INTERNACIONAL

Oriente Médio

Papa Francisco manifesta preocupação com tensão no Oriente Médio

Por Fernando Geronazzo
06 de janeiro de 2020

Pontífice afirmou que "a guerra traz apenas morte e destruição" e fez um forte apelo pela paz em todo o mundo

O Papa Francisco e toda a Igreja Católica acompanham com preocupação a situação de tensão e conflitos no Iraque, depois do assassinato do general iraniano Qassem Soleimani, em um ataque dos Estados Unidos, em Bagdá, na quinta-feira, 2.  

No sábado, 4, por meio de sua conta oficial no Twitter, o Pontifice manifestou: “Devemos acreditar que o outro tem a nossa mesma necessidade de paz. Não se obtém a paz se não se espera por ela. Peçamos ao Senhor o dom da paz!”.

Durante a oração do Angelus deste domingo, 5, o Santo Padre voltou a expressar sua preocupação com o clima de tensão em várias partes do mundo e voltou a invocar a paz. “Em tantas partes do mundo se sente um terrível ar de tensão. A guerra traz apenas morte e destruição. Convido todas as partes a manterem acesa a chama do diálogo e do autocontrole e a evitarem a sombra da inimizade. Rezemos em silêncio para que o Senhor nos dê esta graça”.

CAMPO DE BATALHA

O Patriarca da Igreja Católica Caldeia, Dom Louis Raphael Sako, afirmou que os iraquianos ainda estão chocados com o que aconteceu na semana passada e temem que o país se torne um “campo de batalha”, em vez de ser “uma nação soberana capaz de proteger seus cidadãos e suas riquezas”.

O Patriarca, pediu, ainda, que seja realizado “um encontro em que todas as partes envolvidas se sentem em torno de uma mesa para um diálogo sensato e civilizado que poupará consequências inesperadas para o Iraque”.

“Nós imploramos a Deus Todo-Poderoso que garanta ao Iraque e à região uma "vida normal, pacífica, estável e segura, à qual aspiramos”, concluiu Sako, em mensagem publicada no site oficial do Patriarcado.

CONFLITO

O funeral do general Soleimani, realizado em Bagdá, no sábado, teve a presença de dezenas de milhares de pessoas, que gritavam slogans contra os Estados Unidos. O Irã ameaça vingança. Mísseis e morteiros foram lançados na área verde de Bagdá, onde se encontra a embaixada norte-americana, e contra uma base militar mais ao norte, onde estão destacados soldados dos Estados Unidos, sem causar vítimas.

O Irã pede a evacuação das bases militares dos Estados Unido na região, prometendo vingança se isso não ocorrer e afirmando que já identificou 35 alvos a serem atingidos. Não seriam descartados ataques no Estreito de Hormuz, por meio do qual passa cerca de 20% do tráfego mundial de petróleo por mar.

O presidente norte-americano, Donald Trump, por sua vez, declarou que no caso de um ataque iraniano, os Estados Unidos estão prontos para a ação contra 52 locais importantes para a cultura iraniana, número igual ao dos reféns norte-americanos sequestrados por Teerã em 1979. No twitter, o ministro iraniano das Relações Exteriores, Zarif, escreveu que “atingir locais culturais seria um crime de guerra”.

PREOCUPAÇÃO INTERNACIONAL

Líderes mundiais manifestaram preocupação com a tenção entre Estados Unidos e Irã. O presidente francês, Emmanuel Macron, se reuniu, no sábado, com o presidente do Iraque, Barham Salih e afirmou ter conversado com outros líderes mundiais.

“A escalada de tensões no Oriente Médio não é inevitável. A França tem duas prioridades que eu compartilho com todos os líderes envolvidos com os quais entro em contato: a soberania e segurança do Iraque, bem como a estabilidade da região; a luta contra o ISIS e o terrorismo. Nada deve nos distrair desses objetivos”, escreveu Macron no Twitter.

MANTER A CALMA

O ministro das Relações Exteriores britânico, Dominic Raab, afirmou que o Reino Unido sempre reconheceu a ameaça agressiva da força iraniana Al-Qods liderada por Qassem Soleimani. “Após sua morte, pedimos a todas as partes que diminuam a escala. Outro conflito não é de forma alguma do nosso interesse”, declarou.

A China, por meio disse um porta-voz da diplomacia, Geng Shuang, expressou sua “preocupação” a todas as partes envolvidas, principalmente aos Estados Unidos, pedindo que “mantenham a calma e exercitem autocontrole para evitar novas tensões”.

Para o presidente russo, Vladimir Putin, o assassinato ameaça “seriamente agravar a situação” no Oriente Médio.

LUTA CONTRA O TERRORISMO

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, chegou a dizer que o governo não se manifestaria sobre o assunto por não ter o “poderio bélico” dos Estados Unidos. Depois, o Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota na qual afirmou que apoia a “luta contra o flagelo do terrorismo”.

“Ao tomar conhecimento das ações conduzidas pelos EUA nos últimos dias no Iraque, o governo brasileiro manifesta seu apoio à luta contra o flagelo do terrorismo e reitera que essa luta requer a cooperação de toda a comunidade internacional sem que se busque qualquer justificativa ou relativização para o terrorismo”, diz nota divulgada pelo Itamaraty, na sexta, 3.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, estimou que “o mundo não pode permitir uma nova guerra no Golfo”, e apelou “aos líderes a fazerem prova de máxima contenção” neste momento de tensões.

UNIÃO EUROPEIA

O alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, expressou “profunda preocupação com o aumento dos confrontos no Iraque” e exortou à moderação para evitar uma nova escalada de violência.

Borrell convidou o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, para ir a Bruxelas.  Entretanto, continuam as acusações recíprocas entre Washington e Teerã.

(Com informações de Vatican News, Asia News e G1)

 

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