VATICANO

DIA MUNDIAL DOS POBRES

Francisco: ‘Os pobres são preciosos aos olhos de Deus’

Por José Mariano
01 de abril de 2020

Papa Francisco almoça com 1,5 mil pessoas carentes no Vaticano, na celebração da terceira edição do Dia Mundial dos Pobres, no domingo, 17

Vatican Media

Preciosos aos olhos de Deus, os pobres “não falam a língua do eu”. Na missa do Dia Mundial dos Pobres, no domingo, 17, o Papa Francisco afirmou que os pobres nos ensinam a ser “mendicantes diante de Deus”.
Da mesma forma que os pobres pedem a ajuda material oferecida pelos outros, todas as pessoas necessitam de outra ajuda, esta imaterial: o amor que vem de Deus – refletiu o Pontífice. Após a missa, ele almoçou com 1,5 mil pessoas carentes, no Vaticano.
“A presença dos pobres nos reporta ao clima do Evangelho, em que são bem-
-aventurados os pobres em espírito (Mt 5,3)”, disse o Santo Padre, na homilia. Portanto, a acolhida que alguém dá aos pobres é a mesma que espera ter de Deus.
“Que beleza se os pobres ocupassem no nosso coração o lugar que têm no coração de Deus!”, disse. “Servindo os pobres, aprendemos os gostos de Jesus, compreendemos quais são coisas que restam e quais são as coisas que passam.”

O AMOR PERMANECE
Refletindo sobre o Evangelho segundo São Lucas, no qual Jesus diz que não restará “pedra sobre pedra” no templo de Jerusalém (Lc 21,6), o Papa Francisco explicou que a mensagem de Cristo nos ajuda a colocar a atenção sobre as coisas que realmente importam na vida.
“Ele nos diz que quase tudo passará. Quase tudo, mas não tudo”, observou Francisco. “Passam as coisas penúltimas, que às vezes parecem definitivas, mas não são. São realidades grandiosas, como os nossos templos, e terrificantes, como os terremotos, sinais no céu e guerras sobre a terra. Para nós, parecem fatos na primeira página, mas o Senhor os coloca na segunda”, continuou.
O amor de Deus, porém, permanecerá para sempre, disse o Papa, “e o pobre que pede meu amor o traz consigo. Os pobres nos facilitam o acesso ao céu”.

PRESSA E PERSEVERANÇA

Uma das tentações que dificultam o processo de ver as coisas que realmente permanecem é a pressa. Jesus não difunde alarmismos ou medo, “pois isso paralisa o coração e a mente”.
Enquanto, muitas vezes, as pessoas querem saber de tudo e muito rapidamente, atentas às últimas novidades, Jesus fala das coisas que duram para sempre. “Atraídos pelo último clamor, não encontramos tempo para Deus e para o irmão que vive ao nosso lado”, alertou o Papa.
Nesta correria, os outros são deixados para trás, muitos dos quais são “descartados” na sociedade: os idosos, os nascituros, os deficientes e os pobres.
Jesus apresenta a perseverança como remédio: “Perseverança é ir adiante cada dia com os olhos fixos sobre aquilo que não passa: o Senhor e o próximo”, exortou Francisco. “É por isso que a perseverança é o dom de Deus com o qual se conservam todos os seus outros dons.”

SAIR DO PRÓPRIO ‘EU’
A tentação de que as pessoas se fecham em si mesmas, chamada pelo Papa da “tentação do eu”, as afasta do exemplo de Jesus.
“A Palavra de Deus nos incentiva a uma caridade não hipócrita, a dar a quem não pode nos restituir, a servir sem buscar recompensas e trocas”, acrescentou o Santo Padre.
E lançou o seguinte questionamento: “Eu ajudo alguém de quem não posso receber? Eu, cristão, tenho ao menos um amigo pobre?” Francisco recordou, assim, que o cristão, discípulo de Jesus, não é o discípulo do “eu”. Em vez disso, é o discípulo do “tu”.

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