Peste Antonina (165-180 d.C), que teve início no ano de 165 no Império Romano. Historiadores estimam que aproximadamente 5 milhões de pessoas morreram em todo o Império devido a esta peste. O historiador romano Dião Cássio afirmou que, no auge, 2 mil pessoas morriam por dia na cidade de Roma.

O famoso infectologista Hans Zinsser assim descreveu os impactos da peste: “Tantas pessoas morreram que cidades e vilas na Itália e nas províncias foram abandonadas e caíram em ruína. Aflição e desorganização foram tão severas que uma guerra contra os Marcomanni (um povo germânico) foi adiada. Quando, em 169, a guerra recomeçou, muitos soldados germânicos – homens e mulheres – foram encontrados mortos no campo de batalha sem ferimentos, porque morreram da epidemia”.

Depois de aproximadamente um século do fim desta epidemia, uma segunda atingiu o Império Romano. No seu auge, 5 mil pessoas morriam por dia em Roma somente. E, especialmente sobre esta última epidemia, há muitas fontes cristãs que a relatam. São Cipriano, bispo de Cártago, escreveu em 251, que “muitos de nós estamos morrendo dessa praga e pestilência”. Alguns anos depois, São Dionísio, bispo de Alexandria, escreveu em uma mensagem de Páscoa que “repentinamente chegou esta doença, algo mais assustador que qualquer desastre imaginável”.

Apesar de não serem certas as doenças, alguns historiadores associam as pestes à varíola e ao sarampo, respectivamente. Entretanto, independentemente da doença e dos números terríveis, o que se destaca nas pragas é a forma com que os cristãos trataram os doentes. A caridade cristã foi uma luz nessa época tenebrosa, a tal ponto que Rodney Stark atribui o crescimento da nova fé cristã no seio do Império Romano a ela. Os pagãos viam o amor com que os doentes eram tratados e eram movidos a se converterem.

São Dionísio de Alexandria descreveu em detalhes, no período da segunda epidemia, a dedicação cristã aos doentes e sua coragem diante da morte e da doença: “A maioria dos nossos irmãos demonstrou amor e lealdade em não se resguardar ao ajudar os outros. (...) Cuidam dos doentes sem pensar no perigo e alegremente deixam a vida com os doentes depois de se infectarem (...) Os melhores de nossos irmãos perderam suas vidas dessa maneira. Um grande número de presbíteros, diáconos e leigos ganhou grande louvor, resultado de uma grande piedade e de uma fé firme, morte que se assemelha em todos os sentidos ao martírio”.

Quando os cristãos agiram heroicamente, “os pagãos agiram da maneira oposta”. De acordo com São Dionísio, pessoas sem a fé cristã “afastavam aqueles com os primeiros sinais da doença e deixavam de seus entes mais queridos. Eles até os jogavam meio mortos nas estradas e tratavam os corpos como lixo, para evitar o contágio”.

Exagerada ou não a diferença pintada por São Dionísio entre a atitude dos cristãos e a dos pagãos, seu relato demonstra a inabalável coragem e caridade dos cristãos. Essa atitude ajudou a dar bom testemunho da fé cristã e foi essencial para que o Evangelho fosse proclamado no seio do Império Romano. O Imperador Juliano, um século depois, incentivou que os pagãos também praticassem as virtudes cristãs, para evitar o crescimento da religião cristã. Segundo o imperador, o crescimento dos cristãos se deveu ao seu “caráter moral” e por sua “benevolência com os estrangeiros e cuidados com os túmulos dos mortos”.  

O intento do Imperador Juliano não prosperou, porque apenas alguns anos depois o Cristianismo se expandiu ainda mais e se tornou a religião oficial do Império Romano com o Edito de Tessalônica (380 d.C), do Imperador Teodósio I. Vemos, assim, no exemplo dos primeiros cristãos, como podemos ser luz num mundo infestado pela doença e, assim, levar tantos a Cristo.

(Com informações dos livros: The Rise of Christianity – Rodney Stark; e Healing in the History of Christianity – Amanda Porterfield)

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Cardeal Odilo Pedro Scherer recebe o Prêmio Fraternidade

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14 de março de 2020

Na noite da quinta-feira, 12, no Colégio Nossa Senhora de Sion, em Higienópolis, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, recebeu o Prêmio Fraternidade, concedido pelo Conselho de Fraternidade Cristão-Judaica de São Paulo a pessoas que se dedicam à causa do diálogo inter-religioso.

Anteriormente, o prêmio foi entregue, no ano 2000, a São João Paulo II, e em 1995 ao judeu sr. Hugo Schlesinger, um dos pioneiros do diálogo inter-religioso no Brasil e avô do Rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista (CIP), que esteve presente à cerimônia de entrega da premiação ao Cardeal Odilo Scherer.

“Dom Odilo tem se dedicado muito pela memória da shoah [como também é conhecido o holocausto], como um antídoto contra o antissemitismo. Fez questão de visitar Auschwitz [campo de concentração mantido pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial] e me contou, emocionado, sobre o impacto nele dessa visita como Cardeal-Arcebispo e, sobretudo, como ser humano”, afirmou, destacando, ainda, o empenho do Arcebispo de São Paulo para a promoção do diálogo inter-religioso.

Também compuseram a mesa da solenidade a senhora Miriam Markus, Presidente da Fraternidade Cristão-Judaica de São Paulo; Dom Pedro Carlos Cipollini, Bispo de Santo André (SP) que foi convidado por Dom Manoel José Francisco, Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso da CNBB, a representá-lo; e o judeu sr. Ricardo Schlesinger, que entregou a premiação ao Arcebispo de São Paulo: um diploma por seus esforços e dedicação à causa do diálogo inter-religioso e uma escultura da “Pomba da Paz”, confeccionada pela artista Hanna Brandt, e que permanecerá com Dom Odilo até 2022.

‘Bebemos da mesma fonte da revelação divina’

Ao agradecer pela homenagem recebida, o Cardeal Scherer recordou seus predecessores na Arquidiocese, Dom Cláudio Hummes e Dom Paulo Evaristo Arns, “que tiveram sempre uma grande estima pela comunidade judaica, pelas relações do diálogo e fraternidade com essa mesma comunidade e com as outras religiões e outras igrejas”.

Disse, também, que sua estima pela comunidade judaica tem motivos de fé, “pois somos espiritualmente unidos, bebemos da mesma fonte da revelação divina recebida por Abraão e seus descendentes. Não nos entendemos nós, cristãos, a não ser a partir da herança de Israel. Sinto, por isso, uma profunda afinidade espiritual e religiosa em relação ao povo judeu e uma admiração por esse povo que legou à humanidade tradições religiosas, morais e culturais tão vastas e profundas”.

Dom Odilo também manifestou o desejo de que o Senhor abençoe e mantenha unidas essas duas comunidades e conceda a paz a toda a humanidade.

LEIA A REPORTAGEM COMPLETA NA PRÓXIMA EDIÇÃO DO O SÃO PAULO

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Cristãos na Nigéria: ‘corremos o risco de extermínio’

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18 de janeiro de 2020

A Igreja na Nigéria faz um forte apelo contra a violência anticristã vivida no país africano. Em um vídeo enviado à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, o Sacerdote nigeriano Joseph Bature Fidelis, denuncia a perseguição vivida pelos cristãos nigerianos. “Nós, cristãos na Nigéria, somos realmente perseguidos. Todos os dias nossos irmãos são mortos nas ruas”, afirmou.

Padre Fidelis manifestou sua dor e preocupação pelos cristãos de seu país e pelos quatro seminaristas do Seminário Maior Bom Pastor, em Kaduna, sequestrados, no último dia 8, por pessoas ainda não identificadas. Os seminaristas são Pius Kanwai, 19, Peter Umenukor, 23, Stephen Amos, 23, e Michael Nnadi, 18.

Segundo a Polícia local, o ataque durou cerca de meia hora. Os bandidos invadiram a casa de formação e tiveram acesso ao dormitório que abriga 268 estudantes.

EXECUÇÃO NO NATAL

A onda de violência teve início em 26 de dezembro de 2019, com a divulgação de um vídeo com a execução brutal de dez cristãos, reivindicada pelo Estado Islâmico da Província da África Ocidental.

“Desde então a situação se deteriorou”, denunciou o Padre Joseph, fazendo um forte apelo: “Peço ao governo da Itália, país onde estudei, e a todos os governos europeus para que pressionem o nosso governo a fazer algo para nos defender”.  

O sequestro de membros da Igreja com o objetivo de extorsão se tornou uma triste realidade na Nigéria, mesmo após a Conferência Episcopal local ter proibido o pagamento de resgates pela libertação de padres, religiosos e seminaristas sequestrados.

HITÓRICO DE MORTES

A Nigéria e outros países africanos têm sido palco de perseguições contra cristãos e assassinatos de religiosos. Segundo a Agência Fides, após oito anos consecutivos em que o número mais elevado de missionários assassinados foi registrado na América, a partir de 2018 tem sido a África a ocupar o primeiro lugar nesta classificação.

As agências humanitárias informam que somente na Nigéria pelo menos 30 mil civis foram mortos e 30 milhões foram deslocados desde o início da ofensiva jihadista em 2009.

‘AGENTES DAS TREVAS’

Após os assassinatos dos cristãos no Natal, o presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, muçulmano, exortou a população a não cair na armadilha de se deixar dividir entre muçulmanos e cristãos por “assassinos de massa, sem consciência, sem Deus, que maculam o nome do Islã com suas atrocidades”. “Esses agentes das trevas são inimigos de nossa comum humanidade e não pouparão nenhuma vítima, sejam muçulmanos ou cristãos”, acrescentou o mandatário.

Os cristãos lamentaram várias vezes a falta de ação do governo local para garantir a segurança e prevenir a violência contínua e massacres anticristãos.

Segundo Padre Fidelis, são necessários o apoio e a ação dos governos europeus. “Caso contrário, corremos o risco de extermínio. O nosso povo sofre muito. Por favor, ajude-nos. Não fiquem calados diante deste imenso extermínio que está ocorrendo em silêncio”, afirmou o Sacerdote.

APELO DO PAPA

O Papa Francisco manifestou sua dor pelos “episódios de violência contra pessoas inocentes, entre as quais muitos cristãos perseguidos e mortos pela sua fidelidade ao Evangelho”. Durante seu discurso ao Corpo Diplomático, no dia 9, o Pontífice exortou a comunidade internacional a apoiar os esforços que estes países estão a fazer na luta para derrotar o flagelo do terrorismo, que está a cobrir de sangue partes cada vez mais extensas da África, bem como outras regiões do mundo.

“É necessário que se implementem estratégias que incluam intervenções não só no campo da segurança, mas também na redução da pobreza, na melhoria do sistema de saúde, no desenvolvimento e na assistência humanitária, na promoção da boa governança e dos direitos civis. Tais são os pilares dum real desenvolvimento social”, ressaltou o Santo Padre.

(Com informações de Vatican News, Agencia Fides e SIR)

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Um em cada oito cristãos no mundo sofre perseguição

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Ao menos 220 cristãos são presos por ‘blasfêmia’

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22 de fevereiro de 2019

Um dos casos mais famosos de perseguição anticristã é o de Asia Bibi, que ficou na prisão durante nove anos por ter supostamente blasfemado contra Maomé. Mas Asia Bibi é apenas um caso entre muitos: atualmente, existem pelo menos 220 cristãos no País presos por crimes de blasfêmia contra o profeta do Islã.

A denúncia foi feita pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, da Itália, que visitou o Paquistão e pôde comprovar a situação dos cristãos presos. Segundo Cecil Chaudhry, diretor da Comissão Nacional de Justiça e Paz, as decisões judiciais demoram cada vez mais porque os juízes “têm medo de errar e também de serem atacados por fundamentalistas” muçulmanos.

Fonte: ACI
 

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Cristãos autênticos não têm medo de se abrir ao próximo

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27 de dezembro de 2018

“O Papa Francisco, junto com toda a Igreja, confia em vocês”. Assim começa a mensagem do Papa, assinada pelo Secretário de Estado da Santa Sé, Cardeal Pietro Parolin, aos participantes do 41º Encontro Europeu dos Jovens, organizado pela Comunidade Ecumênica de Taizé.

O evento será realizado em Madri, na Espanha, entre os dias 28 de dezembro de 2018 e 1º de janeiro de 2019.

Jamais perder o gosto de sonhar junto

Na mensagem, o Papa exorta a juventude a “jamais perder o gosto pelo reencontro, pela amizade, o sonhar junto, caminhar com os outros, porque os cristãos autênticos não têm medo de se abrir ao próximo, de dividir seus próprios espaços os transformando em espaços de fraternidade”.

Construtor de pontes entre Igrejas, religiões e povos

O Papa também convida toda a juventude a abrir um espaço ao Senhor em sua vida e a descobrir que, graças à amizade com Jesus, “é possível viver uma hospitalidade generosa, aprender a crescer com as diferenças dos outros e a frutificar os próprios talentos para se transformar em construtor de pontes entre as Igrejas, as religiões e os povos”.

Por fim, Francisco pede que os jovens sigam o exemplo de Maria, cujo “amor cheio de audácia e orientado para o dom de ajudar” os estimule a viver concretamente “a caridade que nos impulsiona a amar a Deus acima de tudo e de nós mesmos, a amar as pessoas com as quais dividimos o cotidiano”.

Abrir as portas em espírito de acolhida cristã

O Encontro Europeu dos Jovens deverá reunir milhares de pessoas, provenientes de diversos países. O tema que o Irmão Alois (foto), Prior da Comunidade de Taizé, escolheu para este ano é: “Não nos esqueçamos da hospitalidade”.

Cerca de 170 paróquias e milhares de famílias anfitriãs em Madri abrirão as portas das suas casas aos jovens peregrinos europeus, em espírito de acolhida cristã.

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Cristãos são torturados por ‘apostasia’

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04 de dezembro de 2018

No dia 13 de outubro, os serviços nacionais de segurança de Nyala, ao sul de Darfur, prenderam 12 fiéis – incluindo um pastor – de uma igreja local. Nove deles ficaram retidos durante vários dias. No dia 21, oito desses nove foram libertados depois de terem sido forçados a renegar sua fé cristã e aceitar o Islã. O pastor recusou-se a renegar a fé e foi acusado de “apostasia” (do Islã), segundo o artigo 126 do ato criminal de 1991. Ele foi libertado sob fiança. 

Os fiéis relataram que foram submetidos a torturas e tratamento desumano. Quatro deles tiveram que ser hospitalizados para tratar dos ferimentos. E o sofrimento não acabou: se o pastor for condenado por apostasia, ele pode receber a pena de morte. 

O Centro Africano para Estudos sobre a Justiça e a Paz pediu às autoridades que respeitem a liberdade religiosa dos cristãos, conforme o texto constitucional de 2005, e que abandonem as acusações de apostasia contra o pastor de Darfur.

Fonte: Fides
 

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A desconhecida perseguição nazista a clérigos católicos

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13 de agosto de 2018

Editora contexto/Divulgação

Europa, década de 1920: a vida transcorria em relativa calma num continente ainda assustado com os desdobramentos da 1ª Guerra Mundial, ocorrida poucos anos antes. O Tratado de Versalhes, documento assinado em 1919 e que poria fim ao conflito de grandes proporções na região, impôs à derrotada Alemanha uma série de exigências políticas e militares, como também lhe atribuiu a responsabilidade pela eclosão do confronto e o pagamento de uma vultosa indenização de 269 bilhões de marcos aos vencedores. 

Isso fez nascer naquele país um sentimento de revanchismo e revolta entre a população, que passou a viver numa sociedade marcada por forte crise moral e econômica, com inflação, desemprego e desvalorização do marco alemão, terreno fértil para o surgimento e crescimento do nazismo, cujo partido venceria as eleições de março de 1933 e conduziria, posteriormente, a nação germânica a um novo conflito armado, a 2ª  Guerra Mundial. 

Dachau (lê-se “darrau”), Alemanha, década de 1930: cidade do sul do País, a apenas 17 quilômetros de Munique, no Estado da Bavária: conhecida por sua atmosfera particular, propícia à inspiração dos artistas da época e dedicada às suas musas, Dachau é, às vésperas da 2ª Grande Guerra, um lugar sedutor e tipicamente bávaro, onde se expressa a arte de viver. 

É nesse bucólico e insuspeito local, no entanto, que os nazistas inauguram, no terreno de uma fábrica de munições abandonada, o protótipo de seus campos de concentração, em 22 de março de 1933, que viriam a marcar para sempre a história da humanidade em decorrência da crueldade e dos horrores ali perpetrados. 

Inicialmente destinado a abrigar prisioneiros políticos, o campo de Dachau vê, ao longo do tempo, que sua população começa a se diversificar com a chegada de testemunhas de Jeová, homossexuais e aqueles que o vocabulário nazista chama de “parasitas” e “antissociais”. A estes, vêm somar-se também criminosos das mais diversas esferas de periculosidade. 

Por fim, o que não se esperava é que o novo contingente que Dachau passaria a acolher, a partir de 1938, seria o de religiosos, também considerados indesejados e hostis ao regime nazista. À medida que a Alemanha invadia novos territórios, ficava claro que o objetivo da detenção dos clérigos era desestabilizar comunidades tradicionais que tinham a Igreja e os líderes religiosos como pilares de sua organização. 

É justamente nesse cenário, que retrata a inusitada presença de clérigos num campo de concentração, que o jornalista e historiador francês Guillaume Zeller escreveu o livro “O Pavilhão dos Padres”, lançado recentemente no Brasil, em  Português, pela editora Contexto.

 

CRISTÃOS ASSASSINADOS 

Segundo o autor, 2.579 padres, seminaristas e monges católicos, juntamente com 141 protestantes e padres ortodoxos, foram deportados para Dachau, entre 1938 e 1945. E, dos 2.720 religiosos que testemunharam as condições inumanas daquele local, 1.034 tiveram suas vidas interrompidas ali dentro. “Jamais, ao longo da história, nem mesmo nos piores momentos do terror francês ou da perseguição comunista, tantos sacerdotes, religiosos e seminaristas foram assassinados em um espaço tão restrito”, afirma Zeller. 

Esses homens da Igreja experimentaram o mesmo sofrimento que os leigos ali presos e, embora os soldados nazistas buscassem continuamente humilhar e fazer com que os detidos se enfrentassem, a maioria dos sacerdotes não caía nessa armadilha e procurava salvaguardar sua humanidade por meio da oração, sacramentos, apoio aos doentes e moribundos, lições secretas de Teologia, formação pastoral e fidelidade à hierarquia da Igreja. 

 

TESTEMUNHO DE FÉ

Fruto de pesquisas meticulosas, “O Pavilhão dos Padres” oferece um registro completo do cotidiano dos sacerdotes em Dachau, as muitas indignidades e tormentos que sofreram, o uso de padres como cobaias para experiências médicas horrendas - que deixaram muitos mutilados ou mortos -, as atividades religiosas clandestinas, realizadas com grande risco pessoal. 

A verdade é que todos eles foram forçados a viver suas vocações no calvário que os nazistas criaram. Em alguns casos, a metáfora do Calvário tornou-se uma realidade, como no caso do padre que recebeu a ordem de fazer uma coroa de arame farpado e usá-la, enquanto prisioneiros judeus eram forçados a zombar dele e cuspir-lhe, num cenário horrendo, adornado também com um grotesco discurso. 

Longe de querer atribuir àqueles personagens reais uma aura de santidade exacerbada, é preciso enfatizar que em nenhum momento o autor se deixa levar pelo sentimentalismo, não se furtando a dar a imagem completa de como era a vida no pavilhão dos sacerdotes, incluindo até mesmo os detalhes menos edificantes. Como exemplo, a terrível política em torno da capela de Dachau, que era dominada pelos agentes da SS (uma das principais divisões do exército nazista), a fim de controlar quem tinha acesso ao recinto, traz uma leitura angustiante para os católicos. Os sacerdotes não alemães foram, por um tempo, excluídos do uso da capela, o que significa que os padres poloneses tiveram a comunhão negada por seus confrades alemães e passaram a celebrar a missa em segredo. 

Embora as situações de extremos maus-tratos fossem frequentes, diversos casos de heroísmo e santidade não deixavam de acontecer: no inverno de 1944, quando os prisioneiros foram exterminados por uma epidemia de tifo, enquanto os soldados nazistas e os kapos (guardas do campo que eram também prisioneiros) não entravam nos pavilhões infectados, dezenas de padres iam voluntariamente, conscientes dos riscos que corriam, cuidar dos moribundos e os consolar. 

Em última análise, são os muitos exemplos de coragem e solidariedade que impedem que o livro se torne simplesmente um catálogo de atrocidades. O martírio de Maximiliano Kolbe (vide box ao lado) em Auschwitz é amplamente conhecido, mas até recentemente, menos foi dito sobre os muitos mártires de Dachau que foram mortos. O livro de Zeller é um testamento muito necessário para as testemunhas e mártires esquecidos da agressão nazista e suas consequências. E o legado deixado por “O Pavilhão dos Padres” é o sentimento avassalador de esperança que o leitor pode levar consigo.
 

 

SANTOS CATÓLICOS QUE DERAM A VIDA EM CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO

 

SÃO MAXIMILIANO KOLBE

 Polonês católico, morava em Varsóvia desde 1921. Tinha mulher e dois filhos e, como soldado, defendera o seu país durante a invasão nazista de setembro de 1939. Capturado e mandado com a família para o inferno de Auschwitz, em setembro de 1940, foi escolhido ao mero acaso para ser executado após a fuga de outro prisioneiro. Seu desespero ao pensar no futuro da família foi ouvido pelo Padre Maximiliano Kolbe, também ele prisioneiro no campo de concentração, e o resultado é bem conhecido: o sacerdote se ofereceu para trocar de lugar com aquele homem e foi martirizado para que ele sobrevivesse. Foi canonizado por São João Paulo II em 10 de outubro de 1982.

SANTA TERESA BENEDITA DA CRUZ (EDITH STEIN)

Edith Stein, de origem judia, teve, certa ocasião, uma grande mudança em sua crença, ao ler um livro de Santa Teresa d’Ávila quando estava na casa de uma amiga. A leitura a absorveu de tal forma que ela leu a noite toda e sentiu-se tocada por Deus. Mais tarde, converteu-se ao catolicismo, tornando-se freira Carmelita Descalça. Edith foi a segunda mulher a defender uma tese de doutorado em Filosofia na Alemanha, foi discípula e depois assistente de Edmund Husserl, o fundador da Fenomenologia. Morreu aos 51 anos, no campo de concentração de Auschwitz. Em 11 de outubro de 1998, foi canonizada por São João Paulo II, como Santa Teresa Benedita da Cruz.

 

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