VATICANO

Sínodo para a Amazônia

'Toda a Igreja mostra a sua solicitude pela Amazônia', diz Cardeal Baldisseri

Por Redação, com Vatican News
03 de outubro de 2019

Sínodo para a Amazônia foi apresentado à imprensa na manhã desta quinta-feira, no Vaticano

Faltando três dias para o início da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Amazônia, aconteceu na manhã desta quinta-feira, 4, a coletiva de imprensa de apresentação do evento.

A Sala de Imprensa da Santa Sé, no Vaticano, ficou lotada para a conferência que contou com a participação do Secretário-geral, Cardeal Lorenzo Baldisseri, o Relator-geral, Cardeal Cláudio Hummes, e o Sub-secretário, Dom Fabio Fabene.

O Cardeal Baldisseri explicou que essa assembleia convocada pelo Papa Francisco em 2017, é “especial”, isto é, diz respeito a uma área geográfica específica e, portanto, irá reunir todos os bispos da região pan-amazônica, que compreende nove países.

Participarão 184 padres sinodais, dentre os quais, prelados de outras regiões, chefes de dicastérios da Cúria Romana, representantes de congregações religiosas e membros de nomeação pontifícia. Do Brasil, serão 57 participantes. Entre os participantes, dos quais 35 mulheres, há também representantes de outras comunidades cristãs, de povos originários e especialistas, como consultores e ouvintes.

“É toda a Igreja que mostra a sua solicitude pela Amazônia: pelas dificuldades, os problemas, as preocupações e os desafios que encontra”, afirmou Dom Lorenzo.

MISSÃO EVANGELIZADORA

O Secretário-geral destacou, ainda, o foco deste Sínodo, contido já no tema – “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Os padres sinodais, portanto, se concentrarão em dois aspectos: a missão evangelizadora da Igreja na Amazônia, tendo no centro o anúncio da salvação em Jesus Cristo, e a questão ecológica.

O Cardeal Hummes ressaltou que o contexto amplo do Sínodo é a grave e urgente crise socioambiental de que fala a Encíclica do Papa Francisco Laudato si’: “a) A crise climática, ou seja, o aquecimento global pelo efeito estufa; b) a crise ecológica em consequência da degradação, contaminação, depredação e devastação do planeta, em especial na Amazônia; c) e a crescente crise social de uma pobreza e miséria gritante que atinge grande parte dos seres humanos e, na Amazônia, especialmente os indígenas, os ribeirinhos, os pequenos agricultores e os que vivem nas periferias das cidades amazônicas e outros.”

“Trata-se de cuidar e defender a vida, tanto de todos os seres humanos, quanto da biodiversidade. Jesus disse: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância (Jo, 10,10)”, acrescentou Dom Cláudio.

O Relator-geral citou mais de uma vez a Laudato si’ e o seu convite a uma conversão. “É importante o que o Papa Francisco chama de ‘ecologia integral’, para dizer que tudo está interligado, os seres humanos, a vida comunitária e social, e a natureza. O que se faz de mal à terra, acaba fazendo mal aos seres humanos e vice-versa. Há necessidade de uma conversão ecológica, inspirada em São Francisco de Assis”, afirmou.

SOBERANIA É INTOCÁVEL

Respondendo às perguntas dos jornalistas, o Cardeal brasileiro ressaltou a “presença heroica” da Igreja no território amazônico há quatro séculos. “Não se pode falar da Amazônia sem falar da história da Igreja na região”., disse Dom Cláudio, reivindicando a bagagem eclesial acumulada no decorrer dos séculos. “A Igreja não é competente em determinações técnicas, mas apresentará princípios para orientar os que buscam essas soluções”.

O Cardeal Hummes falou das críticas recebidas do governo brasileiro, afirmando que “em parte foram superadas” depois de encontros com membros governamentais. E reiterou: “Para a Igreja, a soberania da Amazônia é intocável”.

Outro ponto questionado foi quanto ao Instrumento de Trabalho. Dom Cláudio recordou que não se trada de um documento do Sínodo, mas para o Sínodo, que contém “a voz do povo local”.  O Cardeal Baldisseri complementou que não se trata de um “documento pontifício”, mas de uma coleta das expressões do povo da Amazônia. “É o ponto de partida para começar a trabalhar.”

METODOLOGIA

Já o Sub-secretário do Sínodo dos Bispos, Dom Fabio Fabene, explicitou as fases de elaboração da Assembleia, com ênfase no andamento dos trabalhos durante o Sínodo. Tratando-se de uma Assembleia Especial, a metodologia em relação aos Sínodos precedentes foi parcialmente renovada.

O Secretário-geral abrirá os trabalhos ilustrando o percurso sinodal. Depois, o relator apresentará os conteúdos que emergiram na fase preparatória e traçará os argumentos principais para a discussão na Sala e nos círculos menores. As intervenções na Sala terão a duração de quatro minutos. E nos dias de congregações gerais, haverá um tempo ao final para pronunciamentos livres dos padres sinodais.

COMUNICAÇÃO

A comunicação do Sínodo será confiada ao Dicastério para a Comunicação. Diariamente, serão realizados briefings com a participação dos padres sinodais e de outros participantes. As redes sociais (Twitter, Facebook e Instagram) de Vatican News e da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos contribuirão para a difusão das notícias. Está ativa a mesma hashtag #SinodoAmazonico para todas as línguas para uma informação mais adequada sobre o Sínodo.

Os padres sinodais estarão disponíveis para entrevistas fora da sala sinodal. Como nos últimos Sínodos, as intervenções na Sala não serão publicadas oficialmente no Boletim da Sala de Imprensa. Já os pronunciamentos dos círculos serão divulgados através da Sala de Imprensa da Santa Sé.

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