VATICANO

Papa Francisco

‘O lugar do cristão é nas mãos de Deus’

Por José Mariano
07 de novembro de 2019

Ao celebrar missa em sufrágio dos fiéis defuntos em uma catacumba, Papa recorda cristãos perseguidos e diz que as beatitudes são a ‘carteira de identidade’ deles

Vatican Media

Pela primeira vez em uma catacumba, o Papa Francisco presidiu a missa do Dia de Finados e destacou três palavras-chave para a vida de todo cristão: identidade, lugar e esperança. “O lugar do cristão é nas mãos de Deus, onde Ele quer”, disse o Santo Padre, na celebração do sábado, 2.
A cerimônia foi nas Catacumbas de Priscila, em Roma, com irmãs beneditinas e alguns convidados. Após a missa, Francisco visitou as catacumbas e parou por alguns minutos diante de uma imagem de Nossa Senhora, do terceiro século. Em seguida, voltou ao Vaticano e rezou junto aos túmulos dos pontífices que já morreram.

Identidade
Nas palavras do Papa, o que define todo cristão, independentemente a que grupo pertença, são as beatitudes, ou bem-aventuranças. O ensinamento está no Evangelho segundo São Mateus (5,1-12), bem como no Evangelho segundo São Lucas (6,20-49). As narrações traçam qual é o perfil do seguidor de Jesus Cristo: pobre em espírito, manso, aflito, tem fome e sede de justiça, misericordioso, puro de coração, promotor da paz e perseguido por causa da justiça.
Essa mesma identidade buscavam os primeiros cristãos, diz o Papa, e, também, os de hoje. “Se você segue isso [as bem-aventuranças], você é cristão”, afirmou. Mesmo que pertença a um ou outro movimento ou associação, “a sua carteira de identidade é essa [o Evangelho], e se você não tem isso, não serve para nada os movimentos ou os pertencimentos. Ou você vive assim, ou não é cristão.”
As “bem-aventuranças” são, nas palavras do Papa Francisco, “o grande protocolo” do cristão. “Sem isso, não há identidade, mas só a ficção de ser cristãos”, acrescentou.

Lugar
As catacumbas são antigos cemitérios subterrâneos onde os primeiros cristãos de Roma sepultavam seus mortos e se reuniam para rezar, às vezes de forma escondida, em períodos de perseguição. O Papa Francisco associou essa situação dos primeiros cristãos à de tantos outros que, ainda hoje, precisam esconder sua identidade e rezar de forma escondida por causa da perseguição.
“O lugar do cristão é um pouco em todos os lugares, nós não temos um lugar privilegiado na vida”, lembrou, ainda que alguns queiram se autoproclamar “cristãos qualificados”. Na verdade, continuou o Papa na homilia, “o lugar do cristão é nas mãos de Deus”.
Essas mãos são aquelas com chagas, “as mãos de seu Filho que quis levar consigo as chagas para mostrar o Pai e interceder por nós”. Por isso, o lugar do cristão é junto de Jesus, diante do Pai. “Nas mãos de Deus, estamos seguros, aconteça o que acontecer, até mesmo a cruz.”

Esperança
Homens e mulheres de esperança os cristãos se tornam ao se colocar nas mãos de Deus, afirmou Francisco. A vida eterna é “aquela Pátria aonde todos iremos” e, para chegar ali, não são necessários comportamentos sofisticados, mas somente mostrar a “carteira de identidade”.
“Nossa esperança está no Céu, a nossa esperança está ancorada ali, com a corda na mão, sustentamo-nos olhando aquela margem de rio que devemos atravessar”, comentou. A esperança, o futuro está lá, do outro lado do rio, mas estamos “bem presos à corda”. 
“Isso é importante: sempre agarrados à corda. Tantas vezes, veremos somente a corda, ou nem sequer a corda, ou tampouco a outra margem. Mas você, agarrado à corda, chegará seguro”, disse o Papa Francisco.

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