Bispos preparam material para Semana Missionária do Ano do Laicato
Durante a 56ª Assembleia Geral da CNBB, a Comissão para o Ano do Laicato, está promovendo gravações com um grupo de bispos para a animação da Semana Missionária do Ano do Laicato que será realizada 22 a 28 de julho nas comunidades, paróquias e dioceses de todo o Brasil. Os vídeos serão acompanhados de uma grande campanha de divulgação que vai contar com spots de rádio e iniciativas em redes sociais.
O conteúdo a ser refletido na Semana Missionária do Ano do Laicato encontra-se em subsídio preparado pela Comissão e disponível nas Edições CNBB.
Semana Missionária
Dom Severino Clasen, bispo de Caçador (SC) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, na apresentação do subsídio diz que com a Semana Missionária “Precisamos levar através de nosso testemunho de fé e testemunho cristão, em outros ambientes em que as pessoas não conhecem o Evangelho. Temos ambientes importantes como família, o mundo do trabalho, da política, dos meios de comunicação, da cultura, da educação e a nossa ‘Casa comum“.
E sugere: “Precisamos tomar inciativas, arregaçar as mangas, pés no caminho e coração generoso para acolher as pessoas sem distinção e sem discriminação. Todos são filhos e filhas de Deus. Temos que partir ao encontro do ser humano que carrega dentro de si um sonho de ser reconhecido, amado, acolhido e recolhido no âmago de uma comunidade acolhedora. Os cristãos e cristãs devem revelar o amor fraterno enxugando lágrimas provocadas pela exclusão, abandono e sem oportunidade para conhecer Jesus Cristo. Ele dá novo sentido à vida“.
Preparação remota
A Comissão apresenta pistas de trabalho que já podem ser realizadas neste momento tendo em vista a realização da semana, em julho. Entre as quinze principais sugestões apresentadas no subsídio, pode se destacar três: “1) É importante é começar as visitas. Elas são uma maneira bonita e eficaz para criar relações fraternas, solidárias, para tirar as pessoas do anonimato. Movidas pela força do amor, elas fazem bem tanto aos que visitam como aos que são visitados; 2) Não esquecer: o objetivo principal é fazer crescer a beleza e a atração do seguimento de Jesus de Nazaré, Mestre e Senhor; 3) Envolver todas as forças vivas da paróquia ou da área escolhida, onde irá acontecer a Semana Missionária“.
As gravações na 56ª AG
Os bispos escalados para gravar os vídeos de animação da Semana Missionária obedecem a escala temática do evento que será desenvolvida da seguinte maneira: A vida é missão; Uma sede imensa de felicidade! Convocados a fazer parte do ‘povo das bem-aventuranças'”; Indignação é preciso; Sal da terra e luz do mundo; Recomendações de Jesus aos missionários; “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”; “Não tenhais medo, o crucificado, ressuscitou!”.
Nesses encontros, durante a Semana Missionária, os temas também acompanharão a reflexão: família e mundo do trabalho; política e políticas públicas; educação e comunicação; Casa Comum (meio ambiente) e Culturas (povos de tradicionais, realidade urbana, consumismo); superação das violências e cultura da paz.
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Dom Ricardo e os desafios de Chuí (RS), que possui o maior índice de pessoas que se declaram sem religião
Os desafios da Igreja nas regiões mais extremas do país foi o tema do terceiro Meeting Point da 56ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nesta segunda-feira, 16, em Aparecida (SP). Um dos convidados foi Dom Ricardo Hoepers, Bispo de Rio Grande (RS).
Ao falar sobre a realidade do município do Chuí, no extremo sul do País, Dom Ricardo chamou a atenção para o fato de essa ser a cidade com o maior índice de pessoas que se declaram sem religião no censo do IBGE de 2010, ou seja, 54% da população, enquanto apenas 26% são católicos.
Segundo o bispo, o primeiro desafio é ir ao encontro dos cristãos católicos, mas também voltar a atenção para as pessoas que se declaram sem religião, uma vez que, certamente, parte delas são batizadas e já foram católicas.
“Este é o momento oportuno de irmos ao encontro deles, e nos colocarmos a disposição como Igreja solidaria, irmã, amiga e mãe. É um desafio que está cada vez mais trazendo para nós uma necessidade de reação.” afirmou Dom Ricardo, em entrevista à Rádio 9 de julho.
Dom Eduardo, salientou que a Diocese vem trabalhando para mudar essa realidade com as missões. A Diocese de Ponta Grossa ofereceu um sacerdote para fazer uma missão no Chuí, que abre a igreja todos os dias e forma grupos de leigos missionários para as visitas nas casas, atendendo ao pedido do Papa Francisco de uma Igreja em saída.
“A iniciação cristã é para aqueles que estão entrando, mas também um revigorar para aqueles que já estão. A iniciação cristã é para todo mundo, todos nós somos chamados a reiniciar nossa vida cristã”, concluiu o Bispo da Diocese de Rio Grande.
(Com informações de CNBB)
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Cardeal Scherer fala sobre assunto em destaque no sexto dia de atividades
A 56ª Assembleia Geral da CNBB chegou ao seu sexto dia nesta segunda-feira, 16, e, como costume, teve os trabalhos abertos com a celebração eucarística no Santuário Nacional de Aparecida (SP), presidida pelo Bispo de Caçador (SC) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, Dom Severino Clasen.
O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, em sua participação no programa ‘Encontro com o Pastor’, que vai ao ar de segunda-feira à sábado, às 12h05 na Rádio 9 de julho, disse que o dia iniciou com muitos assuntos importantes a serem tratados.
Segundo o Cardeal, pela manhã, o foco principal dos Bispos foi o diálogo sobre as questões administrativas e financeiras, e o cuidado que cada Diocese precisa ter para administração dos bens da igreja e a prestação de contas aos fiéis.
Na Arquidiocese de São Paulo, cada paróquia possui um conselho administrativo, que favorece que os fiéis participem em comunhão com o pároco da prestação de contas.
Além, cada Região Episcopal possui um conselho econômico-financeiro e cada bispo acompanha as prestações de contas; pois aquilo que é gasto e onde é aplicado o dinheiro são pontos importantes que precisam ficar claros a todos os fiéis.
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Comissão para Doutrina da Fé lança na 56ª AG da CNBB subsídio sobre fé cristã e laicidade
Durante a 56ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida (SP), foi apresentado o novo subsídio da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé intitulado “Fé Cristã e Laicidade”.
O subsídio tem objetivo de oferecer uma reflexão aprofundada sobre a laicidade diante da fé cristã e esclarece sua diferença em relação ao “laicismo”. “A laicidade em si é boa, enquanto separação da religião e o poder civil, justamente para garantir que todas as religiões possam atuar bem. Já o laicismo é esforço de pessoas da sociedade para retirar Deus da vida das pessoas. Ora, o Estado é laico, mas o povo não é ateu”, explicou dom Pedro Carlos Cipollini, bispo de Santo André (SP) e presidente da Comissão para a Doutrina da Fé.
“Essa reflexão quer suscitar o interesse por esta realidade que vai se tornando conflitiva cada dia mais, além de traçar um itinerário de reflexão pontuado em aspectos importantes e pressupostos para a profundar a questão e saber lidar com ela no empenho pastoral da Igreja”, destacou o Bispo, na apresentação do texto.
Presidente da Comissão para Doutrina da Fé ressaltou, ainda, que a perda do sentido da transcendência e a progressiva subjetivação da fé, com a tentação de um forte relativismo ético, forma um quadro no qual a religião acaba não se referindo mais à teologia, mas à antropologia. “Desde que o homem se faz Deus para si mesmo já não cabe falar de amor do homem a Deus”.
O subsídio é dividido em sete capítulos que esclarecem as diferenças conceituais entre “secularidade e secularismo” e “laicidade e laicismo”, apresentam o percurso histórico dessas realidades, bem como aspectos jurídicos, referenciais bíblicos, princípios da Doutrina Social da Igreja e da política, além de indicações de como a Igreja deve se relacionar com o Estado laico.
Dom Pedro esclareceu que esse não é um documento da CNBB, uma vez que os documentos são aprovados por todos os bispos em assembleia. “Trata-se um trabalho de assessoria. A CNBB tem várias comissões que assessoram os bispos. Portanto, esse é um subsídio oferecido ao episcopado como uma reflexão para ajudar no encaminhamento da pastoral em um âmbito geral”.
Ainda segundo o Bispo, o novo subsidio é muito indicado para jovens universitários cristãos que, ao entrar na universidade recebem uma carga imensa de informações altamente ideologizadas que repudiam a religião.
O subsídio “Fé Cristã e laicidade” pode ser adquirido pelas Edições por meio do site: www.edicoescnbb.com.br.
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Em missa, bispo celebra a presença e organização dos cristãos leigos e leigas no Brasil
O sexto dia de trabalhos da 56ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) começou com a Santa Missa celebrada no altar central do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, na manhã desta segunda-feira, 16.
A celebração foi presidida pelo bispo de Caçador (SC) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, dom Severino Clasen. Participaram da procissão de entrada os bispos da Comissão e a presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, Marilza Schuina.
Dom Severino começou a homilia recordando que o Ano Nacional do Laicato celebra a presença e organização dos cristãos leigos e leigas no Brasil aprofundando sua identidade, vocação, espiritualidade e missão, testemunhando Jesus Cristo e seu reino na sociedade.
A partir deste objetivo do Ano do Laicato, o bispo fez uma reflexão a partir da primeira leitura (At 6,8-15), na qual Estevão enfrenta um grande conflito com alguns membros da sinagoga dos libertos e outros tradicionais da comunidade ao aprofundar a identidade, vocação, espiritualidade e missão para poder, com liberdade, testemunhar Jesus Cristo e seu reino.
“Nota-se claramente um conflito provocado por Estevão por ultrapassar os velhos costumes e se deixar conduzir pelo Espírito Santo em defesa da comunidade”, ressaltou o bispo.
Refletindo sobre o Evangelho, dom Severino diz que Jesus anuncia com a vida a sintonia com o Pai: “Nós temos Jesus Cristo para apresentar ao mundo onde falta o alimento da verdade, da justiça e autenticidade. Esse é o alimento que nunca se corrompe”.
O bispo ressalta que é preciso incentivar e apoiar as iniciativas do Ano Nacional do Laicato para que produza na consciência de todos dos cristãos a firmeza de buscar o Jesus de Nazaré que apresente o Reino de Deus, o Reino sem corrupção, um Reino de Justiça e de paz. “A espiritualidade Cristã sempre terá por fundamentos os mistérios da encarnação e da redenção de Jesus Cristo. Este enfoque deve permear a formação laical desde o processo da iniciação a vida cristã”, salientou.
“Não existe fé cristã sem comunidade eclesial”, continuou dom Severino. Ele ensinou que o cristão se forma e se experimenta numa comunidade eclesial: “O testemunho de Santo Estevão que foi martirizado defendendo a comunidade de fé se repete nos mártires de ontem, de hoje e que sem dúvida teremos no amanhã”.
Dom Severino lembrou que nos últimos anos tem aumentado o assassinato de muitas lideranças nas comunidades periféricas que não são notícias, ou que são desmoralizadas para que não sejam notícias.
“São pobres que morrem. É preciso levantar esses nomes e evitar que outros líderes que defendem os pobres sejam preservados e possam encorajar todas as pessoas para que superem a onda de ódio, de perseguição, de mortes brutas financiadas pela força do capital e entidades secretas que matam, destroem vidas e a dignidade dos filhos de Deus”, destacou.
E completou: “A busca do pão vivo deve ser a maior preocupação dos cristãos leigos e leigas para que as estruturas sociais garantam o pão cotidiano, aquele pão que une e constrói segurança e sustentabilidade para toda a comunidade, humanidade, sobretudo aos pobres, abandonados, os sofridos de nossas cidades e metrópoles”.
Dom Severino finaliza invocando o Espírito Santo que ilumine a todos para que a 56ª AG confirme o princípio da unidade, caridade, ternura. “Não nos deixemos desanimar pelos que que tentam destruir a alegria de sermos irmãos e de que nos queremos bem”, concluiu.
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Bispos concluem retiro espiritual em missa celebrada no Santuário Nacional
A celebração da santa missa no fim da manhã deste domingo,15, marcou o fim do retiro espiritual do episcopado brasileiro durante à 56ª Assembleia Geral da CNBB. A missa foi celebrada pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo (SP), e teve com intenção principal os bispos que completam nesse ano seus jubileus de ordenação presbiteral ou episcopal.
O retiro que teve início na tarde deste sábado, 14, foi conduzido por Dom José Luiz Azcona, bispo emérito da Prelazia do Marajó (MA). Para o bispo de Duque de Caxias (RJ), Dom Tarcisio Nascentes dos Santos, os bispos foram brindados pelas excelentes pregações de Dom Azcona “ele ajudou muito a nós bispos a fazermos uma reflexão muito intensa e nos colocarmos sempre na escuta do que o Espírito Santo deseja que realizemos”.
Dom Frei Evaristo Spengler, atual bispo do Marajó, recordou o exemplo do seu predecessor e também falou da importância do retiro “Dom Azcona tem um grande reconhecimento não somente pelos paroquianos, mas de todo o povo que vive nas cidades que compõe a Prelazia do Marajó e até mesmo das cidades vizinhas, como a capital Belém (PA).
Muito reconhecido pelos trabalhos que desenvolveu no enfrentamento ao tráfico humano, nas denúncias aos casos de exploração e abuso sexual, ele tem um grande caráter moral, espiritual e sempre com muita coerência. Por isso a palavra da nossa prelazia é vista com muito respeito e autoridade. E no retiro a nós bispos, Dom Azcona conseguiu passar aquilo que ele é: um homem de Deus, que busca a santidade e quer levar todos a fazerem constantemente um encontro pessoal com Cristo, que leve a uma conversão e a uma transformação e vida”, disse o prelado.
Em sua homilia, durante a missa de encerramento do retiro, Dom Odilo Scherer recordou o exemplo do Papa Francisco no apostolado de Jesus Cristo, “custa-nos acreditar que Ele ressuscitou. Ele está mesmo no meio de nós? Custa-nos acreditar que ele está presente, sobretudo na carne daqueles que mais sofrem, os pobres, como nos vem dizendo insistentemente o Papa Francisco? Jesus compreende a fraqueza dos apóstolos, mas nos oferece o Espírito Santo que nos dará coragem, para que sejamos verdadeiramente aquilo que a Páscoa proclama: vocês são as minhas testemunhas!”
Os bispos retomam os trabalhos da 56ª Assembleia Geral nesta segunda-feira, 15 de abril, com a celebração da santa missa às 07h30 no Santuário Nacional de Aparecida (SP). Você pode acompanhar as celebrações por meio das emissoras de televisão católicas e os meetings points e coletivas de imprensa por meio do portal A12.com.
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‘O povo de Deus merece poder contar com presbíteros que sejam homens íntegros e idôneos’
Em entrevista ao O SÃO PAULO , Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre (RS) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, falou sobre a proposta de novas Diretrizes para a Formação de Presbíteros, tema central da 56ª Assembleia Geral da CNBB, que acontece entre os dias 11 e 20, em Aparecida (SP).
Um dos responsáveis pela elaboração do texto que será trabalhado pelos bispos, Dom Jaime destacou a necessidade de se considerar as rápidas transformações sociais e culturais que influenciam os candidatos ao ministério ordenado. “Os tempos mudam e exigem respostas condizentes às novas situações e desafios”, afirmou o Arcebispo.
O SÃO PAULO – QUAL A NECESSIDADE DE PROPOR NOVAS DIRETRIZES PARA A FORMAÇÃO PRESBITERAL PARA A IGREJA NO BRASIL?
Dom Jaime Spengler – As diretrizes que estão em vigor foram aprovadas em 2009 e levavam em consideração as novas situações da realidade formativa e a riqueza missionária do documento da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, celebrada em Aparecida, em 2007. Agora, após a publicação, pela Santa Sé, da nova Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis, intitulada “O dom da vocação presbiteral”, em 2016, e tendo presente o magistério do Papa Francisco, a CNBB sente a necessidade de elaborar novas diretrizes para a formação dos presbíteros da Igreja do Brasil. Há de se considerar, também, as rápidas transformações sociais e culturais que influenciam os candidatos ao ministério ordenado. Os tempos mudam e exigem respostas condizentes às novas situações e desafios.
QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS DESAFIOS?
Vivemos aquilo que se cunhou denominar mudança de época. Estamos num tempo de transformações rápidas e profundas, que afetam a realidade como um todo. São transformações que atingem todos os setores da vida humana e os próprios critérios de compreensão, os valores mais profundos, a partir dos quais se afirmam identidades e se estabelecem relações e ações. Tal situação representa um desafio para a formação dos candidatos ao ministério ordenado.
O Brasil é marcado por enormes diferenças. Isso se reflete no tipo de candidato que procura uma oportunidade para realizar um itinerário vocacional. Temos, por um lado, os grandes centros urbanos com características próprias. De outro lado, temos a realidade, digamos, rural, que também apresenta um perfil característico de candidatos. Temos, ainda, candidatos que provêm de etnias indígenas – sobretudo da realidade amazônica. Também temos o jovem sertanejo, do cerrado, os negros. Há realidades que ainda possuem o seminário menor. Outras só acolhem candidatos que já concluíram o ensino médio ou candidatos adultos. Alguns candidatos chegam apresentando uma grave deficiência escolar. Outros apresentam ótima formação intelectual e acadêmica. E o que dizer dos que não foram iniciados na fé cristã? Constata- -se, também, um número crescente de candidatos de idade mais avançada. Em algumas regiões, verifica-se um número expressivo de candidatos que são filhos único. Esses são alguns elementos que desafiam a formação presbiteral.
E AS DIRETRIZES VÃO LEVAR EM CONTA ESSAS QUESTÕES?
Um documento que pretenda ser de orientação para toda a Igreja do Brasil há de ter presente a complexa realidade que as diferentes regiões e situações apresentam. Por isso, a formação há de ser sempre orientada por grande sensibilidade por parte dos encarregados da formação dos futuros presbíteros e profundo empenho naquela obra que a tradição ocidental denomina “discernimento”. Além disso, é imprescindível que os candidatos sejam acompanhados por equipes formativas. Mas para que as equipes formativas possam desenvolver sua missão, constata-se a necessidade de preparar um número suficiente de formadores. Onde não é possível haver uma equipe de formadores, urge ter a coragem de constituir seminários provinciais ou regionais, onde os candidatos possam receber acompanhamento personalizado e formação adequada para estarem à altura das exigências e desafios que a atividade evangelizadora na complexa realidade de hoje apresenta à Igreja.
QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS MUDANÇAS DA NOVA RATIO FUNDAMENTALIS QUE O SENHOR DESTACA?
Creio que a nova Ratio Fundamentalis é para uma nova geração de presbíteros. No entanto, não se trata tanto de mudanças. Por quê? Trata-se, antes de tudo, de propor ou indicar caminhos para escuta daquilo que o Espírito de Deus inspira à Igreja; ao mesmo tempo, faz-se necessária a devida atenção à rica e bela tradição da Igreja. A escuta atenta do Espírito Santo impulsiona a olhar para a frente – o Espírito Santo de Deus faz novas todas as coisas! – e cultivar a devida atenção ao patrimônio já existente.
A nova Ratio insiste na integralidade do processo formativo e recomenda a devida atenção às diversas dimensões do ser humano. Para isso, faz-se necessário a construção de um itinerário pedagógico gradual e personalizado. O documento põe um acento particular sobre a dimensão humana. Isso também implica maturidade afetiva. Sem uma sólida base humana, torna-se difícil desenvolver, por exemplo, as dimensões intelectual, espiritual, comunitária e missionária, constitutivas da integralidade do processo formativo.
Outro aspecto importante é o discernimento vocacional. O povo de Deus merece poder contar com presbíteros que sejam homens íntegros e idôneos; homens apaixonados por Jesus Cristo e seu Evangelho. Homens que assumiram o caminho do discípulo e de configuração a Jesus Cristo. Homens capazes de testemunhar com palavras e ações que amam o que são e gostam do que fazem.
QUAL É A PRÓXIMA ETAPA DA ELABORAÇÃO DAS DIRETRIZES?
O Conselho Permanente da CNBB solicitou que a Comissão Especial designada elabore o texto a ser proposto como material de estudo para esta Assembleia Geral. Há de se recordar que as atuais diretrizes em vigor foram aprovadas por unanimidade pelo episcopado brasileiro. Isso diz do ótimo trabalho então realizado. É verdade que após quase dez anos, mudanças aconteceram. A sensibilidade para tais mudanças se fará sentir durante a própria Assembleia nas sugestões, emendas etc, que serão certamente apresentadas pelos senhores bispos. É também verdade que os bispos já tiveram oportunidade para apresentar suas sugestões. Também os formadores dos diversos seminários desse imenso Brasil e os animadores da Pastoral Presbiteral nas dioceses puderam cooperar na construção do texto que está chegando às mãos dos bispos nestes dias de Assembleia.
O DOCUMENTO PROPOSTO É EXTENSO. PRETENDE-SE DIMINUÍ-LO?
Esta é uma questão desafiadora! Há um consenso quase geral entre os bispos de que os documentos da Conferência sejam breves. Entretanto, tendo presente a complexidade do tema e as distintas realidades da Igreja no Brasil, pode-se imaginar o quanto seja difícil construir um texto breve. A Comissão se esforçou para construir um texto breve. No entanto, chegamos praticamente às mesmas dimensões do texto das diretrizes em vigor. Oxalá, os bispos reunidos, seguindo o princípio da sinodalidade, consigam expressar o que se faz necessário como Diretrizes para a formação dos presbíteros da Igreja no Brasil num texto breve.
HÁ A POSSIBILIDADE DESSAS DIRETRIZES SEREM APROVADAS COMO DOCUMENTO NESTA ASSEMBLEIA GERAL?
As Diretrizes para a Formação dos Presbíteros é o tema central desta Assembleia. Os bispos concentrarão esforços e atenção sobre esse tema. Por isso, esperamos que sejam aprovadas nesta Assembleia Geral.
As opiniões expressas na seção “com a palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.
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“Igreja precisa cuidar bem dos bispos eméritos”, diz dom Luiz
Como já é tradição, um dia da programação das Assembleias Gerais dos bispos brasileiros é dedicado à reflexão sobre os bispos eméritos, aqueles que ao completar 75 anos, conforme prevê o Direito Canônico, apresentam sua carta de renúncia ao papa. Na 56ª Assembleia Geral (AG) o dia dedicado aos eméritos foi o dia 13/04.
As referências começaram logo cedo, na missa matutina celebrada no Santuário de Aparecida (SP) celebrada pelo presidente da Comissão dos Bispos Eméritos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Luiz Soares Vieira, arcebispo emérito de Manaus (AM).
Cabe ao papa, após receber a carta com o pedido de renúncia, aceitá-la ou não. O bispo emérito, lembrou dom Luiz Soares, em Coletiva de Imprensa, durante a 56ª AG, continua sendo bispo mas sem o governo de uma diocese. “Cada bispo ao tornar-se emérito escolhe onde quer passar o entardecer de sua vida”, disse.
Embora os bispos também não são considerados mais membros da CNBB após tornarem-se eméritos, são convidados para participarem dos espaços de comunhão da Igreja no Brasil, como as assembleias. Um gesto de carinho da Igreja no Brasil, para dom Luiz, foi a criação de uma Comissão Especial para os Bispos Eméritos, à qual preside.
Para o presidente da Comissão dos Eméritos disse que a Igreja precisa cuidar bem de seus idosos ao contrário do que acontece com as pessoas que vão envelhecendo em nosso país. “A situação dos idosos no Brasil é precária”, disse. A previsão é que o número de eméritos no Brasil salte dos atuais 173 para cerca de 200 fato que aponta para a necessidade de um olhar especial para esta realidade segundo dom Luiz.
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Dom Odelir: “O Igrejas Irmãs é ação de sensibilidade com as dioceses que mais precisam”
Durante entrevista coletiva, nesta sexta-feira (13), no terceiro dia da 56ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil (CNBB), o bispo de Chapecó e membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária, dom Odelir José Magri, falou à imprensa sobre o projeto ‘Igrejas Irmãs’ e a ‘Ação Missionária’ da Igreja no Brasil. Segundo o bispo, as realidades das dioceses brasileiras são muito diferentes, sobretudo as da regiões da amazônia e nordeste que sofrem por falta de recursos materiais e humanos fazendo necessária uma maior ação da Igreja.
“O projeto Igrejas Irmãs é uma ação de sensibilidade com as dioceses que mais precisam de ajuda. Essa é uma iniciativa que a Igreja traz no coração, pois ela é por natureza missionária. Na atualidade o projeto Igrejas Irmãs ganha novas dimensões a partir da necessidade de retomar o esforço da solidariedade e comunhão”, relatou dom Odelir. O bispo declarou ainda que “a experiência do projeto se alargou além da cooperação entre as dioceses brasileiras. Outros países como Moçambique, Guiné-Bissau, Costa do Marfim e Haiti também recebem essa colaboração”.
Histórico – O projeto Igrejas Irmãs surgiu em 1972 quando a CNBB passou a refletir as dificuldades relatadas por alguns bispos e mais de 40 dioceses se propuseram a ajudar mais de perto essas realidades. No início, o projeto focava as igrejas da amazônia e nordeste que apresentavam necessidades mais desafiadoras. Quinze anos após o lançamento da iniciativa, mais de 100 dioceses do Brasil eram atendidas pela iniciativa recebendo padres, religiosos e leigos.
Em novembro 2016, por uma solicitação da CNBB, foi realizado um encontro em Belém (PA), com mais cem participantes, para avaliar a caminhada do projeto que ultrapassava 40 anos de atividades. O encontro também foi um espaço para renovar o espírito missionário do projeto que ainda hoje continua urgente.
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Cardeal Damasceno fala de revisão do Estatuto Canônico da CNBB
O cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito de Aparecida (SP), falou sobre a atualização dos Estatuto Canônico da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), durante a coletiva do terceiro dia da 56ª Assembleia Geral da entidade, na tarde desta sexta-feira, 13, em Aparecida.
Dom Raymundo explicou aos jornalistas que o Estatuto em vigor foi aprovado em 2001 e promulgado no ano seguinte. Em 2015, atendendo ao pedido dos bispos, a presidência da CNBB nomeou uma comissão para a reforma do documento, presidida pelo Cardeal.
Também fazem parte da comissão Dom Geraldo Lyrio Rocha, arcebispo de Mariana (MG), dom José Belisário da Silva, arcebispo de São Luís (MA) e Dom Genival Saraiva de França, bispo emérito de Palmares (PE), além de peritos em direito canônico.
“Eu não chamaria de uma reforma, porque ela não é tão profunda, mas uma revisão dos estatutos, procurando adapta-los às novas exigências que se fazem necessárias”, destacou Dom Raymundo.
A proposta de revisão do Estatuto foi apresentada à assembleia prevê reforçar as competências do Conselho Permanente da CNBB, com o objetivo de não sobrecarregar a pauta das assembleias gerais. “Nossa pauta, em geral, é muito extensa e, muitas vezes, nos impede de estarmos juntos mais tempo e isso também é fundamental para um episcopado tão numeroso que tem um único momento de convivência durante o ano”.
De igual modo, a atualização do Estatuto prevê maior valorização do Conselho Episcopal de Pastoral (Consep), que acompanha a caminhada pastoral da Conferência. Outro ponto que será estudado com os participantes da assembleia é o possível aumento de membros da presidência da entidade.
“Esses estatutos, uma vez aprovados, devem ter o reconhecimento da Congregação para os Bispos, da Santa Sé, para que possam ser promulgados pela CNBB”, informou o Cardeal Damasceno.