VATICANO

Retrospectiva

Em 2019, Papa Francisco exorta por uma Igreja cada vez mais missionária

Por Redação, com Vatican News
30 de dezembro de 2019

Celebrações, viagens apostólicas, um sínodo para Amazônia e novos passos da reforma da Cúria Romana marcaram o ano do Pontífice

(Fotos: Vatican Media)

O ano de 2019 do Papa Francisco foi intenso de atividades. Celebrações, audiências, viagens, discursos, mensagens e um Sínodo dos Bispos sobre a região Pan-Amazônica fizeram parte da agenda do Santo Padre neste sexto ano de pontificado. Também neste ano, em 13 de dezembro, o Papa Francisco celebrou os 50 anos de sua ordenação sacerdotal.

Foram 41 Audiências Gerais, 56 orações marianas do Angelus e Regina Coeli (no Tempo Pascal), mais de 60 homilias em celebrações públicas, 44 homilias na Casa Santa Marta, além das mensagens, cartas, documentos, entrevistas que se tornaram livros e cerca de 260 discursos públicos.

VIAGENS

Foram sete viagens apostólicas internacionais que tiveram como destino 11 países e quatro continentes. No Panamá, peregrinou para a Jornada Mundial da Juventude, em janeiro; nos Emirados Árabes Unidos, em fevereiro, assinou o histórico documento sobre a Fraternidade humana com o Grão Imame de al-Azhar; no Marrocos, em março, reiterou a importância do diálogo inter-religioso; na Bulgária, Macedônia do Norte, em maio, e na Romênia, em junho, falou da unidade dos cristãos; em Moçambique, Madagascar e Maurício, em setembro, levantou sua voz em defesa dos pobres e da criação; na Tailândia, em novembro, apelou à promoção dos direitos das mulheres e das crianças, e no Japão, no mesmo mês, chamou a atenção para a paz, repete que não apenas o uso, mas também a posse de armas nucleares é imoral.

CONTRA ABUSOS

Em fevereiro, aconteceu o histórico encontro com os responsáveis pelas conferências episcopais de todo o mundo, no Vaticano, para tratar dos abusos de menores cometidos no âmbito eclesial.

No discurso de encerramento do encontro, o Papa recordou, citando dados, que a maior parte dos abusos são cometidos por familiares e educadores, portanto no âmbito doméstico, escolar, esportivo e eclesial, sem mencionar o flagelo do turismo sexual e outras violências.

Contudo, o Santo Padre reforçou que fato de ser “um problema universal e transversal que infelizmente se encontra em toda parte não diminui sua monstruosidade dentro da Igreja”, onde se torna ainda “mais grave e escandaloso”, por estar em contraste com sua autoridade moral e sua credibilidade ética.

Com o Motu proprio Vos estis lux mundi, o Papa estabeleceu novos procedimentos para denunciar abusos, moléstias e violências, e assegurar que os bispos e superiores religiosos respondam por seu agir. ​​

Foi introduzida a obrigação para clérigos e religiosos de denunciar os abusos. Cada diocese deve criar um sistema facilmente acessível ao público para receber denúncias. Francisco também abole o segredo pontifício para esses casos e altera a norma relativa ao delito de pornografia infantil, incluindo na categoria delicta graviora  - os delitos mais graves - a posse e a disseminação de imagens pornográficas envolvendo menores de 18 anos.

AOS JOVENS

Em 25 de março, durante sua viagem a Loreto, na Itália o Santo Padre assinou a Exortação Apostólica Pós-sinodal Christus vivit, fruto do Sínodo  dos Bispos sobre os jovens, a fé o discernimento vocacional,  realizado em outubro de 2018.

“Peçamos ao Senhor que liberte a Igreja daqueles que querem envelhecê-la, fixá-la no passado, freá-la, torná-la imóvel. Peçamos também que a liberte de outra tentação: acreditar que é jovem porque cede a tudo o que o mundo lhe oferece”, escreveu Francisco, que propôs, ainda, “caminhos de fraternidade” para viver a fé, evitando correr “o risco de fechar-se em pequenos grupos”.

Na Exortação, o Papa convidou os jovens a viver o compromisso social em contato com os pobres e a serem protagonistas da mudança para uma civilização mais justa e fraterna.  Por fim, exorta-os a se tornarem “missionários corajosos”, testemunhando o Evangelho em todos os lugares com suas próprias vidas, indo também contra a corrente, especialmente contra as chamadas colonizações ideológicas.

PALAVRA DE DEUS

Com a Carta Apostólica Aperuit illis, de 30 de setembro, o Papa instituiu o Domingo da Palavra de Deus, um dia especial para exortar todos os fiéis a ler e meditar a Bíblia, porque – como dizia São Jerônimo – a “ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo.”

A data solene foi estabelecida, todos os anos, no terceiro domingo do Tempo Comum (em 2020, será em 26 de janeiro).

DEFESA DA VIDA E DA FAMÍLIA

Ainda em Loreto o Pontífice reiterou que, em particular no mundo de hoje, “a família fundada no casamento entre um homem e uma mulher assume uma importância e uma missão essenciais”, e seu representante na ONU, o Arcebispo Bernardito Auza, recordou suas palavras sobre a ideologia de gênero, definindo-a como um “passo atrás” para a humanidade.

Francisco defendeu a vida desde a concepção até seu fim natural, interveio diretamente em favor de Vincent Lambert, o enfermeiro francês de 42 anos, em estado de consciência mínima, morreu em julho do ano passado. “Não construímos uma civilização que elimina pessoas cuja vida acreditamos não vale mais a pena ser vivida: toda vida tem valor, sempre”, advertiu.

SÍNODO PARA AMAZÔNIA

Em outubro, realizou-se a Assembleia Especial do Sínodo dos bispos para a região Pan-Amazônica. A palavra “conversão”, repetida diversas vezes pelo Papa, foi destacada no Documento Final, que sintetizou as discussões tratadas na assembleia e servirá de base para eventuais decisões e deliberações futuras do Pontífice. 

O Sínodo pede conversão: sinodal, porque a Igreja deve ser cada vez mais um caminhar juntos e não dividida ou sozinha; cultural, porque é necessário saber falar com as diferentes culturas; ecológica, porque a exploração egoísta do meio ambiente leva à destruição dos povos; pastoral, porque o anúncio do Evangelho é urgente.

REFORMAS

O Santo Padre deu continuidade aos trabalhos de reforma da Cúria Romana com o auxílio do Conselho de Cardeais que o assessora no processo de renovação da constituição apostólica sobre esse organismo da Igreja.

Está sendo finalizado o exame do esboço da nova Constituição Apostólica, cujo título provisório é Praedicate evangelium, para significar que o principal serviço que a Santa Sé deve prestar é o do anúncio  Boa-nova de Jesus Cristo.

Em dezembro, o Papa alterou o papel do Decano do Colégio Cardinalício, aceitou a renúncia do Cardeal Angelo Sodano, no cargo desde 2005, e com um Motu proprio fixou um tempo determinado para esta missão: cinco anos, eventualmente renováveis.

Entre as nomeações, destacou-se a do Cardeal  filipino Luis Antonio Tagle, Arcebispo de Manila, como prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos (Propaganda Fide)

FINANÇAS

Também prosseguiram a reforma financeira, especialmente nos quesitos transparência e contenção de custos. O Pontífice renovou o Estatuto do Instituto para as Obras da Religião (IOR) – popularmente conhecido como “Banco do Vaticano” –, ao introduzir de forma permanente a figura do auditor externo para a verificação das contas, segundo os padrões internacionais.

O Papa nomeou o jesuíta Padre Juan Antonio Guerrero Alves como Prefeito da Secretaria para a Economia. Os princípios católicos subjacentes à missão do IOR foram especificados, para que a instituição seja mais fiel à sua missão original.

Francisco também autorizou uma investigação da magistratura vaticana em relação a várias pessoas que servem à Santa Sé, no âmbito de algumas transações financeiras.

Sobre do Óbolo de São Pedro, ajuda econômica que os fiéis do mundo inteiro oferecem ao Pontífice para obras de caridade em favor dos mais necessitados, o Papa ressaltou que é uma boa administração fazer o dinheiro recebido render, por meio de investimentos, e não deixá-lo parado, guardado na gaveta. Mas o investimento deve sempre ser “moral”, porque o dinheiro está a serviço da evangelização e dos pobres.

SANTOS E BEATOS

Neste ano, houve inúmeras canonizações e beatificações. Dentre os quais, mártires de todos os continentes: muitos mortos por ódio à fé durante a guerra civil espanhola, perdoando seus assassinos; outros, como os sete bispos da Igreja Greco-católica na Romênia beatificados por Francisco em Blaj, foram mártires do regime comunista; outros, ainda, como o Bispo argentino Enrique Angel Angelelli e seus companheiros, foram vítimas de ditadura de direita.

Mas há também os santos leigos, como a suíça Margherita Bays, santos da “porta ao lado”, que viveram sua vocação em família, em meio a mil dificuldades. Religiosos que gastaram a vida a serviço do próximo, como brasileira Sant aSulce dos Pobres; e clérigos, o Cardeal John Henry Newman, que se converteu do anglicanismo à fé católica.

 

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