VATICANO

Causa dos Santos

Papa reconhece virtudes heroicas de carmelita paulista

Por Fernando Geronazzo
24 de janeiro de 2020

Madre Maria do Carmo da Santíssima Trindade foi fundadora do Carmelo de Tremembé (SP) e morreu em 1966

A Congregação para a Causa dos Santos, da Santa Sé, publicou nesta sexta-feira, 24, o decreto pelo o qual o Papa Francisco reconhece as virtudes heroicas da Serva de Deus brasileira Madre Maria do Carmo da Santíssima Trindade.

Religiosa da Ordem das Carmelitas Descalças, Madre Maria do Carmo é natural de Itu (SP), criada em Campinas (SP) e dedicou parte de sua vida consagrada no Carmelo de Tremembé (SP), onde morreu, em 1966.  

Ao reconhecer que a religiosa paulista viveu heroicamente as virtudes cristãs, ela passa a ser Venerável e seu processo de canonização segue à espera do reconhecimento de um milagre por sua intercessão, para que possa ser declarada bem-aventura (beata) em após o reconhecimento de um segundo milagre, seja proclamada santa.

ORIGEM E VOCAÇÃO

Madre Maria do Carmo nasceu em Itu, em 25 de novembro de 1898, dia de Santa Catarina de Alexandria, sendo batizada com o nome de Carmem Catarina Bueno.

Filha de Teotônio Bueno e Maria do Carmo Bauer Bueno, Carmem foi criada em Campinas por sua avó paterna, Dona Maria Justina Camargo Bueno (conhecida como “Nhá Cota”), pois sua mãe ficou com a saúde debilitada após o parto da filha.

Em 23 de setembro de 1917, ao se tornar uma filha de Maria, sentiu o chamado do Senhor para consagrar-se inteiramente a Ele, dando então o seu “sim”.

Depois de ter lido o livro “História de uma Alma”, de Santa Teresinha do Menino Jesus, decidiu ser carmelita. Em 21 de abril de 1926, aos 27 anos, ingressou no Carmelo São José, no Rio de Janeiro, e em 24 de outubro de 1926 recebeu o hábito e o nome religioso de Irmã Maria do Carmo da Santíssima Trindade.

VIDA RELIGIOSA

No mosteiro, foi mestra de noviças, sub-priora e priora. Como religiosa, sempre marcou sua delicadeza e humildade. Nos trabalhos, era a primeira da dar exemplo de paciência e caridade para as monjas.

Em 1949 voltou a ser mestra de noviças, época em que começaram seus graves problemas de saúde. Em 1952 voltou a conduzir o Carmelo, quando nasceu a ideia de fundar um novo mosteiro, o Carmelo da Santa Face e Pio XII, que foi erigido na cidade de em Tremembé (SP), na Diocese de Taubaté, cujo Bispo era seu antigo amigo de infância, Dom Francisco Borja do Amaral.

Em 24 de agosto de 1953, partiram as seis primeiras irmãs, dirigidas por Madre Carminha e a cofundadora, Madre Antonieta Maria.

MORTE

Em 7 de julho de 1966 sofreu um derrame cerebral e entrou em coma profundo. Após uma semana de sofrimento, em 13 de julho, entregou sua alma a Deus.

Já em vida, a Venerável já gozava de uma grande fama de santidade, o que se tornou ainda maior após sua morte. Foram muitos os fiéis que visitavam continuamente seu túmulo, pedindo sua intercessão junto a Deus.

Devido à transferência do Carmelo de Tremembé para Mairinque (SP), em 1972, foi feita a exumação dos seus restos mortais e, nessa ocasião, o seu corpo foi encontrado intacto, inclusive suas vestes e as flores secas, nem mesmo mal odor exalou de sua sepultura. Na época, um laudo da Universidade de São Paulo (USP) atestou mumificação natural.

VIRTUDES

O decreto promulgado pela Causa dos Santos afirma que Madre Maria do Carmo buscou exercitar as virtudes, em particular a humildade. “Ela fez três votos especiais – o de ser sempre mansa, de oferecer seu trabalho para a glória de Maria e de se abandonar confiantemente a Deus – que a serviu na jornada espiritual, caracterizada pelas características típicas da espiritualidade carmelita”, diz o texto.

Ainda segundo o decreto, a Venerável levou uma vida de piedade e fervor eucarístico. “A oração constante a mantinha em diálogo com Deus, simples e obediente, ela tinha um alto senso de justiça e respeito pelos direitos dos outros. Apesar de sua saúde precária, ele nunca falhou em seus deveres”.

Por fim, a Congregação para a Causa dos Santos ressaltou que o trabalho mais importante realizado pela carmelita paulista foi a fundação do mosteiro de Tremembé, projeto que amadureceu durante um período de sofrimento interior. “Preocupada com a salvação espiritual do povo, ela se tornou um ponto de referência sólido para muitas pessoas ansiosas por receber conselhos. Sua abertura à ação do Espírito Santo representa uma característica da eternidade moderna”, conclui o decreto.

OUTROS DECRETOS

Na mesma ocasião, o Papa Francisco também reconheceu:

-  O martírio de Bento de Santa Coloma de Gramenet (José Doménech Bonet) e dois companheiros, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos; mortos em ódio à fé na Espanha, em 1936;

- O martírio dos padres José Maria Gran Cirera e dois companheiros, Missionários do Santíssimo Coração de Jesus, e sete leigos; mortos por ódio à fé na Guatemala entre 1980 e 1991;

- As virtudes heroicas de Giovanni Tavelli da Tossignano (1386-1446), Bispo de Ferrara, na Itália.

- As virtudes heroicas de Joaquim Masmitjá y Puig (1808-1886), Cônego da Catedral de Girona, na Espanha, fundador da Congregação dos Missionários do Coração de Maria;

- As virtudes heroicas de José Antonio Plancarte e Labastida (1840-1898), sacerdote diocesano, fundador do Instituto das Irmãs de Maria Imaculada de Guadalupe, no México;

- As virtudes heroicas de José Pio Gurruchaga Castuariense (1881-1967), sacerdote diocesano, fundador da Congregação das Auxiliadoras Paroquiais de Cristo Sacerdote, na Espanha;

- As virtudes heroicas de Antoine Marie de Lavaur (François Léon Clergue - 1825-1907), sacerdote da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, na França.

(Com informações de Vatican News e Congregação para a Causa dos Santos)

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