VATICANO

Audiência Geral

Papa Francisco: ‘A cruz é a cátedra de Deus’

Por Fernando Geronazzo
08 de abril de 2020

Na Audiência Geral desta quarta-feira, o Pontífice refletiu sobre o sentido cristão do sofrimento à luz da Paixão de Jesus Cristo

Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira, 8, o Papa Francisco fez um convite à contemplação da dor e do sofrimento de Jesus, indicando o crucifixo e a o Evangelho como os grandes sinais da liturgia doméstica dos cristãos nesta Semana Santa.

Realizada na biblioteca do Palácio Apostólico devido às medidas de isolamento social para conter a pandemia de COVID-19, a Audiência Geral foi transmitida para todo o mundo pelas plataformas digitais do Vaticano.

“Nessas semanas de apreensão por causa da pandemia que está fazendo o mundo sofrer, entre as muitas perguntas que nos fazemos, também pode haver perguntas sobre Deus: o que Ele faz diante de nossa dor? Onde está quando tudo dá errado? Por que não resolve os problemas rapidamente?”, destacou o Pontífice.

TESTEMUNHO DO CENTURIÃO

O Santo Padre afirmou que a narrativa da Paixão de Jesus ajuda a responder a essas perguntas. “O povo, depois de acolher Jesus triunfante em Jerusalém, se perguntava se ele finalmente libertaria o povo de seus inimigos. Esperavam um Messias poderoso e triunfante com a espada. Em vez disso, chega um homem manso e humilde de coração, que convida à conversão e à misericórdia”, disse, acrescentando que, aquela mesma multidão, que antes gritava “Hosana ao Filho de Davi!”,  seguida grita: “Crucifica-o!”.

“Aqueles que o seguiram, confusos e assustados, o abandonam. Pensaram: se o destino de Jesus é esse, o Messias não é Ele, porque Deus é forte e invencível”, completou o Papa, ressaltando, no entanto, que o testemunho de um pagão, que aparece na sequência do texto, mostra outra perspectiva. “Quando Jesus morre, o centurião romano, que era um pagão, que o viu sofrer na cruz, o ouviu perdoar a todos e tocou com as mãos o seu amor sem medida, confessa: ‘De fato, esse homem era mesmo Filho de Deus!’ Diz o contrário dos outros. Diz que Deus está ali realmente”, afirmou Francisco.

A FACE DE DEUS

O Santo Padre propôs uma nova questão: “Qual é a verdadeira face de Deus?”, enfatizando que o ser humano, geralmente, projeta em Deus o que é, o seu sucesso, senso de justiça assim como sua indignação.

“Porém, o Evangelho nos diz que Deus não é assim. É diferente e não podemos conhecê-lo com as nossas próprias forças. Foi por isso que ele se fez próximo, veio ao nosso encontro e se revelou completamente na Páscoa. Onde? Na cruz. Nela aprendemos os traços do rosto de Deus. Porque a cruz é a cátedra de Deus”, disse Francisco.

CRUCIFIXO E EVANGELHO

E seguida, o Pontífice recomendou: “Nos fará bem olhar o crucifixo em silêncio e ver quem é o nosso Senhor: é Aquele que não aponta o dedo contra ninguém, mas abre os braços para todos; que não nos esmaga com a sua glória, mas se despe por nós; que não nos ama em palavras, mas nos dá a vida em silêncio; que não nos obriga, mas nos liberta; que não nos trata como estranhos, mas assume os nossos males, os nossos pecados. Para nos libertar dos preconceitos sobre Deus, olhemos o crucifixo e depois abramos o Evangelho”.

Nesse sentido, o Papa convidou todos a, nesses dias de quarentena, fechados em suas casas, tomem crucifixo e suas mãos e abra o Evangelho. “Isso será para nós, digamos assim, como uma grande liturgia doméstica, pois não podemos ir à igreja nesses dias”, completou.

Por fim, o Pontífice reforçou Deus é onipotente no amor. “É o amor de Deus que curou o nosso pecado na Páscoa com seu perdão, que fez da morte uma passagem da vida, que transformou o nosso medo em confiança, a nossa angústia em esperança”, afirmou, acrescentando: “Jesus mudou a história, tornando-se próximo de nós e fez dela, embora ainda marcada pelo mal, uma história de salvação”.

(Com informações de Vatican News e fotos de Vatican Media)

 

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