Bispos emitem mensagem de apoio à população em momento de crise política

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17 de março de 2020

A conferência episcopal do Chile enviou mensagem no sábado, 14, unindo-se às preocupações da população do país que em breve deve votar em um plebiscito sobre possíveis mudanças na Constituição. Marcado para 26 de abril, trata-se de uma resposta do governo do presidente Sebastián Piñera à onda de protestos observada no ano passado.

Cerca de 14 milhões de chilenos irão às urnas. A Constituição atual tem raízes no período militar e, para muitos, já não se identifica com a realidade atual do país.

Um clima de forte crise social e polarização dominou o país no fim de 2019. Conforme a mensagem dos bispos, entre as críticas estavam a má distribuição de renda no país, as condições precárias de trabalho, os salários-mínimos e pensões, além da necessidade do acesso à saúde, o papel das mulheres na sociedade e a proteção dos grupos mais vulneráveis.

Os bispos dizem que compartilham “o razoável desconforto das pessoas sobre o papel das autoridades, legisladores e líderes políticos e sociais diante dessas tragédias”. Eles cobram um ritmo mais acelerado para as reformas estruturais. “O Chile demanda um diálogo frutífero no contexto de uma amizade civil”, afirmam.

Fonte: Agência Fides

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Bispos pedem fim da violência no Chile

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13 de novembro de 2019

A Conferência Episcopal do Chile divulgou nesta terça-feira, 12, uma mensagem em vídeo sobre a situação de violência que vive o país.

Na declaração intitulada “Chile não pode esperar”, os bispos e administradores diocesanos chilenos fizeram um apelo aos que têm “responsabilidade política e social” e a todos “os homens e mulheres de boa vontade”.

Neste momento complexo da história do Chile, em meio a uma crise que entra na sua quarta semana com mortos e feridos, denúncias de tortura e abusos, os bispos “humildemente” apelam “à generosidade de todos para dar prioridade” ao “bem comum da pátria”.

DIÁLOGO 

“Por amor à nossa pátria, terminemos com a violência!”, afirma com ênfase o episcopado, diante de “denúncias por violações aos direitos humanos, pessoas falecidas, feridas, vandalismo, saques, destruição de infraestrutura pública e privada”. A Conferência Episcopal pede “com força e insistência que cesse todo tipo de violência, venha de onde vier”.

“O respeito e o diálogo são hoje uma urgência!”, recordam mais uma vez os bispos, sobretudo diante do atual cenário de reflexão sobre uma nova constituição, um processo para mudar àquela herdada da ditadura de Augusto Pinochet, chamada de “mãe das desigualdades” por parte de manifestantes e especialistas. A Câmara dos Deputados do país aprovou a convocação de uma votação em 90 dias para saber se a população concorda com a elaboração de uma nova Carta Magna.

Os bispos concluem a mensagem enfatizando que todos precisam fazer os melhores esforços “para derrubar os muros que nos separam, e erguer as pontes” que permitam a construção de um pacto social que conduza a um futuro com mais justiça, paz e dignidade, “onde ninguém se sinta excluído do desenvolvimento humano integral”.

CRISE

A crise começou em 18 de outubro, quando o governo do presidente Sebastián Piñera decidiu aumentar o preço das passagens de metrô em 30 pesos, atingindo um valor máximo de 830 pesos (R$ 4,73, na cotação atual).

Como forma de protesto, os estudantes começaram a pular as catracas para entrar nas plataformas do metrô sem pagar a passagem.

A situação piorou nos dias seguintes, quando a violência tomou as ruas da capital chilena, Santiago, com incêndios em várias estações de metrô e ônibus, saques a supermercados e ataques a centenas de estabelecimentos públicos.

Piñera, então, declarou estado de emergência, o que significou o envio de militares para os pontos de protesto. O presidente suspendeu o aumento da tarifa do metrô e anunciou um pacote de medidas econômicas, descritas como “uma agenda social de unidade nacional”.

PROTESTOS E ATAQUES

No entanto, nenhuma dessas medidas e anúncios aliviou a fúria dos chilenos que participam dos protestos. Houve ataques e saques a prédios públicos e igrejas, como a matriz da Paróquia Assunção de Nossa Senhora, em Santiago, a Catedral de Valparaíso e a matriz da Paróquia Santa Teresa dos Andes, em Punta Arena. Outros templos foram apedrejados e tiveram seus muros arranhados.

A audiência geral do dia 23 de outubro, o Papa Francisco pediu diálogo para que se encontre uma solução para a crise no país sul-americano.

“Acompanho com preocupação o que está acontecendo no Chile. Faço votos de que, colocando fim às manifestações violentas, através do diálogo se trabalhe para encontrar soluções à crise e enfrentar as dificuldades que a geraram, pelo bem de toda a população”, disse o Pontífice.

 

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O desafio da educação segundo Papa Francisco

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31 de agosto de 2018

“O desafio da educação sempre ocupou um lugar central no pensamento do atual Pontífice”. Assim inicia uma longa matéria do padre Antonio Spadaro na última edição da revista dos jesuítas Civiltà Cattolica intitulada: “Sete pilares da educação segundo Jorge Mario Bergoglio”. Padre Spadaro escreve sobre o pensamento e a ação educadora do Pontífice na época que morava na Argentina como pastor e bispo em Buenos Aires. Os sete elementos fundamentais identificados pelo jesuíta são: 1) educar é integrar 2) acolher e respeitar as diversidades 3) enfrentar a mudança antropológica 4) a importância da inquietação como motor educativo 5) a pedagogia da pergunta 6) conhecer os próprios limites 7) viver uma fecundidade generativa e familiar.

A ação educacional amplia os horizontes

Ao lado destes sete pontos, o diretor da Civiltà Cattolica encontra também “palavras chave” que caracterizam a educação: “escolha, exigência e paixão”. Porém para o jesuíta há “uma expressão extremamente sintética que Bergoglio escreveu aos educadores para relançar a ação educacional: “Educar é uma das artes mais apaixonantes da existência e requer incessantemente que se ampliem os horizontes”. Na matéria, também é recordado que “a educação não é um fato exclusivamente individual, mas popular” e que “Bergoglio sempre considerou a escola como um importante meio de integração social”.

Educadores audaciosos e criativos

Para o Papa Francisco é também importante “o acolhimento da diversidade” e que as diferenças devem ser consideradas como “desafios, mas desafios positivos, não problemas”. O desafio educativo, segundo Bergoglio, está ligado “ao desafio antroplógico”. Por isso, escreve Spadaro, “não se pode fingir que não se vê”. Outro tema presente nos pilares educativos de Bergoglio é “a inquietação entendida como motor de educação”. Por isso “o apelo aos educadores para que sejam audaciosos e criativos” e para que nunca se tornem “funcionários fundamentalistas ligados à rigidez de planificações”. Enfim, anota Antonio Spadaro, para Francisco “a educação não é uma técnica, mas uma fecundidade generativa”, “a educação é um fato familiar que implica a relação entre as gerações e a narração de uma experiência”.

 

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Incêndio em asilo no Chile deixa pelo menos 10 mortos

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14 de agosto de 2018

Pelo menos dez idosas morreram em um incêndio que afetou na madrugada desta terça-feira um asilo na cidade de Chiguayante, no sul do Chile, segundo informaram fontes de bombeiros e as autoridades da região.

O fogo, cujo origem é investigada, começou às 3h30 local em um dos quartos da "Casa de Repouso Santa Marta", da citada cidade, a cerca de 530 quilômetros de Santiago, na região de Biobío e várias vítimas tinham problemas para se deslocar, precisaram as fontes.

"Temos dez pessoas mortas", disse aos jornalistas o intendente (governador) da região, Jorge Ulloa, que é voluntário do Corpo de Bombeiros e colaborou previamente na extinção das chamas do estabelecimento, no qual havia 42 idosos, dos quais 13 estavam no quarto acidentado, todas mulheres.

Destas últimas, apenas três conseguiram escapar das chamas pelos seus próprios meios, sendo que uma sofreu queimaduras em uma perna e foi internada no hospital da cidade.

José Garrido, guarda do recinto, que acionou os alarmes, disse à rádio "Cooperativa" que escutou "um forte estrondo" antes do incêndio.

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O Amor está no ar

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26 de janeiro de 2018

Um casamento foi celebrado pelo Papa Francisco em pleno voo de Santiago do Chile para Iquique, no Peru. O casal de comissários de bordo Paula Podest e Carlos Ciuffardi pediram uma bênção a Francisco. Eles estavam unidos civilmente desde 2010, quando pensavam também casar-se na Igreja, mas a cerimônia fora cancelada por causa de um terremoto. Paula e Carlos seguiram a vida e tiveram duas filhas, Rafaela e Isabela, mas nunca chegaram realizar o sacramento do Matrimônio. 

“Querem que eu os case agora?”, perguntou o Pontífice, segundo relatos dos jornalistas que estavam no avião papal da Latam. Os dois comissários ficaram de boca aberta, mas aceitaram. Francisco perguntou se havia amor verdadeiro na união e se a relação ia bem. “Vocês têm mesmo certeza?”, verificou. E o casal respondeu que sim. Eles já haviam feito o curso de noivos e sabiam estar em situação irregular. Mas queriam repará-la. O Presidente da Latam, Ignacio Cueto, que estava no voo, e o Monsenhor Rueda Belz, Oficial do Vaticano, serviram de testemunhas. Uma ata simples do casamento foi redigida à mão e todos a assinaram, inclusive Francisco. 

“Digam aos párocos que o Papa os interrogou bem. Julguei que estavam preparados”, revelou, na coletiva de imprensa durante o voo com jornalistas. Segundo Carlos, a proposta foi irrecusável. “Apaixonamonos em voo e agora nos tornamos marido e mulher diante da Igreja em voo”, contou à imprensa. 

 

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No Chile resistente à religião, visita de Francisco supera as expectativas

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26 de janeiro de 2018

A viagem do Papa Francisco ao Chile, entre os dias 15 e 18, foi uma das mais difíceis que ele já fez do ponto de vista da receptividade. A população chilena é tradicionalmente católica, mas o País é talvez um dos mais secularizados da América Latina. A religião tem um papel público limitado e cresce a indiferença. O Chile tem um dos povos mais plurais da região, mas é um dos mais parecidos com a Europa, único continente onde a Igreja diminui. Ainda assim, cerca de 900 mil pessoas foram às ruas, alegres, para ver o Papa. Segundo o governo chileno, 1,5 milhão de pessoas participaram dos eventos públicos, 300 mil a mais do que o esperado. 

Sua mensagem de esperança e reconciliação chegou a um público maior do que o previsto. De acordo com o Presidente da Conferência Episcopal do Chile, Dom Santiago Silva, foram três os pontos mais importantes da visita do Papa: a preocupação com os mais vulneráveis, a forma como manifestou ser pastor dessas pessoas e a perspectiva de futuro que sua mensagem deixou.

“Creio que as pessoas perceberam como o Papa está absolutamente preocupado com os mundos vulneráveis, aquelas pessoas descartadas”, declarou o Bispo castrense, em coletiva de imprensa. “Houve durante a visita uma pluralidade de expressões na relação com esses mundos, um contato pessoal com esses grupos pequenos, sempre como um ato simbólico”, disse. 

Um desses gestos simbólicos foi a breve visita a uma prisão feminina, em San Joaquín. Em quase todas as suas viagens, Francisco procura encontrar pessoas que vivem no cárcere. “Para mim é importante compartilhar esse tempo com vocês e poder ser mais próximos a nossos irmãos e irmãs que hoje estão privados de sua liberdade”, afirmou às presas. E, citando o testemunho de uma delas, completou: “Peçamos perdão a todos aqueles a quem ferimos com nossos crimes. Todos nós temos que pedir perdão, eu primeiro. Todos. Isso nos humaniza.”

 

PROTESTOS, QUESTÃO INDÍGENA E MIGRAÇÕES

Nove igrejas foram atacadas com bombas caseiras e fogo, em maior ou menor intensidade, enquanto o Papa estava no País ou alguns dias antes de sua chegada. Embora não se conheçam os autores dos ataques, parte do problema está relacionada com a causa dos indígenas Mapuche, que enfrentam o governo para defender suas terras. Empresas estrangeiras têm conseguido permissão do governo para usar terras de reservas. Alguns grupos protestam de forma violenta, e queimar igrejas se tornou uma estratégia para chamar a atenção.

Dar projeção à causa indígena foi um dos principais objetivos da viagem do Papa Francisco ao Chile e ao Peru. Porém, em meio a essas manifestações, o Papa disse aos indígenas do Chile, na homilia da missa em Temuco, que é preciso interromper a onda de violência se quiserem obter algum sucesso, pois isso “transforma até a causa mais justa em uma mentira”. Para ele, “a violência chama violência, a destruição aumenta a fratura e separação”. Outra forma de violência são acordos que têm “belas palavras”, mas que nunca chegam a ser colocados em prática. “Isso é violência, porque frustra a esperança”, declarou.

Enquanto o Papa estava no Chile, alguns protestos anticatólicos foram realizados, e parte deles foram críticas ao clero por abusos sexuais cometidos no passado, um problema que impactou fortemente a igreja chilena nas últimas décadas. Durante a viagem, Francisco fez questão de encontrar algumas vítimas, sem mais ninguém na sala, para ouvi-las e lhes pedir perdão. Segundo o Porta-voz do Vaticano, Greg Burke, o Papa as “ouviu, rezou e chorou com elas”. Em um de seus primeiros discursos, no Palácio de La Moneda, o Pontífice disse sentir “dor e vergonha pelo dano irreparável causado a crianças por parte de ministros da Igreja”. 

Outro tema importante mencionado pelo Pontífice foi o das migrações, considerando que o Chile é um dos principais destinos de estrangeiros na América Latina. Em sua última missa no País, Francisco destacou que muitos imigrantes são explorados, por não conhecerem a cultura local e não conhecerem a língua, por exemplo. “Não tenhamos medo a dar uma mão [a quem mais precisa], e que nossa solidariedade e nosso compromisso com a justiça sejam parte do baile ou a canção que podemos entoar a nosso Senhor”, disse. “Não nos privemos de tudo de bom que os migrantes podem trazer.”

 

AVALIAÇÃO POSITIVA

Nesse contexto, na avaliação geral, autoridades do Chile consideraram a passagem do Papa muito positiva. “Vivamos esta visita em clima de respeito, de solidariedade e de alegria entre nós”, afirmou à imprensa a Presidente Michelle Bachelet, quando perguntada sobre os protestos. O presidente eleito, Sebastián Piñera, que assumirá o comando do Chile em março, comentou: “O ódio e a intolerância não podem prevalecer sobre o respeito e o Estado de Direito. Recebamos Francisco com alegria e em paz.”

No discurso de acolhida ao Papa, a Presidente Bachelet disse que o Pontífice era bem-vindo ao País onde viveu por alguns anos, quando mais jovem, e que sua visita faria bem ao povo chileno. “Sua vinda nos faz parar um pouco, em nossa marcha acelerada, para olhar o outro, olhar para a frente, escutar, conversar, refletir sobre o que somos e sobre o que queremos”, observou. “Sua ação é tranquila e humilde, mas, ao mesmo tempo, sem temor de enfrentar as injustiças, a desigualdade, a ignorância e o egoísmo.” 

Ao recordar que 30 anos atrás São João Paulo II visitou o Chile, a Presidente avaliou que o Chile de hoje é um país de “mais tolerância, mais liberdades e mais transparência”. Durante o discurso, ela conseguiu tirar uma gargalhada do Papa Francisco, ao descrever os chilenos como um povo um tanto “desconfiado”. Com bom humor, ela afirmou: “Passamos da dor à esperança, da divisão ao encontro, do temor à confiança, ainda que, para dizer a verdade, tenho que confessar que os chilenos são muito desconfiados… mas, sim, passamos do temor à confiança.”

Na coletiva de imprensa do voo papal, o próprio Pontífice brincou: “Estou contente com o Chile. Não esperava tanta gente nas ruas e os que vieram não foram pagos para vir!”
 

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‘Queres paz? Trabalha pela paz’, diz Papa no Chile

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18 de janeiro de 2018

O Papa Francisco chegou ao Chile, na segunda-feira, 15, para sua 22ª viagem apostólica internacional, que também terá como destino o Peru, onde ele permanecerá até o domingo, 21. O primeiro grande evento do Santo Padre em terras chilenas foi a missa celebrada no Parque O’Higgins, em Santiago, capital do País, na terça-feira, 16. 

Na homilia, o Pontífice falou das bem- aventuranças, sublinhando as atitudes de “construir a paz” e acreditar nas possibilidades de mudança. “Felizes aqueles que são capazes de sujar as mãos e trabalhar para que outros vivam em paz. Felizes aqueles que se esforçam por não semear divisão. Dessa forma, a bem-aventurança nos faz artífices de paz; convida a empenhar-nos para que o espírito da reconciliação ganhe espaço entre nós. Queres ser ditoso? Queres felicidade? Felizes aqueles que trabalham para que outros possam ter uma vida ditosa. Queres paz? Trabalha pela paz”, completou.

 

PEDIDO DE PERDÃO 

No Palácio Presidencial La Moneda, em Santiago, Francisco fez seu primeiro discurso no Chile, diante da Presidente chilena, Michelle Bachelet, e representantes da sociedade civil. O Santo Padre enalteceu a pluralidade étnica, cultural e histórica da nação, que exige ser protegida de qualquer tentativa de parcialidade ou supremacia. 

Na ocasião, o Pontífice também manifestou “o pesar e a vergonha” diante do “dano irreparável causado às crianças por ministros da Igreja”, referindo-se aos casos de abusos sexuais cometidos por sacerdotes no País, divulgados na semana passada. “Desejo unir-me aos meus irmãos no episcopado, porque é justo pedir perdão e apoiar, com todas as forças, as vítimas, ao mesmo tempo em que devemos empenhar-nos para que isso não volte a se repetir”, afirmou.

 

PROGRAMAÇÃO

Em Santiago, o Papa também esteve em um centro penitenciário feminino e se reuniu com autoridades civis, bispos, sacerdotes e consagrados. Também visitará as cidades de Temuco, na quinta-feira, 18, e Iquique, na sexta-feira, 19. Em seguida, partirá para o Peru, onde irá a Puerto Maldonado, Trujillo e Lima.

A cobertura da viagem do Papa ao Chile e ao Peru pode ser vista na editoria 'Vaticano' do site.

 

INDÍGENAS

O Papa reservará dois principais momentos da viagem à comunidade indígena. No Chile, terá encontros com membros do povo Mapuche, na cidade de Temuco, localizada na região de La Araucanía; enquanto no Peru irá à Amazônia, em Puerto Maldonado, na sexta-feira, 19, onde almoçará com representantes dos povos amazônicos. Esse último encontro contará com a presença de um grupo de cem indígenas brasileiros, enviados pela Diocese de Rio Branco (AC) e pela Arquidiocese de Porto Velho (RO). 

Durante a tradicional saudação aos jornalistas a bordo do voo para Santiago, o Papa Francisco manifestou seu temor de uma guerra nuclear. Ele pediu que fossem distribuídas aos profissionais da imprensa cópias de uma fotografia que retrata uma criança que, após o bombardeio atômico em Nagasaki, no Japão, em 1945, leva seu irmãozinho morto nas costas para ser cremado. No verso da foto estava escrito “... o fruto da guerra”. 

“Eu me comovi quando vi esta [foto], e ousei escrever somente ‘o fruto da guerra’. E pensei em imprimi-la novamente e distribuí-la, porque uma imagem do gênero comove mais do que mil palavras. Por isso, quis compartilhá-la com vocês. E obrigado pelo trabalho de vocês!”, disse o Pontífice. 
 

BISPO DOS POBRES

No início do percurso entre o aeroporto de Santiago e a Nunciatura Apostólica do Chile, o Papa fez uma parada na Paróquia San Luis Beltran, onde se deteve em oração diante do túmulo Enrique Alvear Urrutia, Bispo Auxiliar de Santiago, que morreu em 1982. Entre 1962 e 1965, participou do Concílio Vaticano II. Conhecido como “Bispo dos pobres”, Dom Urrutia foi um incansável defensor dos direitos humanos, que foram violados sistematicamente no País a partir de 1973, quando o ditador Augusto Pinochet assumiu o poder. 

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Francisco visita Temuco e encontra povo Mapuche

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17 de janeiro de 2018

No segundo dia de seu intenso calendário de atividades no Chile, o Papa Francisco se transfere nesta quarta-feira da capital Santiago para Temuco, no sul do país, onde encontra os povos indígenas Mapuche, -  que há tempo  - reivindicam um maior reconhecimento de sua cultura e de seus direitos.

O Papa vai celebrar a Santa Missa no aeroporto de Maquehue, com a presença de uma ampla representação de grupos étnicos indígenas. Às 12.45, hora local, na casa “Mãe da Santa Cruz”, almoçará com 11 habitantes da região da Araucanía, entre os quais oito membros do povo mapuche.

Às 15h30 locais, Francisco retornará de avião para Santiago, onde chegará uma hora e meia depois, e onde às 17h30 está previsto o encontro com os jovens no Santuário de Maipu. Enfim, o Papa fará uma visita à Pontifícia Universidade Católica do Chile, prevista para as 19:00 horas locais.

 

Vatican News

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Programação intensa marca primeiro dia do Papa no Chile

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16 de janeiro de 2018

O Papa Francisco já está no Chile. Depois de 15 horas de voo, o avião com a bordo o Pontífice aterrissou por volta das 1915 (hora local) no aeroporto de Santiago.

Ao descer da aeronave, Francisco recebeu um pequeno maço de flores de duas crianças e foi acolhido pela presidente chilena, Michelle Bachelet. Da pista do aeroporto, em carro fechado, o Papa seguiu em direção ao túmulo de Dom Enrique Alvear Urrutia, conhecido como o “bispo dos pobres”.

Foi o primeiro “ato” do Pontífice e a primeira modificação do programa pré-estabelecido.

 

Bispo dos pobres

Na paróquia San Luis Beltran, di Pudahuel, o Papa se deteve em oração diante do túmulo do bispo salesiano que morreu em 1982. Dom Alvear foi Arcebispo de Santiago. O Papa João XXIII o criou cardeal em 1962. Entre 1962 e 1965 participou do Concílio Vaticano II. Durante o seu episcopado, foi incansável defensor dos direitos humanos violados sistematicamente no seu país depois de 1973.

Sob a sua inspiração e direção, nasceu em 1976 a “Vicaria de la Solidaridad”, um refúgio para as vítimas das violações dos direitos humanos, aos quais era oferecido proteção jurídica e assistência médica.

Ao deixar a paróquia, o Santo Padre seguiu de carro fechado até o cruzamento da rua Brasil com a Avenida Libertador Bernardo O’Higgins, onde subiu a bordo do papamóvel até chegar à Nunciatura. No trajeto, foi saudado por milhares de chilenos, no primeiro contato com a multidão.

 

Transmissões ao vivo

A programação nesta terça-feira será intensa para o Papa. O dia começa com o encontro com as autoridades, a sociedade civil e o Corpo Diplomático no Palácio “La Moneda”. Depois, será a vez de celebrar a primeira missa no Parque O’Higgins. Na parte da tarde, Francisco visita o Centro Penitenciário Feminino de Santiago e, na Catedral, se encontra com sacerdotes, religiosos e religiosas, consagrados e seminaristas. O último evento previsto é o encontro com os bispos na sacristia da Catedral. Todos estes eventos serão transmitidos ao vivo pelo Vatican News com comentários em português.

 

Brasil

No trajeto de Roma que o levou ao Chile, o avião papal sobrevoou o território brasileiro.

E como prevê o protocolo, o Papa envia um telegrama ao presidente do país.

A Michel Temer, Francisco faz seus melhores votos, assim como a todos os cidadãos brasileiros, garantindo suas orações pela paz e a prosperidade do Brasil.

 

Vatican News

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Chile: peça de contexto

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15 de janeiro de 2018

O Papa Francisco vai visitar o Chile a partir desta segunda-feira dia 15 de janeiro. Encontrará grande entusiasmo e satisfação pela sua visita.

O Chile é uma República situado na ponta da América do Sul entre a cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico. Faz fronteira a norte com o Peru, a nordeste com a Bolívia, e a leste com a Argentina. O Chile possui um território com 4 300 quilómetros de comprimento e, 175 quilómetros de largura, o que dá ao país um clima muito variado, indo do deserto mais seco do mundo — o Atacama — no norte do país, a um clima mediterrânico no centro, até um clima alpino propenso à neve no sul. A capital é a cidade de Santiago do Chile.

Foi a partir do centro que se constituiu o país integrando no séc. XIX as regiões norte e sul. É aí no centro que está o maior número de população e de recursos agrícolas. Também as principais estruturas políticas, financeiras e culturais.

Antes da chegada dos europeus no século XVI, o norte do Chile estava sob o domínio inca, enquanto os índios Mapuches habitavam o centro e o sul do território. O Chile declarou a sua independência da Espanha em 1817, e venceu a Bolívia e o Peru na Guerra do Pacífico acontecida entre 1879 e 1883. No século XX o Chile viveu um período sangrento da sua história entre 1973 e 1990 durante a ditadura militar de Augusto Pinochet. Nesses anos morreram mais de 3 mil pessoas.

Atualmente, o Chile, dentro do contexto da América Latina, é um dos melhores países em termos de desenvolvimento humano. Em maio de 2010, o Chile tornou-se no primeiro país sul-americano a aderir à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, a OCDE. O Chile é governado por um regime presidencialista.

No próximo dia 11 de março tomará posse o novo presidente Sebastian Piñera que sucede a Michelle Bachelet, primeira presidente mulher da história do Chile. O país vive atualmente alguma instabilidade política.

A primeira missa em solo chileno teve lugar em 1520, ano em que por ali passou o navegador português Fernão de Magalhães. Ali chegaram os padres mercedários, dominicanos, franciscanos e jesuítas no século XVI. Nesta época a Igreja coloca-se na defesa das populações indígenas contra os colonos espanhóis. Um período marcado pelo martírio de vários missionários.

No século XIX a diocese de Santiago transforma-se em Arquidiocese Metropolita. Em 1888 foi fundada a Universidade Católica do Chile. 1925 foi o ano em que uma nova constituição promove a separação entre o Estado e a Igreja. O primeiro cardeal do Chile foi o Mons. José María Caro Rodríguez, arcebispo de Santiago em 1947. Durante a ditadura a Igreja escolheu a via do diálogo que teve um forte apoio em 1987 com a visita de S. João Paulo II que exortou o episcopado a dar todo o apoio à reconciliação do país. Em 1990 o Chile passou a ser um regime democrático.

De salientar que em 2008 a conferência episcopal chilena lançou um programa pastoral centrado sobre a atuação do Documento da Aparecida de 2007 aprovado na 5ª conferência do Celam o conselho episcopal latino-americano. Isto recordará Bento XVI aos bispos chilenos em dezembro de 2008 pedindo-lhes um renovado empenho missionário na formação dos jovens e na ajuda aos mais débeis.

Recorde-se que a 9 de outubro de 2012 D. Marco Antonio Órdenes Fernández, bispo de Iquique, foi obrigado a apresentar a sua demissão depois de denúncias que o ligavam a abusos contra adolescentes. Em julho de 2015 foram aprovadas pela Santa Sé as novas linhas da Conferência Episcopal do Chile contra a pedofilia.

Em 2017 foi legalizado o aborto no país. Em novembro passado os bispos chilenos publicaram uma carta pastoral com o título: “Chile, uma casa para todos”. Nesse texto os bispos exortam os chilenos a contribuírem para a superação do clima de desconfiança devido a escândalos e à situação atual de crise política. Nessa carta os bispos não esquecem um apelo para melhorar as condições nas prisões e assinalam com preocupação o clima de conflito com os indígenas Mapuche. Referem também a defesa do ambiente.

Esta é a Igreja e o país que o Papa Francisco visitará a partir desta segunda-feira dia 15 de janeiro. Uma visita com o lema: “Dou-vos a minha paz”.

 

Rui Saraiva (Lisboa) - Vatican News

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