INTERNACIONAL

VIRGEM DE GUADALUPE

Mãe do verdadeiro Deus, Padroeira da América Latina

Por Jenniffer Silva
11 de abril de 2020

América Latina e o Caribe serão consagrados no Domingo de Páscoa, 12, a Nossa Senhora de Guadalupe. Devoção mariana une os povos do continente

Aleteia

O ano era 1531. Em 9 de dezembro, um homem indígena recém-convertido, Juan Diego, caminhava rumo à cidade do México para participar de uma catequese e missa. Ao chegar à colina de Tepeyac, a Virgem Santíssima lhe apareceu para pedir que fosse ao encontro do Bispo local, o franciscano Juan de Zumárraga, e dissesse a ele que construísse naquele mesmo lugar um santuário. O Prelado, no entanto, solicitou ao indígena, provas concretas para o desejo de Nossa Senhora.

Dois dias mais tarde, Juan Diego procurava um Sacerdote para visitar seu tio, que estava muito doente. Novamente, a mãe de Jesus apareceu e falou com ele: “Não se perturbe teu rosto, teu coração. Não estou eu aqui, tua Mãe?”.

Em seguida, pediu que Juan subisse até a colina de Tepeyac para colher algumas flores, fato improvável diante do inverno e aridez do local. Ele as colheu e as colocou em sua “tilma” (manto) e, seguindo o que a Maria lhe pedia, foi ao encontro do Bispo para apresentá-las como prova de seu desejo.

Ao chegar, Juan Diego abriu o manto para que as flores caíssem. Na tilma estava a imagem de Nossa Senhora com os cabelos soltos, grávida, a lua sob seus pés e uma coroa sobre sua cabeça. O Bispo, então, acreditou e pediu perdão a Nossa Senhora.

No dia seguinte, Juan Diego foi visitar seu tio, que já recuperado lhe contou ter visto também a imagem e que ela disse que se chamaria Santa Maria de Guadalupe.

MÃE QUE UNIU UMA NAÇÃO

A revelação da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe acontece em um momento histórico de grandes desafios religiosos. À época, muitas etnias abitavam no vale de Anahuac, atual Cidade do México, tendo a tribo asteca como soberana.

A missão dos religiosos na cidade era ainda mais difícil, pois os nativos, que possuíam uma cultura violenta, não aceitavam mudar suas tradições. Após o fato milagroso, houve a reconciliação entre nativos e espanhóis, pois com o símbolo, ambas as culturas compreenderam a mensagem enviada do céu. Nos sete anos seguintes, cerca de 8 milhões de nativos se converteram, tornando o México um dos países com maior presença católica.

O Papa Bento XIV afirmou, em 1754, que: “Nela tudo é milagroso: uma imagem que provém de flores colhidas num terreno totalmente estéril, no qual só podem crescer espinheiro, uma imagem estampada numa tela tão rala que através dela pode se enxergar o povo e a nave da Igreja, Deus não agiu assim com nenhuma outra nação”.

Em 1875, o Papa Leão XIII coroou a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe e, em 12 de outubro de 1945, ela foi proclamada Padroeira de toda a América pelo Papa Pio XII.

De acordo com o Padre Eduardo Chávez, Cônego da Basílica de Guadalupe e diretor do Instituto Superior de Estudos Guadalupanos, o nome de Santa Maria de Guadalupe revela o sentindo de sua missão: “Maria tem três significados: a escolhida por Deus, a iluminadora e a mais bela. Ela não é a luz, ela é a iluminadora, que ilumina por Jesus Cristo Nosso Senhor”, e completou: “Guadalupe tem origem árabe e seu significado é o curso do rio. Ela não é água, mas a leva. Ela transporta a água, a água viva é Jesus”.

AO REDOR DA MESA

A primeira Igreja, chamada de Templo Expiatório de Cristo Rei, erguida em mármore e com as imagens de São Juan Diego, canonizado em 31 de julho de 2002, por São João Paulo II, e Dom Zamárraga começou a ser construída em 1531, e dedicada em 1709.

Contudo, problemas estruturais fizeram com que em, 1974, fosse iniciada a elevação da nova Basílica, inaugurada em 12 de outubro de 1976, que anualmente, acolhe cerca de 20 milhões de peregrinos, sendo o segundo templo católico mais visitado do mundo.

Somente nos três últimos anos, durante a festa litúrgica de Nossa Senhora de Guadalupe, celebrada em 12 de dezembro, a Basílica recebeu cerca de 27 milhões de devotos.

O Papa São João Paulo II foi o primeiro pontífice a visitar a Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, em janeiro de 1979, durante sua primeira viagem internacional. Na ocasião, ele também inaugurou a 3a Conferência do Episcopado Latino-Americano.

“Te oferecemos todo este Povo de Deus. Te oferecemos a Igreja do México e de todo o Continente. Te oferecemos isso como Tua propriedade. Tu, que entraste tão dentro nos corações dos fiéis através do sinal da Tua presença, que é a Tua imagem no Santuário de Guadalupe, vive como em Tua casa nestes corações, também no futuro. Esteja presente em nossas famílias, em nossas paróquias, missões, diocese e em todos os povos”, salientou o Santo Padre.

O Papa Francisco foi o segundo sucessor de Pedro a estar no santuário mariano, em viagem apostólica realizada em fevereiro de 2016. Na ocasião, o Pontífice refletiu sobre o evangelho em que Maria sai, apressadamente, ao encontro de sua prima Isabel para ampará-la durante sua gestação.

“Escutar esta passagem do Evangelho nesta casa tem um sabor especial. Maria, a mulher do sim, também quis visitar os habitantes desta terra da América na pessoa do índio São Juan Diego. Assim como se moveu pelas estradas da Judeia e da Galileia, da mesma forma alcançou Tepeyac, com as suas roupas, usando a sua língua, para servir esta grande nação. E assim como acompanhou a gravidez de Isabel, acompanhou e acompanha a gestação desta abençoada terra mexicana. Assim como se apresentou ao humilde Juanito, de igual modo continua a fazer-se presente junto de todos nós, especialmente daqueles que sentem, como ele, que não valem nada. Aquela escolha particular, digamos preferencial, de Juanito não foi contra ninguém, mas a favor de todos. Juan, o índio humilde que a si mesmo se designava como cauda, asa, necessitado ele próprio de ser conduzido, tornou-se ‘o mensageiro, muito digno de confiança’”, salientou Francisco.

CONSAGRAÇÃO

No Domingo de Páscoa, dia 12, às 14h (horário de Brasília), o Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) fará um ato de consagração da América Latina e do Caribe a Nossa Senhora de Guadalupe, na Basílica a ela dedicada.

Dom Miguel Cabrejos Vidarte, Arcebispo de Trujillo, no Perú, e Presidente do Celam, e Dom Juan Carlos Sárdenas Toro, Bispo Auxiliar de Cali, na Colômbia, e Secretário-Geral do Conselho, afirmaram, em carta pública, que será um momento para que “fortaleçamos nossa fé, alentemos nossa esperança e nos comprometamos com amor solidário, especialmente com aqueles que hoje experimentam enfermidade, dor, pobreza, solidão, medo e inquietude”.

A consagração será transmitida por todas as TVs de inspiração católica, pela Rede Católica de Rádio (RCR), Signis Brasil e pelas redes sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Como sinal de união, as catedrais e templos de cada país tocarão as 12 badaladas no início do Terço Missionário oferecido pela saúde das pessoas dos cinco continentes.

Em seguida, haverá a Santa Missa da Ressureição, culminando com o ato de consagração, com oração dirigida pelo Celam e apresentação de uma oferta floral, no mesmo lugar onde o Papa Francisco rezou, silenciosamente, à Virgem de Guadalupe por todo o mundo.

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano e Primeiro Vice-Presidente do Celam, fez o convite para que a Arquidiocese acompanhe o ato, pedindo a intercessão pelo fim da pandemia do novo coronavírus: “Será um momento em que todo o continente estará unido, em oração, diante de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira principal da América Latina”.

ASPECTOS DO MANTO DE NOSSA SENHORA DE GUADALUPE

  • (Com informações de: ACI Digital, Aleteia, Vatican News, A12 e Pontifícias Obras Missionárias)O manto, de fibras de cacto, é de qualidade muito baixa. Não haveria condições de conservação de quaisquer tipos de pintura.
  • Peritos afirmam que a Imagem não é uma pintura, pois a sua coloração não apresenta elementos animais nem minerais.
  • O cabelo solto da Virgem de Guadalupe é um símbolo asteca da virgindade.
  • Uma das mãos é mais morena e a outra é mais branca, indicando a união entre os povos.
  • As 46 estrelas impressas no manto representam exatamente as constelações vistas no céu na noite de 12 de dezembro de 1531.
  • Maria está grávida.
  • Os raios do sol se intensificam justamente na região do ventre.
  • A lua sob os pés, além de evocar a “mulher vestida de sol com a lua sob seus pés”, descrita no Apocalipse, também evoca o próprio nome do México na língua asteca: “centro da lua”.
  • O anjo, aos pés, simboliza a junção entre a terra e o céu.
  • Dr. José Alte Tonsmann, um oftalmologista peruano, estudou os olhos da imagem da Virgem e foi capaz de identificar até 13 indivíduos em ambos os olhos, em diferentes proporções, exatamente como um olho humano refletiria uma imagem.
  • Parecia ser uma captura do momento exato em que Juan Diego desdobrou a “tilma” perante o Arcebispo Zumárraga.
  • A estampa tem temperatura aproximada de 36oC  a 37 oC, a mesma do corpo humano. (Fonte: A12)

 

ORAÇÃO DE NOSSA SENHORA DE GUADALUPE

Perfeita, sempre Virgem Santa Maria, Mãe do verdadeiro Deus,
​​​​​​​por quem se vive.
Mãe das Américas!

Tu que na verdade és nossa mãe compassiva, te buscamos e te clamamos.

Escuta com piedade nosso pranto, nossas tristezas.
Cura nossas penas, nossas misérias e dores.
Tu que és nossa doce e amorosa Mãe,

Acolhe-nos no aconchego de teu manto, no carinho de teus braços.
Que nada nos aflige nem perturbe nosso coração.
Mostra-nos e manifesta-nos a teu amado filho, para que Nele e com Ele encontremos nossa salvação e a salvação do mundo.
Santíssima Virgem Maria de Guadalupe, faz-nos mensageiros teus, mensageiros da vontade e da palavra de Deus.
Amém.

 

(Com informações de: ACI Digital, Aleteia, Vatican News, A12 e Pontifícias Obras Missionárias)

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