VATICANO

EDUCAÇÃO CATÓLICA

Igreja atua para a promoção dos valores humanos pela educação

Por Daniel Gomes
27 de fevereiro de 2020

Em assembleia, Congregação para a Educação Católica tratou da situação das instituições de ensino e dos preparativos para um pacto educativo global

Organismo da Igreja Católica responsável por auxiliar o Papa em questões relacionadas à educação e às instituições de ensino católicas – universidades, faculdades, colégios e escolas –, a Congregação para a Educação Católica realizou sua assembleia bianual entre os dias 17 e 20 de fevereiro, no Vaticano. 
Na pauta discutida pelos 35 participantes, entre os quais os cardeais brasileiros Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, e Dom Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro, foram tratados diferentes desafios e perspectivas das instituições católicas de ensino e da educação mundial como um todo. 
Os trabalhos, conduzidos pelo Cardeal Giuseppe Versaldi, Prefeito da congregação, também contemplaram os preparativos para o Dia do Pacto Educativo Global, que acontecerá no Vaticano, em 14 de maio, por iniciativa do Papa Francisco. 

EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO PLENO
Uma audiência com o Papa marcou o encerramento da assembleia da congregação no dia 20. Na ocasião, o Pontífice disse que a educação “é movimento orientado ao desenvolvimento pleno da pessoa em sua dimensão individual e social”, para que ela possa conhecer a si mesmo e a casa comum que é chamada a viver, bem como descobrir a fraternidade. Ainda segundo o Papa, tal desenvolvimento educacional permite que a pessoa recupere os diferentes níveis de equilíbrio ecológico: o consigo mesmo, o solidário com o próximo, o natural com todos os seres vivos e o espiritual com Deus. 

INCLUSÃO E DIMENSÃO PACIFICADORA
Francisco defendeu que seja impulsionado um movimento inclusivo na educação, a fim de que se combata a cultura do descarte e se caminhe em direção aos que são excluídos. “Uma inclusão que se concretiza nas ações educacionais em favor dos refugiados, das vítimas do tráfico de pessoas, dos migrantes, sem nenhuma distinção de gênero, religião ou etnia”, disse, recordando que a inclusão é parte da mensagem salvífica cristã. 
O Papa também comentou que “o movimento educativo construtor de paz é uma força que deve ser alimentada contra a ‘egolatria’ que cria a falta de paz, fraturas entre as gerações, povos, culturas, populações ricas e pobres, homens e mulheres, economia e ética, humanidade e ambiente.”

PACTO EDUCATIVO GLOBAL
Durante a audiência, Francisco também fez menção ao evento do Pacto Educativo Global. A atividade não terá como meta elaborar programas, mas, sim, reencontrar o passo comum para “reavivar o compromisso em prol e com as gerações jovens, renovando a paixão por uma educação mais aberta e inclusiva, capaz de escuta paciente, diálogo construtivo e mútua compreensão”, explicou o Pontífice.
No começo de fevereiro, ao falar a participantes de um congresso promovido pela Pontifícia Academia das Ciências Sociais, no Vaticano, o Papa afirmou que há uma ruptura do pacto educativo existente entre família e escola, pátria e mundo, cultura e culturas. “Rompeu-se realmente [o pacto] e não pode ser colado ou recomposto, a não ser por meio de um esforço renovado de generosidade e acordo universal. O pacto educativo quebrado significa que a sociedade, a família e as instituições que são chamadas a educar delegam a decisiva tarefa educacional a outros, evitando tal responsabilidade”, comentou na época. 

EDUCAR VAI ALÉM DE INSTRUIR
Durante as edições do programa “Encontro com o Pastor”, na rádio 9 de Julho, entre os dias 17 e 20, o Cardeal Scherer explicou que o Pacto Educativo Global será uma espécie de acordo comum assumido por todos para dar novo rumo à educação.  
A meta do pacto, segundo Dom Odilo, é “recuperar o significado e a finalidade da educação, que não é simplesmente o de aprender uma profissão, ser instruído, mas também o de educar para conviver. Isto é o que está muito presente na educação católica: o de educar para aprender a viver em comunidade, respeitar, aprender as virtudes, o senso da justiça, da retidão nas relações com as outras pessoas, o respeito por si mesmo e pela natureza. Todas essas coisas são importantes que a escola ensine e que sejam transmitidas para que as crianças e os adolescentes se tornem pessoas boas, corretas, solidárias, sensíveis às necessidades dos outros, justas, honestas e leais”, explicou o Arcebispo de São Paulo. 
Dom Odilo lembrou, ainda, que “a Igreja entende que a educação também faz parte da sua missão de formar as pessoas” e que o “próprio Evangelho é educador e a evangelização é também um processo de educação, não simplesmente um conhecimento de doutrinas, mas sim um processo que ajuda as pessoas a se confrontarem com o ensinamento de Jesus, com o exemplo Dele, para, assim, tomar atitudes que são coerentes com a Salvação que Deus promete para nós. A Palavra de Deus é a base mais sólida para a educação”. 

DIRETÓRIO MUNDIAL
Também durante a audiência conclusiva da assembleia, o Papa disse esperar que nos próximos anos se concretize a criação de um diretório mundial para a educação católica e se intensifique a atuação da pastoral universitária como instrumento de nova evangelização.
Dom Odilo afirmou, ao longo dos programas de rádio, que o Papa tem especial atenção com a pastoral nas escolas e universidades, por isso se busca a elaboração desse diretório mundial para a educação católica, a fim de orientar o agir pastoral da Igreja no mundo da educação em todos os níveis de ensino. “As escolas ligadas a paróquias, às congregações religiosas, às dioceses são também instrumentos de evangelização”, enfatizou. 

PROTAGONISMO DAS FAMÍLIAS
Ao comentar que a educação perdeu muita qualidade nos últimos anos, estando hoje mais no nível de instrução, o Arcebispo de São Paulo lamentou que as famílias têm renunciado ao seu papel educador: “Os pais são os primeiros responsáveis pela educação dos filhos. A escola, a Igreja e o Estado devem ajudar os pais, mas não substituí-los nesse papel educador. Os pais são os primeiros chamados em causa no processo educativo das crianças, das novas gerações”. 

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