VATICANO

MÊS MISSIONÁRIO EXTRAORDINÁRIO

Todos são chamados a participar do ‘Mês Missionário Extraordinário’

Por Daniel Gomes
27 de setembro de 2019

‘Batizados e enviados: A Igreja de Cristo em missão no mundo’ é o tema da iniciativa convocada pelo Papa Francisco para o mês de outubro

Para reforçar a missão da Igreja de ir a todos os povos e retomar, com novo impulso, a transformação missionária da vida e da pastoral, o Papa Francisco proclamou o “Mês Missionário Extraordinário”, a ser vivenciado em outubro. 


“Que o ‘Mês Missionário Extraordinário’ se torne uma ocasião de graça intensa e fecunda para promover iniciativas e intensificar, de modo particular, a oração – alma de toda a missão –, o anúncio do Evangelho, a reflexão bíblica e teológica sobre a missão, as obras de caridade cristã e as ações concretas de colaboração e solidariedade entre as Igrejas, de modo que se desperte e jamais nos seja roubado o entusiasmo missionário”, escreveu o Pontífice ao Cardeal Fernando Filoni, Prefeito da Congregação para Evangelização dos Povos e Presidente do Comitê Supremo das Pontifícias Obras Missionárias (POM), em 22 de outubro de 2017, quando fez o anúncio desse período especial para a Igreja. 


Na ocasião, Francisco afirmou que a celebração do “Mês Missionário Extraordinário” acontece em comemoração ao centenário da Carta Apostólica Maximum Illud (1919), escrita pelo Papa Bento XV, que deu novo impulso à responsabilidade missionária da Igreja de anunciar o Evangelho a todos os povos e nações, num contexto em que o planeta ainda se recuperava dos impactos da 1ª Guerra Mundial (1914 – 1918).

EM SINTONIA COM O SÍNODO ARQUIDIOCESANO
A Arquidiocese de São Paulo já se organiza para o “Mês Missionário Extraordinário”, tendo como referência os indicativos expressos pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, na Carta Pastoral “Sínodo arquidiocesano de São Paulo, 2018 – 2020”. 


“A promoção do ‘Mês Missionário Extraordinário’, em outubro de 2019, combina bem com o caminhar do nosso sínodo e vai contribuir, certamente, para alcançarmos de maneira mais eficaz o objetivo do sínodo”, afirma Dom Odilo na Carta Pastoral, ao convocar todas as paróquias, com suas comunidades, organizações eclesiais e pastorais, a vivenciar este período como parte das atividades do sínodo arquidiocesano em 2019. 


“Muitas ações podem ser promovidas, como resposta aos desafios, lacunas e urgências na evangelização, já constatadas pela pesquisa de campo, de 2018, sobre a situação religiosa e pastoral. Há muito desejo de receber visitas missionárias; há carência de verdadeira acolhida e escuta das pessoas, de oração com elas e de lhes falar de Deus, da Igreja e de suas ações. Há carência de maior atenção aos doentes nos hospitais e nas casas, aos idosos que vivem sós, às pessoas angustiadas e necessitadas de uma palavra boa nas situações de dor, luto e aflição. São urgentes os gestos concretos de humanidade e de misericórdia em relação às pessoas ‘descartadas’ da sociedade e do sistema econômico. É preciso ir ao encontro dos pobres em todas as suas necessidades, tomando iniciativas concretas para socorrê-los”, escreve o Arcebispo de São Paulo em outro trecho da Carta Pastoral. 

O QUE FAZER? 
Durante o ‘Mês Missionário Extraordinário’, Dom Odilo exorta os grupos paroquiais a algumas iniciativas concretas, como ir ao encontro dos que vivem distantes da prática da fé; falar sobre o Batismo dos filhos e da Catequese em todas as fases da vida, sobretudo das crianças e dos adolescentes; destacar a importância do casamento cristão, revalorizando o sacramento do Matrimônio; bem como da assistência religiosa aos doentes e moribundos, do funeral cristão, da esperança cristã.


“Durante o ‘Mês Missionário Extraordinário’, vamos promover intensa oração pelas missões e pelos missionários, preparar bem o Dia Mundial das Missões (20 de outubro) e incentivar a Coleta para as Missões, a ser feita no mesmo dia; pode-se fazer uma vigília missionária, com adoração ao Santíssimo Sacramento; convidar algum missionário, pertencente a um instituto ou congregação missionária, para que fale ao povo sobre a urgência missionária da Igreja; nas paróquias, podem ser promovidas exposições missionárias com imagens, fotos e dados numéricos sobre a ‘Igreja missionária’; e também pode ser feito um festival missionário com cantos, poesias, testemunhos missionários, envolvendo crianças, adolescentes e jovens”, orienta Dom Odilo na Carta Pastoral. 

PREPARATIVOS

A maioria das paróquias da Arquidiocese de São Paulo já iniciou o processo de formação dos agentes missionários e o planejamento das iniciativas de missão nas diferentes realidades da metrópole. 


No Setor Pastoral Tatuapé da Região Belém, por exemplo, leigos das seis paróquias já passaram por um processo formativo para atuar no “Mês Missionário Extraordinário”, a partir de 5 de outubro, quando serão enviados em missão.  


“Estão sendo planejadas visitas nas casas, comércios, casas de repouso e escolas. Têm crescido a empolgação e o entusiasmo dos missionários, bem como a conscientização da necessidade de fazer as visitas missionárias. Cada paróquia está produzindo um material de divulgação para a missão a respeito daquilo que oferece”, detalhou ao O SÃO PAULO, o Cônego Marcelo Monge, Pároco da Paróquia Santo Antônio de Lisboa e Coordenador do Setor Tatuapé.


Na Paróquia São Francisco, no Setor Pastoral Vila Mariana, da Região Ipiranga, a missa de envio dos missionários acontecerá no domingo, 29, e o “campo de missão” se dará especialmente nos condomínios da área de abrangência da Paróquia. No ‘Mês Missionário Extraordinário’, católicos na Arquidiocese de São Paulo são chamados à missão em diferentes realidades da metrópole, e a rezar pelos missionários em todo o mundo;  nos meses de julho e agosto, diáconos- -seminaristas da Arquidiocese realizaram missão em dioceses no Piauí e no Pará (foto ao lado)


“Na medida em que formos visitando os apartamentos, nós vamos convidar essas pessoas a participar da Paróquia, com o intuito de trazê-las próximas à Igreja. Não será uma missão para uma espécie de ‘entrega de bênção’, mas uma visita às pessoas, para que elas sintam que não estão sozinhas, e para convidá-las para participar da Igreja”, detalhou à reportagem o Frei Valdeci Schwambach, Pároco. 

FRUTOS DO ‘OUTUBRO MISSIONÁRIO’
Ainda na Carta Pastoral, o Arcebispo de São Paulo diz que, “como fruto do ‘Mês Missionário Extraordinário’, deveria ficar organizado um serviço de ‘missão permanente’ em cada paróquia. A missão, de fato, não se encerra com uma campanha, feita de vez em quando. A Igreja é missionária de maneira permanente e em tudo o que ela faz; ela existe para a missão e essa Igreja somos nós! Por isso, precisamos desenvolver uma nova cultura missionária em cada comunidade, em cada organização eclesial. Não devemos contentar-nos em ser bons cristãos, apenas de maneira privada e individual”. 


Ainda de acordo com o Cardeal Scherer, o ‘Mês Missionário Extraordinário’ pode ajudar os pais a recuperar a dimensão de que a família e o círculo familiar ampliado também são campo de missão, o que envolve a transmissão da fé católica às novas gerações e o estímulo para que os filhos recebam os sacramentos. 

ATENÇÃO À AMAZÔNIA

Na mensagem para o Dia Mundial das Missões de 2019, o Papa Francisco afirma que a finalidade primeira do “Mês Missionário Extraordinário” é ajudar “a reencontrar o sentido missionário e a nossa adesão”, e destaca ser uma “coincidência providencial” que ele aconteça em meio ao Sínodo dos Bispos para a Amazônia, que se realizará no Vaticano no próximo mês. 


Também o Cardeal Scherer, na Carta Pastoral, aponta que “a evangelização da Amazônia, nossa união espiritual e a solidariedade efetiva com a Igreja que está naquela região são desafios que nos envolvem também e não nos devem desinteressar. Portanto, o acompanhamento do ‘Sínodo da Amazônia’ também será parte das ações do ‘Mês Missionário Extraordinário’”.

EM MISSÃO NO NORTE E NORDESTE
Nos meses de julho e agosto, os diáconos-seminaristas Carlos André Romualdo, Francisco Ferreira da Silva, Hernane Santos Módena e Luiz Carlos Ferreira Tose Filho, que devem ser ordenados padres no fim deste ano, foram enviados em missão pela Arquidiocese de São Paulo a dioceses nos estados do Pará e do Piauí. 


À reportagem, eles relataram o que vivenciaram: territórios paroquiais muitos extensos, localizados em zonas rurais, com dezenas de comunidades, distantes umas das outras e, muitas vezes, contando apenas com um padre que se dedica ao serviço pastoral.


“O que mais me marcou foi exatamente o evangelizar da base, fazer um trabalho de evangelização com aquele povo. Tocou-me muito a devoção popular, o jeito do povo rezar diariamente, mesmo na falta de um sacerdote, tendo uma missa a cada mês, permanecendo juntos em capelinhas simples, algumas feitas de madeira, de forma improvisada, sem teto”, recordou o diácono-seminarista Francisco Ferreira. 


A Arquidiocese de São Paulo também participa do projeto missionário entre os regionais Sul 1 (São Paulo) e Norte 1 (Amazonas e Roraima) da CNBB, pelo qual, há 25 anos, leigos, religiosos e padres são enviados em missão para as dioceses brasileiras localizadas na Amazônia. 
 

(Colaboraram: Jenniffer Silva, Flavio Rogério Lopes e José Ferreira Filho)

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