INTERNACIONAL

Com a Palavra

Sobrevivendo ao terrorismo do Boko Haram na Nigéria

Por Caderno Especial da ACN
11 de fevereiro de 2020

Entrevista com Dom Oliver Dashe Doeme, Bispo da Diocese de Maiduguri

Em 2019, completaram dez anos desde o início das atividades terroristas do grupo Boko Haram, na Nigéria. Este grupo de radicais islâmicos, cujo principal objetivo é criar um estado islâmico no norte da Nigéria, começou em 2009 e continuou realizando ataques mortais, devastando aldeias inteiras, matando e mutilando pessoas indiscriminadamente, bombardeando e incendiando igrejas e lugares públicos. Também sequestraram mulheres e meninas que foram forçadas a se converter ao Islã.
O nordeste da Nigéria tem sido o foco deste grupo terrorista que afeta as dioceses católicas de Maiduguri, Yola e Taraba. Dentre essas dioceses, a mais atingida foi a de Maiduguri, pois os terroristas têm sua base principal no estado de Borno (Maiduguri é a capital desse estado). Em entrevista à ACN, o Bispo da Diocese de Maiduguri, Dom Oliver Dashe Doeme, fala sobre a situação atual e o progresso feito pela Igreja ao longo dos anos.

Como está a Igreja na Diocese de Maiduguri após dez anos de terrorismo do Boko Haram?
Nos últimos dez anos, a Igreja sofreu severas perseguições nas mãos da temida seita islâmica conhecida como Boko Haram. Destruições colossais foram causadas a vidas e propriedades pelos membros da seita. O termo Boko Haram significa que “a educação ocidental é má”. Como o Cristianismo tem um vínculo com a educação ocidental, os membros dessa seita acreditam que ele deve ser eliminado.
No momento, porém, muitas de nossas pessoas que foram deslocadas voltaram para seus lares. A fé dos fiéis está se fortalecendo. Algumas das estruturas destruídas foram reconstruídas. Apesar de tudo, agradecemos e louvamos a Deus por sua misericórdia e bondade para com Seus filhos na Diocese de Maiduguri. A Deus seja a glória.

Poderia nos falar das estruturas diocesanas afetadas pelo Boko Haram?
 A lista é muito longa, mas vou tentar resumir. Nosso Seminário Menor em Shuwa foi transformado em acampamento pelos terroristas, onde reuniram pessoas recrutadas e mantiveram seus saques. Ao partirem do seminário, incendiaram a maioria das estruturas. Graças a Deus, ele passou por estágios de reconstrução, graças ao apoio da ACN. Também nosso Centro de Treinamento Catequético, localizado em Kaya, foi destruído em 2014 e fortemente saqueado pelos terroristas. Além disso, dois conventos, dois hospitais missionários, mais de 15 escolas missionárias, mais de dez residências de sacerdotes e mais de 250 paróquias e igrejas foram destruídas ou danificadas.


Qual é a sua mensagem para a ACN e seus benfeitores?
A ACN tem sido a espinha dorsal da Igreja em nossa Diocese. Sem o apoio que recebemos da ACN, a Igreja em nossa Diocese teria entrado em colapso por muito tempo. A ACN ajudou e ainda está ajudando a Diocese com o suporte para os retiros anuais dos padres, a formação de sacerdotes e seminaristas, a reconstrução de nosso seminário menor e a reconstrução de casas paroquiais, entre outros. De fato, somos gratos à ACN e aos seus numerosos benfeitores, pelo tremendo apoio que têm prestado à Igreja sofredora na Diocese de Maiduguri. A Igreja sofredora está rezando por todos vocês. Que o bom Senhor, que nunca pode ser superado em generosidade, recompense todos vocês com a sua paz neste mundo e a vida eterna em seu Reino.

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